A casa de minha avó era uma casa muito simples, uma casa muito antiga de paredes brancas como a neve, com duas cadeiras confortáveis de balanço e cadeiras duras, nas paredes brancas tinham imagens de santos, uma foto de meu pai quando jovem que eu não reconhecia e uma foto do meu avó e minha avó. O piso era desenhado, feito no cimento queimado com desenhos. na anti-sala tinha um altar, com vários santos, não sabia, mas ficava com pena porque aqueles santos pareciam está sempre tristes e o Cristo estava sempre crucificado, depois fiquei sabendo que tinha um santo Antônio lá. a casa era muito grande, mas muito mal dividida tinha três quartos, um que eles guardavam as coisas de valores, comida, já que não tinha geladeira, este ficava na sala, e mais dois um onde vovó dormia com vovô, era um quarto muito escuro a luz que entrava lá era de uma telha plástica ou luz do fogo da lamparina, não tinha janela, e o outro era do lado do altar. Tinha uma anticozinha onde tinha um fogão a gás e um tripé onde guardava os aluminhos.Tinha um fogão de lenha feito vermelho, de tinta xadrez, as panelas eram todas de barro, tinha uma vazia de barro pra lavar os pratos que se chama alguidar, e potes de barro. Na cozinha tinha um passarim numa gaiola que cantava muito. Mas a coisa mais bela naquela casa aquela que dava cheiro e graça era a minha avó, sempre engraçada, tinha um tique na face ficava a piscar quando olhava, usava óculos, e tinha uma voz arrastada, tinha muitas histórias pra contar, gostava muito de mangar, coisa que herdada da família. Poucas vezes veio a minha casa, lembro que foi certa vez com meu avó. O meu avó pouco conheci, lembro que era grande como meu pai, tinha uma voz muito bonita, são muito poucas lembranças, ainda era criança quando partiu. Sei que tinha um comportamento de muita moral, muito zelo pelos filhos e netos, era muito inteligente quando negociava, ninguém passava a perna nele. Meu pai me contou que ele não deixava ele sair a noite pra se divertir, tinha que sair escondido, tinha temperamento muito forte, era sério, mas gostava muito de falar lorotas. Gostava muito de doce e queijo, adorava doce de mamão e galinha também. Naquele tempo a carne que o pobre comia era uma galinha e o queijo só nas semanas santas. Papai falou que comia só feijão com torcinho e a noite cherenho de milho. Quando tinha castanha comia pirão de castanha. A coisa melhorou para eles depois que se aposentaram que já foi no fim da vida. A família sempre foi franciscana, pobres extremamente religiosa, porém com muitos valores. Usavam roupas simples, só se comprava tecido nessa época, roupa feita era caro, não usavam sapatos só sandalhas. Papai usou o primeiro sapato em São Paulo, veio pra cá com 17 anos. Eles eram muito simples e tinham uma casa muito simples, mas bonita pois minha vô gostava de enfeitar a casa com flores, tinha muitos catarantus, rosas e brancos, gostava de ver aquelas flores, tinha uma roseira do lado da casa, e no lado da cozinha tinha um pé de romã, um pé de pimenta de macaco do lado do banheiro que era feito de palha de coqueiro. do lado oposto tinha um pé de jasmim manga, mas não gostava porque usavam suas flores para enfeitar defunto, demorou para superar esse receio das flores de jardim, tive que apagar da memória aquela ideia, o medo da morte. Bem e quando ia para lá via meu pai, meus primos e meus avós juntos era bom porque minha avô colocava o almoço as dez horas era cedo para os padrões de minha casa. Tinha todo um ritual primeiro ela punha o feijão com bastante caldo, e punha farinha, ai todos tomavam o caldo, em seguida vinha o arroz e por fim um naco de carne de frango ou de gado, depois do almoço tinha um café. Era o costume de meu povo. Simples mas de coração grande, nunca ninguém que fosse lá voltava sem almoçar. Quando volta aquela casa, toda transformada, sinto saudades daquele tempo onde podiamos desfrutar de nossas presenças, nossas conversas, e nossas esperanças. As carnaubeiras continuam vivas, algumas pinheiras e cajueiros, mas a casa não só tem a alma das lembranças. A casa nada é, mas as lembranças ao chegar lá acendem feito vela, sinto a presença de todos alí, embora esteja só aqui.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
segunda-feira, 21 de março de 2011
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