quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

16. Avó, pai e filho

 Meu filho,

É noite,

Última noite,

Últimos minutos de 2020,

Algo te incomodando e não sei o que é.

Então afago tua cabecinha linda e perfeita,

Minha face se banha em lágrimas,

Assim afaguei Papai este ano,

Cheirei e beijei,

Meu amor,

Agora só tenho você,

Paizinho se foi,

Tudo agora gira em torno de ti,

Ontem antes de nascer

Era eu,

Agora sou papai e você,

Enquanto viver,

Papai Chico Raimundo tem os afagos de vovó e vovô,

Aos pés de Deus,

Agora somos você Vinícius,

E eu Rubens,

Ainda meio dividido,

De coração partido,

Mas todo o meu amor

É todo teu,

Tua cabecinha é igual a minha e a de papai,

Então quem somos nós

Somos seres,

E o que somos nós,

Uma concepção do amor,

Te amo muito e eternamente papai,

E você Vinícius

Agora é minha vida.




quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

16.Diferente fim de ano

 Que grande é o vazio frio que deixou,

O sol nasce na manhã e dorme na tarde,

A noite que o sucede estrelada ou enluarada,

Partiu no verão,

Fico imaginando,

Partiu...

Ondes está...

Por onde estás?

Aquela voz,

Seus pensamentos,

Suas ideias,

Suas memórias...

Sua presença.

Por muito tempo estará no primeiro e último pensamento do dia.

Seus abraços,

Seu cheiro,

Sua alegria...

Agora se encantou.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

15. Tua voz

 Hoje a saudade apertou o peito,

Senti saudades de ti,

Queria ouvir tua voz,

Falar qualquer coisa boba,

Saber que estavas bem,

Saber como estão se comportando 

Sherlock, o loro, Boris, Belinha e Romeu,

Queria saber se estava nublado ou ensolarado,

Quente ou fresco,

Queria ouvir sua vez,

Hoje queria seu abraço,

Queria que sentasse a mesa,

Mascando seu pão ou tapioca,

Me olhando comer

E rindo com o apetite de Dayane,

Queira te ajudar aguando alguma planta,

Queria ouvir me perguntar se tinha ido a matinha,

Queria comentar sobre a florada dos catolés,

Ou como tem coco no chão,

Queria falar sobre os preás,

Queria elogiar a beleza das palmas,

Das flores de feijão brabo,

Queria dizer que a madrugada ouvi a passarada cantar,

Queira ouvir seu arrastar de chinela,

O som do barulho de ti varrendo o terreiro,

Sabe pai, podia ter dito, mais vezes, que te amo ao longo da vida,

Ter te abraçado,

Mas é isso mesmo,

Tudo que vejo aqui tem um pouco de ti,

Mas sei que as paisagens mudam,

Sei que a chuva para,

A ventania vira brisa,

E tudo que me ocorre são fenômenos intensos da natureza,

E que tudo passará um dia,

Mas a nossa amizade,

Nossa intimidade,

Essa só nós saberemos,

Nossa cumplicidade,

Hoje, só queria ouvir sua voz,

Seria bom se soubesse descrever,

Para mim a mais amada,

Saudades... Saudades....


14. Terrinha

 Nossa terrinha amada e querida,

Não houve uma ano em nossas vidas,

Um ano sequer sem plantação,

Tirávamos mato na enxada e na mão,

Não teve um metro sem cultivar milho e feijão.

Todo ano essa terra sagrada,

Nós dava o que comer e vender,

No inverno era milho e feijão,

Mandioca, arroz, jerimum e fava,

Seriguela, cajarana, pinha, araçá, goiaba,

Coco, acerola, mamão,

No verão tinha caju,

Comia no almoço arroz com feijão,

Na janta xerém com leite,

Da terra todos comiam,

Todos nós e os animais,

O cachorro, o gato, o louro, a galinha, o porco e

A vaca...

Ah, essa terra sagrada,

Essa terra amada,

Um metro não ficou sem cultivar,

Ano após ano,

No solo macio e plano,

No solo de barro inclinado,

Pedregoso de mato avolumando,

Se brocava e fazia o roçado,

E a gente produzia o que se comia,

Era pouco, o pouco com Deus é muito,

Pra vida melhorar,

Tivemos que buscar suplementar a renda,

Primeiro foi Beg,

Segundo Rosângela,

Terceiro Meire,

Quarto Lidiana,

Quinto Rubens

E sexto Roberto,

Porque comer e sobreviver

Se faz quando criança,

Está cheia a lembrança,

Dessa terra cansada

Que agora descansa 

Como papai...

Aqui a vida continua,

Tem até nome de rua,

Mas as coisas são as mesmas,

Como nós os mesmos,

Com nossas vidas,

Nossos filhos e amigos

Até o dia final.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

13. Trovão

 Quando caia a chuva

A terra seca toda água bebia,

Alegre papai sorria,

E se tinha relâmpago e trovão,

Mudava logo a expressão, 

Se sentava numa cadeira

E dali não saia mais não,

Mamãe gritava véi frouxo,

Mas ele nem aí estava,

Apenas ouvia a chuva chover,

E a gente molhado do banho de chuva,

Se secava e ria do medo de papai do trovão

E quando a chuva passava,

Em seus lábios se percebia,

A reza da ave Maria,

Gesto de gratidão,

Papai como a asa branca,

Se ia,

Mas nunca deixou o sertão,

Mas sempre se apavorava com trovão.

12. Teu sorriso

 O teu sorriso é lindo e maravilhoso,

É tímido, é doce...

É como a nuvem de chuva no verão,

É como o botão numa árvore virgem de for,

É como o vento nordeste,

É como o canto das aves na Aurora,

É como o solo molhado pela primeira chuva no fim do verão.

É sincero,

Mostra as lindas rugas na face,

Expressão de felicidade,

O teu sorriso papai,

Inundava meu peito de alegria,

Porque a tua felicidade

Era pra mim vaidade,

De um pai tão bom e jovial,

Que no final não deixou de a todos surpreender,

A tua paternidade me fez maior a vontade

De ser um pouco do que fostes para nós,

O teu sorriso misterioso,

Desgastado pelo tempo,

Era o sorriso mais belo

Que como a lua 

Será jovial e eterno,

Enquanto pulsar este coração,

Que agora espremido de saudade,

Tem em ti grande vaidade

De ter tido o melhor pai,

E um sorriso misterioso,

Um sorriso grande e amoroso,

Minha grande vaidade,

Ter vivido até está idade,

Amando e sendo amado,

Vai pode ir sorrir para o nosso senhor,

Sois prova de amor,

Amor fraterno,

Amor filial,

Amor do seu amor

A quem nunca abandonou,

Seguiu no riso e na dor,

Até o fim.

Fiquei triste quando te vi sem sorriso,

Papai aproveite o paraíso,

Que aqui guardarei o teu sorriso.







domingo, 27 de dezembro de 2020

11. Conformação

 A voz é a substância da palavra já dizia Borges.

E quando a voz se cala e a palavra perde a substância.

O corpo já não se pronuncia, não se expressa.

O que resta senão os pensamentos,

A energia dos pensamentos,

A memória,

As ações e expressões que o tempo se encarrega de apagar.

Por muito fica o vazio da presença que se fez ausência,

Da ação que se tornou inação,

Não há mais cansaço, medo, preocupação, desejo, angustia, paixão, amor ou dor...

Acabaram-se as relações...

E nós somos o que senão um continuo que avança,

O amor materializado,

Produto de um momento,

Imanente que se fez,

E continua a evoluir...

sábado, 26 de dezembro de 2020

10. Abba 3

 Na noite de natal nasceu,

Entre tantos filhos gerados 

Por seus pais foi muito amado,

Entre o dia e a noite,

Entre o inverno e o verão,

O primeiro amor aprendeu,

Amou pais e irmãos,

Bem como amar a vida em toda sua força,

Independente de todo ser,

Amou o ar, as águas, as terras e o o sol,

Depois veio o vigor da vida,

Logo homem se formou,

Foi para o mundo,

Porém de seus pais nunca se desligou,

Foi muitas vezes e voltou,

Se fez Chico de Aldo,

E com De Assis de Zé de Neves se casou,

Aprendeu a amar pela segunda vez,

E assim Chico de Diassis e Diassis de Chico,

Uma longa história de amor se iniciou,

Amou aquela pepita de ouro,

E deste longo namoro,

Cinco vidas gerou,

Achando pouco outro filho adotou,

E assim pela terceira vez aprendeu uma nova forma de amar

Foi em Serrinha do Canto,

Que encontrou o encanto de um lugar,

Em 1979 chegou,

E desta terra não mais ficava muito tempo distante,

O amor aos filhos era tão intenso,

Era algo tão denso,

Tão desvelado,

Como todos se sentiram amados,

Amava a Begue filho tão dedicado,

Rosângela filha amorosa,

Meire, filha forte,

Rubens, filho calado,

Lidiana filha delicada como uma flor

E Roberto filho suave...

Com De Assis seus filhos educou,

Nunca nenhum maltratou ou abandonou,

Viveu os bons momentos

E nos momentos difíceis confortou,

Esta terra macia plantou e cultivou,

Dos animais sempre cuidou,

Da religião nunca descuidou,

Seguiu a tradição e no catolicismo nos criou,

Por promessa a são Francisco

Francisca batizou,

E amante dos animais é,

Ensinou a respeitar e as contas pagar,

Ensinou a trabalhar,

Deu oportunidade a todos estudar,

Sempre tinha uma palavra sábia para confortar,

E palavras divertidas para nos fazer rir,

Sempre foi muito grato a seu filho primogénito

Que ajudou nos anos difíceis de seca,

Amou a filha mais velha

E de sobremaneira Lera,

Quando partiram os filhou sempre ficou a chorar...

Então os anos pratearam sua cabeça,

Seu corpo amadureceu,

A sabedoria lhes chegou,

Então vieram os netos,

Disse se tornar pai novamente,

Giovana, Felipe, Alessandra, Gustavo,

Pedro, Laura, Gabriela e Vinícius,

E os tempos foram tão bons,

E aconteceu como ele dizia

"O que é bom dura pouco"

A vida pareceu longa,

Mas contigo papai

Com tua presença,

Nesta hora, vemos que a vida foi breve,

Percebemos que a vida é uma linda passagem,

Que não nos cansamos de te admirar,

Seguir seus passos em tudo,

Agora que sua presença física se foi

De são Geraldo... Sempre de São Geraldo,

Mas Azul e Tam são as melhores,

Papai como te conheço,

Porque ouvia Nelson Gonçalves contigo,

Porque via qualquer programa do Sílvio Santos,

Porque gostava de ter um gato no colo,

Porque falava de negão e sherlock como pessoas,

Porque ria com o humor de Hélio e Aluízio,

Porque ouvia João de Licor,

Porque amava ouvir Francisquinho contar os negócios,

Porque ela não sabe o que diz

Porque não precisa de outra moto,

Porque Pedro é mais amoroso,

Porque Laura adora comer,

Porque Giovana é séria,

Porque Felipe é magro e estudioso,

Porque Gabi. Ahhh Gabi...

Parabéns pelo dia dos pais Rub...

Vai desbotar o moranguinho,

Está anoitecendo,

É hora da partida,

Não tem noite mais estrelada que esta,

Se saio no terreiro,

Sinto a areia gelada,

Sinto um frio um frio na espinha,

Olho para o seu e vejo estrelas brilhando,

Sabemos que sois uma delas,

Sentir o frio desta baixa,

O cheiro das flores de cajueiro,

A arquitetura das palmas,

A sinfonia das aves,

A aurora da partida,

Vai Francisco casado com Francisca,

Pai de Francisca e

Filho de Francisco e Francisca,

Certamente está no Céu

Francisco pai e filho, Francisca,

Aldo, Raimundo, Raimunda e Margarida...

E nós continuamos a caminhar,

Sob a oração do Pai nosso e das ave marias...

Dias que se seguirão.


9. Abba 2

 É assim,

Hoje sou,

Amanhã não sei,

Agora presente,

Amanhã ausente,

Após a festa, após a noite,

Vem o outro dia,

Na simplicidade, fomos vivendo nossos dias,

Fomos cultivando nosso pão em nosso chão,

E os dias não pararam de passar,

E os dias não deixaram de ser,

Todos os dias ao teu lado aprendi a viver,

Na paz,

Com amor, com carinho...

E fomos assim,

Comendo feijão com arroz,

Dando comida ao gado,

Minho as galinhas,

Amarrando o jumento,

Alimentando o cachorro,

Sim entre os dias e as noites, fomos vivendo,

De seca a verão,

Conhecia teu medo do relâmpago e do trovão,

Como era bom sentir o cheiro da terra macia,

E plantar as covas que plantavas,

Como não lembrar de cada manhã ao teu lado,

Cada café da manhã,

Cada almoço,

Cada jantar...

Agora a vida está aberta sem ti...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

8. Ábba

 Papai pariu deste mundo.

Sua sinfonia foi concluída,

Sua caminhada chegou ao fim,

Desceu do trem da vida...

Todavia enquanto caminhamos juntos

Tinha um orientador, um norte,

Foi seguindo seus passos que aprendi a caminhar só,

Papai me ensinou a amar a vida,

Amar os seres vivos dos mais simples aos mais complexos,

A amar o sol, amar a chuva,

Amar as flores,

Amar as matas...

Nós nos comunicávamos por telepatia,

A cerca de 35 anos ele passou a preservar uma pequena mata,

Hoje uma linda mata,

Nosso maior elo,

Ele deixou os catolés, os angicos, os feijões-brabos, as aroeiras crescerem,

Só tinha uma birra com as cajaraneiras, dizia que fazia sombra.

kkkkkkkkk.

Por último até as cajaraneiras.

Quantos pés de cajaranas cresceram na nossa terra,

Papai usava as madeiras na cerca e assim plantava mais uma planta.

Papai amava contemplar a paisagem,

Ele amava o meu amor pela vida, pelas plantas...

Lembro das poucas vezes que o ajudei na enxada,

Ele sempre me poupou, mas teve algumas vezes,

Ele me poupou de trabalhar na foice,

Ele me poupou de tantas coisas...

Lembro de ajudar ele no sítio do Pareiro,

Lembro de ajudar ele com o gado,

Lembro de plantar enquanto ele cavava os roçado com aquelas carreiras tortas,

Quando a gente mangava ele dizia, no silo vai um em cima do outro,

Lembro de ajudar a tirar pinha,

A tirar seriguela...

Lembro de ouvir as aves e os pássaros cantando enquanto a manhã nascer.

Lembro de ouvir seus pés caminhando arrastando os pés aguando as plantas,

Varrendo o terreiro;

Lembro de ir com ele para Martins nos dias de Sábado,

A motinha já ia direto para a sobra da figueira de Davi,

Então íamos a venda de Antônio de Chiquinho,

Encontrava os amigos Aluízio, Hélio, Dadá, Bolinha, Wasginton, Marlene...

Sempre tinha o café...

Lembro do carinho e o acolhimento e prazer que tinha em receber os amigos e familiares.

Papai sempre foi meu herói,

Agora se encantou,

Está guardado nos giros e sulcos cerebrais,

Está intensamente ramificado em meus neurônios,

Em cada átrio de meu coração.

Papai seu templo agora é pó,

Mas seu espírito (Gaist) eterno est.

Tenho certeza que não precisou de Virgílio para te guiar ao paraíso,

E assim é.

 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

7. Modo

 Deito-me numa rede na frente da cozinha de mamãe.

O céu está azul com nuvens frouxas.

A temperatura está quente ou quase morna,

Algo agradável.

Os sentidos torpes do almoço.

No céu azul plana um urubu,

As galinhas  espalhadas nós terreiros,

Ora caminham, ora cantam, ora gritam,

Ora descansam.

Aparece um cancão dá uns chamados e depois some.

Sherlock e Schaquira dormem.

Continuo na rede

Observando o modo como a tarde 

Se faz aqui neste momento.

Prestando atenção no modo de ser das coisas.

Um cheiro forte de caju seco chega do chiqueiro e trás memórias  dantes atrás.

O tempo esse ser sem substância.





segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

6. Cajus e castanhas saldosos

Quinta-feira, 10 de dezembro de 2020.
Acordei, mas não levantei, preferi ficar na cama olhando o telhado com aquela luz marrom. Fiquei quietinho ouvindo as aves cantarem, o som do vento no telhado e nas folhas de coqueiro. Pensei várias coisas e nada ao mesmo tempo, pois quem muito pensa nada colhe dos pensamentos, sem foco não se encontra o cosmos no caos, não se abstrai nada. Então, levantei, comi um pão e fiquei sentado a mesa com mamãe e Meire. Ali ficamos conversando. Depois, sai para caminhar um pouco e ficar só. Fui caminhando e contemplando a natureza. Eu ia observando a paisagem e refletindo sobre as mudanças nas paisagens. Ainda neste ano, vi tudo tão verde e vivo. Agora tudo seco e ou morto ou dormitando. Fui caminhando sítio a dentro. Sherlock nosso cachorro ia comigo. Fui e voltei, já quase chegando em casa encontrei  meu irmão Rosembergue catando castanhas e cajus. Então, fui ajudá-lo. Esta cena só tinha acontecido a mais de 30 anos ou nunca tinha ocorrido. Eu e meu irmão a sombra de um cajueiro catando caju. A gente ficou naquela ação, concentrados, mas era como se estivéssemos conversando. Nossa presença e companhia era tudo. Não era necessário palavras para expressar nossos sentimentos de tristeza, de dúvida, de medo e de dor. Nossas mentes estavam em papai que está na UTI em Mossoró. Então catamos caju e castanha por um bom tempo até a coluna e as pernas ficarem cansadas. Depois descastanhamos o que catamos. Pronto nossa conversa se acabou. Ele foi para o Porção. Enchi o tanque e tomei um banho e fui para o quarto ficar com a Laura.

domingo, 13 de dezembro de 2020

5. Craibeiras

A avenida é dividida por um pequeno canteiro onde jovens craibeiras floresceram recentemente.
Agora as cápsulas secas se partem e deixam as sementes aladas serem levadas ao vento.
É sol,
É luz,
É calor,
É domingo,
É dezembro,
E o ano 2020 está finalizando,
Logo será natal,
Logo será fim de ano...
Viva ao amarelo das craibeiras.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

4. Eterno

 É tarde,

Parece que vai chover,

As aves cantando,

Um sabiá cantando laranja ou banco,

Um sanhaçu cantando,

É dezembro,

As plantas verdes pálidas,

O mundo continua 

Como há de ser eterno.





sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

3. Jasmim

 Oh! 

Jasmim,

Oh, Jasmim,

Tu que enfeitas e incensas um jardim,

Jasmim-manga,

De flores estreladas alvas 

E fauce amarela como gema,

Jasmim quando te vi

Pela primeira vez tive medo de ti,

Pois tuas flores enfeitaram o primeiro defunto que vi,

Teu aroma ficou grudado na minha alma,

Assim como aquela face enrugada,

Fria e morta,

Aquelas mãos cruzadas ao peito,

Aquele corpo de tanto vivido,

Era um corpo que esfriara,

Que a pouco vivera por tantos anos,

Mudando de fases,

Vivendo,

Existindo...

Jasmim tu que enfeitastes e desses a última impressão a um corpo,

Me destes a primeira impressão do fim, a morte...

Meu primeiro grande medo,

Minha consciência...

Despertar para a realidade é árido...

Tuas pétalas macias frágeis e delicadas,

Perfumadas,

Tuas folhas de manga,

Tuas inflorescências cimosas...

Que são agora para mim?

Apocynaceae, Plumeria rubra...

Vida e morte,

Ser e não ser,

Início e fim.

2. Cadê o espírito

 À noite está enfeitada

Com árvores e pisca-piscas,

De cores mais diversas,

Azuis, verdes, vermelhas, brancas...

São árvores e enfeites de natal,

Meu coração fica contente com o natal,

Meu coração fica feliz,

Mas está apertadinho,

Parecendo um coração de frango,

Por quê?

Papai não está bem de saúde

E estou aqui longe...

Pisca-pisca.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

1. Ave

 Enquanto o sol nascia,

Caminhava na rua,

Ouvi a vocalização de um pica-pau,

Lá no nascente sobre um poste estava a linda ave...

Não lembro de ter ouvido ou visto tal beleza na rua,

Aquela impressão e percepção foi passageira,

Depois mais tarde,

Ouvi outro pica-pau vocalizar longe.

A lua estava no céu menos intensa que ontem.

Velho

 Acho que estou ficando velho. Ficar velho sempre parte de um referencial. Quando dizia que estava ficando velho para minha avó ela dizia, v...

Gogh

Gogh