quinta-feira, 30 de abril de 2020

78. Tarde caindo

A tarde caindo chuvosa é tão maravilhosa.
O som suave da chuva.
Uma música de piano, Chopin.
As coisas dando certo,
Sem pensar no incerto.
Logo mais virá coisas boas.
Porque entendemos do que é bom e ruim.
Sei que cada um tem a sua história.
E Nossas histórias contamos como acreditamos ser.
A chuva chovendo faz bem.
Cai bem na tarde caindo.

77. Madrugada

A madrugada caiu escura e estrelada.
O silêncio reinava
E nem mesmo as aves cantavam.
Só haviam estrelas brilhando
Num céu atropurpúreo.
Nada mais.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

76. Sono

O silêncio escuro da noite.
Uma oração murmurada.
A chuva e o céu estrelado.
Um conto ou uma poesia lida.
Ou nada.
Só o silêncio escuro da noite.
Ou pensamentos,
Talvez memórias
Ou talvez imagens.
Impressões.
Só o sono apaga tudo.

75. Os seres e as coisas

Quantas coisas há no mundo.
No nosso mundo.
Coisas.
Coisas como flores,
Coisas como plantas,
Coisas como aves,
Coisas não seres.
Seres vivos.
O mundo é tão grande
E tão vasto...
As coisas.
Ah. O mundo.
Impressão,
Impressões.
É impressionante quando nos impressionamos com as coisas do mundo.
Eu me impressiono com essas coisas grandes
Que são as flores, as plantas e as árvores.
Assim vou ampliando meu mundo
Com seres.

74. Coisas de minha terra

Abril é um mês de chuva lá em casa no sítio Serrinha do Canto.
Que maravilhosos foram os anos que passei lá com minha família.
Quando chegava abril, nos anos bons,  chegava também a fartura nas nossas casas.
Tínhamos milho e feijão verde, melancia, melão, jerimum, goiaba, araçá e pinha.
Ah! pinha aquele fruto dos deuses de epicarpo verrucoso e endocarpo alvo, macio e doce.
A gente se esbaldava com as bacias de pinha maduras.
Saíamos para os terreiros e nos deliciávamos deixando apenas as casas e as sementes de testa preta.
A festa se estendia nos sítios cantavam dançando os sanhaçus azuis.
Cantava contente a comer pinha os papa-cebos e sabiás.
Depois, mais tarde sair e colher milho no roçado e depois assar na brasa aquelas lindas espigas.
Agradecia o loro a comer o milho verde amarelo.
Essas situações singulares de minha terra.

terça-feira, 28 de abril de 2020

73. Encantamento

Ah.
As aves como estás me encantam.
Tenho aprendido muito sobre suas formas.
Formas que me ajudam a conhecer sua diversidade.
Formas dos bicos, das cabeças, dos abdômens, das asas, das caldas, das pernas e dos pés e os padrões de cores e os padrões de cantos.
Seus hábitos alimentares.
Encantamento...
Encantamento...

72. Paciência

Não tem sido fácil esta quarentena.
Estamos presos por um inimigo real invisível.
Não podemos trabalhar, sair de casa ou sair para passear.
O pior é não poder ir no interior visitar mamãe e os irmãos.
Não poder fotografar as belezas locais,
As ervas, os arbustos e árvores com suas flores.
As aves com seus cantos...
Paciência com tudo isso.
Vai passar.
É apenas mais uma experiência em nossas vidas.
Vai passar.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

71. Tarde no Campus

Fui a faculdade hoje na quarentena,
O Campus estava o maior deserto. Sentir  que estava adoradável. Como havia chovido a mata estava úmida e liberando um gostoso odor de fungo. A paisagem era toda verde.
Próximo a biblioteca florescia uma Pereskia bleo. Nunca tinha aquela planta com flores tão belas vermelhas. Aquelas flores estavam sendo visitadas por abelhas.
A tarde caiu suave, nublada e bela.

70. Agradecer

A chuva chovendo é tão agradável,
Aquele som gostoso,
O clima mais ameno.
Todavia a chuva chovendo enquanto estamos na rua,
Nem sempre é uma maravilha.
Chuva vai, chuva vem,
E o tempo vai se estirando
Enquanto aguardamos o vírus se acabar.
Enquanto essa epidemia passar,
Ficamos em casa observando
Pequenas grandes coisas como
A chuva,
O entardecer,
As aves...

domingo, 26 de abril de 2020

69. Simplicidade

Ouvir uma boa música,
Jaz ou blue ou uma obra clássica.
Uma caneca de chá
Um bom livro
Uma boa conversa inteligente.
Particularmente gosto de ouvir 
As entrevistas de Borges,
São tão inteligentes e 
Existia uma áurea de humildade
Na fala do grande escritor.
Passar o tempo com coisas simples
E acessíveis.
São tantas as coisas boas.

68. Vai passar

Faz mais de um mês que estamos reclusos em casa.
Algumas coisas são boas e outras ruins.
A gente precisa de paciência cotidianamente.
Ao menos fazer caminhada é uma atividade que é permitida.
Ler, ouvir música, áudio livro... essas coisas.
O que faz falta é não poder ir na casa dos pais.
As coisas parecem iguais, monótonas,
Mas só por um tempo.
Isso tudo vai passar.

sábado, 25 de abril de 2020

67. Satisfação

A noite chegou lenta e suavemente.
Então aos poucos começou a chover.
Deitado no sofá só ouvia o som maravilhoso da chuva.
Que maravilhoso que é ouvir a chuva chovendo.
Sem nada para se preocupar,
Só ver tv, ler um livro ou falar com alguém no celular.
Coisas simples que nos faz bem.
A noite escura,
O som da chuva,
Uma xícara de chá.
Coisas simples que nos faz bem.

66. Um novo amanhecer

Hoje a manhã nasceu ensolarada.
Muito diferente do resto da semana
Que choveu cotidianamente.
Tudo é silêncio como todas as manhãs de sábado.
Tudo é luz intensa e céu azul.
Após um dia maravilhoso,
Vem um novo dia.
Quando o presidente cai?
Estamos torcendo.
Sempre vem o amanhã.
Sempre.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

65. Coisas triviais

Entre tantas informações recebidas num dia,
Quantas delas conseguimos absorver?
Rádio, internet, tv...
Pouco importa.
Captamos o que damos atenção.
As informações mais simples que passam despercebida cotidianas são  muito  importantes.
Coisas como pio das aves, o barulho da cozinha cozinhando, o cheiro da comida, a textura da roupa, dos lençóis, o perfume do shampoo e do sabonete.
Essas coisas triviais são tão boas
Que nos faz apegar a vida.

64. Memória auditiva

A audição é um sentido excelente para resgatar memórias.
Acabei de ouvir o canto de um encanto de ouro (Icterus pyrrhopterus)
E a memória que tive foi do lugar onde vovó Sinhá morou.
Esse lugar se chama Vertentes e fica em Serrinha dos Pintos.
No passado foi muito habitado por diversas famílias.
Hoje encontra-se abandonado e parece que nunca ninguém morou lá.
Estranho não.

63. Abril

Amanheceu e choveu.
As ruas estavam molhadas, mas não escorria água,
porque a chuva foi rápida.
As aves cantaram muito.
Ouvi um bem-ti-vi.
A manhã está tranquila, nublada e úmida.
Pensei em várias coisas enquanto caminhava,
Fiz fotos de uma lagarta, na verdade queria tirar foto de um pássaro, mas não consegui
pois tinha pouca luz.
Voltei para casa correndo porque começou a chover.
E chove, chove...
Que abril chuvoso.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

62. Rosas do deserto

Após uma florada exaustas como uma mãe que amamenta as rosas do deserto se encontram. Até pulgões deu. Perderam as folhas, os ramos aparentemente estão maiores. Agora descansam.
Estiveram tão lindas tão floridas.
Agora é se recuperar.

61. Fim de dia

Após um excelente dia produtivo
Cai a noite suave limpa e estrelada.
A gente deita e relaxa e pensa na vida,
No que acontece no que a gente pensa,
No que a gente gosta.
Definição daquilo que gostamos é extremamente difícil, mas vamos nos delineando com tempo.
Após um excelente dia a gente tenta expressar algo.

60. Manhã de quinta

A madrugada se desfez som uma chuva fina.
Depois parou de chover e o sol saiu entre nuvens.
As ruas molhadas e vazias entre árvores com folhas brilhantes
que ocultavam os pássaros.
Os pássaros cantaram muito
corruíras, bem-ti-vi, benti-vi-zinho, sanhaçus e cambaçicas.
Agora a manhã deslancha sob uma intensa luz do sol.
E o dia se faz mais uma vez.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

59. Manhãs em Barão

Lembranças
Quando mudamos de lugar temos que aprender e conhecer os novos caminhos e novas rotas para chegar em casa ou no trabalho. Nós vamos conhecendo aos poucos as melhores rotas.
No caminho de casa para a Unicamp havia uma escola que era bem simples. Ficava em frente a praça dos Cocos em Barão Geraldo.
E todas as manhãs passava ali do lado da escola. Gostava do barulho das crianças, da sombra das árvores, do frescor da manhã. As vezes o solo estava amarelo de pétalas de guapuruvu ou de sibipiruna ou de tipuana. Tinham flores violeta de tibochina e de bauhinia variegata ou de neomarica caerulea, flores nas inflorescências imbricadas de costus. Tinha flores vermelhas de malvavisco e espatódea.
Ia e vinha todo dia.
Depois comprei uma bike e ia e vinha mais rápido.
Sempre prestando atenção nas coisas simples como folhas e petalas no chão, os troncos de árvores o canto de aves, o cheiro da grama e a escola, a água do riacho...
Tudo foi tão pleno. 
Que ter vivido tudo isso.

58. Aves

As aves sorriram para mim hoje.
Como são fascinantes por suas formas, cores e cantos.
Seus corpos, cabeças, bicos, suas asas, caldas, pernas, e patas.
Suas cores iridescentes.
Seus cantos matinais, vespertinos ou noturnos.
Seus comportamentos, suas dietas, hábitos e habitats.
Por isso sempre busco ou tento fotografá-los.
Hoje da minha janela fotografei uma andorinha do rio, com máscara e capa azul-marinho. 

57. Canto

As aves ficam contente após a chuva.
Já de madrugada um bando de aves despertas cantavam na rua.
Eram corruíras, bem-ti-vis, sabiás e canários.
Quando o dia amanheceu antecedido duma chuva
Ai, apareceram as rolinhas.
Agora tudo é paz e silêncio.
Pela janela fotografei uma andorinha.
Ouço agora siriris, saíras, sanhaçus, corruíras, uma rolinha-cado-de-feijão, pardais.
E assim, segue o dia.

terça-feira, 21 de abril de 2020

56. Safra

Estou agora lembrando de casa. Que memórias excelente. Na época nem achava.
Estou lembrando de quando ajudava papai em algumas atividades como limpar cajueiros. É um trabalho simples que se faz após o inverno. Retira o mato que cresceu sob e no entorno dos cajueiros. Papai fazia a maior parte. Quando era perto de casa tínhamos a companhia das galinhas. E sempre tinhamos a companhia de dog o nosso cão de pelo alvo.
A gente conversava, mas na maior parte do tempo eu matutava.
Aquele trabalho mecânico era puxado e demorava uns poucos dias. Mas compensava porque ficava mais fácil para apanhar a safra de caju. Com os cajus vinham as aves os currupios e encatos de ouro.
Era muito bom.

55. Coisas do bem

Dias de chuva são sempre muito agradáveis.
Trabalhar em casa.
Fazer o que gosta.
Ir ao mercado.
Almoço caseiro.
Uma boa leitura,
Um poema ou um conto.
Coisas que nos faz bem.

54. Novo modo

Amanheceu, após uma madrugada escura sem crepúsculo ou som de aves.
Agora lá fora a chuva está chovendo e pela janela entra uma brisa úmida e fresca.
Tudo é silêncio e apenas ouvimos o som da chuva se derramando na rua e nas casas.
Fios de água se fazem no vidro de parte da janela fechada.
O silêncio!
O som da chuva é agradável e acalentador.
As ruas agora estão molhadas.
Estamos guardados em casa,
Esperando pelo futuro que tudo volte a ter esperança.
Enquanto a chuva nos faz pensar.
Quão agradável é a sua presença enquanto estamos em casa.
Estamos nos acostumando a um novo modo de viver. 

segunda-feira, 20 de abril de 2020

53. Posição

Memórias
Lugares onde estive!
Nossa foram tantos.
Todavia há aqueles que mais desfrutei
Com a calçada da casa de mamãe.
O corredor da casa de mamãe.
A minha cama em Campinas.
O jardim sem nome com durantas,
Azaleias, samambaias e uma palmeira.
Lugares que travei uma batalha com as palavras.
Li romances, contos, poesia e filosofia.
Faltou-me sistematização.
Sou assistemático embora não pareça.
Treino ajuda.
O escuro que caia aos balanços da calçada,
Enquanto pensava, matutava assistematicamente nas coisas que fazia e vivia.
As coisas aconteceram a parte de tudo.
Tudo barro vermelho.
A existência é uma experiência fabulosa.
Bom recordar tudo isto.

52. Ser

Os dias se passam longa e demoradamente,
Dias quentes e feios.
Dias de trabalho e reflexão.
Quase um mês enclausurado,
Acordar, caminhar, comer,
Ler e ouvir, refletir.
Ser.
Assim é e será.

51. Amolar

No interior a simplicidade reina.
Numa casa um objeto essencial é uma pedra de amolar.
Esta pedra geralmente comprada em feiras,
É amorfa, de origem sedimentar.
Em geral é plantada no terreiro da cozinha
Na sombra de uma árvore.
Lá em casa ficava sob uma pinheira
E quando a pinheira morreu passo à sombra de uma cirigueleira.
Aquela rocha servia para amolar facas, canivetes, machados, roçadeiras e foices e principalmente pensamentos.
Amolar pensamentos isso mesmo.
A tomada de decisões geralmente se passava enquanto se amolava objetos.
Ao som do deslizar da lâmina os pensamentos vão sendo amolados, afiados feito navalhas.
Problemas são solucionados ali.
E os objetos servirão para cortar e os pensamentos para decidir.
Decisões é tudo que precisamos direcionar em nossas vidas.
Decisões ignorantes e rudes tiraram a vida de muita gente.
Lâminas que furaram, cortaram e fizeram verter sangue e vida em decisões errôneas amoladas em uma pedra.
Nossos horizontes são curtos quanto tomamos decisões cegas sem combinar ter uma segunda opinião.
A parte isso, geralmente se amola a faca na hora que vai se pelar uma galinha.
A pedra continua lá plantada no chão pronta para amolar o que seja pensamentos e lâminas.
Está lá como memória, como objeto de uso, objeto de necessidade que quando colocada em um contexto nos permite amolar a alma.

domingo, 19 de abril de 2020

50. Cachorrada

Cedo, a rua estava vazia. Ninguém ou nada passava. Exceto por um bando de cães e uma cadela. 
A gente atoa presta atenção em tudo.
Eles iam e vinham. Um cachorro novo vermelho feliz ia pulando e saltitando feliz tentando agradar a cadelinha preta, mas esta nem uma bola dava.
Tinha um outro velho e um baixo meia perna alvo, este a cadela até deu trela, mas houve incompatibilidade de tamanho.
A cadela cruzou a rua e foi acompanhada. Só alvo meia perna não acreditou na chance.
Ficou ali na esquina a olhar.
Depois a sena se desfaz e não sei o que aconteceu com a cachorrada na manhã deste domingo.

49. Ameno

O dia foi tão agradável 
Com sua amenosidade,
A brisa solta soprando,
As nuvens ocultando o sol,
Os pássaros piando e cantando.
Assim, o dia logo passou,
Dias bons passam logo.

48. Despertar

Que maravilha despertar numa manhã úmida e fresca.
Céu nublado sem muita luz, aquele escurinho no quarto.
Abro a janela e entra a brisa fresca da manha.
Nada de barulho de carros, reina o silêncio.
Ouvi-se apenas chamado e canto de aves.
Tudo é paz.
Então abrimos um livro e damos uma agradável lida.
Abri um ebook de Boaventura de Souza
"A cruel pedagogia de um vírus".
Excelente leitura.
Talvez não para quem está levantando,
Mas fica a dica.
Que o dia continue como iniciou,
Agradabilíssimo.

sábado, 18 de abril de 2020

47. Ouvir

Ouvi muitas coisas hoje.
Música indiana,
Música erudita,
Canto de aves,
Dois contos de Borges,
Dois contos de Machado,
Um de Clarice Lispector.
Tudo enquanto trabalhava.
O dia foi longo, porém muito agradável.

Dias agradáveis nós faz bem,
Chega a dar prazer em viver.
Ouvir as aves que maravilhoso
Poder ouvir é divino.
Uma singularidade da vida.

46. Preâmbulo

Sábado,
Acordei cedo.
Despertei, peguei o celular e visitei minhas redes sociais.
Então, sai das redes e fui dar uma olhada no livro nove ensaios dantescos e a memória de shakespeare de Borges.
Simplesmente a gente fica boquiaberto com a sagacidade com que Borges escreve.
O preâmbulo é maravilhoso.
Borges nos faz entrar num universo fabuloso onde o tempo e o espaço condensam tudo.
Nos faz refletir sobre a universalidade das coisas. E vai mostrando como era descrito o mundo antigo segundo a visão de Dante... E vai equacionando, mostrando um histórico de como autores foram avaliando a visão de Dante. E vai formando uma espiral histórica que nos desperta curiosidade e vontade de ler Dante e conhecer os autores que escreveram sobre Dante.
Acho que mudamos o mundo. Borges sabia disso quando usava a literatura para estender o mundo.
Ler Borges é isso. Ficar extasiado a cada parágrafo.
Sua genialidade vai tecendo literatura, filosofia, metafísica e tudo que nos permite  expandir nossa consciência.
Neste preâmbulo, lido, tenho material para matutar pelo resto do dia.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

45. Cotidiano

A tarde caiu caliente e pacífica.
Aves cantando ou voando.
A monotonia de um quarto.
Os livros empilhados.
Bolhas de água no banheiro.
Cactos e palmeiras estáticos nos vasos.
Penso no que ouvir,
Hoje contos de Borges,
Ontem música erudita,
Outro dia Poesia de Pessoa,
Outro Galeano,
Outro contos de Clarice Lispector.
Ou palestras um dia foi sobre Cervantes,
Outro Nietzsche.
Ouço tudo.
As minhas plantas também.
As vezes ouço aves piando 
Pego a câmera e fotógrafo.
É isso o cotidiano.

44. Canário

Céu azul com nuvens brancas,
Após uma fresca madrugada.
Na sobra de um açoita-cavalo
Cantava empolgado
Um canarinho amarelo,
Seu canto estridente,
Encantava aquela hora.
Canta pequena ave,
Embeleza esse mundo
Que se encontra fechado,
Angustiado, triste e isolado.
Canta canarinho
Canta que seu amarelo
Estampado na bandeira brasileira,
Representa toda riqueza,
Que agora é só tristeza,
Tantos filhos a morrer,
Tantas pessoas a sofrer.
Estamos desgovernados,
A besta no poder,
Brada queremos riqueza...
Essa besta cheia de seguidores
Vai fazendo atrocidades,
Discursando escatologias...
Mas vamos esquecê-la por enquanto,
Pois agora só importa é seu canto.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

43. Beija-flor

Um beija-flor veio ao meu jardim
E visitou as minhas flores,
Depois se foi e desapareceu.
É assim que raras coisas acontecem.
Quem sabe não voltará.
Beija-flores são atraídos por flores vermelhas.
Com seu bico aciculado 
Beija ou pilha flores.
Tão ágeis no ar,
Tão fabulosos a voar,
Um encanto em meu lindo jardim.

42. Consciência

A maior parte das informações que recebemos não compreendemos.
Não discernimos muitas formas e tons de cores.
Não discernimos os sons com suas variações de frequências.
E as vezes quando tentamos tudo fica mais confuso.
Quem dera traduzir o que falam os animais.
Quem dera entender a alegria de uma planta.
A maior parte da totalidade passa desapercebido,
Com nossa singularidade, passamos inconscientes pelo mundo.
Sem perceber as belezas que reinam na nossa vida cotidiana.

41. Amanhecer

A madrugada enluarada,
Foi logo pela manhã apagada,
Na pista a caminhar,
Ouvi um canarinho cantar,
A brisa suave e agradável,
A caminhar para ficar saudável.
Vi muitas coisas ao andar,
Ouvi o som da chuva chegar.
Fui lá e voltei cá,
E vi que a manhã nascia paulatinamente,
Como uma cortina a de abrir.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

40. Espiral

Após o dia cai a noite.
Após o dia de chuva a temperatura está amena.
Após o trabalho vem o descanso.
Após a madrugada veio o dia.
A tarde caiu e tem graça que viu.
Em um ciclo o tempo em espiral
Do início ao fim.

39. Centro

O que se passa no mundo?
Jornais, lives, conversas...
O que é real ou especulação?
Estamos perdendo o prumo.
Estamos perdendo o norte.

38. Sucessão

Entre nuvens o dia amanheceu,
O calor se foi.
A rua está parada,
Cães ladram aqui e ali.
As aves ora chamam ora cantam,
O tempo mudou.
Nós é que estamos
Cansados dessa quarentena.
Seguímos fazendo as mesmas coisas dia após dia.
Enquanto essa tempestade não passa.

terça-feira, 14 de abril de 2020

37. Saudades

Eita que saudade de casa.
Que saudade de ouvir o cabeça vermelho despertar a aurora.
Saudades de schelok alvo como uma garça.
Saudades do grito do louro.
Saudades do mato intrincado.
Saudades das tardes enfeitadas de dourado 
E encantadas com o chamado
Do João de barro
E da nambuzinha a cantar.
Saudades do ocaso,
Da reza pra nossa senhora.
Saudades me define,
Pois o tempo é curto.
Para viver tudo de uma vez.
Por isso. Saudades.

36. Das kapital

Iniciando a leitura de um livro clássico.
O capital.
Depois de ouvir horas de cursos e palestras
Com José Paulo Neto, Sérgio de Lessa e outros estudiosos enfim que a leitura seja fortuita.

35. Ciclo

A chuva chuvendo
 rega o chão
E umedece a semente
Que germina lentamente.
Ah, eis uma plântula
Que vai crescer,
Vai florescer,
Frutificar...
Eis o ciclo da vida.

34. O momento

Nasce a manhã clara,
A madrugada estava tão bela com estrelas e uma lua minguante fabulosa.
Faz muito calor estes dias,
Assim ficamos impacientes,
Com a monotonia,
Com o silêncio,
Com o momento.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

33. Certeza

As vezes, quando as coisas ficam embaraçadas não conseguimos articular os pensamentos.
Nossas ideias não conseguem se vincular.
E como tornar ao cosmos mental?
Uma poesia.
Uma música.
Uma série.
Sabe lá.
Depois de um dia inconclusivo.
Certamente, ficamos assim.
Mas tudo volta a bonança depois do sagrado descanso.
A certeza de que está tudo bem.

32. Sabiá

Enquanto amanhecia sutilmente,
A aurora partia e o primeiro crepúsculo se dissolvia.
Enquanto caminhava fechado em meus pensamentos e monólogos,
Ouvi o belo som de um sabiá cantando.
Ali bem a minha frente,
Sobre uma velha e alta casuarina,
Cantava um sabiá.
Seu canto era tão sublime e belo
Que até parei de caminhar só para contemplar
Ouvir seu canto
E olhar a aurora entre os ramos finos da casuarina.
Por um instante fui pleno.
Então o sabiá voou e o canto desapareceu
E a monotonia se refez.
Um pequeno sabiá encantou tudo.
As coisas belas muitas vezes não são determinadas
E muito menos apreciadas.
Passam desapercebidas na vida.

domingo, 12 de abril de 2020

31. Beija-flor

Beija-flores viridescentes tão apressados
Parecem sempre atrasados.
No ar são bailarinas a bailar.
Seres aparentemente apodiformes.
Voam de cá pra lá tão rápidos feito uma bala.
Vivem para beijar as flores.
São tão belos e caprichosos,
Porém são polígamos,
A beleza cobra seu preço sempre.

30. Domingo

Após um dia muito produtivo 
É sublime deitar e descansar.
Mais um dia vivido.
Um dia de muita luz e intenso calor.
Assim, se passa mais um dia.
Com graça e mais leveza.

29. Cansar

A manhã nasceu ensolarada.
Vejo pela janela
Nuvens laxas cruzam o céu lentamente.
As árvores estáticas.
Ouço de longe o ruído de carros,
O canto e chamado de aves.
Penso no pensar,
Penso no que sinto.
Penso.
Essa quarentena quase uma prisão.
Muita gente morre nos hospitais,
Aqui no Brasil já são mais de mil,
Nos Estados Unidos mais de 19 mil.
Pensar não ajuda.
Fernando Pessoa dizia que pensar é está doente dos olhos.
Tudo isso cansa.

sábado, 11 de abril de 2020

28. Ler


Não sei como nem por que desenvolvi o hábito de ler.
Foi a ociosidade do lugar onde morava?
Foi a pressão escolar?
Desde que me lembro, leio.
Lia de rótulo de produtos até bula de remédio.
Lia a bíblia.
Lia os livros que conseguia, em decorrência do isolamento não tinha muitas opções.
Então ou contemplava a natureza sem nada entender ou ia lendo o que vinha as mãos.
Uma das grandes experiências da leitura foi ler o livro "O cortiço" de Aluízio Azevedo.
Meu primeiro romance lido. Numa uma leitura foi tão complexa, pois a cada parágrafo lido, consultava o dicionário mais de uma vez, tornando a leitura cansativa. Todavia a história era interessante.
Ao fim deste livro meu vocabulário tinha expandido consideravelmente.
Então, chegou a vez de ler Machado.
Tinha curiosidade, pois havia escutado umas pessoas comentando o livro.
Na biblioteca do Joaquim Inácio, peguei uma obra, senão me engano "Memórias póstumas de Brás Cubas".
Levei para casa e comecei a leitura. A situação era a mesma que o livro anterior.
Dicionário na mão e fui rompendo a obra. Confesso que não entendi muita coisa, mas palavras, muitas delas, complexas, mas que explicavam muitas coisas, situações...
Deveras, algo muito culto...
Culto mesmo, um campo amplo para se cultivar, se explorar e entender os meandros do universo humano.
E, fui lendo... lendo.
E continuo lendo todos os dias.

28. Saber dozar

Após uma linga noite enluarada,
Nasce a manhã de sábado.
Em uma sequência constante de manhãs
Em que somos recomendados a ficar em casa,
Por causa de um vírus que parece que vai devastar toda a humanidade.
Os portais da internet anunciam a quantidade de mortos que só aumenta.
Não poder sair de casa é extremamente cansativo por incrível que pareça.
Oremos para que tudo isso passe.
Enquanto isso, vamos ouvindo o canto das aves.
Menos notícias de rádio e mais Mozart.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

27. Sistemas de classificação

Aves,
Mergulhando no universo das aves,
Ando explorando referências maravilhosas.
Linnaeu é o ponto de início.
Palavras em latim, francês, inglês vão traduzindo as formas,
As ordens e vou chegando a famílias.
Caracteres, do bico, do abdômen e dos membros.
Aos poucos a cegueira vai se desfazendo pela luz do conhecimento.
Esta arqueologia do saber ornitológico,
Vou construindo meu alicerce neste novo grupo de entendimento.

26. Semana Santa

Na infância, os feriados eram maravilhosos e não deixaram de ser.
Dentre os feriados mais prolongados era o de páscoa.
Na sexta-feira da paixão a gente ficava em casa. E muitas vezes recebíamos visitas.
Na maior parte das vezes eram os vizinhos.
Um de nossos grandes amigos era João de Licor que chamávamos carinhosamente de Joaozinho.
Nesta data sempre vinha a nossa casa.
E conversava a manhã quase toda.
Com o tempo as conversas eram as mesmas, mas não incomodava.
Era agradável a presença.
Papai e Joãozinho conversavam e conversavam.
Eu ouvia e ficava matutando, as vezes nada relacionado a conversa.
Hoje, tudo mudou.
Serrinha continua a mesma, quase sempre volto lá.
Este ano não teve como, infelizmente.


25. Sexta-feira santa

Sexta-feira da paixão certamente é um dia de reflexão. Nós estamos sempre acompanhados dos parentes neste dia.
Algum de nós jejua e outros não.
Este hábito é muito antigo e foi passado de geração em geração. 
Oramos e refletimos sobre o sofrimento, crucificação e morte de Cristo e celebramos a sua ressurreição.
Assistimos a missas também, ouvimos cantos gregorianos.
Lemos ou ouvimos passagens da bíblia.
São muitas coisas reunidas num só dia.
 Neste tão importante dia nos tornamos mais humanos.
Lá em casa, na infância era um dia muito especial.
Continua sendo, exatamente porque continuamos seguindo o hábito de nossos antepassados.
Celebrar a vida unir o passado ao presente num só dia.
Estarmos juntos é o maior significado de tudo.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

24. Produção

As colheitas estão fracas não pela produção,
Mas pelo produtor.
Quando se cultiva várias espécies a produção pode reduzir.
Bem, embora tenha reduzido a diversidade,
A produtividade está baixa.
Embora leia clássicos, pouco tenho absorvido.
Nietzsche, Galeano, Lispector e Borges se fazem presente a todo instante.
E as pesquisas são muito vastas.
Pesquisas em livros, guias e clássicos.
Estou voltando a Linnnaeu para entender ornitologia. Tenho aprendido muito.
E os trabalhos que me propus fazer se entendem...
Esses mangares dão substância ao meu mundo.
A produção tá baixa, mas esta acontecendo continuamente.

23. Linha do tempo botânico

Os livros antigos escritos em latim
Que para alguns são indecifráveis,
Para outros são inestimáveis fontes
De informações.
Para a botânica então.
Salve Kunth, Saint Hillaire e Bentham.

Os alemães e franceses faziam descrições primorosas.

Linnnaeu tinha grande poder de Síntese.
O maior sistemata de todos os tempos.

São os pais da sistemática vegetal, sendo uns mais popstars que outros.

Acho que os sistemas artificiais eram muito mais didáticos.

É indo e vindo no tempo através dos livros que vou avaliando e construindo um saber.

22. Páscoa

Páscoa diferente essa.
Páscoa isolada,
Não, não sinto falta do chocolate dos ovos de páscoa.
O que me faz falta é não está em casa de mamãe e papai.
Não ouvir a manhã ornada de canto de cabeça-vermelho.
Não tomar café com queijo...
Jejuar!
A falta que faz é da presença que se faz ausente pela distância.
Mas, ano que vem se Deus quiser,
Estaremos juntos.

21. Abril

A madrugada enluarada ficou mais bela com o canto da corruíra.
Estrelas apagadas, árvores ensombradas.
No ir e vir do tempo,
Tristes surpresas nos aguardam.
Nosso tempo incógnito.
A manhã nasceu.
A manhã cresce,
É abril,
Triste abril.
Que passa...
Que passa...

quarta-feira, 8 de abril de 2020

20. Tempo

A luz do dia se foi,
A noite sorrateira chega devagar.
A siriri no fio a cantar siri siri siriiiiii.
As formas se desfazem,
O próximo se faz distante,
A sobra cobre os seres vivos
E a matéria esfria liberando calor.
Também eu vou anoitecendo,
Após entardecer,
Regresso ao ser,
Regresso ao eu.
Saudades,
Tempo que não para de passar.

19. Vazio

Angústia e memórias preenchem a existência neste momento.
Desolamento, dor e sofrimento.
A presença se desfez, desapareceu algo impensável aconteceu.
Resta o vazio,
Restam os espaços e coisas materiais.
Foi realidade ou um sonho?
Agora, neste momento
Confundo em minha mente se foi realidade ou se foi sonho.
Não! não aconteceu.
Aconteceu, ai!
Por quê.
O sofrimento dilacera e só o tempo vai suavizando.
Afastando, apagando da memória.
Eterna memória,
Da maternidade e paternidade,
Dos momentos vividos,
Da educação dada.
Agora.
Mais nada.

terça-feira, 7 de abril de 2020

18. Reminiscências

A tarde que cai dourada e cálida.
Aos poucos a luz se difunde em sombra.
E o calor é amenizado com o cair da noite.
Os seixos pétreos alvos, alvos e encarnados
Deixam os carrascos rajados.
As catingueiras nuas nos permite ver um crepúsculo mais amplo.
A noite cai estrelada.
Previsível e bela.
A janta é arroz de leite.
O cheiro de banana incensa a casa.
O chiado das folhas dos coqueiros indicam uma brisa fresca.
Os anos se passam e aprendemos a reconhecer os padrões do lugar.
Vivemos neste lugar, somos este lugar.
Nossa existência está impressa aqui.
Conhecemos as aves, os bichos, as plantas e seus odores e propriedades.
Fomos e voltámos e amamos tudo isto.
Da poeira de dezembro a primeira e última chuva.
Tudo faz sentido na vida,
Mas é preciso viver para entender
Que são as coisas simples as melhores da vida.
É noite a janta está pronta.
Vamos jantar.

17. Meros

A tarde caiu quente.
Lá se vai mais um dia.
Mais uma mera parte da vida.
Mais uma flor caindo da árvore.
E que graça está vivo,
Que graça,
O momento instante é uma incógnita.

16. Triste desfecho

A realidade dureza é dura feito rocha.
Após quase dois dias o corpo de meu primo foi encontrado.
Pobre jovem que tinha a vida pela frente.
Foram dias de angústia e dor que se prolongaram para nossas existência.
Esta tragédia que dilacerou nossos corações.
Dias sem sentidos e profundamente tristonhos.
Temos o caos no peito, na mente e na alma.
E este isolamento não nos permite rever pela última vez.
E se vai, e mergulha no universo infinito,
Volta de onde veio.
Nos deixando impressões, sensações, sentimentos, afetos.
Deixando a certeza que foi maravilho enquanto durou.
Deixando a certeza de que nada dura pela eternidade.
E que o momento é tudo.
Marquinhos tinha muita vontade e determinação para o que queria.
Amava futebol, amava estudar, gostava de jogar.
Era extremamente tímido e calado.
E foi assim que viveu o que tinha para viver.
A vida seguirá menor sem sua presença, sua existência.
E tudo fez sentido pela sua existência.
E a rocha se esfacela e vira solo.
A respiração virou ar,
E o corpo nada mais.
E a vida confirma quão incógnita é.

15. Noite

A noite caiu enluarada.
Triste lua cheia.
De um longo dia.
Lua cheia prateada,
E a noite seguiu silenciosa.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

14. Angustia

Acordei e anda me sinto atordoado.
Está muito quente!
Não tive animo de sair para caminhar.
Não estou com ânimo para nada.
As notícias me impactaram bastante.
E está distante da minha família,
É extremamente angustiante.
Não ter como sair de casa.
Para disparecer, ouvi uma leitura do Aleph,
Mas não serviu de nada.
Escrevi!
Dai, ouvi uma palestra sobre Borges.
Lígia minha comadre não me deu boas notícias.
Nem Roberto deu.
Segue desaparecido, pobre menino.
Pobres pais.
Angústia e caos.
Na nossa vida, na família Teixeira de Queiroz.

13. Marcus Vinicius

Tragédias acontecem todos os dias, mas são ainda maiores quando nos atingem em cheio.
Todos viveremos um dia uma tragédia e a última nos matará.
Mas esta última nem perceberemos.
Os sentimentos são caóticos e múltiplos, dor, tristeza, angústia, revolta...
Quando acontece o que podemos fazer?
A solidariedade é um caminho a seguir, a presença, o abraço, a união, a atenção não acabam os sentimentos ruins, pois nunca acabarão, mas ameniza.
Para nós que somos muito próximos que vimos cada fase, cada passo, cada conquista a perda é inestimável.
Agora, a realidade se materializa e o corpo sem vida desaparecerá.
Resta-nos as lembranças das muitas alegrias e felicidades que nos permitiu viver.
A lembrança que tenho é de sua força e determinação e timidez.
Certo dia tinha ido visitar a família.
E vi aquele menino pequenininho numa bicicleta correndo nos terreiros de Maria.
Ele caia da bicicleta que rolava, mas não tinha medo, nem se rendia a dor. Levantava-se e pegava a bicicleta e continuava a pedalar.
Agora, tudo está consumado.
Aos pais meus amados primos, forças.
Estamos aqui para ajudar no que precisar.
Força!
Guarde na memória os bons momentos,
A ferida estará sempre aberta, mas se aprende a conviver com a dor.
Deus não desampara ninguém e vai ajudar nesta nova caminhada.
Que Jesus conforte nossos corações.
Descanse em paz Marcus Vinicius.

domingo, 5 de abril de 2020

12. Tragédia

Domingo de Ramos.
O mais triste, intenso e doloroso.
A manhã foi normal.
Mas ao meio-dia, soubemos que aconteceu
Uma tragédia.
Um telefonema quebrou nossa paz.
Era a mamãe, chorando.
Avisando da morte de Marquinhos,
O filho de meus primos Aquiles e Rita.
Que fatalidade! Inacreditável!
Desde então o tempo se arrasta.
Nada está fazendo sentido.
Sofrimento, angústia e dor.

11. Drama real

Enquanto o tempo passa a agonia aumenta.
Tristeza, angústia e todas as tristes sensações.
A partida de um ente querido é muito sofrida.
Aos poucos a realidade vai se concretizando em nossa vida.
A chuva começa a chover.
E já é noite.
E nada.

10. Trágico

Algo muito trágico aconteceu!
Pela segunda vez, num domingo em tempos muito diferentes.
Um afogamento! 
Pessoas muito próximas.
A notícia nos atordoa, nos desnorteia.
Primeiro queremos entender.
Não aceitamos, não acreditamos.
Depois, vamos nos ficando anestesiados.
Descontrolados.
Todo o corpo sente a dor da perca.
Nada mais será como antes.
O sol não terá o mesmo brilho por muito tempo.
Realidade, dura realidade.
Eterno devir.
Deixou de ser.
Vai?
Por favor não.
Vai!
Fica!
Ainda falta tanta coisa para ser vivida.
A partir de agora é história.
As paixões, os gostos, os desejos e saberes
Voltam para o cosmos.
Para os braços de Deus.

9. Segundo domingo

Amanhece,
Intensamente brilha o sol.
Na sacada estão dispostas muitas plantas,
Entre estas, se destacam as flores do deserto
Com suas flores rosas.
O céu azul,
O café quente e a tapioca são comidas,
Enquanto mastigo meus pensamentos.
O rádio dá notícias do mundo, sobre o Corona vírus.
Assim, mais um fim de semana acontece,
Reclusos estamos.

sábado, 4 de abril de 2020

8. Fim de noite

É fim de noite.
Deitado, tenho meus últimos pensamentos do dia. Penso no que não fiz e no que concluí.
Penso no que ouvi, senti, percebi.
Penso no que li.
Penso.
Neste momento muitas pessoas assim como eu, estão deitadas.
Algumas estão orando, outras cansadas da monotonia, do sofrimento, da dor.
É fim de noite e fim de dia.
Quanto mais tarde, mais próximo e um novo início.
Cristalizado este texto, registro paciente
Minha existência.
É fim de mais uma noite.

7. Ave

As aves existem para voar, cantar e embelezar ainda mais a natureza.
Por que prender uma ave e impedí-la 
De voar, de cantar e de se reproduzir.
Não uma ave não é um objeto,
Mas sim um ser vivo.

6. Encantador

Nietzsche quando foi apresentado por Wagner
Ao livro "O mundo como vontade e representação" de Schopenhauer,
Entrou em profunda paixão e devorou a obra em poucos dias.
Borges aprendeu alemão para ler esta obra em alemão.
Que magia há por trás deste livro?
Que grande encanto lançou o grande pessimista nesta obra  magnífica?
Saberemos, saberemos!
Vamos ler!
Schopenhauer contemporâneo de Hegel, não teve a mesma sorte deste
Em sala de aula.
Quando deu aula os alunos preferiam a Hegel.
Sera que seria devido ao sucesso do livro "Fenomenologia do espírito".
Quem sabe!
De certo Schopenhauer influenciou Nietzsche e Borges.
Embora ambos sejam profundamente originais.
A ontologia de tudo seria Kant?

5. Vivemos

Vivemos um momento delicado.
Estamos reclusos em quarentena a cerca de duas semanas.
Presos em nossas casas estamos vivendo algo nunca visto.
Nossa audição fica acurada,
Nossos músculos tensos e cansados.
Psicologicamente abalados.
Vai passar.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

4. Compensação

É época de chuva em minha Serrinha.
As matas verdes, os córregos escorrendo,
Açudes cheios, Jitirana fazendo latadas.
E as aves devem estarem contentes.
Como queria está lá.
Calçar botas, vestir uma roupa e um chapéu.
Depois pegar minha câmera e sair de moto
Para fotografar.
Fotografar de tudo.
As rochas, lagartas, borboletas, grilos,
Besouros, calangos e aves.
As paisagens e as plantas e as flores...
É época de páscoa.
Se não poderei está lá, então vou ouvir um canto gregoriano.

3. Entardecer

A tarde vai silenciosa e cheia de luz douradas.
Os tons aos poucos vão ficando escuros,
Rubros e dourados.
O céu azul maculado de nuvens brancas
Que fazem e desfazerem suas formas amorfas.
O chiado de aves.
A brisa fresca na janela.
O descanso desejado.
No caos dos pensamentos,
Tento gerar um cosmo.
E tudo que conheço me ajuda
Nessa aventura.
Enquanto a tarde vai.

2. Ninhos

As aves estão chocas,
Todas após acasalarem
E construírem seus ninhos,
Estão chocando seus ovos.
Na rua já vi ninhos de beija-flor,
Lavandeira-mascarada,
Bem-ti-vi, sanhaçu, sanhaçu-de-coqueiro.
Paradinhas aquecendo suas pedrinhas.
Era como dizíamos no interior.
Não podia falar ovinho que a cobra vinha comer.
A gente falava pedrinhas.
Que atmosfera fabulosa.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

1. Coruja

O silêncio escuro da noite envolve os que tem sono e sufocam os que tem dor.
A noite quando pássaros dormem
Estão despertas as corujas
Que conseguem ver além das sombras.
Não somos corujas,
Mas bem que poderíamos aprender com estas a se orientar no escuro.

58. Memórias

A voz poucas coisas se guarda na memória mais que o timbre de uma voz.
Deitado ouço a voz dos queridos partidos.
Lembrança dos avós, tios e amigos.
Sei lá.
Nesse período de isolamento a gente pensa
Em cada coisa.

57. Voz

Penso que a voz é uma das maiores fontes de aprendizagem e rememoração.
A gente ouve em nossa mente a voz dos que partiram.
Ouço minhas avós, meus amigos.
Tudo em minha mente.
Como um eco.
Mas, bem.
Certo ano estava em Belo Horizonte num congresso.
Dai sai para visitar o museu da Vale.
Aquele prédio lindo, elegante e barroco.
Deixou-me encantado.
Mais encantado ainda fiquei quando entrei em seus átrios.
Aquela voz doce declamando poemas belos.
Espere!
Era a voz de Drummond!
A voz de Drummond.
Fez-me voltar a época da escola.
Momento de sua morte foi lamentado pela professora de português Genilda.
Fiquei ali.
Parado entre o passado e o presente.
Minha mente fugia para o passado
E os sentidos para o presente.
Fiquei ali contemplando.
A partir da voz de Drummond me senti mais próximo de sua obra,
Me senti mais eu.
Que orgulho de nosso pais, nossa poesia.

56. Consciência

Madrugada escura, parcialmente nublada.
Estrelas ofuscadas.
Canto da corruíra,
Sobre os paralelepípedos de xisto ou gnaisse,
Vou caminhando e pensando em tudo e em nada.
A gente costuma se perder quando pensa em tudo.
A cada passo que se dá uma nova imagem,
Um novo estímulo,
Um novo pensamento.
Então caminho sem parar
Por alguns quilômetros,
Tempo que penso sem parar.
Caos e cosmos me preenchem.
Penso no que vejo e ouço.
Aves, árvores...
Um pouco do externo e do interno.
Formando uma consciência...

quarta-feira, 1 de abril de 2020

55. Décimo segundo

Em casa, nesta quarentena a quase duas semanas.
Só saímos para caminhar ou para ir ao mercado.
As ruas vazias, sem movimento de pessoas.
Só ouço os carros passarem.
E o canto das aves.
Aves cantando.

54. Caos mental

A gente acorda,
Tudo está como esteve,
O que mudou foi o tempo,
De noite para manhã e de manhã para tarde.
As coisas iguais,
Silêncio,
Ruas vazias,
Nossas sensações continuam as mesmas
Fome, sono, disposição, alegria, tristeza.
E as coisas por serem resolvidas,
O mundo lá fora.
Como a gente trata essas informações!
Como fica nossa cabeça.
Em caos.
Um caos impensado por Pessoa ou Borges ou Gogh ou mesmo por mim.
E os minutos e horas vão se passando,
Dias...
Semanas!
Que loucura.
É a humanidade agindo de forma coordenada.
E nós indivíduos ficamos desnorteados.

53. Pios e cantos

O pio de bem-ti-vi se ouve de longe.
Lá no fundo canta a patativa,
No telhado da casa do lado o pardal.
No meio termo a corruíra.
No fio chirlia a siriri,
A passarada faz minha alegria matinal,
Feito som de poesia num sarau.

Velho

 Acho que estou ficando velho. Ficar velho sempre parte de um referencial. Quando dizia que estava ficando velho para minha avó ela dizia, v...

Gogh

Gogh