quinta-feira, 31 de março de 2011

Natureza

A natureza tem tanta beleza,
que se encanta e encanta,
encanta a sua beleza na sutileza,
encanta que a ela aprende a olhar,
apreende nesse olhar quantas
relações ai há,
aprende a contemplar
a natureza com o tempo,
quem tem tempo,
se entrega a contemplar,
a sentir o ar livre,
o aroma das plantas,
da terra, mas ai.
Que estamos fazendo com a natureza,
chega dar tristeza,
ver quanta coisa a agredi-la,
a destruí-la se continuar assim,
que há de sobrar,
nem beleza, nem comida,
nem água, nada restará,
aprenda a olhar a natureza,
apreenda com a natureza a reciclar,
pois se tudo acabar,
a natureza se restaurará,
mas nós... quem sabe o que acontecerá?
não há dúvida que haverá trajédias.

Domingo que fazia

Os domingos nunca foram dia de muita graça, passou a ter um sentido pior quando comecei a ir a escola, pois domingo estava ali coladinho a segunda. Mamãe dava um jeito de adoçar nossos domingos era um dia especial, então ela fazia um bolo e as vezes matava um frango, geralmente a comida era melhor no domingo. Então acordava cedo para ver a missa e o globo rural. Então mamãe chamava pra comer na hora que estava concentrado na televisão, nos dias que estava de bom humor deixava agente comer em frente a teve, mas nos dias que não estava nem adiantava insistir. Depois do café ou íamos para a casa dos meus avós ou ficávamos mesmo em casa. Naquela época Airton Senna era o melhor piloto de corrida, então quase todos domingos meu primo vinha ver a fórmula 1, na casa dele não tinha televisão ainda, na nossa tinha, mas ainda era preto e branco. Bem quando chegava à tarde pedia pra mamãe para ir para a casa dos Joanas, se ela deixava era uma festa. Tomava um banho, vestia a melhor roupa, que ela fazia ou mandava alguém fazer, roupas simples e saia correndo, muitas vezes cortava caminho pelos sítios alheios, os donos não ligavam. E na casa dos Joanas, se reunia toda a meninada, para assistir a temperatura máxima. A sala ficava lotada, mais parecia um cinema. O chato era quando o filme já tinha sido visto por alguém que ficava contando as cenas. Ficávamos irritados. Então depois do filme vinha as brincadeiras. A noite voltava pra casa e via Faustão, os Trapalhões e o Fantástico. Assim se passava o domingo, mas já perceberam que só falei de programas da rede globo, pois é nessa época o único canal que dava para assistir algo era a Globo, foi essa emissora que ditou e dita as verdades para aquela gente que com o adendo da informática está se libertando aos poucos, mas o fato que na ausência de coisa melhor, nos meus domingos via a rede globo. Naquele povoando não tinha muito o que fazer, senão viver atoa. Certo tempo inventaram um jogo chamado de argolinhas em que o cavaleiro tem que passar correndo a cavalo tendo que tirar uma argola pequena pendurada numa corda. Aquele jogo foi uma febre por muitos domingos foi nossa diversão. Eu era bobo podia ter ganho alguma grana vendendo dindin, mas tinha vergonha. Quem ditou-nos as vergonhas, sei lá, mas parecia que certos trabalhos eram indignos, aquele povo mal tendo o que comer era cheio dos pudores, de uma certa maneira essa vergonha refletiu negativamente em minha vida, assim como ver a rede globo. De doce meus domingos só tinham os bolos da mamãe e o resto é só saudosismo.


Beleza

No último dezembro o jardim estava tão florido,
chovia e fazia muito calor, mas árvores,
arbusto e ervas estavam tão florido,
e o nosso jardim estava tão florido,
todas as plantas estavam vigorosas,
mas o tempo foi passando,
o sol de posição foi mudando,
e paulatinamente as flores foram caindo,
o calor foi aumentando,
vieram as mariposas, puseram
seus ovos sobre o philanthus acidus
o calor fez germinar os ovos
e as larvas cresceram e molestam
toda a planta, agora esta se encontra
nua, parece esta morta, as folhas
estão todas coriáceas, sofridas,
o jardim está triste, mesmo
que chova, parece sofrer,
será o clima? será o sol?
o que será, só sei que quando
vejo o jardim assim,
sinto uma tristeza,
pois aprendi que as
plantas também sofrem,
também se encantam,
quando o ambiente não está bom,
e nós por que não nos encantamos?
não podemos?
O jardim, suas árvores,
seguem caladas,
nem o vento as anima,
não se perfumam,
não se enfeitam de flores,
então sofrem
pra depois expressar
toda a beleza da natureza.
Estamos em março,
logo virá o inverno
de certo as plantas não gostam do inverno,
mesmo chovendo
elas estão se preparam para a estiagem,
o frio, assim aprenderam,
por isso ou adormecem ou sofrem?
Simplesmente são belas, mesmo
sofrendo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Esperança

Todo mundo tem esperança e em Serrinha do Canto não era muito diferente cada pessoa se apegava a uma ideia que o faria importante, com sucesso e feliz. Muitos se desiludiram e entraram para o protestantismo assim podiam falar de todo mundo que era e não eram protestante naquele lugar, foi como se ao abrir uma assembléia de Deus tivesse aberto um novo bar com bebidas hilariantes, de fato tinha todo um ritual para a bebida do Deus, mas o êxtase a embriaguez só ocorria na calçada da igreja onde sob a visão, depois de conversar com deus, podia falar do vizinho, falar não resolver o problema dos outros, mas de fato havia algo mágico naquele povoado, algo muito diferente tinha uma pessoa que tinha esperanças as avessas, ele tinha uma sanfona, é um acordeão e sabia tirar som daquele instrumento que achava muito engraçado. Luis era seu nome, filho de Mundinho, conhecido como Luiz de Mundinho, era um homem grande, forte, mas muito desajeitado. Toda a esperança que tinha punha ali naquele belo instrumento, com bordas vermelho prateado e sanfonado. Durante o dia trabalhava quando tinha trabalho, ou durante o período de inverno e durante a noite sentava num tamborete a frente de casa, na casa de seu avó, Chico Adolfo, e tirava o som daquela sanfona que mais parecia gemer ou chorar a pobreza de nossa gente que jantava cherém de milho ou cuzcuz com leite e era para ser feliz. Depois de cheia a barriga de cherem, ia ele tocar aquela sanfona e tocava, tinha até uma música que ele compunha chamada "mentira cabeluda", tinha letra, fazia o fole gemer e cantava, depois apareceu a música galeguin dos oi azul. Nos domingos e sábados ele tocava, as pessoas iam pra lá pra ver ele tocar, papai gostava sempre quando voltava do cercado dos gados ou voltando de algum negócio de passar lá e ouvir ele cantar. Mas as coisas não eram nada fácil, felicidade ali só a base da ignorância, rir só das desgraças dos outros. Quando faltava esperança as pessoas iam para a igreja, quem não tinha ao deus da igreja bebia cachaça. Com Luis não foi diferente, com nome de rei Frances, descendência do império sacro romano, nome do rei Sol. Aquele Luis de rei só tinha a cadeira e a sanfona, porque as roupas eram precárias, costuradas pela mãe, coitado tinha que mandar comprar sandálias fora, pois seu pé era maior que 44 número normal alí. Luis muitas vezes desiludido tomava cana. Era epiléptico que para aquele povo era uma deficiência, uma doença, e dai Paulo apostolo era epiléptico, quantas pessoas não eram, mas ele por ter essa doença já era discriminado. Tinha o braço forte e era muito bom de serviço, mas a cachaça foi tirando suas forças, tirando até a esperança, sua sanfona. Com o tempo sua mãe morreu, passou a viver só com o pai, numa pobreza de jó, mas ainda tinha a sanfona. Então entrou para a religião, todos o aceitavam, mas como o coitado, parou de tocar sua sanfona, largou a bebida, mas o deus dos protestantes não é um deus bom ele condena. E quando faltava fé, a cachaça acolhia Luis. Até que certo dia nem a fé não adiantou, a cachaça de sua vida levou, embriagado caiu do próprio corpo e bateu com a cabeça teve traumatismo e morreu. Então a esperança calou, e aquela arte, aquela esperança ninguém mais em serrinha do canto há de tocar, mas eu vi, fui testemunha ocular, que ali todas as noites tocava a esperança, foi época de criança. Onde muita coisa se passou até a esperança.

Natureza

Ainda chove, mas já é outono podemos perceber que as plantas não respondem a presença da umidade e da água já que ainda mantém as folhas antigas, mas que já começa a perder, não se observa folhas jovens, sequer uma flor. As plantas parecem cansadas, estressadas com as mudanças do ambiente ou seria que seu relógio interno avisa que o inverno logo virá. Raras plantas flora uma ou outra paineira. Só podemos ver plantas de folha verde escuras. A natureza parece se preparar para mais uma mudança. As variações de luz e temperatura estão presentes todos os dias, algumas ervas e subarbusto depois de frutificarem morrem. É estranho este comportamento. Pelo menos para mim, a natureza anda muito diferente. Que será?

Voar

Quantas vezes não queria voar,
quantas vezes fico a sonhar,
se tivesse asas, se pudesse sentir
meu corpo flutuar,
e ver o horizonte mais distante,
então busco asas para voar,
e encontro ideias, desejos,
que me fazem voar
muito além do céu,
muito além do ser,
então volto a si,
e sinto o perfume da vida,
os sons, as cores
e sinto a vida,
existir e poder imaginar,
é tão bom quanto voar.

céu

No fim da tarde de céu azul,

cirros no alto do céu,

formava um leve véu,

O sol brilhava intenso,

fazia calor,

E lentamente o sol despontava

para o poente,

O vento soprava do norte,

Refrescava o calor,

num leve frescor,

a tarde fagueira,

incomodava a mente

que se achava vazia,

e ficava a contemplar

o que o rodeava,

o céu, o sol,

as árvores verdes,

o vento,

tudo parecia tão vazio,

tudo parecia tão vulgar,

mas o tempo não parava

de passar,

e a tarde caiu,

e cúmulos cobriram o céu,

apagou o sol, trazendo o vento frio,

e o calor da matéria a irradiar,

a tarde então passou,

mas um dia,

mais uma poesia

a contemplar.

Calango

Um calango caminha no meio do caminho,
parece esquiar sobre a terra quente,
expondo sua língua para reconhecer o ambiente,
com suas escamas elegantes, vai devagarinho,
segue a intuição, não tem lar,
não tem comida, não tem nada,
só tem a sim, seu corpo é sua morada,
o que busca e viver,
e assim de geração em geração,
o calango vai aprendendo com a natureza,
que seu lar é qualquer lugar,
qualquer abrigo,
não teme o inimigo o incerto,
porque a vida tudo é,
segue passo a passo,
num compasso,
calda, corpo solo,
a se rastejar, sem raciocinar,
a natureza guardou em seu DNA a sua
história a potência de existir,
tem tudo ali,
natureza se encarregou de ensinar,
o instinto de buscar, de forragear,
tudo que precisa é viver,
buscar o que comer,
em seu território,
nem o tempo,
nem as adversidades
fizeram sair do caminho,
das veredas,
o lagarto segue a desfilar,
a existir, é potência
e é ato, tem espírito
que é a vida,
é tudo que precisa
o o calango
a vida dar.

Mamãe general

Mamãe como um general, nos tempos de criança sempre acordou cedo, assim como fazia sua mãe e talvez a sua avó. Bem ela acordava depois de papai, lavava a cara e ia para o curral. Tirar o leite. Fizesse chuva ou sol lá ia ela. Papai nunca aprendeu ou fazia o máximo de dificuldade para não aprender a tirar leite. Então era mamãe quem fazia. Então, engraçado como o humor dela variava quando voltava do curral, começava uma gritaria, era um acorda, como soldados ela queria ver todos de pé em seus afazeres, mas as meninas resistiam e ela ficava furiosa e só relaxava depois de tomar o café e começar a varrer o terreiro da frente. Era neste instante que começava seu espírito jornalístico e a todos que passava retenha informações que vinham da cidade ou do sertão. Naquela época era muito fácil, pois todo mundo andava a cavalo ou a pé. Com advento da tecnologia, as motos e carros substituíram os meios de locomoção. Não dar mais para conversar. Então depois de ouvir aquela conversa gritada, ela nos contávamos as novidades, mas nós já sabíamos, mas gostávamos de ouvir ela contar a sua versão, pra confirmar o ouvido. As vezes ficávamos sabendo da morte de alguém assim e o dia já começava triste. Depois apareceu a televisão com os plantões da globo e passamos a saber muitas coisas fora daquele universo, daquele cotidiano. Passamos a conviver com pessoas muito distante, Xuxa, Chacrinha e Cid Moreira. Bem, aquilo era tv, e lá em casa era coisa real, o que acontecia na nossa comunidade, no nosso distrito e em nossa cidade. Pessoas importantes alí eram médico, padre, dentista e comerciante, a polícia era a autoridade; nunca conheci um juiz. E era sob aquela estrutura de sociedade que construía mamãe construiu seu mundo. Sob as ordens severas de seus pais, irmãos mais velho. Aprendera sozinha a criar os filhos, e construiu toda a sua ideia de ordem e ordenava assim seu mundo, com seus soldados amados. Muito carinhosa, mamãe cuidou de nossa educação, achava importante que fossemos a escola, e nunca trazer conversas de fora pra dentro de casa. Então todas as manhãs quando acordava varrer o terreiro era o momento sublime em que ela organizava suas ideias e mantinha a ordem de sua casa, seu reinado.

terça-feira, 29 de março de 2011

Noite e suas peripecias

A noite veste um véu escuro,
estrelas acendem para ilumina-la,
trajada de gala a noite
oculta tudo que há de belo,
oculta a luz, oculta as cores,
mas a natureza roubou,
da caixa da noite
os sons e o aroma
e os deu as damas,
que se perfumam
e cantam diante da noite,
e atraem as paixões dos cavalheiros,
que as seguem
pelos seus sons e odores,
embrenhados no escuro,
nasce a paixão,
e a sensação de toque
faz as damas sentirem os cavalheiros
e estes aquelas.
A noite egoísta continua sozinha,
linda, mas sozinha
enquanto as damas,
e os cavalheiros se apaixonam
e cegam, se acostumam,
e se amam,
nunca abandonam,
a noite ao saber disso,
confundiu os cavalheiros,
e as damas doando diferentes aromas
e silenciando suas vozes,
tomando o tato como conhecimento,
desde então cavalheiros e damas
se encontram, mas nunca se reencontram,
estão sempre a procurar sua dama.
Quando é dia a noite se vai
e a ilusão da beleza
exposta pelas cores confundem
os seres que a noite se amam.

Luz

Conheci pessoas que não enxergavam muito cedo, pois todas as vezes que íamos visitar meus avós paterno, passávamos por um lugar esquisito, era um caminho onde só dava para passar duas pessoas a pé. Então quando já estávamos quase chegando na casa de meus avós tinha uma casa de tijolo cru, nua de reboco e em frente a porta tinha uma latada de folha de coqueiro onde estático ficava um senhor idoso, era cego e permanecia alí, parado, sentado, tal qual uma árvore a tomar a luz do sol. Nada se ouvia naquele lugar, não me lembro de ouvir meu pai cumprimentar. Era diferente aquele homem nunca ouvi ele falar. Só sei que via ele sentado sempre que passava. Achava muito estranho. Depois que passei a ir à escola conheci o João de Dalea que tinha um avó que também era cego. Não fora sempre cego, perdeu a vista com a idade. E na casa dele tinha um jasmim manga enorme, já falei que tinha medo de jasmim, pois é tinha, porque as pessoas utilizavam aquelas flores para enfeitar defuntos. O fato é que o avó do João ficava sentado o dia todo, calado. Chamava-se Chico de Vicente de Joana e falava as vezes com sua esposa, Eliza, ambos eram idosos. Bem não sei porque não tive medo dos cegos como tive dos deficientes. Mamãe conta que o tio de meu pai, usava seus sobrinhos para me assusta quando era pequeno foi ai que criei medo de deficiente, medo que perdi com a idade. Bem mais velho conheci o Francisco um parente que era cego, mas era um cego feliz. Francisco tinha uma gaita que tocava com muito prazer, as vezes levavam ele lá para a casa de minha avó e ele tocava sua gaita, ficava florado de crianças em sua volta. Bem Nessa vida nunca tive contato pessoal com cegos, nunca tive um amigo cego. Mas tenho lembrança destas pessoas que povoaram minha infância. Que me fizeram perceber que para uns a cegueira foi motivo do silêncio, sim pois aqueles que eram calados perderam a visão adultos, enquanto o Francisco da gaita nascera cego, superando sua deficiência com a voz, a audição e usando do instrumento para levar alegria a vida. Cada pessoa traça o destino que acha merecer. As deficiências não são entraves à felicidade.

Forma

O som da chuva na noite surda,
ecoa nas calçadas, no telhado,
gotas que caem e escoam pelo chão,
gotas que tomam qualquer forma,
e sem forma dissolvem-se chão,
água cristalina, pura escoa e se mistura
a sujeira que está no chão,
água que cai na noite,
não ver a manhã.

Barata

No meio da noite, no escuro silencioso do banheiro eis que a barata sentiu que aquela era a hora de por. Saiu do ralo, seu lar, para por na paz daquele lugar. Saiu e ficou ali paralisada, só se moviam as antenas pra lá e pra cá. Parada parecia sofre, enquanto um ovo enorme saia de seu abdome. Eis que acordei e vi ali a barata, não fiz nada. Decidi não acabar com a vida da barata, simplesmente peguei um papel higiênico e pus ela do lado da privada. Ela parecia agradecer, mas parecia gemer pelas antenas. Então ficou lá estática. Então fui para minha lida, mas antes fiquei feliz pois novamente ouvi o sino soar as seis da manhã. E quando foi a noite, quando voltei da faculdade. Depois de um dia puxado, mas muito gracioso, fiz várias coisas que gosto, li minha coluna predileta, fresquinha diretamente do Peru. Sabendo da morte do Senhor ex-vice-presidente José de Alencar, do fato de nosso ex-presidente Lula ganhou o título de doutor honoris causa em Portugal, enfim depois de uma tarde de chuva quando entro no banheiro o que vejo? A barata sendo esquartejada por um exército de formigas pretas, eram centenas, seu ovo e ela serviram de alimento para aquelas famintas e assassinas que não respeitaram sequer o momento de parto da formiga. Então já que a natureza é sábia. Deixei que as formigas fechassem a cadeia ecológica, mas aquela barata me olhou, parecia querer falar de sua dor, mas não conseguia se expressar. Não conseguia se expressar.

Pipoca

Engraçado que todas as minhas colegas de faculdade resolveram ter filhos, milho de pipoca a estourar, percebo que cada dia a mais uma pipoca estoura, mais uma criança, primeiro foi a Erica Cristina, depois Zizi e agora a Kênia, sem contar as que não estão no meu orkut. Que coisa meu deus, nunca imaginei a Zizi. Então a vi naquela foto segurando um bebe e curioso fui ver era o filho dela, minha nossa era a garota mais nova da nossa turma de faculdade e estava segurando sua prole, meu deus entrei em parafuso. Estou ficando velho, disso não tenho dúvidas, mas a Zizi, teve um bebê. Parecia tão menina. Bem eu acho que o tempo passou e nem percebi, e nem me vejo com um filho. E estouram uma a uma, daqui a pouco todas terão seus bebês. E eu? não tenho pressa. não tenho pressa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Norte

Nossos horizontes são tão pequenos quanto nossa capacidade de pensar, refletir e sonhar. Estes vão se ampliando a medida que vamos alimentando o pensar, a reflexão e o sonho. Certo dia me via preso a um lugar bem pequeno, com poucas relações com mundo, poucas vias para alcançar o mundo que desejava que pudesse proporcionar crescimento humano. Eu estava ligado aquele lugar pois alí estava toda minha origem, meus genitores; fora naquele lugar pequeno que aprendi a decifrar as palavras, aprendi primeiro a ler o mundo, aprendi a pedir comida e água, e foi naquela pequena escola isolada como o próprio nome, que aprendi o significado abstrato das coisas, juntando as letras, foi ali que comecei a ver uma nova luz, fui alimentado com a mais fortes das coisas, mais potente das coisas a PALAVRA, no começo não sabia da importância, mas percebia a estática que era um estado daquele lugar, então ao tomar tino da vida. Comecei a pensar o porque das coisas, do agir das pessoas, os modos, a religião, comecei então a construir meu mundo baseado no que via, havia ali sim o diferente e eu percebia a diferença, comecei então a refletir sobre essa diferença, comecei a construir meu mundo com base naquele mundo, mas queria mais que aquilo sim, aquele mundo era muito pequeno para minha imaginação, então comecei a sonhar, o que faria para poder sair dali, significava para mim liberdade. Tinham algumas formas uma delas era completar a idade e fugir para a cidade grande, mas isso não iria mudar muito, percebi que aqueles que iam embora sempre voltavam, com algo no bolso, mas voltavam, eu queria ir e não mais voltar, confesso que tentei, mas o destino e o amor dos meus pais por mim me fizeram esperar. A paciência foi fundamental, pensamentos profundos sobre valores, medos; reflexões e sonhos e de moeda tinha muita fé. Rezava todas as noites, meus pais estavam, sempre estiveram ao meu lado. De maneira que construí meu mundo ali, mas me preparei, pois meus pensamentos, minhas reflexões e meus sonhos me levariam longe. Aprendi todo o necessário para viver ali, cultivar a terra, criar animais e ter uma religião, dominando essas artes estaria muito bem ali, mas queria mais, queria o melhor para mim, mesmo achando que o melhor era o material, o ter, o saciar meus desejos. Então cai em profundos estudos, aprendi a gostar de saber, de ler seja o que fosse, mas não era fácil, pois não tinha um foco, até que uma professora de biologia me deu um norte, foi uma pessoa maravilhosa pois mostrou a beleza da vida, o estudo dos sistemas, da ciência da vida. Então projetei o meus sonhos para o estudo biologia e lutei com todas as garras, não foi fácil fiz três vestibulares, em anos diferentes foram dois anos de luta em vão, cada derrota tinha um sabor amargo, de frustração, de medo, mas só servia para alimentar meu sonho e um dia as coisas deram certo dei o pulo do gato,
meu sonho projetado deu certo e então sai dali. Sai do interior, mas o interior não saiu de dentro de mim, tive que aprender a me relacionar de maneira diferente com as pessoas, isso não foi fácil, mas enfim, suporta-se tudo e se vence. Hoje de onde estou, volto quase diariamente aquele lugar, vou buscar minhas reflexões, meus sonhos foram atingidos, preciso de novos sonhos, preciso potencializar minha vida. Então volto sempre aos lugares de minha infância que povoa toda minha mente. A minha razão está lá e aqui ao mesmo tempo. Muitas vezes sou aquele menino de bucho grande melado de caju, muitas vezes sou adulto e outras vezes não sou eu sou uma mistura de meus pais. Hoje tenho consciência de quem e do que sou, tenho consciência de mim, uma das coisas que mais me alimenta é conhecer, e como uma estrela que desponta no fim da tarde, sinto aos poucos vontade de passar o que conheço, espero ser uma estrela, um norte na escuridão de alguma alma. Se assim o for me sentirei pleno.

Devir

Quando na manhã o sol brilhar,
subindo lentamente do nascente,
quando o vento o acompanhar,
soprando bem lentamente,

as fruteiras irão acenar,
para o sol, para o vento incontinente,
o jasmim seu aroma vai exalar,
e a todo o campo perfumar intensamente,

as vacas irão ruminar e urrar,
quando a poeira do chão levantar calmamente,
as ordens da maestra a varrer e a cantar,

a vida parece tão plena, bela e eterna,
o vento sopra pra longe a manhã,
e o dia segue o caminho do eterno devir.

Janela

E não são pelas janelas que entram a luz, o vento, ar, poeira, vida. Não são por elas que vemos o que acontece fora do lar, não ela que abrimos para fazer a luz, o vento entrar, não são elas que cerramos para a chuva não entrar. Não somos nós responsáveis por seus movimentos. De dia abrimos para o átrio clarear e a noite para arejar, fazer correr a corrente de ar, não somos nós que delimitamos o que deve ser feito da janela? Não seria nós portanto os responsáveis por filtrar o que entra pelas janelas da nossa mente, nossa visão, audição, pressão, calor, frio, cheiro? Não somos nós que julgamos o que melhor nos convém? Tenho a liberdade de olhar para onde quero, de ver o que quero, de ignorar o que não quero, mas muitas vezes salta a nossos olhos, coisas que chamam nossa atenção, coisas que querem tirar de nós nossa liberdade de escolher o que devemos julgar, ou melhor querem tomar decisões do que devemos fazer de nossas janelas. O que deve ser visto, ouvido, sentido? Ah sim quem está aqui primeiro, impõe em nós seus sentidos na crença de que aquilo é o melhor, bem que seja o melhor, mas somos nós quem devemos saber a partir de nossas experiências julgar o que devemos fazer de nossas vontade e desejo. Somos nós quem devemos construir nosso mundo, muito embora, possamos seguir o mesmo sentido. Preste atenção, somos todos diferentes, aprendemos a ver e agir no mundo de maneira diferente, construímos nossas relações de maneiras diferentes, somos responsáveis pela beleza de nossos átrios, nossas mentes. Estamos constantemente aprendendo, regulando essa aprendizagem de acordo com a abertura que fazemos de nossas janelas. A luz torna mais belo o quarto pois podemos perceber as cores, os detalhes, as sujeiras escondidas; o ar areja da uma sensação de bem está, mas cuidado, não vês bactérias, poléns coisas que podem ser alérgicas para ti. É preciso muito cuidado para que, por que está abrindo a janela, apreenda os signos, racionalize sobre eles e perceba a essência das coisas, a partir de seus juízo de seu discernimento, faça o que melhor lhe convém, mas cuidado não acredite muito naquilo que promete uma potência exagerada. Seja cuidadoso com sua janela, seja cuidadoso com o teu ser. E seja feliz.

O dia

As seis da manhã o sino soou no nascente,
o sino abriu o dia, estava tão bela a aurora,
que ouvir aquele sino foi em boa hora,
senti o aroma da manhã molhada,
da pequena chuva passada,
o vento não soprava, mas o sol a terra
já clareava, então segui,
a caminhar, a sentir a natureza,
segui por onde sempre seguia,
quando caminhava, fui em paz,
e assim caminhei onde tanto andei,
senti o aroma do jasmim,
procurei a beleza das ipomoea violácea,
mas não estavam lá as flores com suas cores,
cores só no céu, um véu de algodão
com tonalidade de azul,
tal qual quarto que espera
um bebê ornava o céu,
as ruas não cheirava,
nada era diferente,
mas percebi que em frente a escola,
tem belas palmeiras, tão linheiras,
vi que a mandevila rosa está florira,
que na casa após a casa da esquina
haviam lianas floridas, além da rosa mandevila,
e caminhei por onde tanto passei,
cruzei a rua, passei do lado de jasmim manga,
mas não estavam floridos,
vi que sob a palmeira havia coco de pássaros,
então pensei, que aquelas aves iriam condenar
a palmeira, mas segui,
ouvi o som do riacho com águas turvas,
senti lisa a placa de granito,
do Tilicenter,
e assim caminhei,
cumprimentei operários de uma obra,
e segui, para meu dia, que tão rápido se passou,
e quando voltava para casa,
percebi a coisa mais bela,
a figueira sorria, pois durando o fim do dia,
três lindas flores nascera,
mas pareciam bebês,
folhas tão jovens que ainda brilhavam,
tinha uma cor vinho,
aquela figueira sorria da sua arte,
das suas jovens e belas flores,
então pensei,
não temos muitas plantas tecendo
suas folhas, não tem,
as folhas caem nesta época,
as flores são raras,
a natureza toda se prepara,
mas no fim do dia
toda a natureza sorria,
o crepúsculo anuncia o fim da noite,
nenhum sopro,
então o sino tocou 18 horas,
o dia se entregou para a noite,
então sorri,
e agradeci,
por mais uma dádiva,
mais um dia,
fecho minha poesia.

Sinto

Sereia tu que canta,
me encanta,
dar uma vontade louca
de beijar sua boca,
uma vontade maluca
de beixar sua cuca,
uma vontade transcendente
de sentir sua mente,
acariciar seus dedos,
sua pelo, seus pelos,
e fazer voce arrepiar,
e sentir seu corpo queimar,
sentir o aroma dos teus cabelos,
o perfume guardado
nos teus seios,
quero poder deliciar,
e poder delirar,
te amando,
me envenenando
de tanta paixão,
mergulhado na ilusão,
da felicidade,
que é como as ondas do mar,
sempre a oscilar.

Bateu um desejo,
de seu beijo,
bateu uma saudade,
tão forte no coração,
minhas vísceras
congelaram, meu sangue
gelado, como água salgada, gelada,
senti uma emoção diferente,
mesmo tu ausente,
minha flor,
desejo seu beijo,
mesmo que beijo de vento,
sinta minha alma
a surfar
nas ondas do vento,
no tempo,
desejos,
vontades,
vaidades,
assim sinto.

domingo, 27 de março de 2011

Mudança

Mudanças acontecem. As coisas, as pessoas, as relações mudam e permitem que ocorram transformações. Essas transformações requerem um certo custo à natureza que leva milhões de anos para desenhar-se. Algumas destas mudanças tem sucesso e evoluem e outras simplesmente são eliminadas. As adaptações que se estabelecem, se replicam, diversificam e povoam o ambiente. Quando não ocorre mudança, tudo permanece inalterado, mas quando algo entra em desequilíbrio, a busca pelo equilibrio, certamente levará a metamorfoses. Mudanças de ideias humanas acontecem por alguma necessidade. A curiosidade alimentou o intelecto humano, que vem mudando até hoje, mas essas modificações vem levando o homem a perder o mundo que habita a inexistência. Está transformando a diversidade em unidade, a natureza . Em pouco tempo está destruindo o que a natureza levou milhões de anos para adaptar, longas mudanças, rearranjos, modificações irrevesíveis. Essa mudança poderá ser crucial para o fim da pluralidade de formas e relações levando a existência ao seu fim. Já sabemos o que fazer, mas já está fora de controle. Que restará? que mudança nova virá?

Luz

Luz que ilumina tudo e todos,
que varre todos os lugares,
clareia todos os lares,
sedes uma forma divina,
que a tudo anima,
aquece a substância,
nessa rede de relações,
fazes a vida pulsar,
onde quer que venha passar,
luz que tudo alimentas
de energia, tendes a magia,
luz que a tudo aquece,
ao mundo faz das relações
em matéria, potência,
ser, luz que me anima e tudo anima,
a natureza molda,
sedes a energia reticular
do existir da vida.

Aprender

Olho e vejo,
mas o que vejo?
ouço e escuto,
mas que escuto?
sinto o cheiro,
mas o que cheiro?
O novo me espanta,
o novo me encanta.
o que vejo me provoca curiosidade,
quando vejo e vejo sinto vontade,
essa curiosidade desperta desejo,
mas se o que eu vejo me fala,
por que não entendo?
ah, mas quando vejo,
quando indago, eu compreendo,
logo aprendo,
mas se o outro ver, e entende, compeende,
mas por que? de certo já viu,
apreendeu, viveu,
no seu mundo, seu juizo,
já estava registrado.
Sinto a vida,
ouço, percebo os cheiros,
e o que me desperta
me agrada ou desagrada,
o que me agrada potencializa meu ser,
o que desagrada potencializa meu ser,
por isso cheiro, mas não cheiro,
simples mente ignoro
o cheiro do esgoto,
ignoro também
o barulho dos carros,
o brilho das estrelas,
as luzes elétricas são mais potentes,
fico contente com o mundo
onde tudo é possível,
mas nada posso,
me apego a essa ilusão,
de ser algo,
mas não ser nada,
por isso vejo,
mas não percebo minha precariedade,
vaidade,
aqui posso ser quem quiser,
mas nada sou,
leva tempo pra aprender a ser voce mesmo,
leva tempo pra entender o outro,
leva tempo pra poder ver
o necessário,
leva tempo a entender a vida,
não se entregue totalmente a fé,
creia, mas seja mais prática e ação,
seja, simplesmente seja,
pois logo voltará ao que sempre foi,
nada, tu existes,
olhe e veja,
ouça e escute,
e entenda que viver é um eterno aprender.

sábado, 26 de março de 2011

Sertão

Olhai à paisagem e veja arbustos, arvoretas e cactos. Perceba que todos estão armados, de espinhos ou quando macerados vertem látex. Perceba ainda que no sertão época de verão a natureza se cora de cinza, tudo é meio branco, plantas parecem mortas. Solo seco, muitas vezes esturricados, rachados; o céu azul, limpo e o sol brilhando intensamente. Há tanta luz, faz tanto calor. Mas aqui tudo é diverso, peculiar e belo; pois aqui tudo tem um aroma e forma que impregna na alma a essência deste lugar, faz-se memória instantânea. A vida sofrera para se adaptar, muitas vidas vieram e aqui ficaram, e quando escasso de água, a latência das plantas e das sementes que se encrosta em suas casas, suas testas e adormecem, como dríades grega. Os animais ali se escondem entre as plantas, sob rochas, entre castas, insetos, réptil, e pequenos animais. O vento quase não sopra, nada se passa, tudo para, a natureza dorme durante o dia e acorda durante a noite. Os afloramentos graníticos, serrotes, abrigam macambiras, urtigas e cardeiros, rochas soltas pelo chão, desordenadas adormecidas no tempo, movidas apenas pela natureza, são evidência das proezas da natureza, barram os horizontes, aqui pode se sentir o pulsar do sangue nas veias, a respiração ofegante, o coração a bater, o suor a escorrer, do corpo e da alma, a carne quente, a mente refrigerada, a pele tingida pela luz do sol, a vista cinza, caatinga. É possível ver a vida bem presente, é possível ser consciente de si, dos próprios limites, da certeza e esperança que tudo melhora, aprende-se a ser paciente, é preciso ser ciente pra poder aqui morar, pra poder aqui amar. E quando no fim da tarde o céu também arde em brasa, tingido de vermelho, como uma brasa que se apaga a natureza do dia se entrega a noite, paulatinamente, aparecem os planetas, sucedendo as estrelas, então cai a noite, surge um vento de açoite, e tudo está escuro, a natureza esfria lentamente, na escuridão, apenas o brilho das estrelas se percebe, então por esta se mede, a abóboda celeste, pode-se perceber que a profundeza é para cima o infinito torna-se algo bonito, estrelas amarelas, vermelhas e azuis, de brilhos rutilantes, brilhos percorrentes, antigos, percebemos o tamanho do universo, então matutamos em Deus, em nós e percebemos quanto somos pequenos e respeitamos o mundo. E amamos a vida, sendo eternamente crentes no oculto. Vindes ver o sertão, vá além da imaginação, lugar mais diferente não há.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Varrer

Vejo os grandes terreiros, limpos, varridos com melosa, no suave e intermitente movimento da vassoura que aquelas senhoras, começavam seus dias, num exercício para o corpo e para a alma,
pra lá e pra cá, varrendo folhas, galho, tornando os terreiros desérticos, porém limpos, um terreiro sujo revela uma casa sem hábitos higiênicos. Assim as senhoras acreditavam e teciam notícias com quem ali passava, se informava e informava, construindo sua idéia de mundo, seus pensamentos, seus juízos.

Ação

Fecho os meus olhos começo a viajar,
e a partir de minha imaginação,
tudo posso fazer, tudo posso por em ação,
basta uma bateria conectar,
basta que haja a crença,
que tenha convicção,
que tenha consciência,
fecho os meus olhos
e tudo que vi, revejo,
sem detalhes, mas vejo
imagem,
vejo paisagem,
fecho os olhos e abro a mente,
e em minha reflexão,
traduzo em matéria
através de minha ação,
então abro os olhos,
e vejo o real,
e paro minha viagem,
e posso ser ação.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Face

Oculta na face
sentimentos,
riso, raiva,
dor, alegria,
oculta na face,
um olhar,
um desejo,
uma paixão,
um amor,
oculta na face,
um universo subjetivo,
pensamentos resilientes,
ásperas idéias,
ocultas na face,
carinho, afeto,
ocultas na face,
bem atrás da face,
imagens, paisagens,
recordações,
saudades,
lembranças,
ocultas
nesta face,
pintada
o ser absoluto.

A minha mãe

Sua voz alegra minha alma,
seu riso enche-me de calma,
sua presença é mágica,
me traz a paz, aprendo
a cada dia refletindo
o que me dizia e me diz,
creio em ti profundamente,
aprendi a julgar
contigo, sempre foste
meu abrigo
eterno abrigo,
da geração e seguindo em caminhada,
a vida dar cada virada,
queria trazer-te a uma poesia,
pensas em mim todos o dias,
querida e doce mãe
de incondicional amor,
sedes para mim a mais pura,
mais doce e bela flor,
é com muito amor,
que descrevo,
seu carinho, sua beleza,
sua dedicação,
gratíssimo sou
por ter sido gerado no teu seio,
e do teu amor,
eterna seja,
tua alma
na minha alma,
e me traga calma,
por saber
que serei sempre
seu pequeno,
seu amado,
seu filho.

Oculto

Quem é esse que cedo acorda? E segue sempre pro mesmo lugar, com a bicicleta a gemer, segue sempre para o poente. Que há em sua mente? que sente? que pensa? O que faz? Como se descreve.
Ele sai todos os dias ao mesmo horário nem a mais nem a menos, antes que o sol nasça, ele parece nascer para vida, chuva ou não segue sempre a pedalar, segue sempre em frente. Cumprimenta as pessoas e vai pedalando. Com fone de ouvidos que será que ouves? De onde veio? para onde vai? com que trabalha? Parece uma pessoa calma, educada e séria. Chega sempre aos mesmos horários, entra troca de roupas e sai. Quando volta se fecha no quarto e fica acordado até quase meia noite.
Alguns fins de semanas viaja, outros permanece sempre ai. Não sabe cozinhar, pois todos os dias que fica em casa sai para comprar uma quentinha. Sai com a bolsa suja, certos dias, será? acho que vai ao mercado sei lá. Mas todos os dias ele apanha a merda do cachorro, isso ele faz. Ele já parou pra tirar fotos das plantas, daqui, dali, de coisas pequenas, de troncos. Quase nunca ouço ele falar.
As vezes ele entra com uma moça loira. Bem são quatro pessoas que mora na mesma casa que ele, mas só ele usa bicicleta. Faz a barba só uma vez por semana. Coisa estranha. O jornaleiro disse que ele o cumprimenta, mas ele não sabe nada sobre essa pessoa. Quantas pessoas serão igual a ele aqui em Barão sei lá. Aqui é um lugar de gente diferente, com costumes diferentes. Também só reparo nele porque acorda muito cedo. Que diabos será que ele faz? um dia vou descobrir.

Carinho

Feito criança interesseira,
toda faceira, enche de beijos
aquele(a) que admira,
e ouve o que voce quer?
não é nada, só declarar
o meu amor, mas se poder,
me dar aquele tostão,
estendo minha mão,
beijos, afagos, carinho,
somos assim feito passarim,
e quando queremos
entendemos
que o carinho,
dar um jeitinho,
com carinho e ganha um doce,
uma flor,
como é doce o amor,
como é doce a confiança,
como é grande a esperança,
e maravilhoso ser,
e ter com quem contar,
quem amar,
quem nunca amou,
o que pode refletir,
em que pode se espelhar,

beijos, carinhos
o que voce quer?
dizer que ti amo,
mãe e pai.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Riso

Uma flor não tem um propósito de ser bela, simplesmente é como um riso.

Pessoas muito especiais

Há pessoas boas, especiais e extraespeciais. Bem conheço bem pouco as pessoas extra especiais. Pessoas boas são aquelas que se dão bem contigo, mas tem um circulo muito restrito de relações, as pessoas nem falam nem defendem são indiferentes, as pessoas especiais são aquelas que tem um circulo bem maior de amizade, mas as pessoas falam bem ou falam mal, essa pessoa é reconhecida pelas pessoas por bem ou por mal, já as pessoas extra especiais, ah, essas são raras, considero uma pessoa extraespecial aquela pessoa que é querida por todo mundo sem exceção, são extremamente raras, essas pessoas são luzes na vida de outras pessoas. É assim que vejo o professor George Sheferd. Natural da Escócia veio para o Brasil para desenvolver pesquisa e ensinar Biologia Vegetal na decada de 70 e permanece na academia até a atualidade, no entanto estará se aposentando no próximo mês. Hoje no biofórum o professor uma das pessoas mais esperadas neste evento, apresentou suas ideias, sobre distribuição e classificação de florestas no estado de São Paulo, com a sala cheia de alunos e professores, com inúmeras pessoas sentadas no chão e escoradas por fora da sala. Nunca este evento foi tão frequentado, nem a sala de congregação recebeu tanta gente que ouvia atenciosamente cada palavra, calma e mágica, de olhos arregalados, mais parecia um lider espiritual do Tibet, após apresentação recebeu uma salva de palma belíssima. No final foi apresentado uma homenagem preparada pelo Gustavo Shimizo, uma apresentação de fotos de toda a carreira do professor em diversos eventos de sua carreira, seguido de uma seção de fotos e um muito obrigado. Passou palavras de paz, paciência e amor ao trabalho, prazer em viver. Foi um momento muito especial para o centro de biologia, o departamento de biologia vegetal e para todos ali presente. A imensa quantidade de presente só comprova a tese de que há pessoas extraespeciais que são pessoas que fazem o seu trabalho com muito amor. Amor ao próximo, ao ensino e a vida.

Galinha

A galinha põe todos os dias nos mesmo horários, mas mesmo assim se espanta de por um ovo, mesmo assim todos os dias quando põe sai gritando onomatopeicamente, cacarejando, alvoroçada, parece está avisando para o mundo a boa nova, e na sua gritaria avisa aos ovífagos que tem comida. Parece tola entre os animais, pois nem todos os animais que põe dar tamanho escândalo, os pássaros não saem gorgeteando. Estranho o comportamento, mas muito bom porque quando a galinha saia gritando do ninho, eu saia correndo pra pegar o ovo e fazer uma gemada. Nunca pensei se quem tinha nascido primeiro se tinha sido o ovo ou a galinha. O que me interessava era o delicioso ovo batido com farinha e açúcar. Não me importava, mas como morava no sítio, percebia que a galinha cacarejava pra exatamente avisarmos que onde estava seu ovo, pra irmos busca, senão os animais comeriam e elas não teriam nenhuma ninhada. Veja só, acho as galinhas aprenderam seria melhor ceder os seus ovos para nós que cuidamos delas, que ceder a lei da selva, aprenderam que cedendo sua prole, garantindo proteção e alimentação, embora vez por outra haveria um sacrifício de alguma delas. Acho que ela se espanta com o tamanho do ovo, ou sei lá, as galinhas são muito esquisitas, difíceis de se compreender como toda e qualquer fêmea.

flor

Uma flor,
tem cor, odor,
uma flor,
que pensas quando vê,
uma flor delicada,
perfumada,
singela, bela,
orna de beleza
onde está.

A velhinha e o caminho


Havia um caminho que não dava em muitos lugares, pouca gente passava bem a ali naquele caminho próximo a um riacho havia uma casa, de taipa, uma velhinha e um cachorro. A velhinha era educada e limpa e todos os dias varria o terreiro, as calçadas e a casa. Seus copos simples de alumínio brilhavam, e todos que a ali passavam ela cumprimentava, acalmava seu cachorro que latia, e se ouvia um bom dia. A todos servia um copo de água e um café oferecia. Nestas breves conversas se informava o que acontecia nos extremos daquele caminho, muita gente conhecia e todo dia conversava com quem passava. Sua comida era escassa, seus modos rústicos, mas era muito educada, acreditava em Deus. Durante o inverno o som da água do riacho ecoava em sua casa dia e noite sem parar, quando o verão chegava, pagava por um carga de água. Tinha a face enrugada, e sabia o que ocorria nas extremidades do caminho. Tinha uma voz arrastada, nunca viajara, vivia ali desde sempre, sabia falar como o povo dali falava, palavras rudes, mas se comunicava. E sempre se falava sobre as chuvas, a seca, a vida, as famílias os acontecimentos tão previsíveis, imprevisível era a morte, mas vez por outra subtraia um conhecido, por vezes mais um nascia. Crianças cresciam e envelheciam, aprendiam os vícios e aquele caminho aquela casa, havia uma velhinha e um cachorro, a velhinha era limpinha e educada, mas o tempo passou e a vida da velhinha se encerrou, daqueles que passavam um se destacava por falar muito, falar só, conversar. Este homem que andava numa burra, falava tanto que quando não tinha com quem conversar consigo conversava, tinha a orelha grande, os olhos castanhos e um chapéu de coro, um relógio oriente. Este todo dia passava naquele caminho era notícia certa para a velhinha, um jornal, sim porque esse senhor era um comunicador, de tudo e todos falava, mas o tempo venceu, aquele riacho, aquele caminho se transformou numa represa. Imersa estão as memórias, o caminho, a casa e a velhinha o cachorro e o velho dormem na eternidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

Leva-se anos para ser o que se deseja e segundos para ser destruído.

Vento maestro

O que leva o vento?
Leva movimento,
leva vida nos esporos,
poléns e bactérias,
além poeira, o vento
quando toca as folhas,
as flores e os frutos
das plantas anima
as faz dançar,
muitas vezes fica a
sussurar,
provoca desavenças,
faz girar cataventos,
turbinas,
o vento tem certos
sentidos para soprar,
e se movimenta
com a terra,
se desloca e faz
deslocar a água do mar,
condensada nas nuvens
que ao se precipitar,
chega a cantar,
e faz calar o vento,
e faz germinar
a vida, dos esporos,
dos polens, dos quistos,
é a natureza em movimento,
sob a maestria do vento.

noite vestida

A noite chega sempre vestida de negro,
é elegante, tem na roupa brilhantes,
que piscam feito estrelas,
a noite é fria, se doa a poesia,
a tudo esconde, rosas, cores,
só os odores são capazes de esconder,
há seres que aprenderam
a viver com ela,
que aprenderam a se alimentar,
a se esconder na noite,
há seres que aprenderam
a ser noite também
pois vão muito além,
da visão, das cores,
a noite sempre vestida é negra.

Canta sabiá

Por onde andará o sabiá
que não mais veio cantar,
as manhãs são tão caladas,
e sem brilho sem seu canto,
o sol nasce enfezado
quando o sabiá não vem cantar,
onde deve está aquele sabiá,
porque parou de cantar,
Só canta quando quer namorar,
eita sabiá,
igual a ti não há,
mas não fiques sem cantar,
o outono está ai,
e o inverno não tardará,
canta no outono,
pois se tu calar,
o vento vai soprar,
e esfriar esse lar,
volta a cantar
cantador sabiá,
volta a me acordar,
que o escuro sem teu som,
não tem sentido,
não tem um norte,
canta e da sentido
a felizberto brolezze,
o jasmim já não tem flor,
a magnolia e a acacia
estão tão desoladas,
pois se tu não vir cantar,
ah o que vai ser dessa rua,
toda nua,
de som temos grunidos
e latidos
dos cães,
tu não está cantando para nos acalmar,
o que é que há,
volta a cantar sabiá,
volta a cantar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Casa de minha avó

A casa de minha avó era uma casa muito simples, uma casa muito antiga de paredes brancas como a neve, com duas cadeiras confortáveis de balanço e cadeiras duras, nas paredes brancas tinham imagens de santos, uma foto de meu pai quando jovem que eu não reconhecia e uma foto do meu avó e minha avó. O piso era desenhado, feito no cimento queimado com desenhos. na anti-sala tinha um altar, com vários santos, não sabia, mas ficava com pena porque aqueles santos pareciam está sempre tristes e o Cristo estava sempre crucificado, depois fiquei sabendo que tinha um santo Antônio lá. a casa era muito grande, mas muito mal dividida tinha três quartos, um que eles guardavam as coisas de valores, comida, já que não tinha geladeira, este ficava na sala, e mais dois um onde vovó dormia com vovô, era um quarto muito escuro a luz que entrava lá era de uma telha plástica ou luz do fogo da lamparina, não tinha janela, e o outro era do lado do altar. Tinha uma anticozinha onde tinha um fogão a gás e um tripé onde guardava os aluminhos.Tinha um fogão de lenha feito vermelho, de tinta xadrez, as panelas eram todas de barro, tinha uma vazia de barro pra lavar os pratos que se chama alguidar, e potes de barro. Na cozinha tinha um passarim numa gaiola que cantava muito. Mas a coisa mais bela naquela casa aquela que dava cheiro e graça era a minha avó, sempre engraçada, tinha um tique na face ficava a piscar quando olhava, usava óculos, e tinha uma voz arrastada, tinha muitas histórias pra contar, gostava muito de mangar, coisa que herdada da família. Poucas vezes veio a minha casa, lembro que foi certa vez com meu avó. O meu avó pouco conheci, lembro que era grande como meu pai, tinha uma voz muito bonita, são muito poucas lembranças, ainda era criança quando partiu. Sei que tinha um comportamento de muita moral, muito zelo pelos filhos e netos, era muito inteligente quando negociava, ninguém passava a perna nele. Meu pai me contou que ele não deixava ele sair a noite pra se divertir, tinha que sair escondido, tinha temperamento muito forte, era sério, mas gostava muito de falar lorotas. Gostava muito de doce e queijo, adorava doce de mamão e galinha também. Naquele tempo a carne que o pobre comia era uma galinha e o queijo só nas semanas santas. Papai falou que comia só feijão com torcinho e a noite cherenho de milho. Quando tinha castanha comia pirão de castanha. A coisa melhorou para eles depois que se aposentaram que já foi no fim da vida. A família sempre foi franciscana, pobres extremamente religiosa, porém com muitos valores. Usavam roupas simples, só se comprava tecido nessa época, roupa feita era caro, não usavam sapatos só sandalhas. Papai usou o primeiro sapato em São Paulo, veio pra cá com 17 anos. Eles eram muito simples e tinham uma casa muito simples, mas bonita pois minha vô gostava de enfeitar a casa com flores, tinha muitos catarantus, rosas e brancos, gostava de ver aquelas flores, tinha uma roseira do lado da casa, e no lado da cozinha tinha um pé de romã, um pé de pimenta de macaco do lado do banheiro que era feito de palha de coqueiro. do lado oposto tinha um pé de jasmim manga, mas não gostava porque usavam suas flores para enfeitar defunto, demorou para superar esse receio das flores de jardim, tive que apagar da memória aquela ideia, o medo da morte. Bem e quando ia para lá via meu pai, meus primos e meus avós juntos era bom porque minha avô colocava o almoço as dez horas era cedo para os padrões de minha casa. Tinha todo um ritual primeiro ela punha o feijão com bastante caldo, e punha farinha, ai todos tomavam o caldo, em seguida vinha o arroz e por fim um naco de carne de frango ou de gado, depois do almoço tinha um café. Era o costume de meu povo. Simples mas de coração grande, nunca ninguém que fosse lá voltava sem almoçar. Quando volta aquela casa, toda transformada, sinto saudades daquele tempo onde podiamos desfrutar de nossas presenças, nossas conversas, e nossas esperanças. As carnaubeiras continuam vivas, algumas pinheiras e cajueiros, mas a casa não só tem a alma das lembranças. A casa nada é, mas as lembranças ao chegar lá acendem feito vela, sinto a presença de todos alí, embora esteja só aqui.

domingo, 20 de março de 2011

Partida

Quando alguém parte,
e deixa a arte de viver,
quando a alma deixa de ser,
eis que faz-se a dor,
e o mundo perde a cor,
e só o tempo faz regenerar,
a vontade de viver,
aprendemos com o sofrer,
e o tempo, cala a fala
em nossa mente,
só fica a saudade,
e tudo que era já não é.


Versos

Lembro da voz cansada idosa,
a declamar versos, e as pessoas
inebriadas com a beleza sonora
das palavras cuspidas, palavras
da vida, falada, cantadas,
enquanto a mão segura a bengala,
os olhos sugados pela vida,
já não abrem, mas da boca,
ornada pelo bigode amarelo,
saiam versos, impressos,
na mente, e as pessoas
a ouvir, apreciar, as
palavras daquele ser,
de unhas grandes,
de corpo descuidado,
mas sabia declamar,
versos quase a cantar,
bem em frente a casa,
havia uma cajaraneira,
e do lado da cozinha,
uma paquira que encantava
aqueles versos, com cheiro
de paquira e o cheiro
ácido da cajarana,
a casa, desorganizada,
mas aconchegante,
a declamar os versos,
do gatinho do Rio grande,
versos, belos versos.

Alma

Incrustada em uma carapaça,
circunvoluções, sulcos,
reentrâncias a sede do meu pensar,
mas onde posso encontrar,
onde está a ideia?
uns disseram na pienal,
outros nunca afirmaram,
na verdade ninguém sabe,
onde está, acho que está
sempre a viajar,
mais rápido que a luz,
está em todo lugar,
mas não pode ser detectar
em nenhum lugar,
tu alma, a quem tantos afirmas que há de divina,
quem sabe, onde cabe,
os fisicalistas afirmam que não,
mas os religiosos estes afirmam
a imortalidade da alma,
e encantada no mito,
a alma resiste a razão,
e está em todo lugar,
viajando nos giros,
nas circunvoluções,
perdida na concha to tempo,
esse invento,
aparentemente objetivo,
mas tão subjetivo,
lá está a alma,
na massa cinzenta, de burracha,
nas circunvoluções,
está lá, e ao acabar o ar,
ao se apagar as mitocôndrias,
eis que como a essência,
de difunde no ar,
sem cheirar,
a alma simplesmente inexiste.

Vento de estação

Nos campos nus,
corre o vento,
fazendo curvas,
reentrâncias,
espalhando a terra,
as olhas secas,
nos campos nus,
explora o vento,
pois já é tempo,
logo chegará ou outono,
as plantas estão
perdendo as folhas,
o sol já muda de lugar,
o clima começou a esfriar,

Vento, vento, vento
tu que mudas o tempo,
cheio de inventos,
tempo desvirgina
as formas, as cobras,
ventos loucos ventos,
sopram sem parar,
a qualquer hora,
em qualquer lugar,
sopra vento,
corre vento.

E sinto o vento me tocar,
toca minha face,
minhas mãos,

e faz ecoar
a natureza,
escava
a beleza,
esculpi
a natureza, areias, galhos,

é o fim da estação,
o fim do verão,
o vento de madrião,
fica a insultar,
tudo que passa,
tudo que fica,
e muda
a estação.

Vento de estação

Nos campos nus,
corre o vento,
fazendo curvas,
reentrâncias,
espalhando a terra,
as olhas secas,
nos campos nus,
explora o vento,
pois já é tempo,
logo chegará ou outono,
as plantas estão
perdendo as folhas,
o sol já muda de lugar,
o clima começou a esfriar,

Vento, vento, vento
tu que mudas o tempo,
cheio de inventos,
tempo desvirgina
as formas, as cobras,
ventos loucos ventos,
sopram sem parar,
a qualquer hora,
em qualquer lugar,
sopra vento,
corre vento.

E sinto o vento me tocar,
toca minha face,
minhas mãos,

e faz ecoar
a natureza,
escava
a beleza,
esculpi
a natureza, areias, galhos,

é o fim da estação,
o fim do verão,
o vento de madrião,
fica a insultar,
tudo que passa,
tudo que fica,
e muda
a estação.

sábado, 19 de março de 2011

A flor

No meio do mato,
bem longe percebi uma flor,
que coisa mais bela era a sua cor,
algo que me encantou, me cativou,
hipnotizado segui o rastro de sua beleza,
Seria sua cor a responsável?
ou a busca do belo,
ou seria esse elo?
Não sei nem percebi,
só vi que era lilás ou roxo,
aquela flor, trepada no ramo
de uma árvore,
era uma flor de uma liana,
tão bela, sedutora, que me encantou,
e ao me aproximar senti
seu doce odor, que bela flor exclamei,
que bela flor de seu odor
meu pulmão inflei,
então a fotografei,
me deliciei de sua presença,
e contemplei sua existência,
efêmera existência,
o belo, o prazeroso não dura muito tempo,
e fiquei ali a contemplar,
a cheirar, a desfrutar da beleza da flor,
logo veio um beija-flor
e a beijou, e foi tão breve,
e foi embora,
sugou o néctar e partiu,
era tão belo, tão verde rutilante,
tão breve,
mas a flor ainda estava ali,
calma, parada, as vezes dançava com o vento,
passava maior parte do tempo só,
aquela flor, efêmera solitária,
que desfrutava da breve companhia do beija-flor,
desfrutou de minha companhia,
nada havia,
era só uma flor,
uma linda flor,
não a cativei,
parti,
e vi que era uma flor,
uma Mandevilla,
de forte leite venenoso,
mas era uma flor,
pensei nas sereias,
pensei em Ulisses e Orfeu,
segui e nunca mais
vi a tal flor,
sua cor,
nada,
não seria um sonho,
de um papolvo risonho?
Era só uma flor.
pensei
efêmera flor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poesia

Sei que as poesias não são vadias,
sei que na boca do poeta popular,
elas saltam, feito pipoca, cheias
de alegria e sonoridade, sem vaidade,
sei que cada um canta sua poesia,
de maneira peculiar,
mas escrevo, não sei se é poesia,
gosto das rimas,
gosto de palavras belas,
que digam coisas com beleza,
com música, com lógica,
as vezes me falta,
as vezes salta,
só que não sei se sou poeta,
só sei que fico a escrever,
e escrevo, com e sem relevo,
escrevo ouvindo algo,
gosto de falar algo,
quando não, calo-me,
mas as frases pulsam,
como minhas veias,
querem serem escritas,
fugirem de mim como o vento,
como o tempo,
querem existir,
e falo pra elas
que não sou poeta,
não importa, como suor,
as palavras querem expressar,
oras a cheirar,
oras a brilhar,
e oras feias, belas,
assim se fazem
as minhas poesias,
como criança
que brinca de ser gente grande sem ser,
textos com vida,
mas sem ser poesia,
sabe lá o que é uma poesia,
nem Manuel
se atreveu a conceituar,
é só dar sentido a um falar,
sei lá.

Decisões

Esta semana foi muito importante, por acaso, separei minhas plantas e mostrei para minha orientadora, então sentamos para estudar e discutirmos o trabalhos, por fim tomamos algumas decisões muito importantes, sobre o rumo do meu trabalho, e sobre a separação das espécies que vínhamos estudando que acabamos reconhecendo, após ver todos os indivíduos, que tínhamos em mãos, duas espécies e não três, a partir de todas as variações encontradas e decidimos juntar espécies que antes eram consideradas espécies diferentes. O que me espanta é que no começo eu jurava que tínhamos duas espécies ao invés de uma e ao me deparar com a distribuição e as variações plástica da planta, podemos perceber um gradiente de variação. De materias usados para a descrição original, finalmente concluímos que seria espécie unica. É necessário novos trabalhos para corroborar nossa tese, creio que sim, mas um grande passo foi tomado.

Viagem

Sai para caminhar
nos sulcos de minha mente,
então mergulhei em lembranças
e fui parar em um lindo lugar,
numa estrada de terra branca,
com muitas mimosas de flores
amarelas, onde sentia
o vento frouxo
roubar o calor de minha pele,
sentia minha alma sorri de feliz,
ouvia o vento cantar,
assoviar nas folhas das mimosas,
e ao caminhar tirei o chinelo
e pus a sentir a textura da terra
branca e macia,
e tudo que via e sentia,
era a mágica de poder
existir, está ali
e sentir meu corpo,
a natureza,
o cheiro das mimosas,
o céu azul, o sol entre as olhas,
uma ave começou a cantar
um canto tão belo,
fui obrigado a parar para contemplar,
e esse canto me fez lembrar,
quando era de manhã lá no sertão,
antes de acordar ouvia cantar
o corrupião, cantou, cantou,
e calou, então continuei a andar,
e sentir a brisa,
o mundo,
o silêncio.
Então despertei de meus pensamentos.

A minha flor

Minha flor,
queria escrever uma poesia de amor,
então pensei no meu mundo,
pensei no seu mundo,
vi que a vida não tem fundo,
pensei no desejo,
no gosto do beijo,
pensei na sua presença,
pensei na sua ausência,
pensei no que era amor,
pensei em tanta coisa,
mas só queria escrever uma poesia de amor,
para alguém linda e doce como uma flor,
caiu no meu jardim,
cresceu e se tornou assim,
algo mais importante para mim,
bela como uma flor,
por dentro e por fora,
então quando acordo e vejo aurora,
penso no sublime da vida,
o poder viver,
o te conhecer
e desvendar cada dia mais e mais voce,
e ao te descobrir,
e nesse convir,
poder me apaixonar,
cada dia mais, e mais dia,
feito poesia,
feito autor,
feito crônica,
feito música, sem canção,
que me encanta,
sempre mais e mais,
no mais belo sentimento o amor,
o amor por uma flor, uma rosa,
e vejo a rosa, tu minha doce flor
no meu jardim,
escarlate,
mágica,
e aprendo que o amor,
é algo mágico,
não é eterno,
mais sim um ser e não ser,
que se constrói
dia a dia,
feito rimas de poesia que alterna entre frases,
mas só queria fazer uma poesia de amor,
para alguém que considero uma flor,
alguém que realmente,
respira amor,

quinta-feira, 17 de março de 2011

combinação,

Hoje o João veio e ficou calado, o João Aranha cansado e João Semir veio de mestre de samba.

Nada

Essa semana fomos almoçar e certa hora, já no fim do almoço, Deise minha amiga, falou sobre o pensar no nada. Ela disse que viu em um email que nós homens organizamos as coisas em caixinhas e que só podemos ter uma caixa aberta de cada vez, não conseguimos mexer ou deixar duas caixas abertas, falou também que temos uma caixa do nada, que é esta caixa que passa maior parte do tempo aberta. Achei muito legal. Ela falou que o namorado dela vive com a caixa do nada aberto, acho que também sou assim.



Quando penso, penso meu pensar?
quando penso no meu pensar,
estou pensando?
Conversando com o nada!
há momentos vazios,
em que não penso em nada,
e fico aflito por em nada pensar,
e fico cansado do nada,
paro em frente ao branco
que dar em minha mente,
sinto que estou ausente,
mas não sei onde estou,
pois não sinto pensar em nada,
então me ocupo de pensamentos
triviais, coisas banais,
escuto meu corpo,
percebo suas reações,
sinto fome, sinto medo,
sinto aflição,
parece que o tempo para,
sinto sono,
sinto sempre vontade de vi a ser algo,
mas não percebo um comando,
não sou consciente do que sou,
por isso, nada penso,
nada sou,
vago meu cérebro reluta,
e acabo imerso
no nada.

Nesse mundo

E esse mundo que eu vejo,
tão cheio de cores, odores,
cheio de textura e formas,
nesse mundo curioso,
que se revela a cada instante,
me surpreende sempre mais,
e aprendo os nomes das coisas,
desvendo seus segredos,
aprendo sobre a vida,
sobre a natureza,
aprendo a falar,
após muito escutar,
e aprendo a refletir,
e aprendo que faço parte,
deste mundo complexo,
e é pela linguagem,
que desvendo a imagem,
e tudo tem um nome,
tudo expressa algo,
ou nada expressa,
são meras invenções,
nos e nossas convenções,
aprendemos a viver,
crescemos neste mundo,
vendo as cores,
vendo os dias e as noites,
dias de sol, nublados,
noites estreladas,
as vezes enluarada,
e aprendemos a falar,
e falamos, sem parar,
esquecemos de perceber
na natureza da natureza,
que a tantos milhões de anos
aqui está,
e nós, pela linguagem
acreditamos na imortalidade,
mas aprendemos
com o tempo, que temos
muitas vezes de calar,
e contemplar e refletir.
É neste mundo que nascemos,
é este mundo que lemos,
que demos um significado,
ou simplesmente
somos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Narração

Somos fascinados por estórias, gostamos de estórias lineares, lógicas agradáveis. Confesso que não sei contar uma estória e sou até capaz de acabar com a graça desta. Não aprendi a narrar, embora quando criança tinha um tio que contava muitas estórias e em todas elas papai dizia depois para mim, que aquilo não passava de mentira, que seja, mas viajava nas estórias que ele contava, cheias de vantagens. Não me importava com suas rugas sua idade, achava ele um senhor muito distinto. Era um irmão de minha avó, Raimundo Souza, morava no sítio barro vermelho, mas quando a sua esposa morreu, ele com o fogo dos homens do nordeste se ensaiou com uma mulher, Socorro que tinha uma grande família, morava na cidade, e foi ela morar no sítio levou consigo toda a família, o pobre do tio acostumando a viver em paz, passou a viver com uma família faminta da cidade, logo se pós a vender as coisas que tinha. Então na época passava uma novela na tv, Roque Santeiro, não é que ele se viciou na novela e todos os dias ia ele com a nova família para a cidade ver a novela. Não durou muito tempo e ele sob influência da mulher vendeu o sítio e foi morar na cidade, comprou uma casa na rua Raul Galdino, uma casa pequena, e agora ele homem do campo morando na cidade, o casamento durou enquanto havia dinheiro, quando acabou a grana, acabou também o amor, agora nem podíamos mais frequentar sua casa, ouvir suas estórias. Então se separou, expulsou a família de sua casa e como morava em frente a uma casa que tinha uma moça solteira, coroa, como chamavam lá, começou a se engraçar da mais velha, Baica era chamada, e começou um namoro, que deu certo. Baíca era meio surda e meu tio também, se casaram. Baica era uma mulher limpa cuidava muito bem do . Voltamos a frequentar sua casa, imagina que ainda é vivo, seus passos hoje são mais arrastados, a vista é muito cansada, não conversa como andas, as palavras arrastadas, já estão quase caladas, quando voltei a minha casa, não fomos mais lá visitá-lo, o tempo esta calando suas estórias, as vezes repetidas, mas era muito bem ditas, bem narradas. Papais não aprendeu com ele a arte da narração, aprendeu sim a ser um cínico, um gozador das palavras, acho que tenho muito do meu pai, mas ai como queria saber narrar.

Nada

Quando olho para o horizonte
e busco um ponto mesmo distante,
às vezes não encontro
e tenho somente a mim,
para algo encontrar,
então me encontro num vazio,
pois sou quase sempre vazio,
nada reflete em minha mente,
nada crio, nunca aprendi a refletir,
nem um reflexo,
então sinto uma tristeza,
e penso no pensar,
na minha mente pobre,
e me volto para o mundo,
e encontro no discurso
vazio meu,
algo a que me apegar,
mas nada, fala,
então calo e me encontro em pleno nada.

Frouxo vento

Adoro os dias cujo vento sopra frouxo,
nem muito nublado, nem muito ensolarado,
o vento parece dançar com os ramos das árvores,
o dia passa tão sossegado
que parece que estou no paraíso,
tudo é tão perfeito,
as flores rosa de paineira pelo chão,
o rosa das paineiras no horizonte,
o dia é prazeroso,
doce e vigoro,
sinto a alma da vida,
a paz humana.

terça-feira, 15 de março de 2011

Noite

Noite,
sempre que chegas e estou sozinho,
traz pra mim sua amiga solidão,
e ao encara-la sinto-me saudoso,
noite, quando calada,
o vento não te acompanha,
tu ficas tão vazia e quente,
noite,
noite,
noite minha companheira.

Movimentos

Lembro quando desconhecia a eletricidade,
em mim não havia nada, nenhuma vaidade,
gostava da luz das motos, quando a noite
passavam e clareavam através das frestas
das telhas, e via diversas imagens amarelas,
projetadas na parede escura, via a luz se mover
na parede, o movimento do claro,
de repente o apago. A luz era bela.
Então quando caia a noite acendia
a lamparina e aquela chama flamejante
dançava, e a fumaça se desfazia em
formas curvas. E quando caia a chuva,
cedo mamãe nos aninhava,
era gostoso e ainda é senti o cheiro da chuva,
o som dos primeiro pingos sobre as telhas,
sobre as bicas, pingo a pingo,
e entre os relampagos
clareava a antesala,
bradava o trovão,
dormíamos através dos movimentos,
das chamas, da luz, da água escorrendo,
do final silêncio humano.

Calar

Quando olho minhas mãos vejo as marcas de uma infância em que precisei trabalhar, tive tempo para brincar, mas muitas vezes tive que ajudar meus pais. Vejo as cicatrizes nas minhas mãos, nos meus pés. Marcas de um empenho, uma força aplicada a produção, marcas de quem necessita alimentar os animais, ajudar na lida. Tenho ainda marcas nas pernas, na cabeça e na barriga, cicatrizes das minha vida no sítio. Essas marcas hei de levar para sempre. Quando me ouço falar e tendo me expressar e as vezes não consigo, imagino que muitas vezes meu abrigo era calar. Aprendi somente a olhar, a amar a natureza. O que muitas vezes me faz calar é exatamente não saber como expressar o que sinto, isso me faz calar, e muitas vezes me angustiar. Não aprendi a expressar o que sinto e confesso que essas marcas são piores que as cicatrizes, são as marcas mais danosas. Como um animal que não sabe falar, muitas vezes fica a olhar e abafa a dor e se cala. Mas se sei falar, porque muitas vezes fico calado? Conversando com uma amiga muito meiga, amiga e simples, ela falou uma coisa muito linda e simples, ela falou dos valores que muitas vezes cultivamos e se não falamos é porque não aprendemos a magoar os outros, os valores que cultivamos muitas vezes é superior a expressão. Bem já é dito é melhor ser ofendido do que ofender. Neste ponto me encontrei, e agora sei que calar e respeitar o que o outro fala é mais parcimonioso. A partir desta reflexão, tive a consciência do que sou, e não mais sofrei quando quiserem me diminuir. A consciência da própria reflexão é maior força e amor ao próximo.

vento

Leva-me oh vento,
para além do meu pensar,
para além do meu olhar,
sinto calor, sinto sono,
e sei o que sou,
quem sou o que quero,
e o tempo
passa, incessante,
passa...
Leva-me oh vento,
e me deixa dos braços do tempo,
me faz adormecer
no colo da eternidade.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Consciente

Quando acordo e sei quem sou,
as vezes é tarde,
coisas que podia imaginar,
mas nunca imaginei,
nem sei,
quando acordo e sei quem sou,
não sei se estou sonhando,
não sei se sou,
soa o vento
sempre a mesma melodia,
as vezes me vejo sonhando,
e acho que sou,
mas as vezes penso que acordo
e não sou,
não sei.
Quando tiver consciência
de quem sou,
ai quem sabe serei,
sempre eu,
ou nunca serei
nada.

No blue

Olho para o céu azul
e o vejo tão distante,
fico olhando tal qual
quem encara o espelho,
e busca olhar neste olhar,
encontrar algo que possa me decifrar,
e tento ao mirar o céu
tocar no azul, deixar lá o que me deixa blue,
e ao encarar o céu, tento me ver,
sentir a quão sublime é a vida,
penso numa poesia,
talvez seja vazia,
olho para dentro de mim,
e o distante que vejo,
é um abismo tão profundo,
nada encontro,
me encontro,
pleno de minha consciência,
pleno em meu ser,
sinto vontade de rir,
como é bom existir,
apesar dos dramas da vida,
o céu é sempre azul,
as nuvens e as estações
são quem fazem moda,
o vendo que tudo muda,
mas o céu é sempre azul,
vou tentar não ser mais blue,
vou tentar ser sempre azul.

Cores e formas

As cores e formas que vejo,
me enchem de desejo,
e num leve lampejo,
nada mais vejo,
se fecho meus olhos,
sinto os cheiros,
ouço e sinto a brisa chegar,
as cores acendem em minha mente,
a imaginação,
mostram-me as formas,
desvendam o mundo,
faz surgir em mim ideias,
as cores e as formas,
me dizem tantas coisas,
as leituras, as reflexões,
vejo por um terceiro olho,
o que memorizo das cores,
das formas,
o olho da criação.

Consciência

Consciência
não é ciência,
mas está a par, ciente de si,
da própria vida, dos valores,
buscas e interesses.
A consciência requer um experiência,
paciência e até ser atingida.
Algumas pessoas passam pela vida
sem ter consciência de si.
Essa busca muitas vezes
pode durar por toda a vida.

Erva mate

Sou nordestino e não nego isso pra ninguém, mas depois que vim para o sudeste, São Paulo, não deixei de ser, nem nunca deixarei, mudei sim meus hábitos, apesar de carrego no peito o orgulho de minha história, meu sotaque, minha essência. Dentre as muitas coisas que aprendi a gostar foi de chá. Adoro tomar chá principalmente de for de erva mate, sem açúcar. Bem a um certo tempo em uma viagem que fiz ao Mato Grosso com sulmatogrossenses, que são viciados em mate gelado que tomei e aprovei que tem um nome o tereré, confesso que não conhecia já havia visto na novela Pantanal os pantaneiros tomando algo numa cuia feita de chifre algo que desconhecia, nunca vi nenhum adulto de Serrinha falar sobre a tal bebida, eles bebiam o tereré que para quem não sabe é erva mate com água gelada. Os sulmatogrossenses falam que tereré não é chá, é tereré, os gaúchos dizem que é chimarão paraguaio. De forma que naquela viagem aprendi a beber a tal erva e em viagens ao Mato Grosso do Sul selou meu novo hábito. Sinto que é prazeroso sentar e tomar um tereré, ouvindo o rádio e pensando na vida. Relaxa a alma. Certa vez quando fui a Dois vizinhos comprei quatro caixas, acho que a dona do estabelecimento achou que era doido, expliquei que morava longe e onde morava não tinha a erva, a mulher sorriu. Bem como não tomo café, aprendi a beber mate gelado. Tenho um professor que gosta de me insultar, pois toda vez que chega na sala onde estou e ver minha cuia, olha com um olhar de peru e fala, esse povo do nordeste tomando chimarrão. Só rio soslaio. Ponho a água na cuia de mate e tomo. Assim segue todo dia.

domingo, 13 de março de 2011

Rua no domingo

A rua vazia dizia,
que era domingo,
que era fim de semana,
nada passava,
nada vivia,
na rua vazia,
nem cachorro passava,
alguns tinha,
mas naquele dia,
nenhum latia,
a noite veio,
e tapou tudo
de escuro.

A aranha

O dia nasceu e a aranha já estava lá no banheiro, tinha tecido uma bela teia, talvez tenha agarrado alguma presa na noite anterior, não sei, mas seu dia não seria mais o mesmo. Acordei cedo, abri a janela e vi que precisava varrer o quarto, então fui ao saguão da cozinha e pequei a vassoura, varri o quarto e fui varrer o banheiro. Ela estava lá no canto, atrás da porta, então quando fui varrer a sujeira a teia veio junto e ela saiu andando atordoada. Não percebi mais sua presença.
Agora a noite quanto fui tomar um banho vi que ela estava afogada na água. Aquela aranha apareceu no meu banheiro ou seria que eu estava na sua teia, não sei, não a matei, mas seu corpinho estava em sua teia. Sei pouco sobre as aranhas, creio que não saiba nada sobre mim, nem travamos um dialogo, nada sabíamos um sobre o outro, nos ignorávamos e agora eu sou e ela não, deverá está no paraíso das aranhas agora e seu corpo sobra. Lembro de ver seu corpo andando, parecia ter molas nas pernas, tremia para andar. Parece que conhecia ela de outros tempos. Quando era pequeno, lá em casa, nã tinha eletricidade, nem chuveiro, tomávamos banho de bacia e no banheiro tinha um grande tanque cheio de água para o banho e sobre o tanque aranhas da mesma espécie faziam suas teias. Gostava de mexer com elas e vê-las andando. Elas pareciam não se incomodar, pois por mais que mexesse com elas, sempre estavam lá. Importunei-as tantas vezes. Mas não matava uma sequer, achava o ato de tirar a vida muito brutal. Então o tempo passou, muito tempo e hoje apareceu uma linda magrela aranha, tão logo apareceu, desapareceu. Acho que somos assim.

Sou

Quando o sol nasce, parece que nasço junto. Levanto e começo o meu dia. Às vezes tenho alegria ou não simplesmente acordo para mais um dia. Não sei o que acontecerá neste dia, mas na melhor das hipóteses nunca acredito que vai ser um bom dia, uma oportunidade de viver mais, então penso quem sabe amanhã poderá ser melhor, o pessimismo me persegue. E assim saio de casa dando minhas primeiras pedaladas, muitas vezes minha bicicleta range, quando não está chovendo é o melhor dos transportes, seguindo para o mundo, desconhecendo o que vai acontecer, muitas vezes me surpreendo com a beleza do aurora, sei lá, mas se acho algo valioso tenho uma sensação de felicidade. Se sou cumprimentado ou simplesmente cumprimento alguém e sou correspondido sinto que o dia vai ser bom. Muitas vezes me satisfaz ver uma flor em antese, um inseto mudar de quitina, uma vez fiquei feliz de ver uma cigarra em exsuvia, ou mesmo quando acho fungos numa fruta ou num pão a sensação poder ver numa lupa aqueles micélios é muito boa, gosto também de passar de bicicleta sobre tampas de bueiros, adoro ouvir aquele som abafado. Bem mas na maioria das vezes estou ouvindo rádio, uma das minhas grandes paixões, ouvindo o jornal, que por sinal só traz más notícias. Geralmente tem notícias frescas de casas de abusos praticados por políticos, homicídios e até catástrofes. Estes fatos foram banalizados, o pior é que elegemos pessoas para nos fazerem de idiotas, fico indignado só de pensar, mas enfim, tento fazer do meu dia melhor mais positivo, leio os jornais, algumas colunas favoritas, tento fazer o meu trabalho que tem me dado muita preocupação, desfruto da alegria de ter bons amigos que realmente acredito serem bons amigos, almoçamos juntos. A tarde muitas vezes são fagueiras e quando volto para casa tento vou ler. Tento manter uma certa disciplina que é muito difícil pois sou muito disperso. E assim são meus dias aqui em Campinas.

sábado, 12 de março de 2011

Tarde

A tarde a chuva passou,
o solo secou,
as briofitas lindas estão
cheias de esporófitos,
os fungos surgem,
e a tarde linda, limpa
seca suas ruas,
as pessoas ficam
excitadas, saem de suas casas,
pra passear, caminhar ou sei lá,
a tarde linda é
brindada com a beleza,
da natureza calada.

Manhã

Hoje amanheceu, nublado, chovendo,
a luz invadiu as frestas da janela,
e verde a acacia rutilavam suas
folhas molhadas.
Fiquei quieto ouvindo o chuva,
suando das telhas, das calçadas,
pingos indefinidos, mas harmoniosos,
e choveu, choveu muito,
toda a manhã foi fresca,
umida, molhada,
fiquei quieto,
não quis me levantar,
nem queria acordar,
mas o hábito o fez.

Abri a janela,
deixei a brisa entrar,
deixei a chuva cantar,
essa manhã foi plena,
só minha, vivi-a intensamente.

Sabedoria

Quero beber da fonte da sabedoria,
e neste dia, poder ensinar o caminho,
a todos meus vizinhos, e ao mundo inteirinho,
já sei que ela existe, faz parte da natureza,
é a explicação para a natureza,
é a beleza, a compreensão, a razão e a fé,
as vezes acordo e penso se ela realmente
pode ser bebida, acredito que sim,
mas saciado o desejo isso jamais,
bebemos e sempre sentimos sede,
mas onde fica fica essa fonte,
está no tempo? está nos livros,
está na mente de pessoas vividas?
Nestas vezes que acordo e penso
sobre ela sinto-me miúdo,
penso no mundo, e depois
olho para o meu mundo,
me vejo fora do mundo,
mas como se existo,
estou neste mundo, tomo consciência
do que sou.
Quero beber desta fonte,
para que possa eternizar os meus dias,
para poder fazer poesias,
acredito no que falou Epicuro,
a felicidade está no conhecimento,
que leva a fonte dela,
da sabedoria que é vadia,
plena e está em todo lugar,
nas formas, nas paisagens,
nos sons, nas cores, nas texturas,
onde há homem pode ela se expressar,
será apenas humana ou divina?

Quem sabe? Quero tragá-la, bebê-la!
Mas onde está a sua?
A minha já encontrei, só me restará
o tempo de vida para consumi-la.


sexta-feira, 11 de março de 2011

Sinfonia 9 Beethoven

A música acalma minha alma,
encanta totalmente minha mente,
me prende, me atem a atenção,
quer olhando o céu ou o chão.
A música desperta tudo quanto há de beleza,
a mim falta a destreza,
resta ouvir, contemplar
e deixar a música libertar minha alma,
e faze-la viajar.
Não sei o que dizem as músicas,
mas estou estudando,
aprendendo.



Olho para o céu estrelado,
vejo o brilho a anos irradiado,
vejo o silêncio escuro da noite,
e as estrelas a brilhar,
feito fogueiras a flamejar,
quão vasto é o céu,
infinito parece o espaço,
e o tempo perdido
entre rotações terrestres.
Olho para o céu,
um céu sem véu,
escuro, estrelado,
olho e tento me encontrar,
tal qual o céu minha mente,
nada consigo decifrar,
nada consigo imaginar
e fico assim a contemplar,
a beleza divina,
neste momento converso com Deus,
ouço o canto das estrelas,
ouso o vento sussurrar,
meu peito a pulsar,
os ares trazem o sono
então mergulho nos meus sonhos.
boa noite

Saudoso

Muitas coisas já não existem mais além de lembranças em minha mente, pode ser que algo se encontre em outras mentes daqueles que por certo tempo foram parceiros de caminhada, mas que seguiram suas próprias estradas. Como num sonho vou buscar algumas memórias e tentar reviver algo que não vivi. Algumas canções fazem minha mente despertar doces memórias e faz-me viajar para a infância, para minha primeira casa, meus irmão muito jovens, meus pais ainda tinham cabelos brancos e muita esperança, tempo em que as estações passavam sem deixar marca, parece que o tempo não passava, queria tanto ter quinze anos e agora o dobro já se passou. Saudoso, viajo no tempo e aos poucos relaxo e volto lentamente a vida normal.

Blue

O céu azul, todo blue,
o sol a brilhar,
nuvens claras,
numa sexta feira blue,
aqui tudo azul,
mas no Japão não,
lá o mundo está
ao avesso, o mar
invadiu a terra,
chamas, lamas,
é um dia blue,
tão distante,
tão próxima,
aqui o sol brilha,
o céu está azul,
lá o dia está blue.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Belo

Onde está a beleza?
Está numa flor,
numa obra de arte,
num por do sol,
numa noite de lua,
numa noite estrelada,
num horizonte do mar,
está numa canção,
no riso feliz,
na estética,
na simetria,
na química, física, matemática, quiçá na biologia,
nas curvas humanas,
na sabedoria.
O que é a beleza?
é uma flor
é uma obra de arte,
é um por do sol,
é uma noite de lua,
é uma noite estrelada,
é um horizonte do mar,
é uma canção,
é riso feliz,
é a estética,
é a simetria,
é a química, a física, a matemática, quiçá a biologia,
são as curvas humanas,
é a sabedoria.
E o que é o belo?
Cabe a cada um julgar o que é belo para mim esses predicados são formas de beleza, talvez a beleza seja algo subjetivo, mas seja muito além, talvez seja cultural.
Nem todas as flores são belas, algumas são esteticamente assimétrica, mas teleologicamente atingem seus objetivos quando é fecundada e produz frutos e sementes.
Para entender certas obras de artes é necessário fazer uma leitura da mesmas, sem esta o que é arte para uns é algo indiferente para os outros.
Nem todos por do sol é igual, existem os mais perfeitos, mas por motivos peculiares são tristes, frios desprovidos de interesses. O mesmo acontecendo com as noites pleniluneas e estreladas.
Muitas pessoas já se perderam no horizonte do mar, muitas vidas por lá ficaram.
Nem toda canção nos faz feliz, nos traz tristeza, pra mim muitas canções me angustiam.
As vezes sorrimos porque chorar vai mostrar nossas fraquezas.
Todas as coisas quando humanizadas ganham um sentido, o belo talvez tenha sido humanizado ao extremo e quem sabe um dia não o banalizemos.

Chuva reminiscentes

Uma semana que não parou de chover,
os fungos voltaram a reaparecer,
com seus corpos de frutificação,
anunciam a estação do verão,
alta umidade, calor, chove,
neblina todo fim de tarde,
e as águas escorrem rua abaixo,
lavando telhados e calçadas,
deixando todo mundo indignado,
mas é chuva de verão,
lá no sertão chuva é coisa divina,
quando chove tudo agradece,
os sapos cantam, as plantas agradecem, forescem,
o solo molhado, formigas e cupins criam asas,
e voam pra alimentar os passarinhos,
ou para povoar um novo lugar,
quando era fim de tarde que chovia
sentia aquela alegria,
tomava um café, e depois logo vinha o jantar,
a lenha lascada guardada, alimentava
o velho fogão a lenha que aquecia a cozinha,
e logo que caia a noite,
a natureza recolhida,
fazia aquele frio gostoso,
a chuva se recatava,
e nos todos felizes estavamos
por mais um dia, mais uma chuva
cheios de esperança da chegada de dias melhores.

Espatodeas de janeiro

No mês de janeiro
é verão, caem as chuvas,
floram as Murraias com suas
folhas verdes e suas flores alvas,
floram as espatódeas com suas flores encarnadas,
e no fim da tarde, quando cai a chuva,
as vias e as estradas ficam todas molhadas,
caem as flores de espatódeas pelo chão,
molhados o chão,
o chão vermelho das flores campanuladas
flores próximas ao pé de limão,
vermelhas parecem incendiar o chão,
e por ali caminhar com é gostoso,
passar sobre as flores macias
de espátodeas que caem
por ocasião,
após a chuva,
o cheiro umido,
o viço do brio sobre os troncos,
o sol escondido, chovido,
o cheiro das murais, são poucas flores nesta estação,
logo acaba o verão,
e as quaresmeiras sempre floridas,
sempre roxas.

Vício

Tomo o chá, terere e o que sinto? Sinto o líquido gelado amargo que refresca minha minha mente, macula meu calor, meus dissabores. Sinto um breve alívio. Meu corpo me sente bem. Ao sugar o terere, ao sentir o leve sabor amargo e gelado, minha mente brevemente se atem a sentir o sabor, se desvencilha, se desprende dos pensamentos e neste momento, neste brevíssimo momento sou pleno em mim mesmo, me sinto conformado. Não seria isso um vício? Em que isso diferencia de tragar um cigarro, um xara, um gozo numa relação sexual? Será que todo mundo não tem um vício, não seria esse momento que sentimos plena fortemente humanos? Será que todos não temos nossos vícios. E somos tão peculiares que temos fontes diferentes de preenchimento nossos desejos? Dai o conheça a ti mesmo.

Linguagem intuitiva

 Quem conhece a linguagem dos pássaros, Quem conhece a linguagem das flores, Quem conhece a linguagem dos rios, Quem conhece a linguagem do ...

Gogh

Gogh