domingo, 30 de junho de 2013

Dá-me calma

Existir,
sob o céu,
sobre a terra,
uma flor desabrocha
e fecunda gera um fruto.
Face da terra, de solo fecundo,
de amor profundo esteja transbordante o meu ser,
que eu aprenda em todas as situações a melhor viver.
Oh, brisa da manhã.
Oh, muito e tudo que pode me ensinar,
me ensina a viver com sabedoria,
acalenta meu coração
sempre que estiver sob pressão.
Que minha alma jubile
sempre que uma semente de fé
germinar em minha alma.
Dá-me calma em existir.

Motivo do existir

Vô José,  costumava repetir ao rememorar fatos que marcaram sua vida. Já idoso, cabelos brancos, sempre vestido casaco por causa do frio da serra. Lembro que falava, dos anos difíceis. Anos de seca. Vô José guardava essas coisas, sabe-lá por que. Contava que em 1915, morava nos Cajás, povoado de Barriguda, hoje Alexandria. Naquela época tinha apenas 13 anos de idade. Diversas vezes saia de lá para ir a Martins, lugar onde nunca faltava frutas, à cavalo para buscar frutas. Montava em sua casa e só se apeava em Martins. No dia seguinte com a carga de frutas montava nos burros e adormecia, acordava muitas vezes quando havia chegado em casa. Sei que naquela época ele já via o serrote da Veneza, os mufumbos e catingueiras do sertão, de certo via animais,
via gente que como ele dorme na eternidade. Sabe-se lá o que falava quem encontrava, o que comia. De certo os animais ficavam suados. Tantas coisas aconteciam nesta longa e monótona viagem. Sabe-se lá em que pensava tio José com uma carga de frutas que possivelmente só duraria uma semana, mas por ser de graça. Sabe-se lá se não tinha a boca com o mel seco da manga. Sem o mínimo de conforto, ele sofria, assim como sofriam os animais.
Meu avó faleceu já faz tanto tempo, os animais também, mas aquela paisagem continua viva, perdida em outros imaginários, com outros sentidos. Todas aquelas paisagens peculiares, sumiram como surgiram no dia em que vovô adormeceu para a eternidade. De certo vovô não se preocupava com o nome das plantas, dos bichos para ele o que importava era a barriga cheia,
o mel da manga e da jaca... Vovô não foi nenhum herói, nem lembrado por nenhuma façanha, mas não deixou de existir e foi por seu esforço que agora existo. Tá explicado a luta do nada.

sábado, 29 de junho de 2013

As flores do jardim

As flores que desabrocham no jardim
Já foram flores silvestres,
já flores menos vistosas.
As flores que desabrocham no jardim,
foram as flores escolhidas por seu aroma,
por sua cor, por sua beleza.

As flores que desabrocham no jardim,
estão ali por um capricho de quem cultiva
a beleza.

Todos almejam a beleza das flores,
mas nem todos sabem ou tem paciência
de cultivá-la.

Cada um faz o que lhe melhor convém,
há aqueles que almejam as flores do jardim
e vai lá e as colhe ser ser dono,
e há aqueles que com paciência,
tem o mais belo jardim,
por que as plantas cultivadas
tem a permanência e o viço de está vivas
e desabrocha a toda manhã
as flores,
mas as flores dali tirada, logo perdem o viço.

Cultive também flores em seu jardim.

Quero

A manhã caiu e como bicho na loca quero ficar aqui quieto no meu lugar. Quero desfrutar do meu calor, do meu cobertor, de minha cama. Quero folhear meus livros, ler Borges, ruminar sobre minha vida...

Eterno revelar

O mundo que se revela me surpreende sempre.
O amanhecer, o vir a ser, o entardecer, o por do sol,
a despontar no nascente da lua, cães a ladrar na rua,
o desabrochar de uma flor perfumada e singela,
a maldade e a bondade humana, a poesia e o poeta.
Borges, Pessoa, Neruda e Drummond habitam minha
cabeceira e povoam minha mente. Anteontem fui apresentado
a Hilda Hilst, pela sua biografia conheci sua grandiosidade
oculta ao meu conhecimento. Pessoa que passou a vida
oculto, haverão tantos ocultos empoeirados
diluídos neste mundo. Outro dia numa parada de ônibus,
descobri um colecionador e construtor de máximas, Fabiano de Melo,
uma pérola gerada no Piauí. No seio do Nordeste,
não sei porque nos surpreende...
Mas tantos outros povoam minha mente, Foucault, Sartre, Nietzsche,  Kafka,
Gogh, Mozart, Schumman,  Holst, Bach.
Quando penso no tempo, que já vejo com profundidade,
vejo que ainda tenho o mesmo anseio por conhecer este mundo,
revelado por tais faróis,
e pelas luzes que me cercam, minha família, meus amigos
e por todos aqueles que amam o que faz e faz com prazer,
que servem a todos e por todos é servido.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Flor da campina

 Flor doce desejo de amor,
A flor que nasce na campina
que é acariciada pela luz
que inunda o vale e o mundo.

A flor que desabrocha perfumada,
que é tão bela e delicada,
que só a luz e a brisa
sabem tocá-la.

A flor no seio de amor,
que nasce na campina,
pela manhã é revelada
e pela brisa tocada.

Quando ti vi na campina,
ai! que doce contemplação,
quando te acariciei com o meu olhar,
quis profundamente te tocar,
sentir seu perfume,
 fui tomado por sua beleza,
senti na alma uma doce leveza,
tudo porque fui a campina,
tudo porque desabrochou naquele dia,
Tudo porque o sol te iluminou,
agora aqui estou,
e você ai está,
sabe lá quando nossas almas
flor, doce flor,

irão novamente se encontrar.

Passagem

A chuva partiu,
por este ano não volta mais.
É mais um ano em minha vida,
é mais um ano que vejo
as águas secarem,
os animais se esconderem
nas sobras da noite
ou no refúgio de uma loca.
As árvores amarelam
e perdem suas folhas,
as jitiranas e as chananas
estão florindo, parece
adorar o sol escaldante
que tudo espanta do sertão,
os avoetes voam, vão embora
sabe lá para onde.
Aqui, posso ver o espetáculo
da natureza se resguardar
o cumaru florido
perfumando árida paisagem
que está surgindo.
Meu corpo
e minha alma
já perceberam a natureza
se expressar,
agora uma nova
estação virá,
é o verão.

Aroma

Acendo um incenso,
o fogo que consome
exala o doce aroma
de jasmim.
A fumaça se espalha,
e se vai com uma oração,
emano de meu coração,
alegria, paz e harmonia,
minha mente
desperta de imagens,
doces sensações.
E o aroma,
me faz mais vivo,
mais feliz.

Atônito

Como é profundo o mundo.
Há tanta coisa a se revelar
a meu olhar, meu sentir,
meu cheirar.
A todo instante sou surpreendido,
com uma palavra, uma imagem,
um aroma, um som.
Do nada conheço
alguém que me surpreende,
uma biografia, uma poesia,
uma canção.
Não quero ser uma pessoa engessada,
embora no dobrar dos anos,
o cansaço enrijece minhas ideias,
sou mais cautelosos ao novo.
E sinto que nunca saberei
nunca tocarei na profundidade do mundo,
mas me surpreenderá sempre
o humano.
Ontem, pela primeira vez ouvir falar
sobre Hilda Hist, uma grande poeta,
fiquei atônito, nunca havia
ouvido falar sobre esta grande poeta.

A combinação das palavras
o despertar para o mundo
que se faz cada dia mais
revelado e profundo.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Fria noite de lua


A  noite fria
a lua minguante,
águas do lago ondulante,
o verde das plantas apagado,
tudo que vemos são sombras,
tudo que sentimos
é o frio.
A noite tudo soa vazio,
a noite até a natureza descansa,
o frio das construções,
o frio seco do cerrado,
a lua sem povoado,
só uma metrópole fazia,
mendigos dormindo no frio,
mulheres seminua vendendo
sua honra,
gente dormindo,
grilos cantando,
e a lua no fim da manhã
some à luz do sol.

Ver e ser

O sol que desperta o dia, não é o próprio dia?
A terra que gira sem parar, não é o dia e a noite?
e ambos, dia e noite, não se tratam senão faces opostas da terra?
Esta luz que agora me revela as formas,
as cores, traduzem em mim o que sinto e percebo,
não é a mesma luz que aqueceu
numa manhã qualquer Gogh,
e lhes revelou as cores que o impressionaram
e inspiraram revelar o mundo a sua maneira?
Esta luz que faltou a Borges aos 55 anos,
e a muitos que não enxergam não perde o sentido
que escrevo acima?
Amanhã talvez os meus olhos que agora veem
com deslumbrar o mundo, a manhã,
poderão não abrir e isto um dia acontecerá.
A luz da manhã continuará a vir,
mas, nem sempre estaremos vivos para percebe-la
e aprecia-la.
Sol, dia, terra e ser.
Tudo só parece ter sentido,
no seio do eu.



quarta-feira, 26 de junho de 2013

Chegar

Chegar a qualquer lugar,
a qualquer hora,
seja qual for o tempo,
faça sol ou chuva,
noite ou dia,
nos deixa ansiosos.
Há uma ansiedade
por aquilo que almejamos ver,
aquilo que queremos encontrar.

Chegar a qualquer lugar
é sempre um encontrar
ou reencontrar,
a chegada nos deixa
eufóricos.
É tão emocionante
quanto a partida.

Nem todas são saudosas,
mas as chegadas
sempre proporcionam
o encontro ou reencontro,
é redescobri-se
e descobrir,

Chegar não é o fim,
mas um novo começo.


terça-feira, 25 de junho de 2013

Mistérios infantis

Temos sempre lembranças das visitas à casa de nossos avós. As casas de nossos avós são cheias de mistérios, há tanta coisa oculta a nosso pequeno mundo. Muitos dos objetos e hábitos ali encontrados não absorvidos por nossos pais e a nós é muito estranho. Na casa de vô chiquinha havia um oratório de Santo Antônio, algo meio barroco, sacro. Não sei porque, mas tinha medo daquele altar. Sempre abria para ver o que havia ali dentro, tinha essa liberdade. Todas as vezes que passava na anti-sala eu dava uma olhada, parecia uma pequena igreja. Por que ter uma pequena igreja dentro de casa?
Na sala, havia o quadro de meu pai de quando era jovem e eu não conseguia ver ali meu pai e o quadro de meus avós Chico e Chica. Tinha também várias cadeiras de balanço, mas de cordinha.
Lembro que a voz de meu avó era grossa e a de minha avó arrastada. Bom e quem interessa o tom da voz de meus avós? só para ter mais um lugar para guardar.
Não lembro de nenhum meio de comunicação lá nos meus avós, nem mesmo de um rádio. Tudo ali se contava ou era silêncio.
As noites escuras alumiadas a gás, a carne seca a sal e sol.
O doce do café e da rapadura.
A fumaça solta da lenha no fogão a lenha.
O tempo parado.
O tempo ali não escorria,
pingava.
As vezes mal chegava e já queria voltar.
Tinha muitas plantas que minha avó cultivava e não lembro de ter em minha casa.
Lembro do jasmim do lado do chiqueiro no nordeste, nas beiras das calçadas haviam vincas rosas e brancas, brancas com fauces vermelhas. Havia uma pimenteira do gênero piper, uma romanzeira, louro por todo o terreiro, roseiras e carnaubeiras.
Minha avó tinha uma horta sem faxina.
Tudo era tão orgânico.
O tempo levou meus avós e acabou com tudo.
Restam apenas as vagas memórias acima redigidas.
Mais nada.

Vejo

A terra continua a mesma,
o sol a brilhar alumiando o dia,
após a noite plenilúnea.
as árvores tem seus ramos balançados pelo vento.
Através da janela vejo tudo isto.

Vejo ainda um joão-de-barro
caminhando e forrageando.
O joão-de-barro de penas
telhadas, anda desengonçado,
De lá pra cá, olha desconfiado,
caminha sobre as folhas secas do bambus,
bica aqui, bica ali.
Bica, bica, bica...
Me olha e continua.
Por que não canta?
Eh! João... corre e voa e some.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

São João

Hoje é noite de São João,
as fogueiras já não ardem queimando no chão.
Não tem milho cozido, pamonha, traque ou rojão.

Hoje é noite de São João,
na minha infância esta noite era sagrada,
via todo mundo na estrada, toda a gente animada,
bandeirolas coloridas,
os meninos de havianas ou tyo-tyo
corriam em volta da fogueira.

Estopim aceso, o estou do traque,
e o grito das crianças,
na maior esperança,
de no ano que vem ter mais que 10 traques,
nem sei porque sou machista, mas lá em casa
só eu que era menino ganhava bombinhas,
minhas irmãs não...
mas não tinha problemas,
tinha bolo de milho feito na folha da bananeira,
com cravo e canela,
tinha bolo de ovo.

Tinha alegria!
Enquanto a fogueira se consumia,
havia alegria,
Os crentes subiam para a igreja,
mas hoje todos dormem,
a nossa baixa está vazia,
as vozes que gritavam,
sumiram no mundo,
hoje só restam as vozes da natureza,
mamãe nem faz mais bolos,
acho que papai ainda acende uma fogueira,
era bom irmos para o mato pegar lenha,
Papai cortava galhos da cajaraneira,
mas ai,
só resta a lembrança,
acesa...
nem uma vela em minha mesa.
Nem um viva São João,

nada além de lembranças.

Coisas raras

Nem tudo continuará,
mas se transformará a cada instante.
A manhã torna-se tarde,
a tarde torna-se noite
e a noite manhã.
Nem tudo é um eterno retorno.
A vida é impar, por isso pare
para pensar e senti-la,
sempre tento fazer isto.
Hoje, à tarde sai para caminhar,
e basta parar para ver que nem tudo é belo no mundo,
há um mau cheiro não dei de onde
aqui no setor terminal norte,
ao longo de todo o lago há lixo.
Não sei por que raios e com que intenção
quebraram a grade do dique.
Quando tudo nos desilude,
eis que o crepúsculo é mais pleno,
o vôo da garça leve,
o mergulho do peixe nas águas transparentes,
o desabrochar da ipomoea alba,
o fim do dia,
nem sei quanto tempo terei,
mas quero ver apenas as coisas boas,
já que são tão raras.

domingo, 23 de junho de 2013

Luz

A luz que invade o meu quarto
e revela as cores e as formas
dos meus objetos é a luz
que atravessa minha pupila
e excita o meu cérebro
e me revela tanta coisa
que faz minha memória
se ativar.
É a mesma luz que entrava
pelas frestas da nossa velha janela
de nossa casa de infância,
que atravessava as frestas do telhado.
Luz que se movia no escuro
atravessando as frestas do telhado,
o ronco do carro ou da moto
a luz em movimente,
minha mente em movimento,
o calor do cobertor
o pai nosso e a ave maria,
mamãe e papai,
e os sonhos ainda acordado,
luz que me tornou o que sou,
um ser de paz.

sábado, 22 de junho de 2013

Saudades

Que saudades imensa
me tomou ao acordar.
Saudades do cheiro do café
prontinho na mesa.
Da broa de milho quentinha,
da bolacha dentro do café com leite,
das rizadas da manhã,
do cheiro da chuva
molhando o barro seco,
do grito do peixeiro,
do barulho colorido
de poeira dos caminhões,
dos muitos opas,
do barulho da vassoura
riscando e limpando os terreiros
dos gritos de mamãe.
Saudades, da infância
e quem não tem boas
memórias.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Lua serena, grito de guerra

A lua serena de camarote olhava para a esplanada.
Quanta gente e quanta emoção.
Os espelhos plácidos do planalto estavam escuros
de militares e o som alto do povo ecoava nos ares.
"Brasil, Brasil, Brasil"
Quanta gente colorida, animada.
Gente bonita e pacífica,
E uma passeata decorreu e a noite
linda se passou!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Gira vida

Hoje a manhã caiu tão bela e fria.
O céu azul, o sol tingiu de laranja
tudo que sua luz acariciava.
As maritacas gritam apavoradas,
deve ser fome.
Os jornais tratam dos movimentos,
dos atos de vandalismo.
Aqui no meu quarto
tudo está tão calmo.
De certo sem nossa ação
tudo é calmo e sem vida.
Hoje a manhã caiu bela e fria,
vamos fazer a vida girar
agora!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Um Brasil melhor para todos

Entre os meus sonhos muitas vezes me desperto
e não sei de certo, se sonho acordado, ou desperto do além.
Me agrada os crepúsculo tanto o primeiro quanto o segundo
ver a largura do mundo,
também me agrada a lua cheia, pois vejo a profundidade do céu
e a grandeza do espaço, traço raios entre as estrelas,
formo imagens geométricas feitas pelos gregos, egípcios, incas e astecas,
pelos orientais... Sabe-se lá por onde anda tanta sabedoria.
Talvez esteja impressa nos livros ou dispersa na nuvem virtual.

Tenho o costume de me sentir bem ao ler Borges,
ao ouvir Mozart, ao ver Gogh, a comer pizza...

Não se ensina a gostar do que é bom... o que é, é.
Mas há uma força que me leva a fazer o bem, a buscar o melhor para mim.
Há tantas coisas que nunca vivi, só sei ao ler os livros de história...

Mas sábado, estava na rodoviária do plano e ouvi uma manifestação pequena,
senti uma forte emoção...
O grito organizado do povo, emana emoção...
Creio que se unirmos nossas forças,
juntamos nossos gritos, será lindo,
em um grito uníssono.

Um Brasil novo e melhor para todos nós.

Acorda Brasil


Este é o meu país, querido e amado Brasil.
Terra de gente boa, mas também de gente vil.
Brasil de grandes florestas, grandes rios e mares,
de grande diversidade, onde impera a generosidade
de muitos e a ganância dos poucos que estão poder.

Como é triste viver, sem educação, saúde, dignidade e liberdade.
Como é difícil crescer, aqui para vencer, tem que ser herói,
aguentar humilhação, crescer sem condições e muitas vezes
desistir.

Meu Brasil de Caatinga, de Cerrado, de Mata Atlântica,
de Amazônia...
Tu que abraça teu povo...
É hora de começar algo novo.
Vamos a rua gritar,
Tudo pode melhorar,
basta acreditar.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Que há na noite

A lua crescente brilha no negro céu,
nesta noite atropurpúrea e fria,
o verão se despede
logo virá o inverno.
O chão úmido logo se desprenderá em poeira.
Tantas coisas poderão acontecer,
e quem sabe como ocorrerá.
Quem esteve aqui,
e quem estará...
Manhãs frias e secas.
Posso fazer algo ou nada.
Agora é noite de lua crescente.
É quase meia noite,
é quase lúcido silêncio,
as feras dormem e sonham
com seus objetos de desejo,
as mulheres da vida se sujeitam
para ganhar o pão...
Talvez quem sabe olhará a lua,
de certo sentirá o frio,
desta noite de segunda,
desta noite de lua crescente,
de ruas vazias....


Doce esperança

Manhã clara de céu azul,
vento fresco,
e o verde desfazendo,
a estação mudando.
E quando a noite cai,
colorida pelo segundo crepúsculo,
e a noite escura,
estrelada a lua crescente,
e lá se vai junho,
e lá se vai o meio ano.
Felicidade,
abra os nossos corações
de doce esperança.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Belo

Porque o belo me atém
uma manhã, um por do sol,
uma noite enluarada.
Borges, fonte de beleza e sabedoria.
Uma passarada cantando
e a vida acontecendo.

Alegria da manhã

Doces manhãs que me acendem na memória alegria.
O sol brilhando, nuvens se derramando.
Flores desabrochando, a terra umedecendo.
As aves cantando, a chuva ecoando.
A brisa escorrendo, o frio da chuva.

Doces manhãs que acendem na  memória alegria,
manhãs de inverno, manhãs de verão.

E o tempo passa, no inverno chananas e comelinas floridas,
no verão a poeira viaja com o vento.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Entre o tempo a simplicidade e os poetas

Meus avós foram pessoas simples. Ao que sei pessoas de boa índole. Meu amor José, nasceu em 1902, ano que nasceu Drummond. Minha avó Sinhá nasceu em 1912, ano que nasceu Jorge Amado.
Vô José e vó Sinhá mal sabiam ler, viveram suas vidas sem ler ou conhecer Homero.
Cresceram e se tornaram adultos sérios em sua completa escuridão do que seria literatura.
Vó Sinhá sabia, mas teve que largar a escola para se casar e cuidar da casa, dos filhos e das finanças.
Meus avós viveram uma vida pragmática.
Crendo na força do trabalho e na justiça. Não sei como tratavam com sentimentos como ambição, cobiça, inveja... Sei que tinham religião.
A arte que meu avó sabia fazer era cultivar uma roça, ingênuas piadas, breves contos.
Crianças que se tornaram adultos com o tempo, aprendendo com a experiência.
Como seria se vovô tivesse sido culto?
Quem seria eu hoje.
Se meu avó tivesse lido como leu Drummond ou Jorge Amado?
Drummond fez farmácia e Jorge Amado fez direito.
Meus avós fizeram a escola da vida, as mesmas idades,
as mesmas épocas.
Meus avós encrustados num pequeno município, Martins, viveram a vida no sítio,
ouvindo e falando sobre suas vidas pequenas.
Sobrevivendo nesta inútil existência,
deram sopro de vida a minha mãe
e aqui estou, divagando no tempo.

Entender

De certo há aqueles que despertam para a vida ainda cedo.
E mesmo cedo aprende a ler o mundo e a entender profundamente a vida e é feliz.
E há também aqueles que vivem toda a vida sem jamais despertar.
Mas é certo que a todos que vivem
a vontade de viver é a maior de todas as vontades.
Aprendemos, às vezes, tarde que as coisas simples é o que de certa forma nos constitui.
A descoberta do mundo parece ser uma graça
que a alguns surge de graça
e as outras se consome toda a vida reconhecendo a fraqueza e assumindo a ignorância.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Estou

Certas vezes quando estou triste, desiludido
e ouço uma música ou leio um texto me sinto feliz.
E não sei explicar o que me arrebata e me faz feliz.
Só sei que meu peito parece sorrir,
minha alma entra em jubilo,
esqueço o que me afinge
e estou feliz.

Noite

Calma a noite estrelada e fria,
de céu escuro e estrelado.
Silêncio!
Grilos cantando,
Silêncio!
As estrelas piscam,
pulsam sua luz.
A noite oculta as flores.
A noite oculta as cores.
O perfume não esconde,
mas as noites
os seres descansam.
E a noite segue.

Viva

Doce vida,
maravilhosa vida,
antes a dor, a tristeza e todos os turbilhões de sentimento
a morte.
Ver o sol nascer,
a noite cair.
Viver a vida!
Sem preocupação,
logo a vida passa,
logo a vida passa.
Por isso, seja,
enquanto pode.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Medo maior

Hoje, fui a um velório.
Tristeza e dor encerravam naquele recinto.
Aquela capela onde apenas se velam corpos mortos.
Uma capela no cemitério, sim no cemitério onde todos haveremos de habitar pela eternidade.

Não me lembro do nome do cemitério,
mas não importa.

Sei que ali aquele lugar com mais de trinta capelas,
todas estão lotadas, todos os dias.
O corpo que ontem vivia,
hoje é só um corpo.

E sai dali e vi vendedores de flores,
e me dei conta que ontem pessoas sofriam ali,
hoje pessoas sofriam ali,
e amanhã pessoas sofrerão ali.

E quem sou eu neste mundo,
neste tempo?
Havia em mim um medo maior,
um medo real da morte.

Prestar atenção

A rua,
os prédios,
as calçadas,
pessoas indo e vindo.
Pessoas que conheço e desconheço.
As lojas,
os carros,
o dia passando.

As vezes não nos damos conta
de como passa a vida.
Não observamos
o que acontece no mundo,
pois cremos que nosso mundo é maior e mais importante.

Mas, às vezes é preciso que algo aconteça
para que percebamos que a vida  vai além de nosso
cotidiano que há o cotidiano do outro.
Que somos para nós e o outro é o outro.
Que somos o outro para o outro.

As vezes a vida nos abre os olhos,
a vida é capaz de nos surpreender
até mesmo quando imaginamos que isto
não pode ser possível.

Por isso é bom prestar atenção nas coisas.

Soltos ao vento

É de manhã,
doce e ensolarada,
de céu azul.
No jardim
nolinas adultas,
embelezam o céu,
doce cortina verde
pra lá e pra cá.
Como meus pensamentos,
soltos ao vento.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Lembrar de ti

Quantas coisas me lembram de ti,
e nem são grandes coisas,
pequenos gestos, cuidados e carinhos.
Sinto muita falta.
A roupa desbotada,
a luz do sol radiante,
o som da chuva tristonho.
Com quantas coisas na vida
não sei lhe dar, ainda.
E quando cai a manhã
e quando cai a noite,
no auge de minha solidão,
me angustia a vida,
e respiro tristeza...
Quantas coisas me fazem lembrar de ti.
E um dos demorados esquecimentos
não querem adormecer em mim.
Não querem anoitecer ainda.

Recomeçar

É de manhã, mais um dia começa.
Uma nova manhã passa sem pressa.
O sol aparece devagar, após uma
noite fria, após fatos concluídos
é de manhã, após uma noite de amor,
após uma noite de velar,
após uma noite de dor,
é de manhã hora de se conformar,
tudo passa.
É de manhã e  sol brilha,
as aves cantam felizes, talvez.
E nas manhãs a noite se encerra,
e de manhã tudo pode recomeçar,
ou desaparecer.

domingo, 9 de junho de 2013

Morte

Eu, você e a vida,
somos parte do todo,
como o céu,
como o sol,
como a chuva.
como as plantas,
como os animais.

Chegará o dia que seremos
natureza morta.

sábado, 8 de junho de 2013

Íntima

Como uma flor desabrochada,
arrebatou-me o olhar sua beleza.
Roubou toda minha atenção,
e todo o meu tempo te doei,
e feliz vibrei ao beijar-lhes
teus cálidos lábios.
Neste instante meu coração
quase saltou para fora
de tanta alegria.
Sentir o calor e a maciez
de teu abraço.
Estive em teus braços.
E no dia mais esperado,
íntimos fizemos amor.
E hoje, sedes distante de mim,
quão trágica é a dor da separação.
Suave manhã de frescas flores,
faz aflorar a memória
dos beijos, risos e abraços.
Hoje nada mais resta,
senão lembranças
de ti doce flor.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Saúde

Eis que só sentimos a vida, que mais a valorizamos se estamos enfermos.
Quando a garganta foi.
Quando algo nos torna enfermo.
Como crianças clamamos pela saúde.
Se o corpo arde em febre,
tudo perde o valor diante da saúde...
Enfermos queremos antes de tudo,
saúde.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Vagando

A noite que tanto acalenta nosso cansaço.
Estou em alguma parte ou simplesmente
aqui sentado enquanto a noite passa.
Não seio em que pensar, 
ouço Mozart e minha mente ao vento.
Ah, quanta beleza que pode ser gorrada da alma humana.
Quem dera tal sublimidade.
Mas resta-me apenas ouvir, Mozart
e ver Gogh e ler Borges.
E viver sem medo, mas de olho nos limites.

oculto na noite

Cada flor perfumada,
é uma flor encantada.
Quando vou ao lago
quase sempre vou só,
entristece-me ver o lixo,
cada vez mais evidente
entre a borda e a água.
Resistentes ipomoeas
com seu perfume branco,
alegra minha alma,
branca cor de doce flor.
Branca garça esvoaça
a pescar.
E as águas do lago,
horas plácidas,
horas ondulando,
e quando a noite cai,
e apaga o lixo,
o lago fica tão bonito,
e a flor se encanta
noite afora.

terça-feira, 4 de junho de 2013

ócio

As vezes o mundo me afaga, mas continuo distante.
Uma linda manha,
uma linda tarde,
uma noite suave,
o canto das aves,
uma linda florada,
quase nada,
quase nada,
me agrada.
E o tempo passa
e a vida passa e me perco no nada.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Recordar

Na concha do tempo,
Nos giros e sulcos de meu cérebro,
Nas árvores de meus neurônios
O que poderei encontrar?
Vagas lembranças
De minha infância,
Soltas imagens que doces viagens
Ao mundo que há hoje, mas que era desconhecido.
A alegria ao cair da chuva,
Ao ver a água correr,
A babugem crescer,
As flores desabrocharem perfumadas e coloridas.
Quem não tem doces lembranças da infância,
Console, oh, grande Deus.
Console, oh, grande Deus.
Mas nunca é tarde feliz para ser feliz,
A vida passa num triz...
Às vezes ouso buscar na memória,
Ouso retornar no que me dar no tempo
E tento recuperar minha alegria de viver
Como tinha quando chovia
E a chuva fazia tudo ressurgir
Que assim sempre ocorra
Quando tentar sentir minhas memórias

E nada mais.

Maritacas da tarde

Enquanto, a tarde lentamente nublada e fria,
as maritacas cantam lá na paineira.
Linda árvore que dá para um lindo horizonte.
Cadê o sol e o céu azul?
Não apareceram hoje,
só as maritacas vieram
e voaram.
Enquanto permaneço aqui
minha mente voa com as maritacas,
e a tarde passa.

Feliz por virdes

Suave manhã que me abraça,
hoje e sempre vem de graça.
Manhã ensolarada ou nublada,
Sempre vem a minha vida
e enquanto existir, oh doce manhã
vem e preenche a minha vida,
Chegue sempre alegre,
suave e plena.

Linguagem intuitiva

 Quem conhece a linguagem dos pássaros, Quem conhece a linguagem das flores, Quem conhece a linguagem dos rios, Quem conhece a linguagem do ...

Gogh

Gogh