Mamãe como um general, nos tempos de criança sempre acordou cedo, assim como fazia sua mãe e talvez a sua avó. Bem ela acordava depois de papai, lavava a cara e ia para o curral. Tirar o leite. Fizesse chuva ou sol lá ia ela. Papai nunca aprendeu ou fazia o máximo de dificuldade para não aprender a tirar leite. Então era mamãe quem fazia. Então, engraçado como o humor dela variava quando voltava do curral, começava uma gritaria, era um acorda, como soldados ela queria ver todos de pé em seus afazeres, mas as meninas resistiam e ela ficava furiosa e só relaxava depois de tomar o café e começar a varrer o terreiro da frente. Era neste instante que começava seu espírito jornalístico e a todos que passava retenha informações que vinham da cidade ou do sertão. Naquela época era muito fácil, pois todo mundo andava a cavalo ou a pé. Com advento da tecnologia, as motos e carros substituíram os meios de locomoção. Não dar mais para conversar. Então depois de ouvir aquela conversa gritada, ela nos contávamos as novidades, mas nós já sabíamos, mas gostávamos de ouvir ela contar a sua versão, pra confirmar o ouvido. As vezes ficávamos sabendo da morte de alguém assim e o dia já começava triste. Depois apareceu a televisão com os plantões da globo e passamos a saber muitas coisas fora daquele universo, daquele cotidiano. Passamos a conviver com pessoas muito distante, Xuxa, Chacrinha e Cid Moreira. Bem, aquilo era tv, e lá em casa era coisa real, o que acontecia na nossa comunidade, no nosso distrito e em nossa cidade. Pessoas importantes alí eram médico, padre, dentista e comerciante, a polícia era a autoridade; nunca conheci um juiz. E era sob aquela estrutura de sociedade que construía mamãe construiu seu mundo. Sob as ordens severas de seus pais, irmãos mais velho. Aprendera sozinha a criar os filhos, e construiu toda a sua ideia de ordem e ordenava assim seu mundo, com seus soldados amados. Muito carinhosa, mamãe cuidou de nossa educação, achava importante que fossemos a escola, e nunca trazer conversas de fora pra dentro de casa. Então todas as manhãs quando acordava varrer o terreiro era o momento sublime em que ela organizava suas ideias e mantinha a ordem de sua casa, seu reinado.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
quarta-feira, 30 de março de 2011
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