Veio-me a mente a lembranças de minha infância. Lembranças da escola, mas não me lembro da escola como um lugar bom, não sentia prazer em está na escola. Sempre que ao invés do gosto pelo aprender a escola era muito antes uma prisão e via todas atividades como uma obrigação. Por isso os primeiros anos de minha vida escolar nunca fui um exemplo. Muitas vezes tinha vergonha porque não sabia ler, nem escrever, enquanto tinha uma menina Eurides, que já desenhava belas letras e conhecia algumas. Confesso que me achava inferior por isso. Também minha mãe é semianalfabeta funcional, sabe assinar o nome mas não sabia ler, mas apesar disso sabia da importância da escola para o nosso futuro, por isso nunca ficávamos sem ir para a escola um dia sequer, nem mesmo estando doente. Quanto a essa relação dirigiu nossas vidas com punhos de aço. Para minha mãe, em sala de aula a autoridade era do professor(a), por isso qual fossem os fatos, nós éramos sempre os errados. Domar-me não foi muito fácil, confesso que ganhei muitos puxões de orelhas, mas o medo da professora do segundo ano dona Lenita, tinha fama de general inibiu todo meu comportamento. Antes de ir para escola meu ciclo de amizade era muito restrito, foi na escola que pude conhecer os meninos e meninas de outras extremidades de minha pequena Serrinha do Canto, e entrar em contato com pessoas diferentes foi a princípio ruim, pois tive que conter meus modos, mas depois ganhei muitos amigos, meu mundo se ampliou. A escola como estava dizendo não era atraente, não sabia pra que serviam as palavras, no meu povoado sequer tinha placas, como eu iria usar aquelas palavras, em casa nem a bíblia tinha. E as pessoas que tinham ouvia pessoas falarem que a bíblia era ovo que as pessoas chocavam debaixo do braço, enfim não sabia para que serviam as palavras. Gostava da ideia de ter uma mochila, usar farda achava muito legal porque via meus irmãos mais velhos. Então o mais legal na aula era ficar marcando as horas de ir embora, nós crianças éramos muito astuciosas e aprendemos a hora de ir embora pela réstia da luz do sol na parede, era uma hora exata, disso nunca me esqueço. Minha primeira professora era Livani, filha de seu Bonifácio, mãe de Nissinha uma das mais bonitas meninas dali. Era baixinha e tinha voz muito aguda, usava pedagogia militar, coisa que aprendeu com os professores dela e ia replicando, acho que ela evoluiu senão os alunos estão tendo a mesma forma de ensinar, talvez ela tenha se aposentado. A escola Isolada Serrinha do Canto continua lá, acho que o terreno foi doado por uma pessoa de lá. Não sei. Só sei que por falta de recurso a professora dava aula por uma minharia, com certeza dava aula por amor. E eu tive a oportunidade de viver essa realidade que me assombrou por muito tempo. Bicho do mato brabo, pra ser amansado leva muito tempo, mas certo dia fui domado. Nem tudo na vida é perfeito, só sei que foi ali que tive a oportunidade de aprender as letras, as palavras e as frases. Foi a partir da força que fui domado, foi por causa da minha mãe que continuei e aprendi na escola, porque se fosse por minha vontade, seria analfabeto. Acredito na importância da família, da primeira professora e do esforço particular para que possamos ter pessoas que vivam em harmonia e ética. Foi na minha primeira escola que tomei conta da responsabilidade que é preciso na vida inteira.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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