Já na infância, período em que temos maior capacidade de aprender, o mundo é totalmente novo e tudo que percebemos queremos tocar, saborear, olhar, cheirar. Nós realmente usamos todos os sentidos queremos ver o mundo de todas as formas. Temos fome por conhecer queremos descobrir esse mundo de qualquer forma. Então somos atraido pelo colorido, pelo cheiroso entre muitas fontes. No entanto, da mesma forma que nos interessamos por tudo somos estimulado por outra e mais outras coisas. E finalmente acabamos aprendendo toda a parte sensorial e aprendemos a partir de atos que fazemos a perceber as reações do mundo. Se temos fome, aprendemos que se chorar-mos alguém nos alimenta, se tivermos sede aprendemos a mesma coisa. E aos poucos vamos criando um vocabulário o qual conseguimos o necessário para viver, mas vamos crescendo, lindos e cada vez mais esperto, e aprendemos a andar, a falar dentre tantas cosias que aprendemos. Finalmente percebemos que não somos tão especiais, que não podemos ter a atenção dos pais e de todos que nos rodeiam a todo tempo.
Então com um maior vocabulário aprendemos nesse período que somos capazes de viajar no mundo da fantasia. Aprendemos que tem os fortes e os fracos, os bonitos e os feios, os bons e os maus. Então estamos entrando no mundo das abstrações a coisa começa a ficar muito mais complexa. É nessa época que somos apresentados a uma caixa preta que tem vários botões que logo aprendemos que se apertar um botão ela liga como se fosse uma janela, descobrimos vendo os outros usando um tablete preto que se apertamos ali a máquina liga também. Sim Descobrimos a tevê e que coisa maravilhosa tem muitas cores, formas. E aprendemos que eles soltam sons, iguais aos que nossos pais fazem e eles se movimentam. E aprendemos sobre todo aquele mundo e vemos que nossos pais muitas vezes "tem medo de coisas grandes, os monstros e nos ensinam a ter medo, aprendemos que tem pessoas capazes de vencer esses monstros os super-heróis, sim aqueles homens fortes, bonitos, inteligentes que são capazes de tudo. Descobrimos que existem coisas e seres bons e maus.
Nos interiorizamos e queremos ser super-heróis os mais fortes, mais bonitos, mais inteligentes, não nos ensinam que os super-heróis não existem, mas tudo bem iremos descobrir de uma forma ou de outra.
Porque para nós tudo que aprendemos é real, nosso primeiro conhecimento é empirista, adquirido pela prática, e só com o tempo vamos desvendando outras outros conhecimentos ou melhor novas crença com a ampliação de nossa linguagem, então nosso mundo é totalmente nosso, criado por nossa imaginação com base nas nossas próprias avaliações.
Então durante a infância se tivermos alguém que seja capaz de alimentar e ampliar nossas formas de construir o nosso mundo. Introduzindo a essas crianças através dos histórias, podemos levar ao mundo dos livros, mundo dos contos. E a introdução neste mundo pode ser muito importante para o futuro destas pequenas pessoas. Pois se ensinamos que existe um mundo maravilhoso nos livros, certamente a curiosidade dessas crianças vai levá-los a querer decifrar esse mundo e a partir dele essas crianças terão suporte para entender melhor o mundo quando tornarem-se adultos.
Entretanto nem todo mundo consegue brincar com seus filhos, dar-lhes atenção e apresentam seus filhos a caixa preta com movimentos a televisão. Sim esse objeto maravilhoso pensam as mães que agora podem ver seus filhos quietos, e podem ter mais tempo para si, para organizar a casa. Salve a televisão o acalma. Não sabem eles o quanto vai custar caro para elas esse hábito que seu filho desenvolve. Primeiro seus filhos são bombardeados com propagandas, dizendo as verdades do mundo. Vão desejar querer tudo que seu super-herói usa, sandálias com super-poderes, roupas, pulseiras, alienigenas, monstros, super-heróis de plástico. Seu filho vai passar a projetar a felicidade dele no consumo, e só será feliz se puder ter. Além do mais ele vai perceber que as crianças na rua, na escola em todos lugares e vai começar a acreditar que aquilo é essencial para ser igual a todas as outras crianças terão de usar tal objeto, pois é um objeto de inclusão. Não acho que as crianças não devem não ter acesso a tevê, não é isso, acho que deve aprender a ter limites, ter deveres e ter horários. As crianças sabem muitas coisas, mas não tem noção das consequências de seus atos.
São dos adultos quem devem impor limites as suas crianças, responsáveis por sua responsáveis pela educação e por seu bem estar, mas para isso é necessário ser uma pessoa presente na vida da criança e não substituir essa presença por presentes e liberdade para essas crianças fazerem o que querem em troca da ausência. Devemos deixar que a escola cumpra essa função?
Imagine que o adulto não tem tempo para uma leitura, não se dedica está com sua criança e sempre deixar que essa criança faça tudo que vem a mente. Sem uma referência o que pode ser construído da mente de uma criança sem um referencial, sem a presença de alguém que lhe ensine que é certo e o errado, que lhes ensine condutas que lhes permita viver em sociedade. O que pode acontecer?
Então eu lhe digo que as crianças aprendem a sofrer, desde pequeno por não terem essas referências, essa presença, constrói em sua mente afetos aquilo que acredita que lhes faz feliz. E quando não tem elas sofrem por não poderem ter o objetos.
Digo isso porque sofria quando não podia ter certa coisa. No entanto depois passava mudava o pensamentos e tudo acabava, sofria, mas não chegava a morrer. Muitas vezes não estimulamos a capacidade de criação do universo das crianças ou simplesmente damos a eles o que pedem, ou não damos a ele a capacidade de imaginar ter, imaginar ter a coisa, ou simplesmente a partir de objetos podemos pensar estamos com a coisa real, essa seria uma oportunidade de ensinar o valor das coisas.
Lembro que muitas vezes entendia que meus pais não podiam me dar certos brinquedos, que era porque tinha muitos filhos e o dinheiro não sobrava, eles queriam me dar, mas não tinha recursos então e eu simplesmente criava, fazia meus brinquedos, podia parecer feio, mas na minha imaginação aquele objeto lúdico era perfeito e ia imitando os adultos, coisa que mais ensina e que as crianças adoram.
E foi assim que aprendi a fazer, muitas coisas como todas crianças fazem, imitando o que os adultos que se aprendi a fazer muitas coisas. De maneira que vamos assumindo quem somos a partir do que temos. E é dessa forma que nos tornamos e assumimos nosso ser como adultos.
No contexto atual que vivemos em que o capitalismo é hegemonia em que temos tudo ou quase tudo que quisermos ter, basta que para isso tenhamos dinheiro. E vivemos num país rico, porém com má distribuição de renda. Podemos dividir a sociedade em classes com posses e as classes sem posses.
Onde as crianças das famílias com posses, ou seja, capacidade de bancar boas escolas para os filhos, cursos de línguas e viagens, bem como dar-lhes tudo que a criança deseja, além de serem capazes de bancar no necessário para que o filho de torne alguém com o mesmo padrão de vida e são sempre mais beneficiadas.
Enquanto as crianças pobres não têm boas escolas, mas tem tevê em casa, e são pessoas e tem desejos, e tem discernimento do certo e do errado, mas não tem como entender como alguns podem e elas não. Essas crianças muitas delas têm que muito cedo se deparar com a realidade, tem que crescerem antes do tempo. Muitas dessas crianças por falta de esclarecimento tornam-se pais e mães muito cedo. Muitas tem que trabalhar para manterem suas escolas.
Existem crianças que querem, mas não podem ter fantasias, pois até mesmo essas são criticadas pelos adultos da própria família, pelos vizinhos e só vêem todos dizendo o que não pode, nunca dizendo o que elas podem.
Como pode sonhar quem mora na favela? É preciso muita arte, garra, fé e esperança, para não ser água suja e escorrer pelo ralo.
Infelizmente, muitas dessas crianças encontram os caminhos mais fáceis para alcançarem seus objetivos e viverem pelo menos um minuto como reis, viverem a realidade de sua imaginação e muitas crianças entram para o tráfico, para a prostituição.
Mas não são todos que seguem os mesmos caminhos uma das principais causas para a existência destas situações são as ausências de referências, que seriam pessoas que saíram da periferia e conseguiram se introduzir no outro mundo das classes, que é possível, que tudo, é possível quando se acredita.
Mesmo que crescem em meio a violência mas que é possível.
Já está muito longo o texto, pode dar uma paradinha para ir ao banheiro ou tomar um copo d'agua.
Então sei que estou sendo ingênuo com minha visão otimista.
Realmente como ser otimista se moramos na periferia onde as ruas são irregulares, com fezes de cães por toda parte, paredes coberta de musgos, portões enferrujados, portas improvisadas, ruas esburacadas, lixo nas ruas, fedentina, som alto. Acho que muitas vezes esses ambientes são pior que uma selva, onde os animais ficam tentando mostrar que pode mais e compram carrões, sons maneiros, tênis, roupas... e iludem as meninas e engravidam elas e nada acontece. A polícia ali não entra, o estado só está vai ali para cobrar. E as pessoas não colaboram. É essa a visão que me passaram.
Mas não falam que desde que chegamos aqui viemos de longe, passamos fome, que desconhecíamos toda a cultura urbana, viemos em busca de dignidade, e nada encontramos senão dor. Somos contratados por uma ninharia e temos filho como quem tem batata e não educamos porque temos que dar nosso trabalho para as classes de posses para que eles e os filhos deles possam ter tudo. Não quero passar aqui que devemos entrar em conflito não.
Queria que percebesse a disparidade que há entre os humanos que nascem e crescem nestes lugares por não terem condições de dar melhores vidas a seus filhos, ou melhor por desconhecerem o que é uma boa vida.
Por trabalharem para e pagarem tudo direito a um estado e receberem como moeda de troca ruas sujas, escolas pichadas e total desamparo a saúde.
Que podemos esperar dessas crianças?
Diante da realidade que é pregada para elas? E vivendo na mesma cidade, tendo as mesmas idades, mas não podendo ter o que outra criança da mesma idade pode possuir.
As crianças ricas demoram a crescer, enquanto as pobres, reafirmo, tornam-se adulto antes do tempo.
E assim crescemos todos, nos tornamos adulto, acaba-se a fantasia. É quando viramos empregados da classe bastarda ou melhor quando se consegue um emprego.
Quando nos tornamos adultos, nos pregam que todos tem direitos e deveres, mas enquanto poucos tem direitos, muitos só tem deveres.
A ideia de que somos todos iguais perante a lei, só funciona para aquelas crianças e adultos que tiveram todas as oportunidades.
Sim é verdade que todos os mesmo direitos a universidade pública que são as melhores, mas nunca fala o quanto é injusto competir com todos aqueles que tiveram suporte.
E finalmente quando chegamos a conseguir esses direitos, adquirimos bens, carregamos toda uma carga ideológica que mostra que se nós conseguimos foi por nossos méritos. Chegamos a acreditar nessa ideia.
Então se nos tornamos adultos de sucesso. Todos podem se tornar. Será?
Se de cada 10 pessoas que tem nível superior em universidade pública, creio que a uma ou duas dessas pessoas vieram de escola pública.
Isso é que é direito e igualdade?
Todos podem, indagam-no, voce é um exemplo me falam. Como assim? Não sabe quantas frustrações eu tive, fiz vários vestibulares, entrei na universidade ignorando o meu potencial, não acreditava em mim, afinal estudava de domingo a domingo e não tirava as melhores notas, isso me frustrava muito. Achava-me muito burro, enquanto vários alunos tinham ido para festa e tiravam as melhores notas, sabiam falar inglês, tinham computador, viajavam experimentavam.
Eu que não precisava trabalhar, que mas que tinha que tinha que dividir o espaço de um quarto com mais cinco pessoas, fazendo as necessidades em um banheiro coletivo onde não tinha o mínimo de higiene. Que não tinha nenhum suporte psicológico, que a família morava tão longe que o dinheiro e a distância não permitiam ver meus pais e finalmente quando podia ir em casa. Tinha que passar pela vergonha de pedir uma passagem ao prefeito que para segurar um pouco do dinheiro para sobreviver. Não espero que as pessoas passem por isso é humilhante, eu conseguir chegar aqui, mas muitas vezes eu chorei, muitas vezes aquele meu sonho perdeu o brilho, porque tinha que me dar bem ter um bom emprego e não ficar sonhando.
Eu imagino quem tem que estudar e trabalhar qual não é o sacrifício. Meus Deus porque isso.
Realmente a seleção natural existe. Apesar de tantas lutas travadas por igualdades e liberdade entre os povos ao longo de tanto tempo e voltamos sempre ao mesmo ponto.
Eu escapei pela fresta do destino. Certa vez falei e me disseram que não que tenho méritos. Quase perdi meus sonhos isso realmente teria sido trágico.
Enfim, para ser o adulto e poder frequentar a universidade dos sonhos eu tive que renunciar minha parte de minha vida.
E se me perguntarem se valeu a pena. O que esperam que eu diga? Que não!
Por que eu poderia com a mesma idade ser um roceiro, um empregado da prefeitura, mas cá estou, todos podem, pregam.
Sim podemos, mas há um fosso enorme e reafirmo uma luta muito injusta.
E tenho que ouvir tanta coisa e vou envelhecendo nessa ilusão de que por está aqui sou uma pessoa de sucesso.
As vezes quando paro para conversar com meus amigos e ver em que eu contribuí para o melhorar o mundo vejo que não fiz nada.
E vou seguindo a vida como quem crer que está fazendo algo, que sou essencial e como um gato vou lambendo os próprios pelos e acreditando no que me contam.
E vou tecendo uma história que perdi quando sai da infância, vou me reconstruindo, vou pintando o meu mundo, tentando entender esse mundo. Tentando recuperar minha infância, reencontrar nos meus heróis que me abandonaram. Tentando destruir a crença que me fizeram acreditar que as pessoas não tem jeito, o mundo não tem jeito que a vida é efêmera e muitas vezes pelo que vejo nem valeu a pena viver.
O que voces acham agora somos capazes de nos transformar? Ou somos simples fruto do destino. Será que nosso destino já está traçado? Se o destino existe somos capazes de modifica-lo?
Boa reflexão
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