O que estará acontecendo lá em serrinha agora, hoje, esta semana? Quando meu irmão mais velho foi embora de casa, seguiu o mesmo fluxo da maior parte dos nordestinos que ou vinham para São Paulo ou iam para o Rio de Janeiro. Com meu pai e meu irmão não foi diferente, meu pai tanto veio para cá como foi para o Rio. Meu pai saiu de casa aos 17 anos e meu irmão aos 18 anos. O fato é que ele veio para Sampa em busca de emprego. Então aquele lar que sempre vivera unido estava desfeito. Meu irmão ficou ilhado a três dias de ônibus da São Geraldo e a unica forma de sabermos notícias era através de cartas, telefonar custava caro, além do mais em nossa cidade tinha apenas um posto telefônico um telefone para todo o povo. A antiga Telern. Minhas irmãs estudavam na cidade e era muito bom quando elas chegavam com uma carta contando suas notícias. Eram sempre cheia de esperança. Minha mãe tinha dificuldade com as letras. Então a encarregada de escrever era a mais velha, Rosângela ou Meire, que decifrava aquele papel com as notícias. Sentia uma saudade dele, mas ficava feliz, pois ele estava empregado e poderia então ajudar em casa. Sempre que podia ajudava com roupas ou com dinheiro. Depois de ler a carta, mamãe chorava de saudades, nos ficamos ali apreensivos, tristes, mas enfim a vida seguia naquele marasmo e as cartas passaram a ser motivos de alegria, eventos os quais nos davam mais esperança, vontade de mudar, de melhorar de vida, ter mais conforto. O tempo foi melhorando então meu irmão passou a escrever nos fins de semana. Meu irmão ligava e pedia para passarem o recado, para esperar a ligação, as vezes meu pai ia, mas na maior parte das vezes quem ia era mamãe. O tempo passou e foi indo embora um a um, o último a sair de casa fui eu, não vim para São Paulo, fui para Natal fazer faculdade. Então mamãe e papai finalmente ficaram só como começaram a vida de casado. Hoje não se usa mais carta, temos telefone celular. Lá em casa, ambos, mamãe e papai tem celular, mas mesmo assim, passo semana sem ligar, mas minhas irmãs ligam sempre. Que louca condição, hoje tenho objetos e não ligo. Tornou-se banal a comunicação que poderia ser um motivo de união, caiu na banalidade e as vezes esquecemos e nos afastamos da família. O tempo está amornando o nosso sentimento? ou seria a banalização da comunicação? Bem os canais mudaram, pra nós, mas todas as vezes que mamãe liga sinto a mesma emoção de quando recebia aquelas cartas.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
sexta-feira, 1 de abril de 2011
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