Tive consciência aos meus sete anos que morreríamos.
Naquela tarde chorei e mamãe perguntou e não respondi.
Só chorei.
Corri para o quintal onde havia um cajueiro onde dormia as galinhas e chorei.
Chorei vendo os pés de pimenta carregados de pimentas vermelhas,
Chorei quando vi a altura dos coqueiros sinal de senescência.
Sobrevivi com minha mãe e minhas irmãs as secas, as privações, a saudade.
As rochas roladas nas estradas,
A areia trazida pela chuva anterior,
A dor de perder meu avó.
Consciência!
Consciência de minha realidade.
Consciência de uma realidade universal.
E descobri nos livros outras realidades para além da minha.
Aquilo que sei descrever,
E o que fica entalado em minha garganta e em minha alma por não saber expressar.
Aqui estou descarregando emoções.
Aqui estou... na certeza que este momento é efêmero,
De que logo será nada,
Será um vento ao meio dia.
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