terça-feira, 30 de março de 2021

64. Siriri metafísico

 Uma siriri cantou,

Foi o que ouvi,

Cantou lá nas três ruas,

Lá nos pés de castanholas.

Siriri tem muito por aqui,

Tem muito no nordeste,

Lá para as bandas onde nasci,

Tinha muitas

Que ficavam pousadas nos fios de eletricidade.

Depois que a rede chegou,

Abandonaram os ramos dos cajueiros,

Agora só ficam na rede,

Na beira da estrada.

Contemplei muito a siriri enquanto a tarde caia,

Enquanto a vida passava,

Enquanto pensava como um dia sairia dali.

Era um sonho,

Hoje um sonho realizado,

E olhe!

Aqui estou pensando no lá.

Não estou vendo o siriri,

Mas ouvindo ele vocalizar.

Os tempos são outros,

Assim como as responsabilidades e os problemas.

A vida só muda de faces.

Já fui a tantos lugares,

Já morei também em outros lugares,

Vivi tantas coisas

E olhe a conclusão que chego é que são apenas

Acidentes...

Situações acidentais.

Situações acidentais que ocorrem enquanto os dias se passam,

Os meses e os anos...

Quando nos damos conta disso,

Às vezes já é tarde.

Um siriri, minha memória e o agora,

Amarrando um momento,

Que tão logo deixa de ser.

A vida muda de faces.

Não saber qual é a próxima face nos assusta.

Não dá para esperar feito semente pelo melhor momento para nascer.

A vida é contínua...

E continua até o fim.

Eu Rubens sou testemunha disso.

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