sábado, 20 de novembro de 2010

Escuro da noite

O escuro da noite fria,
enche o vazio de meu quarto,
negra noite cela meus olhos,
minha alma se cala,
matuta, vaga.

O silêncio escuro da noite,
posso inspirá-lo e expirá-lo,
divaga minha alma nos sonhos.

No silêncio escuro da noite,
absorve as cores, oculta as formas,
Meu corpo entende a noite,
pois percebo no silêncio da noite,
que sem luz, de que vale a estética.

O silêncio escuro da noite,
desvenda o meu lado oculto,
acende como brasa o meu corpo,

Posso tocar no silêncio da noite,
posso cheirar o silêncio da noite,
me guia,
percebo as formas, as curvas, nuances.
No escuro da noite sinto as formas,
sinto os gostos, os cheiros, e sabores

Meu corpo ignora o escuro da noite,
que corpo quebra o silêncio escuro da noite,
sinto as formas, sinto o gosto, os sabores,

sinto a consistência no escuro,
A noite tem consistência de veludo.

Apague a luz, sinta o escuro invadindo sua alma.
Dois corpos, agora apague a luz,
sinta no escuro da noite o outro,

toque os cabelos, sinta as curvas,
sinta a pele, o cheiro.
Sinta o silêncio da noite,

sinta o corpo, invada o outro e sendo invadido,
doe e receba,
a luz... de que adianta a luz?

Sinta o calor das artérias pulsando,
corpos com carne latejando,
exaurindo suas forças, suando,

corpos se desejando, se consumindo,
na escuro da alcova,

o silêncio da noite vence e domina,
dois corpos se rendem,
se doam ao silêncio escuro da noite,
onde tudo é nada,
onde os instintos falam mais alto,
e a alma se cala,
e contempla a noite.
Quem sabe uma concepção!

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