sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

3. Jasmim

 Oh! 

Jasmim,

Oh, Jasmim,

Tu que enfeitas e incensas um jardim,

Jasmim-manga,

De flores estreladas alvas 

E fauce amarela como gema,

Jasmim quando te vi

Pela primeira vez tive medo de ti,

Pois tuas flores enfeitaram o primeiro defunto que vi,

Teu aroma ficou grudado na minha alma,

Assim como aquela face enrugada,

Fria e morta,

Aquelas mãos cruzadas ao peito,

Aquele corpo de tanto vivido,

Era um corpo que esfriara,

Que a pouco vivera por tantos anos,

Mudando de fases,

Vivendo,

Existindo...

Jasmim tu que enfeitastes e desses a última impressão a um corpo,

Me destes a primeira impressão do fim, a morte...

Meu primeiro grande medo,

Minha consciência...

Despertar para a realidade é árido...

Tuas pétalas macias frágeis e delicadas,

Perfumadas,

Tuas folhas de manga,

Tuas inflorescências cimosas...

Que são agora para mim?

Apocynaceae, Plumeria rubra...

Vida e morte,

Ser e não ser,

Início e fim.

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