terça-feira, 29 de dezembro de 2020

15. Tua voz

 Hoje a saudade apertou o peito,

Senti saudades de ti,

Queria ouvir tua voz,

Falar qualquer coisa boba,

Saber que estavas bem,

Saber como estão se comportando 

Sherlock, o loro, Boris, Belinha e Romeu,

Queria saber se estava nublado ou ensolarado,

Quente ou fresco,

Queria ouvir sua vez,

Hoje queria seu abraço,

Queria que sentasse a mesa,

Mascando seu pão ou tapioca,

Me olhando comer

E rindo com o apetite de Dayane,

Queira te ajudar aguando alguma planta,

Queria ouvir me perguntar se tinha ido a matinha,

Queria comentar sobre a florada dos catolés,

Ou como tem coco no chão,

Queria falar sobre os preás,

Queria elogiar a beleza das palmas,

Das flores de feijão brabo,

Queria dizer que a madrugada ouvi a passarada cantar,

Queira ouvir seu arrastar de chinela,

O som do barulho de ti varrendo o terreiro,

Sabe pai, podia ter dito, mais vezes, que te amo ao longo da vida,

Ter te abraçado,

Mas é isso mesmo,

Tudo que vejo aqui tem um pouco de ti,

Mas sei que as paisagens mudam,

Sei que a chuva para,

A ventania vira brisa,

E tudo que me ocorre são fenômenos intensos da natureza,

E que tudo passará um dia,

Mas a nossa amizade,

Nossa intimidade,

Essa só nós saberemos,

Nossa cumplicidade,

Hoje, só queria ouvir sua voz,

Seria bom se soubesse descrever,

Para mim a mais amada,

Saudades... Saudades....


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