Cada segundo que vivemos,
cada impressão que sentimos,
é única, porque nada do que foi é,
nada do que é foi, nada do que será é.
Cada segundo que vivemos é impar.
Cada odor,
cada cor,
cada sabor,
cada textura,
são únicos,
assim como cada noite é única,
pode ser a última ou a primeira.
Cada coisa que vivemos é nova,
pois acaba de acontecer,
porque é única,
mas nosso cérebro nos engana,
faz-nos crer que o comum
é frequênte.
Nosso cérebro, assim como nossos sentidos,
nos enganam,
nos faz acostumar com o que se repete,
por isso esperamos que sejam
as cores, as mesmas cores sempre,
os cheiros, os mesmos cheiros sempre,
as mesmas texturas, mas será
que a chuva que cai agora é igual a chuva de ontem?
serão as flores da acacia de hoje iguais as da primavera passada?
Será que os nossos erros são repetições,
e os nossos acertos nossas perfeições?
Será que tudo na vida é igual?
Erramos ou acertamos sempre?
A beleza da vida
não está no agora?
Tempos a impressão quando tudo acontece,
está acontecendo igual,
acreditamos realmente nisso?
ou nos enganamos cada dia?
Gostamos das coisas boas,
que estas sejam sempre iguais, boas.
Mas que graça teria a vida?
Se tudo seguisse sempre o mesmo curso.
Temos sempre impressões diferentes,
mas acreditamos ser iguais,
e desprezamos muitas vezes o viver,
o ser.
O tempo passa,
se enrosca em sua concha,
se encrosta,
e nós nos confundimos,
nos iludimos,
e acabamos
desaparecendo,
feito fumaça no espaço.
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