desde o fim de novembro,
chovem,
chuvas torrenciais.
as quatro horas o sol ainda reina no céu,
e aos poucos vai-se fazendo o véu,
uma cortina escura,
apaga o sol,
de repente,
a cortina se desfaz em água,
pura e límpida água,
do bafo quente das ruas,
gotas evaporam,
se unem e se escorrem,
caminho abaixo,
lavando as ruas,
levando as pétalas,
e continua o mormaço,
calor a noite toda,
ainda bem que os mosquitos não aparecem,
e as ruas ficam limpas,
a magnolia perfumada pra mim,
bem perto também o jasmim,
jasmim não Plumeira alba,
enfeita a rua de brancas pétalas,
com fauce amarela.
Sim essas chuvas torrenciais,
atrapalham os namorados,
os esportistas,
mas a mim não,
mesmo que banhe,
aliás tem coisa melhor que banho de chuva,
quando morava em casa de papai,
não perdia uma chuva,
a menos que relampejasse e trofejasse,
caiu eu, rose, lidi e rosa,
na chuva, enchendo os potes,
os tanques,
depois de tudo cheio,
dos lábios roxos,
mamãe nos ensaboava,
e terminava o banho,
nos envolvia na toalha,
nos secava,
e chamava todo mundo pra cozinha,
pra comer cherém.
Era a coisa mais gostosa.
Essas chuvas torrenciais,
evocam minhas memórias mais sutis,
memórias boas.
coisa de verão,
coisa de estação
coisas de fim de ano.
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