domingo, 10 de janeiro de 2021

8. Plantas

 Quando nasce o dia,

Após a noite chovida,

Como canta a passarada,

Canta o fura-barreira,

O cabeça-vermelho,

O sanhaçu,

Longe canta a sapaiada,

Em casa o cheiro da terra molhada,

Se mistura com o cheiro de café com cuzcuz,

Enquanto badala na estrada o chocalho das vacas,

Eh! boi, aboia Loló de João Corme,

Vavá grita Diniz,

E só se ouve o chiado da vaçoura de Diassis...

Passa Josimar, 

Passa Bunina,

E depois Teta com o leite tirado dos Joanas,

Então Papai, Chico Raimundo, bate o enxadeco,

Deixa a bacia cheia de milho e outra de feijão e o outra de fava,

A terra molhada,

A tanajurada voando para o céu perdidas,

E os pássaros enchendo o papo,

Então segue para o roçado,

Na frente vai o pouco gado,

Papai, Rosângela, Meire e eu, Rubens...

Papai cava as carreiras tortas na terra escura do ano passado queimada,

Se mistura o cheiro do verão e da chuva do inverno,

Que doce aroma,

Dog longe late,

Se vê Zé de Geremias trabalhar nas terras de Dudé,

E as carreiras tortas papai vai abrindo,

Se ouve o pic-pic do enxadeco na pedra da terra,

E eu vou ensamiado fava, Rosangela plantando milho,

Se ouve o ronco da sapaiada,

E no céu canta o gavião,

O sol aparece entre a chuva,

Casamento de viúva dizia vô José...

O tanque encheu de água,

Plantamos mais que legumes,

Plantamos esperança,

Esperamos por bonança,

Desta terra tanto arada...

E no fim da manhã a terra plantada,

A gente volta pra casa de pés enlameados,

Felizes por terminar mais uma planta.

Agora é com a natureza.

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