Ainda era criança e acordava bem cedinho.
Era preciso buscar água para abastecer a nossa casa.
No máximo buscava quatro cargas, mas apenas três era suficiente.
A quarta era para o gado bebe.
Papai era sempre generoso, acordava, pegava o burro, colocava a cangalha e as ancoretas.
Lá ia eu montado no jumento no meio das ancoretas.
Quando dava sorte, tínhamos água no riacho de Zezin de Tica até dezembro.
Ia pra cachoeira enquanto o sol nascia.
Na quebrada a catinga cinza era tudo que via,
Tinham os granitos e gnaise.
Naquela terra vermelha o caminho ficava empoeirado,
A poeira se misturava com a merda dos animais
Dando o odor de paú.
Era sempre cansativa esta atividade.
Via o mundo sem muito compreender,
A caatinga, o barro vermelho, as rochas, as serras.
Um horizonte ondulado.
Um sítio de cajueiro com seus lindos catolés.
Feliz enquanto tinha essa paisagem senão,
Tínhamos que ir buscar água no Alive.
E ano todo minha luta era o problema da água.
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