domingo, 10 de outubro de 2010

Noites

Quando era pequeno na época que morava com meus pais, antes de ir para a escora, acho que tinha uns cinco ou seis anos. O mundo era tão grande, belo e gostoso. Passava o dia a brincar em casa ou com os meninos mais jovens da vizinhança. Naquele tempo no pequeno povoando onde moravamos não tinha eletricidade, tudo era simples. As noites era alumiadas por lamparina. Quase todas as noites saiamos para a casa dos vizinhos. As famosas boca de noite onde ouvíamos aquelas estórias interessantes. Uma das casas que meus pais gostavam de ir era na casa de seu Chico Franco. A casa de seu Chico era junto com a casa da sua filha Dezu. Seu Chico era um senhor cheio de conversas, um dos velhos que eu primeiro conheci. Ele era casado com dona Maria uma senhora de voz calma, pausada as vezes arrastada. Creio que com o tempo os hábitos do marido impregna na mulher, porque a voz dela era pausada como a do marido. Enfim gostava da casa de seu por causa das estórias. Ele da época antiga ficava sentado numa rede ficava sentado como quem anda a cavalo. Sempre saia um cafezinho eu era viciado em café. Ficava olhando sempre pra porta achava interessante aquela porta, uma porta grande, no interior as portas eram divididas em duas partes sendo que a de baixo ficava fechada e a de cima aberta para o vento entrar ou a luz, mas enfim gostava da porta porque era riscada de forma geométrica a formar vários quadrados. Ficava olhando aquilo e formando imagens. A noite lá iamos nós meu pai, minha mãe e minhas três irmãs, meu irmão mais velho já começava a sair sozinho, eu morria de medo do escuro, fazer bocas de noites. Bem nós também recebíamos boca de noite, principalmente de Heleno casado com Maria minha prima, mas confesso que papai gostava mesmo era de sair de casa. Ah bem como não tinha luz ficamos fitando a luz da lamparina, um objeto de flande onde coloca-se querosene com um pavio de algodão, que ao queimar formava uma luz amarela e solta uma fumaça preta. Bem morava com seu Chico o filho mais novo Jesiel, vulgo Geso, baixo usava barba, um torcedor louco pelo flamengo. Bem certo dia Jeso comprou uma bateria de carro e instalou um conjunto de luz incandescente, luzes pequenas umas quatro ou cinco. Confesso que nunca tinha visto tal objeto e tal luz maravilhosa que clareava mais que dez lamparinas, fiquei encantado, maravilhado com aquilo. Vou abrir um parênteses, bem lá em casa tinha sim uma lâmpada a gás, era um objeto muito valioso, pois ilumiava muito. Mas aquelas lâmpadas me encantava, dai quase toda noite pedia pra ir lá pra seu Chico. Ouvia as histórias quando voltava pra casa voltava no tuntun de papai, antes de dormir mamãe cobria agente e me sentia seguro, feliz cheio daquelas conversas.

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