Ainda me lembro, ouvir papai carinhosamente me chamar dizendo que o burro já estava arriado, era hora de buscar água. Era um gesto de muito carinho, pois ele acordava mais cedo ia até o paieiro e trazia o animal arriava e me chamava, enquanto fazia o fogo. Vinha chamava baixinho pra não acordar as menina. O sol já despontava no nascente, mas o sono como era intenso. Nem era tão cedo, mas esta frio. Levantava, escovava os dentes, vestia uma blusa, montava no burro e segui para a gruta de Zezin, pelo menos nos primeiros meses do verão, mas se o verão se estendia tinham que ir buscar água bem mais longe, no açude do Alívio, uns 4 km, pobre dos animais que levavam aquela carga pesada no espinhaço. Tinham aqueles que tinham burro e as vezes voltava montado, mas quem tinha jegue não podia fazer essa proeza. Pobre dos jegues, mesmo magro, com pouco pra comer viva a carregar peso na casa, água, lenha e forrage. Naquele tempo o jeque era muito importante era o transporte da casa. Vou na casa de fulano, vai de jegue. Haviam aqueles que viam de longe, lá do sertão, punha dois caixotes, com peixe salgado para vender e comprar uma feirinha da semana, os pescadores e vinham de jegue. Papai quando era pequeno adiquiriu dois jegues o primeiro era preto, forte e sadio. Parece que os jeques pretos são mais fortes que os marrons, mas esse ficou velho então papai adquiriu um cinza, marrom e tinha a orelha corta, não era Gogh, mas tinha a orelha cortada, não sei por que, maldade de ocioso ou as vezes pra identificar posse. Aquele jegue da orelha cortada era muito engraçado, pois quando bebia água ficava com a língua de fora, mordia e dava coice se visse que a pessoa tava com medo ele muchava as orelhas e mordia. Depois papai foi a Pau dos Ferros e comprou um burro manso e bom de carga, mais eficiente que o jeque, então ele vendeu os jegues. O fato é que vi sempre o dia despontar no horizonte, buscando água. Achava preguiçoso quem não acordasse cedo, ficava muito feliz quando era o primeiro a chegar na fonte, ser o primeiro a terminar de por água. Depois da primeira carga tomava o café. Nosso café era rústico, dia era pão de milho como nata, tapioca com nata, broa de milho, ou broa de ovos e café com leite. E vamos lá. Vai ver mais uma que ainda precisa. Lá em casa três cargas eram suficientes, todo dia. Aprendi a importância de viver o dia, trabalhar, pois sem trabalho, sem comida e sem banho. Obrigações de criança é importante pra disciplina. Uma vida feliz.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Bati-bravo Ouratea
Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...
-
As cinzas As cinzas da fogueira de são joão, abrigam calor e brasas, cinzas das chamas que alegram a noite passada. cinzas de uma fogueira f...
-
Hoje quando voltava do Bandeco vinha eu perido em meus pensamentos, meu olhar vagando nas paisagens. Quando num instante ouvi um canto, era ...
-
E no fim? A luta cotidiana, A sobrevivência, O amor... Viver. Ver. Ser e existir. No fim resta o ser. O existir é encerrado numa urna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário