segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Carrinho azul

Meus carrinhos minhas balas.

Quando criança os doces são mais doces e os brinquedos coisas preciosas. Adorava quando chegava dos dias de sábados, pois papai sempre ia a cidade na feira comprar açúcar, café em grãos, sabão, querosene, carne e balas. Ah aquelas balas que vinham num papel de embrulho daqueles que o marceneiro enrolava tudo, não exista as sacolas plásticas lá em nós. Ele sempre ia de bicicleta, uma bicicleta barra circular vermelha linda, velha mais linda, tinha uns decaltes muito bonita. Confesso que naquela época a bicicleta mais bonita que achava era a de Dadá do parieiro,pois tinha a pintura perfeita, rosa-prateada era uma 77. Bem mas a nossa bicicleta era melhor, porque era nossa, tinha a bicicleta do meu irmão uma 80 eu acho era uma barra cicular verde todas monark, porque as caloi essas não prestavam pra nada quebravam o bagageiro e as coisa, eram mais bonitas, mas não prestavam. A única caloi que vi que prestou foi uma que papai comprou pra Berg meu irmão primogenito, era uma monareta azul com lameiras brancas que tinha uma dobra no meio, essa era linda e boa niguém em toda a cidade tinha uma igual, como disse veio de São Paulo era tão boa que foi passando de irmão para irmão, ensinou nós cinco a andar de bicicleta. Bem naquela época a grana era muito curta, papai tinha algumas coisas a mais porque ele era muito inteligente e avançado, sempre foi assim saiu de casa pra São Paulo tinha só 17 anos, sequer tinha um sapato, passou 29 dias num pau de arara em busca da cidade de São Paulo, chegando cá foi servente de pedreiro e aprendeu a profissão de carpinteiro. Era boemio quando chegava em Serrinha ele sim tinha bons amigos. As vezes acho que ele já sabia que estamos na vida só de viagem, pois o máximo que passava em um emprego era três meses, quando começavam a gritar com e ele não aguentava por ser bocudo, respondia e era demitido, achava que a grana que ganhava de desemprego maior grana e ai tinha um mês de férias até arrumar outro emprego. Bem meu tio Aldo era casado com minha tia Nevinha e quando certa vez papai foi a Serrinha conheceu mamãe namoraram e se casaram, mamãe era muito bonita. É dez anos mais nova que papai. Mamãe quem cuidava de nós quando papai viajava e tio Alda dava o apoio o fato que mamãe era uma Penélope, mulher de Ulisses da iliada, aguentava o tranco só com nos um monte de meninos dentro de casa cinco, fazia tudo com a ajuda de Cizinha minha prima filha de tio Aldo. Enfim papai chegava da feira e distribuía as balas, nos ficavamos numa alegria danada. Meu pai era meu heroí o mais forte dos homens e as vezes me fazia surpresas. Um dia ele chegou acho que já era mais de meio dia e me trouxe um carrinho lindo, um caminhão modelo mercedes sendo a cabine amarela, e o resto branco, um caminhão de bojões, fiquei muito feliz naquela tarde, meu carrinho e mais balas. Que surpresa linda e doce. Bem mas meu vizinho tinha um carrinho de cavalos, pedi pro me pai um carrinho de cavalos e ele um dia não é que trouxe um carrinho também mercedes, acho que meu pai tinha gosto por mercedes, mas não era daqueles mercedes cabine redonda não quem disse era daqueles mercedes geométrico alemão. O carrinho tinha bulea azul e grades brancas e era mercedes não caminhão da fiat, tinha três cavalos um branco e dois pretos. Nossa aquele carrinho era lindo tinha detalhes na roda. Eu não brincava com esses carrinhos porque tinha medo que eles estragassem, preferia fazer meus carros de lata de sardinha. Quando era inverno fazia imenso currais com pedaços de paus, com pontas, como o solo era mole dava para enterrar batendo com uma pedra. Sim na minha casa tinha um grande coqueiro na cozinha e três do lado da casa velha. na frente da cozinha tinha uma fachina e muitos pés de pinheira, no inverno crescia pés de bucha que eu usava os frutos para servir de vaca. Era fácil fazer, bastava pegar quatro paus e furar num lado da bucha ela fica em pé uma vaga gorda e bonita, verde mas você sabe mente de criança o importante é que ficava de pé como um quadrúpede e ficava ali brincando de vaca a tarde toda, mas meus carrinhos ficavam guardados esperando um dia especial pra brincar, tinha que cuidar bem deles né não sabia quando ia ganhar outro. Certo dia das crianças mamãe me deu um trator vermelho igualzinho o de Nelson de Bia, eu achava que ele era muito rico, pois tinha uma caminhonete D10 creme e um trator que servia pra arar a terra e com a carroceria pra carregar coisas. Esse trator era lindo, vernelho de carroceria azul. Que coisa boa ser criança, tudo é alegria, tudo é grande, doce, tudo é cheio de alegria.

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