terça-feira, 12 de outubro de 2010

Doque

Ainda me lembro como se fosse ontem o dia em que mamãe foi pegar dogue nosso cacho que viveu mais de 14 anos. Lá em casa já tinhamos lião que era um cachorro vermelho muito bom, um excelente caçador, mas minhas lembranças de lião são muito vagas. Só lembro que ele tinha uma cicatriz grande na coxa de uma água quente que papai descartara a noite e sem ver queimou leao, mas meu pais sempre curava infecções nos animais com óleo queimado da forrageira, parece que era bom mesmo. Bem meu irmão sai com lião e nunca voltava sem um ou dois preás no fim da tarde. Naquele tinha prear pra dar com pau, bastava ir perto do cajueiro da porca que já pegava quantos quisesse, era fácil pegar, papai sempre que limpava o sítio formava aquelas coivaras onde os preas usavam pra se abrigar, bastava sacudir um pra lá sair um prear, meu irmão mexia o prear corria e lião pegava. Eita cachorro bom. Mas chegou dogue eu era pequeno ainda estava na primeira serie, tinha chegado da escola e aquele cachorrinho grunia debaixo da mesa, mamãe já tinha colocado uma tijela de leita pra ver se ele se calava, não adiantou aquele cachorrinho banco passou a noite chorando por causa da mãe dele. Fomos dormir com o coração partido com pena do bichinho. Eu tinha o coração mole não gostava de ver animal chorar, se alguém soltava um gato novo lá perto de casa e eu ouvisse o eles chorando ia dormir quase chorando, ou se ouvia os pintinhos que nasciam antecipado da ninhada piando dava uma dor no coração. Dava pena. Nunca gostei de ouvir nada chorando, bicho ou gente, pois dar uma agonia. Bem no outro dia já foi diferente dogue não chorou, foi se acostumando, era um safadinho brincalhão, pegávamos um pedaço de cordão dos punhos velhos de alguma rede e ficávamos brincando com ele enganando, fingindo que era uma presa era o que eu pensava, mas que nada filhotes adoram brincar. Então ele foi crescendo, e cresceu um lindo cão branco. Excelente caçador, pegava o que aparecesse preá, teju e até raposa. Era um cão querido pois espantava os bichos que vinham atentar os terreiros nossos e da vizinhança, desde que ele chegou lá em casa nunca mais raposa ou tejo atentou comeu ovos ou galinha do terreiro. No começo dogue era filhote começou a comer ovos, mas papai tem uma técnica infalível por pimenta num ovo, o cão come desgosta e nunca mais come. Dogue sempre acompanhava papai quando ia para a roça, quando ia para a casa de meus tios, meus avos, era o companheiro. Gostava muito de sua companhia, pois me seguia quando ia buscar o gado no cercado já chegamos a pegar um tejo nessas viagens. Ele era obediente não ia conosco para a escola, bastava mandar ele voltar, acho que ele sabia que iamos para a escola, lugar de cão não é na escola, mas se fosse buscar água na grota ele ia junto, me senti mais seguro. As vezes tinha uns cachorros que implicava com ele o cachorro de zé de julho, aprendi que quando eu ficava extrumando ele o cão do zé perdia a corragem. Isso era bom. Ele não brigava com os cães vizinhos se cheiravam, mas não brigavam. Bem ele viveu conosco por muito tempo, lá em casa tem uma foto vou resgatar essa foto. Que saudades! Ele era onívoro. Nós não tinhas muito recurso portanto ele sempre comia feijão com farinha e arroz, ficava só com os ossos. Não era egoísta cedia a caça que pegava e ficava com os ossos tadinho, mas tínhamos muito amor por ele. Ele comia frutos, adorava pinha. Nos dias de vacina eu sempre ia vaciná-lo, rolava um stress eu procurava ir cedo pra não ver cão enredando ele. Ele ficou bem velhinho faleceu acho que em 1993, morreu no cajueiro das castanhas grandes. Papai e todo mundo lá de casa ficou muito triste com sua partida. Desde então nunca mais lá em casa teve um cão com vida tão longa. Aquele parece que foi o nosso último cão em família. Hoje todos moramos longe só resta saudades e lembranças de nosso amado cão doque.

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