Tempo luz,
O tempo que passa,
que cruza a praça,
desgasta a tinta da catredal.
O tempo que passa,
que passa de graça.
desbota a pele, enruga a face,
e faz de fases nossas vidas.
Cada coisa esquecida,
boas ou ruíns,
apagam da alma o gosto do viver.
Marca o tempo marca,
na dor, na pele, na paz, na guerra ou em qualquer lugar,
não dar para esperar,
a vida é uma viagem,
os trilhos são cromos.
E nos só mortais...
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
domingo, 31 de outubro de 2010
Aniversário
O tempo passa.
Dentro de poucos minutos outubro passou e já não poderei dizer que tenho 30 anos e sim 31 anos. É foram 31 vezes que os outubros passaram pra mim. Antes de dormir terei fechado mais um ciclo na minha vida e a menos de meia hora completarei mais um ano. Menos de meia hora é só o que falta. Quantas meias horas não perdi no ano pensando em vão. Se somada o que poderia fazer com esse tempo? O fato é que passa, sim se estivesse parado ou se tivesse viajado o mundo teria passado. Não adianta, não congelamos o tempo. O tempo nos molda, tudo nos ensina, pois este nos consome. A partir de um certo tempo passamos a sermos mais realistas. Perdemos a magia da vida. É quebrado o encando do viver e se não formos fortes podemos vir a sucumbir mais depressa. Ainda ontem mamãe me beijava desejando feliz aniversário. Cada aniversário é um dia de reflexão. Não é um dia feliz. É um dia de reflexão. Pulsa na tela o curso como num relógio segundo a secundo cobrando letras, palavras, frases. Não posso fazer para de piscar. A menos que escreva. Não posso para de pulsar minha vida a menos que a escreva, se o fizer pelo menos não terei peso na conciência que o tempo não para.
Dentro de poucos minutos outubro passou e já não poderei dizer que tenho 30 anos e sim 31 anos. É foram 31 vezes que os outubros passaram pra mim. Antes de dormir terei fechado mais um ciclo na minha vida e a menos de meia hora completarei mais um ano. Menos de meia hora é só o que falta. Quantas meias horas não perdi no ano pensando em vão. Se somada o que poderia fazer com esse tempo? O fato é que passa, sim se estivesse parado ou se tivesse viajado o mundo teria passado. Não adianta, não congelamos o tempo. O tempo nos molda, tudo nos ensina, pois este nos consome. A partir de um certo tempo passamos a sermos mais realistas. Perdemos a magia da vida. É quebrado o encando do viver e se não formos fortes podemos vir a sucumbir mais depressa. Ainda ontem mamãe me beijava desejando feliz aniversário. Cada aniversário é um dia de reflexão. Não é um dia feliz. É um dia de reflexão. Pulsa na tela o curso como num relógio segundo a secundo cobrando letras, palavras, frases. Não posso fazer para de piscar. A menos que escreva. Não posso para de pulsar minha vida a menos que a escreva, se o fizer pelo menos não terei peso na conciência que o tempo não para.
A presidente
Hoje foi um dia muito especial, daqueles que não se tem todos os dias. Acordei mais tarde como faço todo fim de semana, tomei um bom café. Bem depois fui pra casa de meu irmão. O dia estava claro, as ruas vazias. Hoje foi dia de plebiscito para decidir quem será o próximo presidente da república. Os candidatos que estão concorrendo são Dilma e Serra. Estava torcendo pela Dilma. Bem cheguei na casa dele que não estava em casa. Pouco tempo depois ele chegou conversamos um pouco, em seguida fomos ao mercado. Cruzamos as ruas conversando sobre negócios, economia e vários assuntos. Cruzamos a feira e fomos no mercado, compramos as coisas e voltamos pra casa. Ficamos conversando. Subimos fomos para a área de cima onde tem uma paisagem muito urbana. Aquelas ruas tordas, irregulares, com subidas e descidas. Paisagem de periferia. Depois descemos e ficamos conversando até o almoço sair. Almoçamos, depois ele e a esposa foram justificar o voto então fui com minhas irmãs, meus sobrinhos, minha namorada e meu cunhado para o shop. Foi muito bom ir com os sobrinhos para o shop, me diverti muito. Briquei de várias coisas, tiramos muitas fotos. Quando saimos do shoping passamos numa pizzaria e então lembrei. Quem ganhou o pleito. Logo que liguei o rádio em pouco tempo foi anunciado o resultado. Temos a primeira presidente mulher do Brasil. Fiquei muito feliz com esse resultado. Essa campanha foi realmente muito longa e desgastante com muitas mentiras, muitas acusações até algumas baixarias, mas a mulher ganhou. Eis que foi um exceente dia.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Worry
É difícil pensar quando se está preocupado com algo. Não se consegue raciocinar. Tudo em minha mente está embrulhando, num verdadeiro caos. Atormenta-me ter coisas pra fazer sem saber como fazer. Ah, quantas coisas para fazer e pouco tempo para executar. Fico me debatendo imaginando o que farei primeiro. Não consigo prender a atenção a nada. Tudo me incomoda, a luz do sol que pela janela, o computador aquecido, a cadeira que sento até meus vagos pensamentos. Fico estático tentado pensar, concentrar-me e nada. As frases não se agregam e não saem. Nenhuma ideia ou texto fluem. Cada instante perdido me apavora. Algo poderia me ajudar? O que fazer? Não sei dançar um tango argentino. Quem sabe o sabiá que canta lá fora não saiba? Vive sempre feliz da vida a cantar, comer, reproduzir e criar seus filhos. Vida dura de sabiá ter que sair em busca de comida no mundo que conhece, sem pedir ou roubar é dono de tudo que ver. Não sabe de seu futuro ou passado, talvez não interesse o que importa é o instante presente, por isso canta. Trabalha para um pouco e canta. Não se preocupa como vai achar comida, talvez saiba, sabe que na vida tudo é incerto, porque não me apego a isso? Não se preocupa com o amanhã. Canta lá fora, nada o incomoda. É dia de sol. Está a cantar. Eu fico aqui preso em meus pensamentos, com meus receios, minhas preocupações. Será que um dia isso vai mudar? Quem me dera ser um sabiá. Mas não vou continuar tentando matutar.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Rotina
Acordei, mecanicamente quando o celular despertou exatamente as cinco horas e quarenta minutos. Fui a cozinha e comi uma banana e um pedaço de mamão. Fui ao banheiro e Escovei os dentes. Pus uma blusa, peguei minhas coisas, minha bicicleta. Tive uma grande alegria quando liguei o rádio no exato momento que Heródoto anunciava que os ministros do STJ tinha impugnado a campanha de Jader Barbalho. Quando ouvir aquilo sai sorrindo por dentro e por fora rindo, muito feliz pensando esse país ainda tem jeito. Um político que para não ser cassado renunciou ao mandato. Mesmo depois destes fatos ainda foi eleito por dois mandatos. Agora está fora do jogo, imagina um político que desviou dinheiro do Sudam. Teve o que merecia muito tarde. De resto fui pra universidade. Quando cheguei lá li o que queria ler e depois fui para o herbário separa as plantas que tinha que descrever. Terminei já era mais de quatro horas. Então vim pra casa. O sol brilhava forte ainda. Cheguei em casa tomei água, troquei de roupas e fui pedalar. Exatamente quando passava em frente ao convento o sinos dobravam indicando que eram seis horas. Então na praça dos cocos fiz minha atividade física e vim pra casa. Jantei tomei banho. Fiquei lendo até as 10h. Agora estou aqui vendo o que fiz no dia. Recapitulando. Estou cansado e com sono. As vezes queria uma outra rotina, sou muito apegado a rotinas, mas abuso delas. Queria fazer algo diferente. A vida é boa, mas as vezes fica muito morgada.
Boa noite
ocaso na tarde.
O silêncio da tarde,
Calma a tarde se entrega a noite,
ninguém vê-la partir,
nem a noite chegar.
Hora do ocaso,
onde a luz do sol,
vai-se sumindo,
sumindo,
o sol já partiu,
mas sua luz se vai.
Sua luz se vai,
trazendo o silêncio da natureza
que recatada se absorve.
A luz parada,
árvores paradas....
chega a noite.
O cheiro simples de sabonte.
Quando era pequeno não havia muita frescura pra tomar banho lá em casa. Não nosso banheiro não tinha chuveiro elétrico, aliás não tinha sequer chuveiro. Tinha sim um tanque grande que cabia três cargas d'águas. Todo dia gastava-se duas cargas d'água com banho lá em casa. A porta do banheiro era uma porta velha com furos era preciso usar a toalha pra fechar os buracos, imagina que tinha casas que os banheiros não tinha sequer porta, usava-se uma cortina. Mas lá em casa papai faz uma porta velha de madeira de umburana, vez por outra pai usava um lata de óleo espichada pra tapar os buracos. Bem pra tomar banho usava-se sabão pra lavar e sabonete pra enxaguar, tinha um sabonete, mas não se lavava a cabeça todo dia que era pra render. Era um sabonete para a semana pra todo mundo. Ah era toalha única pra todos. E todo mundo só tomava banho no fim do dia, a não ser que fosse pra escola. Adorava o cheiro dos sabonete um cheiro singelo, gostoso, desconhecia cheiros artificiais. Quando era pequeno não curtia muito banho porque sempre que ia lavar o rosto caia espuma nos olhos e haja ardência, não era como hoje que tem tudo da Jhosnon sem ardência. Quando usava o sabonete as vezes punha a caixinha nas roupas pra dar aquele cheirinho bom. Apesar de tudo, todos os dias tomavamos banho, um mas tomavamos e ficávamos cheirando a palmolive ou lux.
Lá em casa tem um sabiá, ah que ave sabida imagina que fez um ninho bem na linha do telhado da área da frente. Aquele ninho quentinho e confortável. De manhã cedinho ouvi ele cantar e quando saia flagrei-o cantando ali mesmo no ninho não se dava ao trabalho de sair do ninho pra cantar. Canta uma, duas, várias vezes. Engraçado como me divirto muito com as aves. É uma relação de amor. Que sabiá sabido.
Canta como quem faz poesia,
canta numa alegria,
de manhã ou de tarde,
não tem hora pra trabalhar,
vive feliz a cantar,
vida boa, vida de sabiá.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Papa capim
Hoje quando voltava do Bandeco vinha eu perido em meus pensamentos, meu olhar vagando nas paisagens. Quando num instante ouvi um canto, era um canto diferente. Um canto de ave daqueles cantos que sempre encantaram. Ouvi bem próximo a mim. Estava alí numa touseira de capim, Panicum maximum, cantando eu conheço como papa capim lá em Serrinha nós sempre chamava assim papa-capim, lá pras bandas da gruta de Crejo o povo chamava de cabeça preta, e em Alexrandia o povo chamava de bigode, mas na verdade o nome científico é Sporophila ardesiaca da família Thraupidae. Como pode uma ave tão pequena com um canto tão belo, singelo. Engraçado que lá em em casa só apareciam durante a época de chuvas quando o campim tava todo cacheado. Bem envolta de minha casa tinha muitas palmatóreas, papai não plantava dentro das palmatóreas pra não arrancar as raises, as rizes dos cactos são muito superficiais, então cresciam vários tipos de gramineas, Cenchrus, Paspalum e Digitaria. Tinha em minha mente que eles adoravam os Paspalum, pois eram tão lindos. Adorava ver o macho e a cheta pousarem sobre o pendão do capim. E ouvir eles cantarem e como cantam. Sempre quis ter um pra mim, preso numa gaiola meu cantando pra mim. Tinha essa ideia louca. Uma vez meu primo Claúdio de tia Teinda me deu um muito bom. Cantava muito, mas não durou muito num dia que fui por comer pra ele, então este voou fiquei muito triste neste dia. Senti uma dor no peito de dor. Bem então quando eles chegavam faziam a festa, tinham muitos. Viviam sempre um macho e uma fêmea. Bem Aquele som me fez parar, pensar, ouvir e contemplar um pouco do meu dia.
Cantou várias vezes, então segui para o trabalho e ele ficou lá comendo e cantado. Eles seguem o que está na bíblia que não trabalham, nem se preocupam com o amanhã. Vivem felizes.
Feriado esticado
Fim de tarde que antecipa o feriado esvazia as ruas, até a tarde está mais calada, triste. As aves já se recolheram. A noite vem vindo sozinha, calada.
Amanhã é feriado a rotina só será quebrada na próxima quarta.
a noite segue silenciosa.
Respeito
Quem não respeita o outro não respeita a si mesmo. Sempre que venho pra universidade respeito o sinal, pois se não o fizer poderei sofrer as consequências. Poderei ser atropelado, mas se um cara só por está numa mercedes cortar o sinal, ainda mais quando estou passado, se o sinal está livre pra mim. O que posso fazer? Passar por cima não dá. Hoje quando vinha pra universidade o sinal estava aberto para os ciclistas, sou um destes, aconteceu que enquanto pessoas normais pararam antes da faixa um idiota só por está numa mercedes ultrapassou o sinaleiro. Quase me acidentou, não resistir, um grito reprimido veio a tona, um xingamento. O idiota seguiu como se nada tivesse acontecido. E eu emocionado, puto, segui em frente com mil, maus pensamentos. Senti agredido, fiquei irado. Passou, mas como suportar as pessoas que vivem desatenta, sempre quebrando as regras. Depois se briga e não se sabe qual o motivo. Não respeitar o outro e desrespeitar a si mesmo.
Manhã
Manhã vazia e fria.
O sol nem nasceu,
mas canta o sabiá, o tico-tico, o sanhaçu.
As rua vazia e fria.
Encontro uma pessoa aqui,
outra alí,
sinal já funciona,
o posto de gasolina também.
Passa um ônibus que vai para o terminal de Barão.
Não tem bêbados na rua hoje,
só nas sextas de manhã.
Essa rotina, manhã seguindo sempre,
enquanto aqui estiver.
manhãs frias e vazias.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Minha religião
Minha formação religiosa é católica. Toda minha família fora católica, na casa de minha avó paterna tinha até um altar, já nas outras casas, resumia-se a fotos e terços, santinhos. Lá em casa tinha um quadro que papai comprou no Canindé no Ceará. Gostava de ver aquele quadro, tinha um Jesus com um olhar triste e um São Francisco. As vezes ficava deitado na rede do meu quarto mirando aquele quadro que viria significar aquilo, não sabia, não entendia. Bem, como sempre moramos no sítio e a igreja ficava na pequena cidade de Serrinha dos Pintos que na época não era emancipada ainda. Com um padre único para uma paróquia enorme, nosso distrito tinha apenas duas missas no mês, as primeiras quintas e nos terceiros domingos do mês. Então como eu e meus irmãos erámos muito criança, não podíamos ficar em casa só. Na primeira quinta as vezes papai e mamãe arrebanhava a turma e nos levava para a cidade. Quando chegava na cidade quase sempre passava na casa de uns conhecidos deles, nossos, na casa de seu Chichico de Apolonha, não sei de onde veio a amizade de pai com aquele povo eu não entendia nada ou a casa de seu Leopoldo, pai de Tica uma vizinha nossa. Não gostava muito de ficar na casa de seu Leupoldo, porque tinha dois deficientes físico, Chico e João. Era uma luta pra eu ver eles, chorava, fazia um espetáculo. Não entendia como aqueles corpos ficara deformados imóvel, me assustava. Bem então íamos finalmente para a igreja. Nossa como era enorme aquela igreja mais alto umas quatro ou cinco vez mais alto que o teto de minha casa. Não gostava da igreja, não entendia nada lá. E o tempo demorava uma eternidade para passar. Como morava no sítio era meio matuto, morria de medo de me perder no meio daquela multidão. Aquela multidão me apavorava, era gente pra dar com pau. Nunca tinha visto tanta gente, sentada ou em pé ouvindo um homem falando. Mamãe queria que eu fosse sentar lá nos batentes do altar, mas quem disse que eu tinha coragem. Ficava ali no colo dela ou em pé. Não prestava atenção em nada do que diziam. O que me chamava atenção era o dançar do fogo da vela, ou o chão da igreja. Isso mesmo o chão tinha umas cerâmias ou sei lá que piso era aquele que dava pra formar várias imagens, então ficava avaliando quantas imagens podia formar. Via ali quadrados, estrelas, cubos e por fim um chão. As vezes cochilava. Eu deveria ser chato, não largava a barra da saia de mãe. Infinita aquela missa. Eles distribuíam um jornalzinho e uma folha de canto pra acompanhar a missa, mas mamãe nunca pegava, não sabia ler bem. As vezes pegava pra ver uma figura que representava a leitura principal. O melhor mesmo era o fim da missa. É no fim da missa papai passava na cigarreira e comprava balas para nós. Quando ele estava bom mesmo. Ai quando chegava na bodega de Neco de Leopoldo ele comprava refrigerante, nossa que delícia tomar aquele refresco cheio de gás. Sempre ao fim vinha aquele arroto forte que chegava a tirar uma lágrima. Pai as vezes comprava pão. Iamos pra casa então. Papai e mamãe cheio de Deus e nós cheios de gás. Depois que cresci vendo meus pais indo para a igreja sempre, aprendi a ler, comecei a acompanhar no jornal o ritual, aprendi a me benzer quando entrava na igreja, não era educado não, mas mamãe me ensinou a dar o lugar aos mais velhos não entendia o porquê. Depois aprendi, passei a gostar da missa, ainda mais depois que comecei a ver as menininhas que estavam por lá. Criei respeito por Deus, ainda mais com com aquele cristo cruscificado na cruz por mim. Que sacrifício pensava. Sou pecador. Pensava se for pra missa deus vai realizar todos meus sonhos. Aprendi a pedir a deus depois que rezava, antes de dormir. Tenho minha formação católica, mas hoje eu sou católico.
verão
Sai de casa no fim da tarde,
o sol estava tão quente,
o céu tão azul
com algumas nuvens de algodão.
Sai a pedalar,
sentindo o vento no rosto,
e vendo intenso verde
das árvores.
verde tão intenso que chega a brilhar.
passo a praça,
quando chego perto
do convento,
toca o sino indicando,
a hora do anjo,
hora em que a natureza se recolhe.
dobra o sino,
avisando
que a noite já vem,
mas as árvores não estão nem ai,
brilham,
sentem o calor do verão.
sol cadê voce?
O dia nasceu,
mas o sol não apareceu,
o galo não cantou,
só o sanhaçu e o sabiá.
As nuvens apareceram escuras,
avisando já vem a chuva.
hum que calor!
Abro a porta,
sinto o mundo abafado.
o dia nasceu,
mas o sol não apareceu.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
viver
Mais um dia,
mais uma noite,
e assim se vai a vida,
e assim vivemos a vida.
entre altos,
entre baixos,
vamos suportando as dores,
ganhando alguns risos,
dia,
noite,
tédio,
ociosidade,
vida vida vida v i d a.
Cantador
Quando o celular me acordou, não me despertou sozinho. O que realmente me despertou foi um galo cantador apareceu na vizinhança. Cantou um canto forte. Que lindo canto! deve ser um galo e dos grandes. Um galo dominante. Cantou várias vezes. Depois sonorizou uma cantarada de pássaros que abriu meu dia. Acordei com um brilho no coração.
domingo, 24 de outubro de 2010
Vida
Que incerta é a vida,
tentando sobreviver,
a cada dia.
Que incerta é a vida,
vencendo obstáculos de
cada dia.
Essa luta pela vida,
quotidiana que vence que perde.
Essa vida sem sentido,
essa vida que si vive.
dia a dia.
Dia de vitória,
dia de derrota,
faz parte da vida,
essa vida contínua,
que perfaz dia a dia,
Essa vida linear,
que segue sempre em frente,
que apaga, faz esquecer os rastros do ontem,
que projeta os rastros do amanhã.
É a viva que pulsa,
que nos faz viver,
que nos experimenta,
que nos ensina a vencer e a perder,
que nos ensina que viver é sublime,
que da mais armada planta,
mais bela flor desabrocha,
vida com seus encantos e desencantos.
Cheia de luz cheia de trevas,
amores e desamores,
felicidades e infelicidades,
simplismente,
vida.
Férias de fim de ano
Férias
Minhas primeiras férias só na casa de parentes aconteceu no fim do ano dezembro de 1991, tinha apenas 12 anos. Acabara de concluir a quinta serie do ginásio, foi um ano muito difícil, fiquei de recuperação em matemática e português, ali naquele ano seria como cruzar o cabo da boa esperança de tamanha dificuldade. Bem fui na onda dos moleques, novos amigos que conheci e nessa ia me dando muito mal. Não gostava nem um pouco das aulas, ainda não faziam sentido pra mim. Mas o fato é que gosto de ser desacreditado, gosto sempre de atingir meus objetivos, tive que estudar mais pra passar de ano. E consegui, passei pra sexta série, bem depois eu conto, mas só pra ter uma ideia depois da sexta série tomei gosto pelos estudos. Por ter ficado de recuperação minhas férias foram menores, mas passei, não podia ficar pra trás demais, sempre era um ano atrás de minha irmã. Enfim, nessa época tinha Nevinha e tio Aldo já estava morando no sertão, lá nas Pitombeiras, eu ainda não conhecia e queria muito ir pra lá porque seria um novo lugar que iria conhecer e ficava próximo da casa de Maria filha de tio Aldo, ela tinha três filhos seria muito legal, iríamos brincar muito. Bem pra ir pra lá eu precisava pegar um carro de linha que na época era o de seu Tonho, uma F4000 na epoca eu achava muito bacana era uma 3/4 linda, já tinham mais modernas, a de seu Tonho tinha a boleia amarela com com decaultes pretos, faróis redodndos, as mais modernas tinham faróis duplos e quadrados. O quadrado era moderno pra mim. Bem no dia combinado pra ir, fazia dias que estava contando dia a dia no calendário. Acordei mais cedo pra não perder a hora, tomei o café e fiquei na área esperando, vazia um friozinho gostoso, a luz do sol despontava no nascente, o céu estava crepuscular, era aurora, a luz dos postes ainda estavam acesas. As galinhas já andavam pelo terreiro frio. Bem na frente de minha casa tinha um cajueiro onde as vezes parava vacas e faziam cocô, mamãe ficava muito irada com isso, pois todos os dias ela tinha por obrigação varrer o terreiro aquilo era sua ginástica quotidiana, varria com melosa, Stylosanthes viscosa para os conhecedores de botânica, bem como já acordamos, ela já foi fazendo a vassoura. Dai a pouco ouvimos o timbre do carro que já vinha lá por seu Mundinho ou Lolo, só podia ser por ali, pois tinha um alto ali, e bem em frente a casa de Dequin, o carro acabara de subir o alto, logo em frente a casa de Loló começava a descida, então na casa de Dequin o motorista dar uma desacelerada, e logo troca de marcha e na casa de Loló da-lhes outra marcha o carro soltava aquele timbre que avisa a quem tivesse atento. Nossa memória de timbre é muito aguçada, aprendemos fácil quem vinha só pelo timbre, logo ouvimos ai pai falou que já vinha corri pra estrada e ele veio junto, deu com a mão e o carro parou era um pau de arara, cheio de bancos uns sete ou oito, sem muito conforto, mas pra mim na época era um carro. E lá vamos nos Serra abaixo. Que felicidade, ir pro certão passar em Pau dos Ferros a maior cidade que eu conhecia, tinha até sinal de trânsito. Bem quando chegamos depois do pé da Serra o carro parou para as pessoas fazerem um lanche, estava cheio, não tinha dinheiro pra fazer lanche, além do mais a viagem demorava menos de duas horas. Depois seguimos para a cidade. Chegamos lá cedo, então quem me levou pra casa de tia foi Zezim. Ele tinha uma moto 82 vermelha de tanque redondo, era feia mas muito boa, pra época, começaram a sair as Hondas 92 as mais lindas motos. Ele ia todos os dias vender leite, então amarrou as os baldes e lá fomos nós sertão a dentro. Quando cheguei na casa das pitombeiras fiquei maravilhado que casa grande, enorme desci, não vi muita graça lá não tinha crianças, mas tinha uma televisão daria pra ver as novelas, era muito fã de novelas. Desenho que mais gostava, ah isso não daria, tia Nevinha não gostava, nem novela ela gostava muito só de jornal, como não entendia jornal nem liguei, pensei quero é ir lá pra Maria, lá tem açude, monaretas, mas bem fiquei lá em tia, foi muito gostoso, no sábado de manhã tio algo arriou a carroça numa burra branca e fomos à cidade. Que coisa boa aquela burra mais parecia uma C10, corria que era uma beleza. Tio Aldo era um homem muito bem humorado, barriga cheia, com ele não tinha miséria. Já tia Nevinha era muito nervosa, se irritava fácil, falava muito alto. Os filhos que moravam com eles era Aparecida a caçula e Nobe que fora adotado. Bem aquele dia de feira foi muito bom, fui num mercado que fiquei boquiaberto com o tamanho, nem em Serrinha, sequer em Martins, bem já tinha ido a Alexandria onde morava tia Chaga e tio Dedá, mas lá também não tinha. Uau, pensei e se me perder. Fiquei esperto de me perdesse ali estava lascado, seria um morador de ruas. Tinha muito medo de me perder. Voltamos pra casa, depois fui lá pra casa de Maria, antes fui na casa de Zé irmão de Zezim, outra casa enorme linda, com vista pra Chico Dantas uma cidadezinha e para dois açudes. Tanta água refresca o ambiente. Ah na casa que tio Aldo morava em frente tinha um açude muito grande, tinha muito peixe lá, quase todos dias que estive lá comi muito bem a comida da tia era saborosa. Era arroz da terra, peixe, carne, preá e banana. Era uma fartura. Bem a casa tinha dois lados com enormes varandas, fresco. Em frente a casa tinha um poste com luz. Certa vez foram roubar peixe no açude, mas tio Aldo escurraçou os ladrões à bala, tia Nevinha contou esse epísódio enquanto estávamos sentado na área. Tio Aldo trabalhava muito lá, e nós sentados na área ouvindo o som das siriemas. Essas férias passaram muito rápido.
sábado, 23 de outubro de 2010
Passiar só
Quando ganhei a confiança de mamãe e ela viu que já era uma pessoa responsável. Ela começou a deixar sair de casa sozinho, pra lugares longe de casa, tipo a casa de meus avós e a casa dde meus tios, claro que não ia em toda casa, mas ia na casa que tinha mais crianças, no ambiente que achava mais legal. Um dos lugares mais fascinantes no meu mundo infantil era a casa de vovó que meu tio Miguel morava lá. Achava aquele lugar mágico. Ali tudo era diferente, pois aquela casa velha ficava no pé da serra. Onde a paisagem era bem diferente de onde morávamos, no pé da serra tínhamos caatinga, mata branca, com árvores baixas e retorcidas, cinzas, e muito cardeiro, muita imburana, muita catingueira, e muitas aves que não dão na serra, lá tinha golinho, era difícil ver um golinho na serra. Lá tinha nos terreiros, tinha também rolinhas cascável que tem o corpo coberto de penas, mas aquelas penas parecem escamas, quando voam fazem um som muito bonito. Adorava ouvir seus cantos com duplo som "tou tu tou". Fazcinava-me aquelas paisagens, então aprendi a ir pra casa de Miguel que tinha cinco filhos e quando chegava lá eu era a sensação contava minhas histórias e ouvia as histórias do meninos. A mãe deles Tereza também contava histórias. Mazildo mais parece são Francisco, pois tinha uma amizade com os animais tão intensa. Ele tinha aves que ele mesmo criara, golinhas, rolinhas, bigodes, cantos de ouros, ele tinha um problema na perna. Era um menino muito inteligente, sabia das músicas que passava na rádio de cor, sabia cantar. Já Macilho era mais quieto, Maria era cheia de riso e Bibia calada. Engraçado como eles riam do que eu falava ou fazia. Chegava lá então a gente saia pra caçar de baladeira, era muito ruim de pontaria. As vezes ia a pé, as vezes de burro, mas nunca fui de bicicleta, tinha as pernas finas, mas muito rápidas, sabia de caminhos mais rápidos. Quase sempre ia no sábado, dormia lá. Gostava de dormir lá, pois dormia de rede. E dava pra ver a luz da lua entrando pelos furos das portas e janelas velhas. Acordávamos cedo, tomávamos café, tudo era só brincadeiras, no fim da tarde tinha que voltar, as voltava de carona ou voltava a pé. Chegava em casa cansado, mas feliz. Sentava na calçada mirando o horizonte. E assim foi por muito tempo, alí passei meus domingos.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Concentração
Sentado sob uma árvore no alto de uma serra, miro a extensão do vale e o horizonte distante. Daqui de cima sinto o vento viajante incessante toca meus cabelos, minha pele e parte levando de mim a meu odor, deixando-me numa sensação de liberdade. Sinto a pressão de meu corpo sobre mim, o solo frio. Começo então viajar dentro da paisagem que vejo. A contemplar a luz do sol que me permite ver as cores e distinguir as formas. A ver cada parte da paisagem como uma paisagem peculiar. A sentir o cheiro do ar, ouvir o que fala a natureza confesso que quase sempre não compreendo nada, mas nada do que fala a natureza, porém mesmo assim me agrada ficar a contemplar a natureza, a ver a beleza na vida, as vezes é muito difícil, no entanto busco sempre tentar entender racionalmente, pois muitas vezes achar que compreendi, traz-me uma sensação de satisfação. Hoje que moro muito longe das paisagens que contemplava, simplesmente sinto muitas saudades. Nem sempre tive o que queria. A vida já foi muito mais difícil. Quando morava com meus pais era feliz, mas sempre quis ter mais, ser mais que foi, não era preciso ter muita coisa pra isso. E quando não podia ter, comprar nada. Simplesmente tinha que aguardar o dia chegar até eu conseguir meus objetivos. Quantas vezes não consegui, lembro que fiz três vestibular, mesmo assim nunca pensei que não seria capaz. Era difícil aceitar que não seria daquela vez que eu entraria na universidade, mas fazer o que. Restava esperar e estudar. Lembro que certa vez saiu o resultado e não passara, no mesmo dia comecei a estudar. Quando ficava muito triste, pra não preocupar ninguém, eu saia a caminhar por entre matos, caminho a fim. E pensava eu vou conseguir. Caminhava olhando pro poente, contemplando o sol, as nuanças da natureza que me cercava. Triste, sentava e contemplava, comentava pro sol que um dia eu iria conseguir. Tinha que me convencer que era possível, por isso pensava, acreditava. Preciso ser forte e acreditar mais que nunca que tudo valeu a pena, que cada tijolo que carreguei serviu pra construir minha morada. Hoje descobri que não preciso de morada, pois somos viajantes e devemos sempre viajar.
Indagação
Tenho amigos que já me perguntaram diversas vezes se eu pudesse fazer algo naquele momento o que gostaria de está fazendo? Confesso que nunca tive uma resposta pronta, porque pra mim o que interessa é o presente. Bem essa seria uma resposta racional e rápida. Em companhia de alguém não sentimos solidão, mesmo que seja alguém que não gostamos, pois temos outros sentimentos que vão além da solidão. Mas e se estou em casa e o fim de semana chegou, estou só, faz calor, estou com sono. Como iria responder a tal questão. Talvez gostaria de está com a namorada, com os amigos, qualquer coisa menos sentir solidão. Não adianta, somos seres solitários. Nascemos só, vivemos só com nossos pensamentos, muitas vezes não nos suportamos, queremos fugir de nós mesmos. Sentimos saudades de sermos nós mesmos. Somos seres extremamente sentimentais. É a partir de nossas sensações que construímos o mundo. O meu mundo é extremamente subjetivo, converso muito comigo mesmo em pensamento, e não conheço a mim mesmo. Agora conheço a importância do conheça a ti mesmo. Não consigo idealizar onde eu estaria agora, acho isso tão egoísta. Acho que sempre fugirei pela tangente. Gostaria de está aqui e agora. É extremamente brilhante a capacidade que algumas pessoas tem de idealizar as coisas, potencializar os desejos, fazer planos. Por que será que comigo isso não acontece? Sei que estou sendo redundante, mas porque não penso em algo bom? por que evito de pensar? um dia quem sabe isso não acontecerá?
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
galo de campina
O magestoso galo de campina canta,
quando canta a natureza cala,
seu expressivo canto desperta a caatinga,
cabeça vermelha, bico de prata, corpo criso,
canta.
Sorte de quem vive no sertão
desperta ao som de uma orquestra,
corrupião, cabeça vermelho e rolinhas.
O magestoso, faz uma cantarada...
desperta a madrugada.
Acorda
Ainda me lembro, ouvir papai carinhosamente me chamar dizendo que o burro já estava arriado, era hora de buscar água. Era um gesto de muito carinho, pois ele acordava mais cedo ia até o paieiro e trazia o animal arriava e me chamava, enquanto fazia o fogo. Vinha chamava baixinho pra não acordar as menina. O sol já despontava no nascente, mas o sono como era intenso. Nem era tão cedo, mas esta frio. Levantava, escovava os dentes, vestia uma blusa, montava no burro e segui para a gruta de Zezin, pelo menos nos primeiros meses do verão, mas se o verão se estendia tinham que ir buscar água bem mais longe, no açude do Alívio, uns 4 km, pobre dos animais que levavam aquela carga pesada no espinhaço. Tinham aqueles que tinham burro e as vezes voltava montado, mas quem tinha jegue não podia fazer essa proeza. Pobre dos jegues, mesmo magro, com pouco pra comer viva a carregar peso na casa, água, lenha e forrage. Naquele tempo o jeque era muito importante era o transporte da casa. Vou na casa de fulano, vai de jegue. Haviam aqueles que viam de longe, lá do sertão, punha dois caixotes, com peixe salgado para vender e comprar uma feirinha da semana, os pescadores e vinham de jegue. Papai quando era pequeno adiquiriu dois jegues o primeiro era preto, forte e sadio. Parece que os jeques pretos são mais fortes que os marrons, mas esse ficou velho então papai adquiriu um cinza, marrom e tinha a orelha corta, não era Gogh, mas tinha a orelha cortada, não sei por que, maldade de ocioso ou as vezes pra identificar posse. Aquele jegue da orelha cortada era muito engraçado, pois quando bebia água ficava com a língua de fora, mordia e dava coice se visse que a pessoa tava com medo ele muchava as orelhas e mordia. Depois papai foi a Pau dos Ferros e comprou um burro manso e bom de carga, mais eficiente que o jeque, então ele vendeu os jegues. O fato é que vi sempre o dia despontar no horizonte, buscando água. Achava preguiçoso quem não acordasse cedo, ficava muito feliz quando era o primeiro a chegar na fonte, ser o primeiro a terminar de por água. Depois da primeira carga tomava o café. Nosso café era rústico, dia era pão de milho como nata, tapioca com nata, broa de milho, ou broa de ovos e café com leite. E vamos lá. Vai ver mais uma que ainda precisa. Lá em casa três cargas eram suficientes, todo dia. Aprendi a importância de viver o dia, trabalhar, pois sem trabalho, sem comida e sem banho. Obrigações de criança é importante pra disciplina. Uma vida feliz.
Madrugada
Madrugada fria,
escura e vazia.
o silêncio negro da noite paulatinamente se vai.
Canta um sabiá.
o dia se rebela.
Meus olhos pensados despertam,
o relógio cobra minha atenção,
Bom dia,
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Quotidiano
Quando acordei, pensei ainda estava escuro, foi difícil, mas despertei. Comi duas maçãs, tomei um banho, vesti a roupa, pus o fone no ouvido e liguei a rádio e sai pra faculdade. Sol não nascera ainda, a lua ainda era iluminada pelas luzes dos postes. Pego minha bicicleta e sigo pedalando pelas ruas frias. Segui dia adentro. Nesse dia nada de diferente aconteceu, mas ouvi uma palestra de Pondé sobre pósmodernismo. Ele falou sobre o livro Admirável mundo novo. Fui a biblioteca, procurei, quase desisti, vi uma coleção do Proust quase peguei, mas fui insistente e achei. Quantos livros tenho pra ler? Quanto desejo de aprender. Bem peguei o livro. Foi o mais emocionate do dia.
Que passou lento como uma tartaruga.
Travessuras do tempo
O tempo eterno viajante constrói e consome a matéria. A matéria viva que nos constitui está em constante metamorfose e são e estas que expressam quem somos, nossas origens. Fico abismado quando me vejo no espelho. As marcas do tempo são expressas em linhas sutis ou na ausência de algo que muito povoou minha cabeça. São tão tantas as memórias, estas denunciam meu tempo vivido. Memórias que denunciam o meu ser, uma trajetória que deixei por onde passei. Estas não só me pertencem, mas que as tem também muitas vezes não lhes interessam quase sempre são só nossas. Somos extremamente egoístas. O nosso mundo gira entorno de nos mesmos. Posso ver nos lugares onde passei imagens do que vivi, detalhes que só eu percebi. Meu mundo subjetivo tão meu, jamais prospectado por ninguém, coisas que não interessam a ninguém. Afinal o mundo que absorvi é aquele que processo, expresso e sou. Minha essência, alma e vida. Acho que só o tempo e a matéria podem me decifrar. Por isso viajo com o tempo. Um dia pararei de viajar, mas o tempo é eterno viajante.
oração
Vale a pena
parar para pensar,
parar para orar,
a vida é efêmera e nem todos os sonhos requerem de ti todo seu sangue para se realizar.
As vezes não se beneficia deste sonho, mas só se desgasta como ser.
Portanto pelo menos uma vez, para e reflete.
No âmago de tua alma encontra teu melhor, tua essência.
Sob o calor do sol ora,
sob o frio do inverno ora.
Pois é ai que encontra tua essência dentro de ti.
O deus que habita em ti aflora quando refletes sobre a vida.
Ler uma poesia.
vive a vida.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Banquete dos cururus
Ah, tudo mudou lá em casa quando chegou a eletricidade. Não só para nós humanos, mas também para os sapos cururus. Eis que a luz, aquela luz clara, acesa no terreiro trouxe fartura para os cururus. Os sapos cururus, mais parecem pedras vivas com seu aspecto verruncoso, durante o verão entram em estado de estivação, ou seja, seu metabolismo reduz ao máximo possível durante longos períodos de estiagem a luminosidade e calor são tão intensos que se estes animais permanecessem expostos, chegariam desidratar até a morte. As chuvas traziam uma explosão de vida naquele lugar. Era a melhor coisa coisa que podíamos vivenciar, uma explosão de alegria, sentir o cheiro da chuva, pingo a pingo molhando o chão, as telhas e escoando, a bica chiando, quase sorrindo enchendo a cisterna. Essas águas seguiam a gravidade molhando os terreiros, desciam estrada abaixo, umedecendo o ar. Ao sentir a umidade os cururus despertavam de sono, semelhantes a múmias, amarelos ou pálidos, parecendo só ter olhos. As vezes apareciam do nada amedrontando as galinhas. Saiam de suas tocas, buracos famintos. Eis que ocorria uma explosão de vida surgem larvas de insetos e insetos adultos voam desesperados em busca do sul artificial. Aquela maravilha branca, vinda do céu, deu aos sapos um novo habitat. Sim os sapos aprenderam que no terreiro de minha casa a comida era farta, insetos aos milhares. Não precisaram mais se deslocar tanto, bastava ficar ali parado, logo caia uma presa bem em sua frente. Lepo com a língua longa, mais um, mais um. Dentro de pouco tempo os cururus ficavam gordos. E logo que as chuvas intensificavam era época de festa, sim orgias, sapos e sapas iam para os lagos copular, numa cantarola que fazia inveja a qualquer Reive. Eles estavam felizes e nós também porque bom inverno é sinal de fartura. Então no fim do dia cansado. Adorava sentar na calçada de minha casa. Pra ver os Cucurus forragear, como as estrelas no fim da tarde começava a aparecer no céu, os sapos começavam a aparecer no nosso terreiro, um, dois... Era a melhor coisa que achava ver os sapos gordos, a luz atraindo os insetos, o céu estrelado. A tecnologia facilitou a vida de todos nós homens, sapos e insetos. Aquela vida simples com horizonte que não passava do outro lado da estrada, fazia-me muito feliz, cheio de fé e amor a natureza aos sapos cururus.
Flores da vovó
Saborear
Quando era pequeno, a coisa que mais gostava na casa de minha avô Chiquinha, sem dúvida alguma, era o jardim de sua casa. No jardim tinha um pequeno pomar. Tinha também muitas carnaubeiras, acho uma planta linda. Aquela casa era muito grande, branca, Tinha quatro portas, o normal pra mim, era ter dias, tinha duas a mais; as telhas eram velhas e as linhas tinha cupim, tinha medo, achava inseguro aquilo. Era uma casa tipicamente portuguesa, paredes largas, portas enormes pintadas de azul. A frente ficava para o sul, a cozinha pro norte, no poente tinha uma varanda, que tinha um peituri muito legal, bem menor que o peituri de minha casa, eu me sentia grande ali, gostava dessa sensação de me sentir grande, a varanda era divida parte num peituri e parte num tanque grande. O chão era ensimentado, com uns ornamentos em forma geométrica, não tinha isso em minha casa, tudo que não tinha em minha casa me era estranho. Na sala de entrada, tinham cadeiras de balanço, várias, eu adorava essas cadeiras porque além de dar para balançar ainda eram confortáveis. Tinha uma foto de papai quando ainda era muito moço, sim aquela com um homem diferente pra mim. Papai tirara em São Paulo, nessa foto papai estava de bigode, nunca vi papai de bigode senão naquela moldura. E fotos do casal de avós, tinha também muitas fotos de santos. Na sala tinha um quarto onde guardava coisas de valor, na ante sala tinha um oratório, adorava ver aquele oratório, pintado de azul, enfeitado com umas fitas vermelhas. Dentro do oratório tinha imagens de São Francisco ou santo Antônio, não lembro direito, mas gostava do fato de poder abri-lo. Tinha uma mesa que ninguém nunca usava, era engraçado ter uma janela de que abria na sala de entrada. E uma cristaleira com a foto de minha prima Cristiane que morava em Brasília, adorava ver aquela foto. As cristaleiras eram objetos importantes, onde guadava a loça que só era usada em datas muito especiais. Tinha uma sala onde ficava o fogão a gás e a pratileira com vasilhas de alumínio, tinha que ter um tripé, que também abrigava vasilhas de alumínio, na vasilha de cima, as vezes guardava-se doces. E finalmente a cozinha com um fogão a lenha, pintado com tinta xadrez. No caso do fogão da casa da vovó era enorme, tinha uma gaiola com um golinha muito cantador. Eu queria uma ave como aquela, cantadeira. Gostava do café que ela sempre fazia, era sempre acompanhado por bolacha seca, adorava bolacha seca. Tinha um girau na cozinha e uma esteira. Na cozinha de vó não tinha mesa a comida era colocada sobre uma esteira feita de palha de carnaúba. No almoço punha o feijão com caldo, depois que tomava o caldo, colocava a farinha e mexia com o feijão. Em seguida vinha o arroz e um naco de carne. A sobremesa era rapadura ou doce. Os almoços na casa da vô eram sempre mais cedo. Na casa da vovô o benheiro era de palha de coqueiro, não tinha banheiro de alvenaria. ficava do lado do quintal. Quando chegava gostava de ver um per de pimenta no terreiro da cozinha. Além disso tinha uma horta sem faxina, achava estranho, pois lá em casa se tivesse uma horta sem faxina as galinhas comiam todo o coentro e a alface. Lá não acontecia isso, pois a horta era alta. Fransquim quem colocava água pra regar a horta, as vezes era Francisco. Junto da horta tinha um pé de romã, sempre queria comer uma romã, mas parece que elas nunca amadureciam. Nos terreiros de vovó tinha plantas de cheiro, como boldo e endro, erva doce para quem não conhece, gostava de mascar as folhas de endro, eram docinhas. Vovó tinha uma roseira branca. Nunca esqueci, um dia em que estava na casa dela e umas crianças vieram pedir umas rosas pra enfeitar um anjo, não sabia o que era anjo, eram crianças que morriam. Foi triste descobrir isso. Mas a casa de vovô era doce, tinha uma baixa de cana e vários pés de laranja. Quando era pequeno adorava a casa da vovó, as plantas que tinham lá eram mágica, pois eram doces e não tinham na minha casa.
Amanhecer
Amanhece, paulatinamente o sol vem vindo, aquele friozinho gelado implora pra não sairmos da cama, mas as aves convidativas, os sabiás, roxinós, doidelas, bentivis e muitos outros nos convidam pra ver o sol nascer. Quando abrimos a porta, já vemos aurora no nascente, a luz vai se espalhando pelo mundo, recolhendo o frio. Vem a minha mente as manhãs em minha casa. Manhãs ao som da passarada, do canto do galo, guiné, do relincho do jegue, mugido do gado. A manhã radiante nascia e continua nascer em qualquer lugar. A manhã é bela, elegante e cativante.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Olhar
Imagem,
aprisionas meu olhar,
traz-me a reflexão,
imagem do olhar,
quantas faces a me encarar,
faces em capas de livros,
Encaram-me Gogh, São Francisco de Assis e uma Índia.
O olhar de Assis é triste,
de Gogh indiferente,
da Índia calmo.
No fim da noite,
na noite fria,
não estou só,
eles me olham,
me chamam para conversar,
mas tenho que descançar.
boa noite queridos
discussão.
Hoje fomos almoçar como sempre, nunca depois das onze e meia. Fomos eu, o padre, João, Suzana e Marcela. Nada muito diferente do corriqueiro mesma comida, mesmos funcionários, mas a conversa era outra. Estávamos discutindo política, não era uma discussão pois todos concordamos em votar no 13. Falamos de nossos medos caso o 45 vote. Partido 45 com uma política de vender o estado, fazer o possível para encher os cofres públicos de dinheiro. Temos muitos exemplos aqui no estado de São Paulo mesmo quando era governador o que o 45 fez. Primeiro pra nós que somos universitário e prezamos pela autonomia da universidade, vimos a polícia militar invadir o campos da Usp abrindo bomba de efeito moral. Depois podemos constatar ao sair da capital que para onde pense em ir, ser obrigado a pagar pedágio a três por quatro. A quantidade de livros que foi jogada no lixo por desatenção para com a educação neste estado. A escola pública neste estado é uma das piores do país. Desvio de dinheiro do Rodoanel para caixa 2 da campanha. Isso é só o que se sabe, visto que o rio de dinheiro da campanha é subterrâneo. Saímos do RU conscientes que temos que eleger o 13. Apesar destes candidatos serem tão ruins. Apesar da corrupção. Vamos lá
Colheita
No fim do inverno que no nordeste é o fim do período de chuvas, se havia chovido bastante, era época da colheita. Sempre ajudava meu pai neste serviço que começava com a cata do feijão e terminava com a quebra do milho. A colheita de feijão se distribuía por um período longo. As vezes colhiamos vagens ainda maduras. Dava um trabalho ir ao roçado colher o feijão quando chegava em casa catar as vagens maduras, depois por pra secar e por fim depois que as vagens estavam bem secas eram armazenadas na sala da casa velha, era muito bom ver aquela sala lotada de vagem e quando acabava a colheita, marcava-se o dia da debulha. Geralmente um fim de semana. Convidava a vizinhança. Era meio que uma troca, pois no dia que as pessoas que vinham ajudar iam fazer a debulha deles, nos iamos ajudá-los também. Nesse dia pai comprava uma cachaça, mãe preparava algo pra comer. E em pouco tempo todas as vagens eram só palha e grãos. Já a colheita do milho era menos trabalhosa, depois que o mato secava, dobravamos as plantas de milho pra não perder a palha, ração para o gado, e quando as chuvas acabavam, quebravamos as espigas, faziamos montes e depois, as vezes pai tomava emprestado mais caçoas e algum animal do vizinho pra carregar tudo pra casa. Fazia aquelas rumas lindas de milho no terreiro da frente. Seguia o mesmo ritual. Gostava do cheiro da palha do milho. Nos armazenavam-na pra alimentar o gado no verão. Era uma festa. Essa época era sempre cheias de boas lembranças. Saber quantos alqueires fora colhido. Quem colhera mais. Papai sempre colhia muito legume. Dava pra alimentar nos de casa e os animais. Vida rústica mais boa.
domingo, 17 de outubro de 2010
O sanfoneiro
A sanfona
Luiz de Mundinho era um dos maiores homens de Serrinha do Canto, acho que tinha 1,90 m, era filho de mundinho. Epiléptico, gostava de tomar cana. Neto de Chicadofo um dos velhos que viveu mais em nossa comunidade. Bem Luis tinha um pé muito grande coitado pra calçar uma sandália tinha que fazer encomenda, Tyo-tyo e havaianas eram pequenas. Um homenzarão com uma voz cansada. Gente boa as vezes papai chamava ele pra trabalhar na roça, alugava o dia. Um cara grande, mas comia pouco engraçado, bom na enxada. Seu Mundinho uma vez comprou uma égua e era hilário ver aquele ganzelão montado numa égua em caminho do açude do Alívio. O maior amor do Luiz era tocar sanfona. Ele tinha uma sanfona. E a noite quando estava cansado da lida. Sentava em frente a casa de Seu Chicadofo avó e começava a tirar um som. Tirava aquele som de forró pé de serra. Era conhecido a fama de seu Mundinho quando morava na morada nova, um grande dançador. E ele tocava até chegar a noite umas nove horas. E se Recolhia. Certo dia estavamos na casa de Dezu, ouvimos o som da sanfona fomos ver o Luiz tocar. Coitado era epiléptico e teve uma crise foi triste ele cair do tamborete com a sanfona. Se tinha um feriado comprava um burrinho de cana e tocava. A música que ele mais tocava era galeguim dos oi azul. Ele dizia que tinha criado uma música "mentira cabeluda", não sei se era verdade. Bem pai as vezes passava lá e pedia pra ele cantar barriga de aluguel, ele cantava com muito gosto. Engraçado ele cantava quando acabava a música enchia o peito de ar, muito sério, não podia rir, pois ele já achava que estavam de chacota com ele. Durante muito tempo foi viciado. Dizem que ele largou do vício e se tornou protestante. Era triste ver ele certas vezes bebado. Acho que deixou a vida numa dessas caiu e bateu a cabeça. Sem dúvida foi um dos primeiros artistas que conheci. Que vive nas memórias de infância. Pessoa pacata de bem não ofende ninguém, além da comida que comia.
Esperança
As vezes não vejo motivos pra viver,
as vezes acho a vida injusta,
as vezes lutamos tanto e a morte nos vence,
ela sempre nos vencerá,
as vezes a vida dar muito brilho a algumas pessoas,
enquanto que a outras é só tristeza.
Como suportar a vida,
como suportar a vida se poucas vezes ela nos sorri,
Sorrio para a vida,
porque ela permite que eu seja,
e sendo, neste momento que sou,
eu estou vencendo na vida,
estou sorrindo dela.
As vezes ela me trás cada desespero.
Mas acordo feliz,
porque a vida sorri pra mim,
quando antes do sol nascer me acorda o sabiá,
quando passo num jardim e uma rosa sorri pra mim,
paro contemplo e retribuo com um sorriso.
As vezes ela sorri,
quando alguém com febre de viver, em toda sua necessidade sorri,
aperta minha mão e diz graças a Deus.
E me mostra o que é fé.
Assim é a vida,
assim sou eu.
Morte
Tiveram muitas coisas que marcaram minha vida, coisas boas e coisas ruins. Conheci a morte, quando era morto, conheci um corpo morto. Este cheirava a jasmim ou a rosa, leite de rosa, um desodorante barato, rosas de graça. Lembro ainda quando vi pela primeira vez um caixão, cheirava a jasmim ou perfume alma de flor. Não foi uma boa sensação pois conheci o choro da dor. Meu corpo estremeceu quando vi meu pai chorar, Raimunda era a mulher de meu tio Raimundo Souza. Vi pela primeira vez meus pais chorarem. Vi um corpo imóvel e frio sobre um caixão geométrico de pano. Desde aquele dia passei a ter medo de jasmim. Medo da morte que desconhecia. Algumas vezes a tarde saia correndo com medo de pensar na morte de meus pais. A morte eu desconhecia, mas sabia que era o fim. Tomei um medo do jasmim. Geralmente quando ia brincar e se visse um pé de jasmim, corria com medo. Medo da morte, pois a morte cheirava a jasmim. Minha tia Margarida morreu de câncer sei lá de quê não a conheci, só conheci meu primo filho dela que meus avós criaram. Ainda lembro que via meu pai fazendo a barba, ainda era pequeno. Via ele fazendo e sabia onde ele colocava o aparelho e as giletes, certo dia mamãe estava dormindo como não tinha barba, resolvi fazer o cabelo, não sei o que fiz só sei que pelei parte da cabeça. A noite fomos visitar minha tia Raimunda que estava doente de câncer de mama, lembro que ela estava num quarto escuro, lembro da chama da lamparina. Falando com minha mãe como tinha acontecido aquilo. Ela faleceu, não tenho lembranças dela viva, só do zumbido dela. Depois que ela morreu fomos lá na casa dela acho que Zé Maria seu filho ainda morava lá. Me era indiferente, pois acho que fiquei em casa. Foi fiquei lá na casa de Eliene, mamãe comprou uma garrafa de guaraná pra poder ficar lá. Talvez isso seja uma construção de minha mente, mas pode ser verdade. Lembro quando meu primeiro avó faleceu. Foi em 1988, meu já estava na escola. A professora Livani quem me falou, ou ouvi ela falando com alguém. Lembro que vi papai chegando em casa de taxi, um chevette amarelo, ele chegou chorando, abraçou minha mãe pegou umas roupas e foi pra maternidade ou pra casa de minha avó. Acho que nesta noite dormimos na casa de minha prima Neuza. No dia seguinte foi com bolinha na moto nova dele. Vi aquele carro de carregar difuntos. Vi meu avó frio sobre o cachão com quatro velas acesas. E o carro de carregar defuntos no terreiro. Foi do doado pelo prefeito Manuel Barreto de Medeiros. Bem o caixão de meu avó muito pobre era de pano, começçou até a rasgar quando estava na igreja. Foi uma tristeza, uma dor tão grande, vi meu tio Aldo chorando, todo mundo chorando. Depois daquele enterro, foi a muitos enterros e vi muitos mortos, mas não fui mais a nenhum enterro de meus outros avós. Vô Zé morreu em dia 3 de janeiro de 1993, vô Chiquinha em outubro de 1995, poucos dias depois da morte de Jailton. Lembro que era um sábado tinha colocado água a tarde, o que estranhei foi que a tarde quando colocava água uma galinha se apuleirou, achei esquisito comentei com mamãe. Era mau presságio pra nós galo cantar a noite. Bem lembro que estavamos dormindo quando Fransquim veio chorando lá em casa, no carro de Luizão bateu na porta a noite chorando e falou De Assis mãe foi pra maternindade, não resistiu e morreu. Mãe respondeu não diga e começou a chorar, me chamou pra ir com ela e eu não fui. Eu fui um fraco não fui. Pai estava em São Paulo e não pode ir ao velório. Vô era muito religiosa, depois que vô morreu ela chorava todas as vezes que iamos pra lá. Dizia que nunca se acostumava com a perda. Ela se enterrou com uma mortalha de São Francisco. Ela mesmo fez o cordão da mortalha. Vô Zé não sofreu adoeceu a tarde e faleceu na madrugada, lembro que vi meu primo passando na moto de Tio Jussieu, não tive coragem de ver mamãe chorando. Não fui ao velório. E quando vô Sinhá morreu eu não estava lá, já estava aqui.
Sei que essa história é muito triste, talvez nem tenha chegado aqui. Mas a vida é assim tem seu lado alegre e seu lado triste. A terra consumirá todos nós.
Manhãs de domingo
Manhã de domingo
Quando era criança os domingos tinham sempre um maravilhoso sabor de bolo. Não sei porque, mais os domingos era para mim o melhor dia da semana. Geralmente minhas irmãs e minha mãe dormiam um pouquinho a mais. Já eu queria mesmo era acordar mais cedo pra ver a missa, engraçado gostava da missa, mas a parte que mais me interessava era a liturgia, leituras da palavra, se perdesse a liturgia a missa perdia o sentido não me interessava muito a homilia, hora de preparação da óstia, gostada de ouvir a oratória do padre e adorava quando no final da missa o bispo fazia um discurso moral. É isso, foi ai que aprendi a gostar de filosofia, foram as lições de moral que me levaram a gostar de filosofia. Depois vinha o globo rural que me deixava maravilhado, morei no sítio até os vinte anos, e a parte de biologia no globo rural me encantava, mas antes que terminasse, bem mamãe já tinha voltado do curral com o leite. Engraçado que lá em casa papai nunca aprendeu a tirar leite, nem eu, meu irmão começou a tirar, mas antes que aperfeiçoasse na arte foi embora pra São Paulo. Mamãe punha o balde de leite sobre a mesa e já gritava pra todo mundo acordar, eu já estava vendo televisão. Mamãe era de lua dias estava uma seda, dias uma fera, preferia quando ela estava uma seda, vai saber o que modifica nosso humor.
Então ela chamava par ao café, não gostava muito se interromper o que estava assistindo, mas as vezes era preciso a grito ia pra mesa, se estivesse passando a missa ela não reclamava, mas se fosse o globo rural, tinha que ir tomar o café. Gostava dos sermões do Don Eulder porque tinha de fundo música clássica, agora sei que ouvia Bach, ás vezes mamãe implicava até em eu ver esse discurso, mamãe não entendia muito bem filosofia da moral, nem eu mas aprendi a gostar. Tinha muita fé em Deus, achava que a vida era como receita de bolo se seguisse direitinho os passos seria uma vida deliciosa e perfeita. Era muito católico e toda minha família. Bem o fato era que nas manhã de domingo tinha sempre um bolo é sim, algo diferente e delicioso. Amava bolos, aquele bolo que mamãe ou as meninas faziam era mágico, um bolos simples de ovo, mas que fazia a diferença, pois na semana comiamos sempre tapioca ou cuscus, depois passamos a consumir bolacha ou pão, mas aqueles bolos eram sempre a melhor coisa do domingo. Quando sentávamos a mesa mamãe partia o bolo e dividia entre nós, cada um comia uma bela fatia se sobrasse eu comia mais de uma acompanhado de café com leite. Adorava essa mistura encorpada meio a meio. Gostava do cheiro, da cor e do sabor do café com leite. Depois de saciado não tinha muita coisa a fazer já que tinha feito as obrigações no dia anterior. As vezes voltava a ver televisão. As vezes mamãe me levava pra passear com ela, gostava de minha companhia. Nós iamos para a casa de meus avós maternos ou paternos ou ficava em casa era uma coisa incerta. Achava engraçado quando iamos para a casa de vovô Chiquinha e encontrávamos papai lá era bom ver papai lá também, desses passeios de infância lembro bem, ainda era muito pequeno, que meus avôs da parte de papai iam sempre a missa, quando chevagamos lá eles não tinham chegado ainda, então esperavamos e achava bonito ver eles chegando, a espera era bom, gostava porque era bonito, meu avó vinha na frente com o Francisco, um primo, seguido de vovô.
As vezes iamos pra casa da vó Sinha e vô Zé Neve. Nós iamos sempre a pé, mas isso é uma outra história. Quando ficavamos em casa o dia era muito bom também. Não sei porque os domingos hoje não tem o brilho de antes. Depois que eu cresci e tenho obrigações as coisas perderam a graça.
sábado, 16 de outubro de 2010
O banquete
Uma salada de palavras, frases e discursos, pode ser algo impalatável, mas se bem preparada na seguindo a receita e juntando a arte será deliciosíssima, mais viciante que qualquer entorpecente. Ultimamente um restaurante, a internet, que me serve das melhores iguarias a base de idéias, saladas mais apetitosas que nunca havia deliciado. Imagina que descobri menu que me oferecem as saladas sem igual. O cardápio é excelente não é único tempos vários: Café filosófico, Sempre um bom papo são os meus prediletos. O café filosófico foi o primeiro que saboreei deliciei de pessoas só pra ter uma idéia Viviane Mosé, Márcia Tibure, Luiz Ponde... já sempre um bom papo, descobri Eduardo Gianetti, Moacir Sclier... Estes falam de tudo desde literatura, filosofia e tudo o mais. Hoje sou viciado na palavra acho que estou descobrindo um outro eu. O melhor de tudo é que voce pode se beber e comer tudo de novo, pode dividir com o mundo todo, nunca vai acabar essa massaroca deliciosa. Já estou fazendo a minha parte, pois divido com todos os meus amigos. Estou distribuindo via redes sociais. Bom apetitie
silêncio da tarde
A tarde sem sol, sem luz perde o silêncio.
O sabiá quebra esse silêncio.
Quebra o silêncio que silencia a alma,
as ideias;
O canto do sabiá obra da natureza,
fala dentro de mim.
ecoa dentro de mim.
na minha tarde subjetiva.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
O silêncio
Este ano de 2010 fiz várias coletas a última que fiz foi no Estado do Mato Grosso no pequeno município de Novo Santo Antônio, conhecidos por alguns por pantanal do Araguaia. A coleta foi mais especificamente no Parque Estadual do Araguaia, um ambiente de paisagens belíssimas que variam desde campos alagáveis abertos até ambientes florestados chamados de impucas. Chegamos lá num domingo a tarde, as coletas começariam apenas na segunda de manhã. Descarregamos as coisas, limpamos e organizamos tudo. Bem no fim da tarde meus colegas foram pescar no rio das Mortes que fica a 100 metros da sede. Quando me deparei com aquele rio lindo, de almas camas e o sol no poente fiquei em silêncio profundo, pois pra mim aquela paisagem era plena de contemplação. O sol aos poucos se alinhava ao horizonte, o céu azul intenso, e o rio refletia os raios do sol. A mata do lado oposto perdia as cores e vez por outra passava uma ave. O rio calmo, minha alma, meu corpo estáticos, apenas o meu coração pulsava. Então finalmente o dia se entregou pra noite. Esta trouxe de presente uma lua prateada, além do uma quantidade infinita de estrelas, mais parecia uma peneira tapando o sol. A noite foi só contemplação. No dia seguinte acordamos antes das cinco, pois o caminho até o ambiente de coleta ficava muito longe. A lua não tinha partido ainda, mas os primeiros raios do sol já despontavam no nascente, era a aurora anunciando o novo dia. Aquele céu crepuscular me despertou de sobressalto, pra minha surpresa fazia um frio muito intenso. A umidade do ar quase 80%. Tomamos café, subimos na toyota se seguimos até o ambiente de coleta, no caminho vi um cervo do pantanal, enorme, vermelho. Quando chegamos no local onde iamos coletar o sol já tinha saído. Então eles foram coletar nas impucas e fui coletar minha planta nos campos. Caminhei bastante quando finalmente encontrei minha planta, encontrei também o silêncio pleno. Naquele instante era só eu e a natureza. Sem uma pessoa, uma palavra, um animal, apenas plantas, lindas plantas, coloridas plantas e a luz intensa do sol. Aquele silêncio ecoou dentro de mim. Meus pensamentos começaram falar e comecei a conversar comigo mesmo. Sobre tudo que penso, que sei, que sou. Um louco, naquele momento me senti um louco conversando como silêncio do araguaia. Tanta beleza as vezes provoca reações na gente que não esta acostumando. Parei coletei minha planta. Sentei e passei o resto do dia a contemplar o silêncio. Os três dias que permaneci lá fiquei contemplando o silêncio do mato, do rio, do povo, da terra.
Orquestra
Sol brilha intensamente, a natureza está calada o só os transeuntes quebram o silêncio. Enquanto isso músicos aguardam a ordem da maestra. Então começam a afinar os instrumentos num barulho caótico. As pessoas começam então a se aglomerar, tomarem seus lugares. O tempo passa e chega a hora. A maestra sobe no pupito e explica que iremos ouvir uma música de Beethoven e uma de Ravel. Séria infla o peito e começa com aqueles acenos mágicos com a batuta de condão faz toda aquela máquina soar numa harmonia linda chega a fazer esquecer da vida e viajar na mente. É a segunda vez que desfruto desse delicioso espetáculo no campus.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
O banco
O banco
Faz uma semana que perdi meu o cartão do meu registro acadêmico, minha carteirnha, fui fazer um novo na dac, mas foi informado que era preciso depositar uma quantia no Santander, como tenho conta no banco real que agora faz parte do Santander, pensei já resolvo isso, isso foi semana passada quando cheguei a agência estava em greve, entrei falei com uma funcionária que não sabia de nada esta me informou que o sistema tava fora do ar e que nada podia fazer que eu fosse na agência do Dom Pedro ou em Paulina, longe demais para ir de bicicleta. Então voltei para o laboratório com uma mão na frente e outra atrás. Passado uma semana, hoje foi novamente , cheguei as 10h, consegui resolver o movimento da conta, mas o meu maior drama estava por vi. Como liberar o cartão para fazer uso do auto atendimento. Primeiro no caixa fiz uma senha de quatro dígitos, desci e fui tentar reaver a senha que eles liberam só pelo telefone. Peguei o telefone, digite um digitei, o número da agência e conta, aguarde. digite a data de nascimento... quase meia hora depois a ligação cai. Tento tudo de novo e não dar em nada. Volto pro IB irado, então a tarde resolvo voltar lá, chegando lá o guarda fala voce aqui de novo. Fiquei vermelho de vergonha ou de raiva. Subo a escada vi o meu gerente, comento com ele que pede pra eu aguardar ou usar o fone da agência, pego o fone que não é fone. Digito uma, duas vezes e nada. Pergunto é esse número ele fala que sim. então diz digite o zero antes. Faço e nada. Então olha e ver que o que to usando não é um telefone, mas parece um que aparelho é aquele não sei.
Mudo de aparelho e nada. Pensei que zica. Ele me pediu pra aguardar. Ótimo ele me atendeu, finalmente consegui a senha a maldita senha. Vou ao caixa automático fazer a transferência e quando chego lá. Digito tudo que pede e nada acontece. Porque a conta é do Santander e não funciona ainda no Real, não é pra ficar maluco. O rapaz que trabalha no Real fala pra mim que aquela transação só é possível na agência do Santander. Vou até lá e tento uma, duas, três estou quase conseguindo, quando vejo que finalmente aparece todos os dados pronto, basta apertar um sim. Aperto e nada acontece... Fico maluco faço a mesma ação três vezes. Não consigo e vou ao desespero. Quando sai um funcionário. Pergunto se ele trabalha lá, muito educadamente fala que sim, os funcionários do Santander são sempre muito educados, então ele vai resolver penso. Começa a transação e o cartão está bloqueado. Saio puto de raiva, mas agradeço ao rapaz. Volto pra taxo. Guardo as minhas coisas e vou saindo triste, fébril, então comento com o João o caso. Ele diz por que voce não fez essa transação no caixa, respondo que não é permitido. Por que pergunta. Vou ler o maldito papel com os dados:
Atenção: Não aceitamos depósitos efetuados em CAIXA DE AUTO ATENDIMENTO (envelope).
Não dizia nada com relação ao caixa pessoa.
Puxa vida por não presta atenção em uma frase eu perdi o dia tentando fazer uma coisa desnecessária.
Comigo é assim tudo mais difícil.
Escola
Lembro meu primeiro dia de aula, estava ansioso e sentia um certo medo. Lembro que fui com minha irmã e minha vizinha. Tinha como objetos do saber um caderno simples, um lápis e uma borracha, a bolsa era um saquinho de macarão. Lembro que sai de casa ainda perto de casa, imaginei como seria. Só disso que lembro. Lembro que achava linda as fardas. A camisa branca e calça azul e um tênis azul. Minha primeira professora foi Livani. Ela fala que puxou muito na minha orelha, mas sinceramente não me lembro. Lembro que conheci nesse dia o João de Odaleia já era desenrolada. A Eurides que já sabia escrever uma escrita bonita. Lembro que um dia escrevi os números até 200, olha só até 200, mas foi do 110 até o 200 e não ao 120. O ano nesse tempo era tão longo. Repeti o primeiro ano. Não estava mesmo preparado. Lembro que sabiamos a hora do fim da aula pelo reflexo da luz do sol. Ah que longa caminhada essa minha.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
liberdade
Hoje foi um dia como todos os outros, mas para os homens que estavam presos, subterrados na mina San José no Chile foi uma verdadeira vitória, renasceram das cinzas, mesmo não é átoa que a a cápsula foi chamada de Fénix. Cada um dos homens que saía daquele buraco era saldado com palmas, alegria, lágrimas e esperança. O mundo todo estava torcendo para que tudo desse certo. E deu, amanhã é outro dia. E a vida continua.
O olhar
O que ler cada olhar?
Vejo no seu olhar,
sua forma de ver o mundo,
de compreender o mundo,
vejo no seu olhar,
a impressão que te excita,
vejo que vês,
outro mundo que o meu pode ver,
posso até apontar algo,
posso teu olhar a olhar o que vejo,
podes até ver a mesma coisa,
mas é ledo engano,
porque o que vejo,
não vês, pois
quando vemos lemos o mundo,
e cada um ler o mundo de forma diferente,
nos construímos nosso mundo,
partindo do subjetivo,
construímos nossos olhares,
só vemos o que conhecemos,
podemos até ficar impressionados,
mas não lemos por igual.
o olhar é pessoal,
como a vida é individual.
Mina
Um dia depois do feriado, o laboratório está vazio. Temos boas notícias e esperanças. Os mineiros soterrados numa mina em San Jose no Chile, no dia dois de agosto, estão sendo resgatados um a um. Acreditava-se que só seria possível em de ser feito esse resgate em dezembro, mas felizmente foi antecipado. São no total 33 mineiros. Todo o mundo está de olho para essa mima.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Boa noite.
Aprendi a rezar,
bem pequeno,
antes de dormir,
mamãe nos cobria,
na minha casa ventava muito,
aquele vento do nordeste,
mamãe nos envolvia,
e começava a rezar.
primeiro a ave maria seguido do pai nosso,
o creio em deus pai só aprendi depois que minhas irmãs foram fazer primeira comunhão.
Mamãe comprou um livrinho pra elas. Tinha muita fé.
Fechava os olhos e pedia bem forte, papai do céu quero isso... e rezava.
decorei aquelas orações.
Ficava enrolado como uma pupa num casulo.
mãe apagava a luz e dormíamos como anjos.
sem pensar no ontem ou no amanhã.
O importante era descansar.
boa noite mamãe e boa noite papai.
a benção mamãe e a benção papai.
deus lhe der fortuna.
boa noite.
Boa noite.
Aprendi a rezar,
bem pequeno,
antes de dormir,
mamãe nos cobria,
na minha casa ventava muito,
aquele vento do nordeste,
mamãe nos envolvia,
e começava a rezar.
primeiro a ave maria seguido do pai nosso,
o creio em deus pai só aprendi depois que minhas irmãs foram fazer primeira comunhão.
Mamãe comprou um livrinho pra elas. Tinha muita fé.
Fechava os olhos e pedia bem forte, papai do céu quero isso... e rezava.
decorei aquelas orações.
Ficava enrolado como uma pupa num casulo.
mãe apagava a luz e dormíamos como anjos.
sem pensar no ontem ou no amanhã.
O importante era descansar.
boa noite.
Doque
Ainda me lembro como se fosse ontem o dia em que mamãe foi pegar dogue nosso cacho que viveu mais de 14 anos. Lá em casa já tinhamos lião que era um cachorro vermelho muito bom, um excelente caçador, mas minhas lembranças de lião são muito vagas. Só lembro que ele tinha uma cicatriz grande na coxa de uma água quente que papai descartara a noite e sem ver queimou leao, mas meu pais sempre curava infecções nos animais com óleo queimado da forrageira, parece que era bom mesmo. Bem meu irmão sai com lião e nunca voltava sem um ou dois preás no fim da tarde. Naquele tinha prear pra dar com pau, bastava ir perto do cajueiro da porca que já pegava quantos quisesse, era fácil pegar, papai sempre que limpava o sítio formava aquelas coivaras onde os preas usavam pra se abrigar, bastava sacudir um pra lá sair um prear, meu irmão mexia o prear corria e lião pegava. Eita cachorro bom. Mas chegou dogue eu era pequeno ainda estava na primeira serie, tinha chegado da escola e aquele cachorrinho grunia debaixo da mesa, mamãe já tinha colocado uma tijela de leita pra ver se ele se calava, não adiantou aquele cachorrinho banco passou a noite chorando por causa da mãe dele. Fomos dormir com o coração partido com pena do bichinho. Eu tinha o coração mole não gostava de ver animal chorar, se alguém soltava um gato novo lá perto de casa e eu ouvisse o eles chorando ia dormir quase chorando, ou se ouvia os pintinhos que nasciam antecipado da ninhada piando dava uma dor no coração. Dava pena. Nunca gostei de ouvir nada chorando, bicho ou gente, pois dar uma agonia. Bem no outro dia já foi diferente dogue não chorou, foi se acostumando, era um safadinho brincalhão, pegávamos um pedaço de cordão dos punhos velhos de alguma rede e ficávamos brincando com ele enganando, fingindo que era uma presa era o que eu pensava, mas que nada filhotes adoram brincar. Então ele foi crescendo, e cresceu um lindo cão branco. Excelente caçador, pegava o que aparecesse preá, teju e até raposa. Era um cão querido pois espantava os bichos que vinham atentar os terreiros nossos e da vizinhança, desde que ele chegou lá em casa nunca mais raposa ou tejo atentou comeu ovos ou galinha do terreiro. No começo dogue era filhote começou a comer ovos, mas papai tem uma técnica infalível por pimenta num ovo, o cão come desgosta e nunca mais come. Dogue sempre acompanhava papai quando ia para a roça, quando ia para a casa de meus tios, meus avos, era o companheiro. Gostava muito de sua companhia, pois me seguia quando ia buscar o gado no cercado já chegamos a pegar um tejo nessas viagens. Ele era obediente não ia conosco para a escola, bastava mandar ele voltar, acho que ele sabia que iamos para a escola, lugar de cão não é na escola, mas se fosse buscar água na grota ele ia junto, me senti mais seguro. As vezes tinha uns cachorros que implicava com ele o cachorro de zé de julho, aprendi que quando eu ficava extrumando ele o cão do zé perdia a corragem. Isso era bom. Ele não brigava com os cães vizinhos se cheiravam, mas não brigavam. Bem ele viveu conosco por muito tempo, lá em casa tem uma foto vou resgatar essa foto. Que saudades! Ele era onívoro. Nós não tinhas muito recurso portanto ele sempre comia feijão com farinha e arroz, ficava só com os ossos. Não era egoísta cedia a caça que pegava e ficava com os ossos tadinho, mas tínhamos muito amor por ele. Ele comia frutos, adorava pinha. Nos dias de vacina eu sempre ia vaciná-lo, rolava um stress eu procurava ir cedo pra não ver cão enredando ele. Ele ficou bem velhinho faleceu acho que em 1993, morreu no cajueiro das castanhas grandes. Papai e todo mundo lá de casa ficou muito triste com sua partida. Desde então nunca mais lá em casa teve um cão com vida tão longa. Aquele parece que foi o nosso último cão em família. Hoje todos moramos longe só resta saudades e lembranças de nosso amado cão doque.
ambiente
Paredes sujas,
móveis desorganizados,
o vento balança as árvores,
faz um frio nos meus pés,
na minha alma,
minha alma está tétrica,
imersa quase um vácuo.
Frutos secos balançando nas árvores.
isso é o que sinto.
o frio.
só
Quando estou na solidão,
vem a mente a poesia,
aflora sentimentos.
Fala a poesia,
calada a euforia,
me esvazia.
até chegar o fim do dia.
Solidão
Quando fico em casa só,
e nada faz sentido,
não consigo trabalhar,
não consigo me expressar,
pois me sinto só.
Quando me sinto só,
nos feriados, fins de semana,
cai um baixo astral.
o tempo se arrata,
sinto intesamente
a solidão.
Só o vento e a janela me convidam a ver o tempo passar,
mas resisto,
penso na vida,
penso no trabalho,
que parece pesar em minha alma.
o tempo não passa,
nada...
fico caladinho,
só
vácuo
Quero escrever,
mas não consigo pensar,
estou ilhado dentro de mim,
vejo um vazio,
vejo o mundo vazio.
Vazio da palavra,
do sentimento,
sinto frio,
mesmo que o sol brilhe,
faz frio,
sinto vazio.
ausência de poesia.
Matutar,
ou trabalhar.
amém.
Soul
Minha alma
Minha alma presa ao corpo,
minha alma se sente vazia,
Minha alma existe no mundo,
oras cheia, oras vazia.
Alma, cheia, vazia, poesia, vadia.
Natura
Dia de primavera,
o sol brilha intensamente,
o vento soa nos ramos novos das árvores,
só o vento soa o resto é só silêncio,
as aves não cantam, os cães não latem,
as plantas verdejantes dão adeuses.
Os muros, as casas com suas paredes sujas,
coloridas, urbanas verdadeiras catacumbas,
parecem vazias,
as pessoas nos seus átrios,
macambuzias,
que feriado silêncioso, vazio para quem não é católico,
nem descanso, nem respeito,
só o sol brilha,
sozinho neste átrio,
viajo ao som do vento,
vento que viaja em me conta suas viagens,
vindo do além e indo para não sei onde.
Quem me dera ser como o vento,
deixar de ser humano,
viajar e ver as cores do mundo,
no azul do mundo da terra.
Aparecida
12 de outubro dia da criança e de nossa senhora de Aparecida.
Minha avó era uma pessoa de muita fé. Viveu 93 anos totalmente lúcida, adorava conversar com ela, apesar da idade tinha ideias claras, convicções e uma memória de elefante. Viveu com nós por um bom tempo. Às tardes depois de tirar um cochilo vinha ela andando quase se arrastando, sentava numa cadeira de balanço, bocejava, penteava o cabelo com a marrafa e ficava contemplando aquelas tardes claras e quentes. Adorava minha vô que se preocupava com o aprendizado dos familiares. Muito inteligente, relembrava que quando estudava só tirava 10, e era convidada a recitar versos na escola nos fins de ano. Lembrava com desgosto que o pai dela havia tirado ela da escola pra cuidar de um doente. Coitada e ainda dizia que estava aprendendo raiz cúbica. Ficava impressionada com a memória uma lembrança muito antiga. Conversavamos muito e as vezes ela rezava enquanto eu lia algo. Via seus lábios rezando. Enchia ela de beijos só pra ver ela toda feliz sorrindo aquele riso doce. Todos os dias quando acordava assistia pela televisão a missa da igreja de aparecida. Rezava, cantava e seguia todo o rito da missa como se estivesse presente. Ela sempre foi muito católica. Vivia feliz com aquela vida. Temia muito a morte como todo ser humano. Hoje lembrei o quanto ela gostava de ver a missa de Nossa senhora. Deus a tenha doce avó.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Carrinho azul
Meus carrinhos minhas balas.
Quando criança os doces são mais doces e os brinquedos coisas preciosas. Adorava quando chegava dos dias de sábados, pois papai sempre ia a cidade na feira comprar açúcar, café em grãos, sabão, querosene, carne e balas. Ah aquelas balas que vinham num papel de embrulho daqueles que o marceneiro enrolava tudo, não exista as sacolas plásticas lá em nós. Ele sempre ia de bicicleta, uma bicicleta barra circular vermelha linda, velha mais linda, tinha uns decaltes muito bonita. Confesso que naquela época a bicicleta mais bonita que achava era a de Dadá do parieiro,pois tinha a pintura perfeita, rosa-prateada era uma 77. Bem mas a nossa bicicleta era melhor, porque era nossa, tinha a bicicleta do meu irmão uma 80 eu acho era uma barra cicular verde todas monark, porque as caloi essas não prestavam pra nada quebravam o bagageiro e as coisa, eram mais bonitas, mas não prestavam. A única caloi que vi que prestou foi uma que papai comprou pra Berg meu irmão primogenito, era uma monareta azul com lameiras brancas que tinha uma dobra no meio, essa era linda e boa niguém em toda a cidade tinha uma igual, como disse veio de São Paulo era tão boa que foi passando de irmão para irmão, ensinou nós cinco a andar de bicicleta. Bem naquela época a grana era muito curta, papai tinha algumas coisas a mais porque ele era muito inteligente e avançado, sempre foi assim saiu de casa pra São Paulo tinha só 17 anos, sequer tinha um sapato, passou 29 dias num pau de arara em busca da cidade de São Paulo, chegando cá foi servente de pedreiro e aprendeu a profissão de carpinteiro. Era boemio quando chegava em Serrinha ele sim tinha bons amigos. As vezes acho que ele já sabia que estamos na vida só de viagem, pois o máximo que passava em um emprego era três meses, quando começavam a gritar com e ele não aguentava por ser bocudo, respondia e era demitido, achava que a grana que ganhava de desemprego maior grana e ai tinha um mês de férias até arrumar outro emprego. Bem meu tio Aldo era casado com minha tia Nevinha e quando certa vez papai foi a Serrinha conheceu mamãe namoraram e se casaram, mamãe era muito bonita. É dez anos mais nova que papai. Mamãe quem cuidava de nós quando papai viajava e tio Alda dava o apoio o fato que mamãe era uma Penélope, mulher de Ulisses da iliada, aguentava o tranco só com nos um monte de meninos dentro de casa cinco, fazia tudo com a ajuda de Cizinha minha prima filha de tio Aldo. Enfim papai chegava da feira e distribuía as balas, nos ficavamos numa alegria danada. Meu pai era meu heroí o mais forte dos homens e as vezes me fazia surpresas. Um dia ele chegou acho que já era mais de meio dia e me trouxe um carrinho lindo, um caminhão modelo mercedes sendo a cabine amarela, e o resto branco, um caminhão de bojões, fiquei muito feliz naquela tarde, meu carrinho e mais balas. Que surpresa linda e doce. Bem mas meu vizinho tinha um carrinho de cavalos, pedi pro me pai um carrinho de cavalos e ele um dia não é que trouxe um carrinho também mercedes, acho que meu pai tinha gosto por mercedes, mas não era daqueles mercedes cabine redonda não quem disse era daqueles mercedes geométrico alemão. O carrinho tinha bulea azul e grades brancas e era mercedes não caminhão da fiat, tinha três cavalos um branco e dois pretos. Nossa aquele carrinho era lindo tinha detalhes na roda. Eu não brincava com esses carrinhos porque tinha medo que eles estragassem, preferia fazer meus carros de lata de sardinha. Quando era inverno fazia imenso currais com pedaços de paus, com pontas, como o solo era mole dava para enterrar batendo com uma pedra. Sim na minha casa tinha um grande coqueiro na cozinha e três do lado da casa velha. na frente da cozinha tinha uma fachina e muitos pés de pinheira, no inverno crescia pés de bucha que eu usava os frutos para servir de vaca. Era fácil fazer, bastava pegar quatro paus e furar num lado da bucha ela fica em pé uma vaga gorda e bonita, verde mas você sabe mente de criança o importante é que ficava de pé como um quadrúpede e ficava ali brincando de vaca a tarde toda, mas meus carrinhos ficavam guardados esperando um dia especial pra brincar, tinha que cuidar bem deles né não sabia quando ia ganhar outro. Certo dia das crianças mamãe me deu um trator vermelho igualzinho o de Nelson de Bia, eu achava que ele era muito rico, pois tinha uma caminhonete D10 creme e um trator que servia pra arar a terra e com a carroceria pra carregar coisas. Esse trator era lindo, vernelho de carroceria azul. Que coisa boa ser criança, tudo é alegria, tudo é grande, doce, tudo é cheio de alegria.
domingo, 10 de outubro de 2010
Doce branco
O canto da patativa, do sanhaçu,
desperta um sabor doce da pinha,
doce branco de sementes pretas,
da casca rugosa.
O canto da patativa do sanhaçu,
lembra as manhãs com ventanias,
o vai-vêm das pinheiras,
lembra o chão molhado e frio,
o verde vitreo das sirigueleiras,
lembra as rumas de lenhas,
rachadas, de anjico.
lembra flor de urucum,
flores rosas.
o mastruço nos terreiros.
a infância
Sol de primavera
O sol de primavera brilha iluminando a natureza,
o ambiente que vivemos. As flores efêmeras desabrocham e irradiam beleza.
Mesmo o sol de primavera brilhando o vento que soa nas folhas
que corre nas ruas tem um sabor gelado.
O dia de hoje é lindo,
a rua está vazia, e o sol já está quase a pino,
camtam os sanhaçus, os pardais e Bach.
Envolvido no meu mundo subjetivo,
sinto saudades, de várias coisas, gostaria de está em casa,
e almoçar com mãe, hoje é seu aniversário.
Ano passado estavamos reunidos, mas ela estava doente,
triste.
Este ano está bem com saúde, mas bem longe de nós lá na serrinha do Canto,
na baixa.
O sol brilha, a vida pulsa as flores efêmeras sorriem
Ocaso
A noite veio cinza,
a lua crescente e a estrela nasceram no poente,
Mirei-as enquanto caminhava lentamente.
Falei com meus pais que contaram algo muito triste,
uma vizinha e um grande amigo de meus pais faleceram.
Isso me deixou reflexivo.
Quantas vezes mirei essa paisagem?
Refleti, reflexo.
Noites
Quando era pequeno na época que morava com meus pais, antes de ir para a escora, acho que tinha uns cinco ou seis anos. O mundo era tão grande, belo e gostoso. Passava o dia a brincar em casa ou com os meninos mais jovens da vizinhança. Naquele tempo no pequeno povoando onde moravamos não tinha eletricidade, tudo era simples. As noites era alumiadas por lamparina. Quase todas as noites saiamos para a casa dos vizinhos. As famosas boca de noite onde ouvíamos aquelas estórias interessantes. Uma das casas que meus pais gostavam de ir era na casa de seu Chico Franco. A casa de seu Chico era junto com a casa da sua filha Dezu. Seu Chico era um senhor cheio de conversas, um dos velhos que eu primeiro conheci. Ele era casado com dona Maria uma senhora de voz calma, pausada as vezes arrastada. Creio que com o tempo os hábitos do marido impregna na mulher, porque a voz dela era pausada como a do marido. Enfim gostava da casa de seu por causa das estórias. Ele da época antiga ficava sentado numa rede ficava sentado como quem anda a cavalo. Sempre saia um cafezinho eu era viciado em café. Ficava olhando sempre pra porta achava interessante aquela porta, uma porta grande, no interior as portas eram divididas em duas partes sendo que a de baixo ficava fechada e a de cima aberta para o vento entrar ou a luz, mas enfim gostava da porta porque era riscada de forma geométrica a formar vários quadrados. Ficava olhando aquilo e formando imagens. A noite lá iamos nós meu pai, minha mãe e minhas três irmãs, meu irmão mais velho já começava a sair sozinho, eu morria de medo do escuro, fazer bocas de noites. Bem nós também recebíamos boca de noite, principalmente de Heleno casado com Maria minha prima, mas confesso que papai gostava mesmo era de sair de casa. Ah bem como não tinha luz ficamos fitando a luz da lamparina, um objeto de flande onde coloca-se querosene com um pavio de algodão, que ao queimar formava uma luz amarela e solta uma fumaça preta. Bem morava com seu Chico o filho mais novo Jesiel, vulgo Geso, baixo usava barba, um torcedor louco pelo flamengo. Bem certo dia Jeso comprou uma bateria de carro e instalou um conjunto de luz incandescente, luzes pequenas umas quatro ou cinco. Confesso que nunca tinha visto tal objeto e tal luz maravilhosa que clareava mais que dez lamparinas, fiquei encantado, maravilhado com aquilo. Vou abrir um parênteses, bem lá em casa tinha sim uma lâmpada a gás, era um objeto muito valioso, pois ilumiava muito. Mas aquelas lâmpadas me encantava, dai quase toda noite pedia pra ir lá pra seu Chico. Ouvia as histórias quando voltava pra casa voltava no tuntun de papai, antes de dormir mamãe cobria agente e me sentia seguro, feliz cheio daquelas conversas.
lmebraças
Primeira TV que eu vi.
Desuita filha casada com Lolo, de Chico Franco tinha uma filha que teve vítima de paralisia infântil, esta menina nascera perfeita, corria era uma menina como todas as outras, o maldito vírus paralisou-a numa cadeira, filha única. Bem o fato que para amenisar a solidão e o olhar triste de Regane, seus pais compraram uma Tv a bateria, não lembro qual foi o primeiro dia que vi aquele objeto, mas lembro do objeto uma philco. O fato é que aquela tv trousse vida para a casa deles pois em Serrinha ninguém tinha comprado uma tv ainda, esta seria a primeira tv, lembro que a sala ficava cheia, lotadinha moleques sentados na sala, nas janelas e Rejane na melhor cadeira, aquela cadeira legal que tinha rodas, coisa que eu achava quando era criança. Era uma sensação quando acabava a novela as pessoas se iam e ficavam só os adultos, Rejane ficava ali e logo se aninhava e ia dormir. Essa semana liguei para meu pai que me falou muito triste da morte de Desu, senti uma tristeza muito profunda por tal má notícia, sei que todo o povo de nossa comunidade sentiu muito, pois essa mulher era extremamente dedicada a filha, a casa e ao marido. Partiu e deixa muita saudades e boas lembranças. Pensei muito sobre a morte e sobre a vida. Vida efêmera vida.
sábado, 9 de outubro de 2010
Fim de calmaria
A calmaria passa,
o dia esfria,
leve vento infla a vela,
há um deslocamento.
A tarde de cinza,
o frio no silêncio vazio.
barco
Um barco a deriva,
na calmaria,
um barco a deriva,
sol, dia azul.
ausência de movimento,
exceto a luz,
nada acontece,
uma calmaria.
o barco no espaço estático.
A árvore
Sempre estática a árvore se impõe forte, sábia e imponente.
No meio do pátio cresce a árvore um ser que de movimento tem apenas o crescimento ou o abuso do vento.
Sob o sol, lua, chuva e estiagem a árvore permanece estática de pé.
Com seu tronco robusto, suas folhas e flores tênues eis um ser.
Que se constrói dia a dia.
Se surge uma praga de insetos ou lagartas que devoram suas folhas, suas flores prejudica-lhes por inteiro, nem por isso esta reclama, passiva espera a bonança.
Estática permanece a árvore, paciente sobrevive e se torna mais imponente.
É o destino da árvore ser imponente desde que resista as diversidades.
E se conclama magestosa florida na primavera.
E se conclama cansada no outono,
mas resiste porque já que nasceu,
já que surgiu,
viver é o que lhes resta,
existir o que lhes projeta.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
A ilusão
Ouço Schumann,
estou em casa só, tenho três luzes acesas a da sala e duas do meu quarto, mas como dizia a música que ouço, soada a violino. Tem uma melodia tão sutil, algo difícil de descrever.
A sensação que tenho é de solidão. Tal som invade minha alma. No meu silêncio permaneço.
Sentado olhando para o vazio do meu quarto, vazio de meu pensamento, minha total ausência como ser. Parece que nada sei, nada sou.
Sabe quando ficamos vazios. Mas é um vazio de um ser finito.
Contando o tempo, aguardando algo acho que talvez seja agarrar uma ilusão.
O esaravelho
Fim da noite, estava escovando os dentes já tinha apagado a luz do quarto, só estava acesa a luz da escrivaninha. Quando ouvi o som do vôo de um grande escaravelho. Voava em espiral naquele cenário semi-escuro e amplo do quarto. Indaguei-me de onde veio aquele inseto enorme se a janela e a porta estavam serradas. Acendi a luz, então ele pousou desengonçado sobre minha escrivaninha. Peguei dois papéis e consegui colocá-lo sobre estes. Marcelinho que já estava deitado levantou, pedi pra ele abrir a janela pra libertar aquele ser, mas ele gritou que queria tirar uma foto. Bem mas o inseto mais pareceu uma modelo pousando para playboy com tantos fleshes disparados pelo Marcelo, aproveitei para tirar umas também. Fiquei surpreso pois percebi que o escaravelho ficou ali estático, talvez fingia está morto ou parecia ipnotisado ou me encarava fixamente. Estático, enquanto era fotografado. Aquele inseto que foge as leis da física teima e consegue voar. Aquela carapaça negra, brilhante, por vezes furtava a cor, difratando a luz. Suas patas fortes. Belíssimo. Falei será presságio? Não! Os indianos acreditam que podemos reencarnar em formas de vida inferiores. Seria alguém que já conheci? Bem o Marcelinho fez um book daquele ser que ganhou destaque. Antes de dormir li um pouco e fui dormir com a ideia da presença do inseto em meu quarto. Que veio ele me dizer? Muitas vezes teimamos em crer nas ideias que ouvimos na infância, o obscuro.
Noite do Escaravelho.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Quem me cobra
Viver sob pressão essa é a impressão que passa em minha mente. Parece que tem sempre alguém me cobrando algo. Acho que sempre quem mais exige de mim, sou eu mesmo que maluco, podes pensar, mas eu quem sou meu maior crítico. Nada que faço fica bom, pior que nada fica bom mesmo. Sou daqueles malucos que se impressiona com qualquer coisa. Interessa-me a estética seja ela qual for física, intelectual ou dialética. Num mundo cheio de vida, de informações como fazer para não sucumbir... Perco meu tempo precioso. Que fazer com tanta informação. Tenho que focar meus trabalhos, mas como fazer isso? Acho que enquanto não achar uma solução que seja coragem para trabalhar muito continuarei com essa sensação. Certo dia quando morava na roça campinavamos papai e eu, a lavoura estava bonita, mas não chovia a uma semana. Eu ali com uma preguiça, mas ao mesmo tempo gostando do trabalho comentei com papai que poderiamos esperar chuver e então seria mais fácil o trabalho. Sabiamente ele falou não deixe pra fazer o que pode fazer hoje pra fazer amanhã. No mesmo dia a noite caiu uma chuva. Dormi tranquilo naquele dia.
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