terça-feira, 25 de junho de 2013

Mistérios infantis

Temos sempre lembranças das visitas à casa de nossos avós. As casas de nossos avós são cheias de mistérios, há tanta coisa oculta a nosso pequeno mundo. Muitos dos objetos e hábitos ali encontrados não absorvidos por nossos pais e a nós é muito estranho. Na casa de vô chiquinha havia um oratório de Santo Antônio, algo meio barroco, sacro. Não sei porque, mas tinha medo daquele altar. Sempre abria para ver o que havia ali dentro, tinha essa liberdade. Todas as vezes que passava na anti-sala eu dava uma olhada, parecia uma pequena igreja. Por que ter uma pequena igreja dentro de casa?
Na sala, havia o quadro de meu pai de quando era jovem e eu não conseguia ver ali meu pai e o quadro de meus avós Chico e Chica. Tinha também várias cadeiras de balanço, mas de cordinha.
Lembro que a voz de meu avó era grossa e a de minha avó arrastada. Bom e quem interessa o tom da voz de meus avós? só para ter mais um lugar para guardar.
Não lembro de nenhum meio de comunicação lá nos meus avós, nem mesmo de um rádio. Tudo ali se contava ou era silêncio.
As noites escuras alumiadas a gás, a carne seca a sal e sol.
O doce do café e da rapadura.
A fumaça solta da lenha no fogão a lenha.
O tempo parado.
O tempo ali não escorria,
pingava.
As vezes mal chegava e já queria voltar.
Tinha muitas plantas que minha avó cultivava e não lembro de ter em minha casa.
Lembro do jasmim do lado do chiqueiro no nordeste, nas beiras das calçadas haviam vincas rosas e brancas, brancas com fauces vermelhas. Havia uma pimenteira do gênero piper, uma romanzeira, louro por todo o terreiro, roseiras e carnaubeiras.
Minha avó tinha uma horta sem faxina.
Tudo era tão orgânico.
O tempo levou meus avós e acabou com tudo.
Restam apenas as vagas memórias acima redigidas.
Mais nada.

Vejo

A terra continua a mesma,
o sol a brilhar alumiando o dia,
após a noite plenilúnea.
as árvores tem seus ramos balançados pelo vento.
Através da janela vejo tudo isto.

Vejo ainda um joão-de-barro
caminhando e forrageando.
O joão-de-barro de penas
telhadas, anda desengonçado,
De lá pra cá, olha desconfiado,
caminha sobre as folhas secas do bambus,
bica aqui, bica ali.
Bica, bica, bica...
Me olha e continua.
Por que não canta?
Eh! João... corre e voa e some.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

São João

Hoje é noite de São João,
as fogueiras já não ardem queimando no chão.
Não tem milho cozido, pamonha, traque ou rojão.

Hoje é noite de São João,
na minha infância esta noite era sagrada,
via todo mundo na estrada, toda a gente animada,
bandeirolas coloridas,
os meninos de havianas ou tyo-tyo
corriam em volta da fogueira.

Estopim aceso, o estou do traque,
e o grito das crianças,
na maior esperança,
de no ano que vem ter mais que 10 traques,
nem sei porque sou machista, mas lá em casa
só eu que era menino ganhava bombinhas,
minhas irmãs não...
mas não tinha problemas,
tinha bolo de milho feito na folha da bananeira,
com cravo e canela,
tinha bolo de ovo.

Tinha alegria!
Enquanto a fogueira se consumia,
havia alegria,
Os crentes subiam para a igreja,
mas hoje todos dormem,
a nossa baixa está vazia,
as vozes que gritavam,
sumiram no mundo,
hoje só restam as vozes da natureza,
mamãe nem faz mais bolos,
acho que papai ainda acende uma fogueira,
era bom irmos para o mato pegar lenha,
Papai cortava galhos da cajaraneira,
mas ai,
só resta a lembrança,
acesa...
nem uma vela em minha mesa.
Nem um viva São João,

nada além de lembranças.

Coisas raras

Nem tudo continuará,
mas se transformará a cada instante.
A manhã torna-se tarde,
a tarde torna-se noite
e a noite manhã.
Nem tudo é um eterno retorno.
A vida é impar, por isso pare
para pensar e senti-la,
sempre tento fazer isto.
Hoje, à tarde sai para caminhar,
e basta parar para ver que nem tudo é belo no mundo,
há um mau cheiro não dei de onde
aqui no setor terminal norte,
ao longo de todo o lago há lixo.
Não sei por que raios e com que intenção
quebraram a grade do dique.
Quando tudo nos desilude,
eis que o crepúsculo é mais pleno,
o vôo da garça leve,
o mergulho do peixe nas águas transparentes,
o desabrochar da ipomoea alba,
o fim do dia,
nem sei quanto tempo terei,
mas quero ver apenas as coisas boas,
já que são tão raras.

domingo, 23 de junho de 2013

Luz

A luz que invade o meu quarto
e revela as cores e as formas
dos meus objetos é a luz
que atravessa minha pupila
e excita o meu cérebro
e me revela tanta coisa
que faz minha memória
se ativar.
É a mesma luz que entrava
pelas frestas da nossa velha janela
de nossa casa de infância,
que atravessava as frestas do telhado.
Luz que se movia no escuro
atravessando as frestas do telhado,
o ronco do carro ou da moto
a luz em movimente,
minha mente em movimento,
o calor do cobertor
o pai nosso e a ave maria,
mamãe e papai,
e os sonhos ainda acordado,
luz que me tornou o que sou,
um ser de paz.

sábado, 22 de junho de 2013

Saudades

Que saudades imensa
me tomou ao acordar.
Saudades do cheiro do café
prontinho na mesa.
Da broa de milho quentinha,
da bolacha dentro do café com leite,
das rizadas da manhã,
do cheiro da chuva
molhando o barro seco,
do grito do peixeiro,
do barulho colorido
de poeira dos caminhões,
dos muitos opas,
do barulho da vassoura
riscando e limpando os terreiros
dos gritos de mamãe.
Saudades, da infância
e quem não tem boas
memórias.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Lua serena, grito de guerra

A lua serena de camarote olhava para a esplanada.
Quanta gente e quanta emoção.
Os espelhos plácidos do planalto estavam escuros
de militares e o som alto do povo ecoava nos ares.
"Brasil, Brasil, Brasil"
Quanta gente colorida, animada.
Gente bonita e pacífica,
E uma passeata decorreu e a noite
linda se passou!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Gira vida

Hoje a manhã caiu tão bela e fria.
O céu azul, o sol tingiu de laranja
tudo que sua luz acariciava.
As maritacas gritam apavoradas,
deve ser fome.
Os jornais tratam dos movimentos,
dos atos de vandalismo.
Aqui no meu quarto
tudo está tão calmo.
De certo sem nossa ação
tudo é calmo e sem vida.
Hoje a manhã caiu bela e fria,
vamos fazer a vida girar
agora!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Um Brasil melhor para todos

Entre os meus sonhos muitas vezes me desperto
e não sei de certo, se sonho acordado, ou desperto do além.
Me agrada os crepúsculo tanto o primeiro quanto o segundo
ver a largura do mundo,
também me agrada a lua cheia, pois vejo a profundidade do céu
e a grandeza do espaço, traço raios entre as estrelas,
formo imagens geométricas feitas pelos gregos, egípcios, incas e astecas,
pelos orientais... Sabe-se lá por onde anda tanta sabedoria.
Talvez esteja impressa nos livros ou dispersa na nuvem virtual.

Tenho o costume de me sentir bem ao ler Borges,
ao ouvir Mozart, ao ver Gogh, a comer pizza...

Não se ensina a gostar do que é bom... o que é, é.
Mas há uma força que me leva a fazer o bem, a buscar o melhor para mim.
Há tantas coisas que nunca vivi, só sei ao ler os livros de história...

Mas sábado, estava na rodoviária do plano e ouvi uma manifestação pequena,
senti uma forte emoção...
O grito organizado do povo, emana emoção...
Creio que se unirmos nossas forças,
juntamos nossos gritos, será lindo,
em um grito uníssono.

Um Brasil novo e melhor para todos nós.

Acorda Brasil


Este é o meu país, querido e amado Brasil.
Terra de gente boa, mas também de gente vil.
Brasil de grandes florestas, grandes rios e mares,
de grande diversidade, onde impera a generosidade
de muitos e a ganância dos poucos que estão poder.

Como é triste viver, sem educação, saúde, dignidade e liberdade.
Como é difícil crescer, aqui para vencer, tem que ser herói,
aguentar humilhação, crescer sem condições e muitas vezes
desistir.

Meu Brasil de Caatinga, de Cerrado, de Mata Atlântica,
de Amazônia...
Tu que abraça teu povo...
É hora de começar algo novo.
Vamos a rua gritar,
Tudo pode melhorar,
basta acreditar.


Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh