Descobri a pouco um sintoma da minha velhice. Creio que o seja. Saio de casa e ao largar meu cotidiano, meus objetos, meus hábitos já me faz muita falta.
Descobri que meu jardim me faz mais falta que antes. Que minha cama, meus livros, meu quarto é mais agradável que todos que vou, porque tem o meu jeito.
Antes, não era assim, sentia-me bem onde eu ia e se não me sentisse, não estava nem ai. Não me importava muito com esses fricotes. Naquela época o que valia era a emoção, a nova sensação, as descobertas o inesperado. Não tinha muito medo das consequências. Eu queria era ser feliz, mesmo que desse errado e se desse e daí. Eu tinha a impressão de que era eterno.
Hoje estou muito mudado, não tenho a sensação que posso perder meu tempo, valorizo mais as coisas, valorizo mais a mim. Sou menos tolerante. Prefiro o conforto de minha cama e a organização desorganizada de meu átrio. E quando saio, já não deixo tudo para trás. Não eu lembro do meu jardim, dos meus amigos, da minha rua.
É estou realmente assumindo essa face e não sei se é bom ou ruim. Não sei mesmo. A natureza molda suas faces. Nos moldamos nossas faces e assumimos o que melhor nos convém.
A nossa memória as vezes é traiçoeira, pois lembramos de coisas distantes nos dar uma sensação de velhos.
O bom de tudo isso é que sempre podemos recomeçar e como experientes, já sabemos quais os passos a não serem seguidos.
Adoro o meu jardim, mesmo com suas imperfeições e as aves que os povoa e as plantas e o meu horizonte encerrado por sucupiras.
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