segunda-feira, 17 de julho de 2023

Erosão facial

 Há dias venho me encarando no espelho.

Os quarenta, a partida de meus pais,

A chegada de meu filho.

Tantas sensações,

Tantos sentimentos,

Quanta dor e quanta alegria.

Sabe tenho percebido nessas encaradas,

O quanto tenho envelhecido.

Minha face erodida, mais ossuda,

Mais pelancuda.

Vejo! Que algumas marcas não tem como mudar.

A gente só pode aceitar.

Aceitei a calvície,

Aceitei as pálpebras caídas...

Aceitei a dor da partida de meus pais,

Aceitei a chegada de meu filho.

Aceitei...

Mas a vida é dura. Pense.

Dias a gente acorda e pensa. 

Vou conseguir.

Aceitei a cristo e sua filosofia univérsica do amor,

No meu cotidiano.

Olho-me no espelho.

Encaro-me.

Fecho os olhos.

Respiro e inspiro.

Parece que vivi séculos.

Tudo isso só faz sentido se me aceitar como sou.

Um humano, um mortal que envelhece e que morre, 

Mas antes que aprende com a experiência

E que aprende com a reflexão,

E que aprende com o amor.

Minha face erodida,

Meu corpo secando.

Então me encaro ao espelho.

E penso, apesar de tudo.

A vida vale a pena ser vivida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Meu pequeno botânico

 Ontem, Vinícius e eu saímos para ir ao pé de acerola. Nunca vi ele ama acerola. Vamos devagar e conversando. Ele teve a curiosidade de ver ...

Gogh

Gogh