domingo, 24 de maio de 2020

46. Outro momento

Para que este momento se eternize
É preciso paz exterior e interior,
Que haja silêncio,
Concentração,
Que se pense em algo bom,
Deixar para trás o que foi ruim.
Talvez esquecer mesmo que por apenas este momento.
Buscar a melhor memória,,
Pensá-la e amá-la.
Registre em forma de textual 
Na forma de um poema.
Quem sabe!
Às vezes, pensamos que as coisas tem tempo eterno,
Achamos que não passará.
Todavia tem o devido tempo.
O tempo objetivo,
A parte do tempo subjetivo.
E damos diferentes roupagens as coisas,
Ou aceitamos aquelas que os outros dão.
Tudo que falei é bobagem.
Temos maior medo de desaparecer da face da terra.
Medo do não ser. 
Só entendemos de ser.
E ser de maneira caótica.
Ser de maneira caótica.
A verdade é se é que esta existe
Estamos aprendendo a aceitar a existência,
Refutando-a ou amando-a...
Temos medo do que nos faz sofrer.
Sei lá.
Como poderia saber e ainda escrever sobre?
Com meus pensamentos caóticos e imbricados.
Como alto que está sendo triturado num moinho
Dando origem a algo palatável.
Parte de um processo em curso.
Agora, a chuva chove lá fora.
Ouço uma música de piano de Ludovico Einaudi.
E meu pensamento foge daqui e aparece em outro lugar.
Acabou de entrar num museu de Schubert na Aústria.
Os objetos como fatos de uma realidade.
A gente se espanta com essas coisas
Quando elas se materializam
Ou são registros de uma realidade.
Às vezes, nos leva a uma catarse.
Creio que tive uma catarse quando entrei numa igreja gótica.
Ou quando encarei um pintura de Gogh.
Estava ali materializada uma imagem pensada, pintada e contemplada pelo grande Vincent.
É lugares me encantam,
Livros me encantam,
Pessoas me encantam.
É tão bom quando a gente toma consciência do mundo e das coisas,
Consciência que o mundo é muito maior que nós que o nosso entorno...
Que as pessoas podem ser maior ou menor que aquilo que anunciam sobre estas.
Essa mistura de som de piano com som de chuva é tão agradável.
Ficaria um bom tempo contemplando.
Até que delibere fazer algo que ache necessário,
Entretanto não sinto vontade,
É domingo, uma manhã de chuva,
Estou colorindo este texto,
Para mim, pois não espero ser lido.
Há milhares de textos melhores.
Ler Clarice Lispector por exemplo.
Li hoje.
Foi tão lindo o texto.
Só capturei que ela amava rosas brancas,
E ela disse em dois textos diferentes.
Que amava as rosas brancas,
Pois as rosas brancas vão ficando mais perfumadas quando envelhecem.
Que gostosa e verdadeira observação.
Nunca pensei em dar uma roupagem como essa a uma rosa.
Talvez dona Ritinha poeta de Cabaceiras desse.
Só observo e contemplo.
Como amo a poesia feminina de Cora, Cecília e Rita...
Fecho este texto para continuar a viver a realidade em outro momento.

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