sexta-feira, 20 de julho de 2018

Reminiscência da infância

Saudades!
As memórias que temos da vida são incalculáveis, tanto as boas quanto as ruins. O acesso as memórias são desencadeados pelos encontros com as coisas, situações, palavras, odores, imagens e etc. Certos encontros nos fazem acessar as boas memórias que nos tornam saudosos, já outros encontros ativam memórias ruins que nos entristece.
Todavia, fui tomado por um bom encontro que não sei como aconteceu. Estava deitado, lendo e num atino como uma epifania, lembrei-me de duas pessoas amigas que conviveram comigo durante a infância.
Tratam-se de João de Licó e Elita Palmira. Pessoas simples, com rotinas normais sem nada de brilhante ou espetacular.
Não tiveram filhos e viveram até a velhice.
Não eram solitários, pois adotaram Elvinho sobrinho de Elita.
Ainda recordo seus hábitos.
Amavam a limpeza, por isso consumiam tanta água.
Adoravam criar animais, tinham sempre muitas galinhas e muitos patos, poucas vacas dois jumentos para o serviço de abastecimento da casa.
Tinham no pomar uma laranjeira, erva cidreira e uma horta de coentro e alface.
O sítio era pequeno com coqueiros, umbuzeiros, mangueiras, goiabeiras, araçazeiros, pinheiras, serigueleiras e cajueiros. Plantavam sazonalmente, milho, fava e macaxeira.
Elita gostava de fazer doces e foi lá que pela primeira vez comi pamonha doce. Gostava de servir doces de mamão às visitas.
Ela sempre fora de Serrinha do Canto
Para mim, o que tem de mais interessante neles é mantiveram sempre uma relação de extrema cordialidade entre nós, eu e minha família.
Eram excelentes vizinhos.
Nas nossas relações envolviam sempre muitas conversas. Eu era um mero coadjuvante, um ouvinte, um bom ouvinte. As conversas se davam entre papai e Joãozinho como era conhecido.
Eles conversavam sobre tudo, trivialidades principalmente. Haviam aquelas histórias mais interessantes que com o tempo e a repetição perderam o encanto. Dentre as histórias por exemplo se conversava sobre superação contando os grandes anos de seca ou de grande inverno, falava-se ainda sobre anos de fartura. Tinham as histórias de coragem e braveza. As histórias cômicas, embora as favoritas de meu pai não se contava muito, talvez em respeita aos cabelos branco de Joãozinho.
Depois que fui embora não tive mais estes momentos maior frequência, foram reduzidos às vezes que ia visitar meus pais. Durante a faculdade, costumava ir em casa todo mês e sempre recebíamos a visita de João e Elita, quando não íamos papai e eu a casa deles.
Ele me via como um lutador, me admirava pelo meu esforço e dedicação.
Antes da faculdade, sempre podiam me encontrar num corredor lendo e quando Joãozinho chagava lá em casa e que estava lendo, parava para ouvir ele conversar com papai. Nunca me cansou suas histórias.
Talvez, inconscientemente já soubesse que aqueles momentos eram ímpares.
Na verdade eles me conheciam desde menino, lembrar deles é lembrar muito de quem sou e qual é a minha origem.
Muitos dos valores que levo, aprendi enquanto convivia com eles.
Foram testemunhos de minha luta e recordar isso me faz bem.
Então fui dormir feliz depois desta memória.


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