sábado, 29 de dezembro de 2018

Hora da partida

A aurora que se acende paulatinamente
Num céu atropurpúreo ainda estrelado,
No quarto escuro
Ouve-se um choro de criança, a Gabriela desconfortada com a quebra do sono angelical.
A casa escura se desperta,
É quase hora de partida,
Ouve-se o próprio suspiro
E suspiro de choro,
Um nó se faz na garganta,
Uma luz se acende iluminando os átrios
Enquanto a luz preenche o recinto
E se derrama pelas frestas,
Papai acende o fogão para preparar um café e um chá,
Enquanto mamãe chora,
Enquanto cada um chora em seu coração
A hora da partida,
Gabriela acordou com cara de sono,
Dou meus últimos afagos,
Pego Gabi no colo e ela inocente
Não entende nossas lágrimas,
A Gi dá dois biscoitos a Gabi que coloca em minha boca 
E me faz entre lágrimas mastigar,
Então o carro chega,
E é hora da partida,
Nos abraçamos e depois de 25 dias
Lá se vai Rosângela com Gabi...
- Deu dinheiro a ela Chico pergunta mamãe a papai.
Então Rosa se acomoda o carro é ligado
E sai... o som desaparece
E a casa fica cheia de saudades
Com papai, mamãe, Dayane, Li e Gi.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Moda

Tudo muda constantemente,
E tentamos entender estas mudanças,
Porém nem sempre conseguimos.
Nestes movimentos uns partem e outros chegam,
Uns se distanciam e outros se aproximam,
E é este movimento conduz a vida até seu extremo.
Algumas memórias são mais presentes e outras em consequência
Das mudanças são peculiares únicas.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Alegria

A família reunida para o café,
A mesa farta,
Crianças despertas,
O falatório,
O café quentinho,
Queijo de coalho,
O bucho saciado,
Um bom chá,
Alegria é algo parecido com isso.

Liberdade

A vida essa dádiva a ser vivida,
O cosmos e o caos,
O entendimento do princípio de ordem,
Os fundamentos do universo,
A substância que tudo preenche,
As informações, as coisas,
Algas, briófitas, samambaias, espermatófitas,
Insetos, aves...
O micro e o macrocosmos.
Até onde vai a existência,
Que matéria constitui o saber?
Quem se importa.
Porque tudo é movimento.

Plenitude

Uma manhã suave despertando,
O sol despontando no céu,
Os pássaros cantando,
A luz do sol acendendo o dia,
Os fundamentos do entendimento,
Filosofia, física, geologia, botânica,
Literatura, música,
Platão, Nilton, Agassis, Bentham,
Borges e Bach,
A plenitude em nossas mãos,
A sensação de entendimento,
A percepção do sentido de felicidade
Nos preenchendo por inteiro.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Tarde

A tarde cai dourada,
Uma bela tarde de natal,
De tempo ameno,
Após algumas poucas chuvas,
Os arbustos e árvores florescem e se cobrem de folhas,
As vezes se fazem ausentes os fundamentos de algum pensamento.
Ausência de quase tudo,
Então,  a matéria se revela em formas diversas,
A realidade realizada
Em cores,
Formas,
E textura.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Reflexões natalinas

Um dia,
Uma tarde,
Uma noite,
Uma semana,
Um mês,
Um ano,
Os anos que se passam,
Desvelam o desconhecido,
E ocultam o conhecido...
O tempo dilui tudo,
Toda a substância que nos constitui,
Nossos corpos, nossos sonhos, nossos pensamentos,
Nossas paixões...
As relações,
Nosso universo subjetivo,
Nossos valores...
Num atino se esfacelam
Diante de uma catarse existencial...
A consciência sólida que a existência é tão curta quanto um sonho.
A alguns é revelado a outros nem a morte o faz.
O entendimento das coisas,
Nossos sentimentos que pode ser mais humano?
O fim do ano nos aflora reflexões
Que os dias com suas manhãs, tardes e noites,
Semanas, meses, anos tudo apagarão.
Assim mostra a experiência.

Consciência

Quantas coisas já preencheram minha vida até agora.
Essa massa substanciosa transformada em experiência.
São memórias, consciências, percepções, emoções, descobertas,
Curiosidades e aprendizagem.
O que é relevante ou irrelevante,
O que ficou e o que se perdeu...
Pego a câmera e saio a fotografar as formas,
Buscando um sentido...

Meia idade

É tarde,
Estamos todos na área da frente,
Então Dilene trás um filho de cachorrinho,
Lidiana o nomeia de Sherlock...
Está maguinho e pulguento,
Papai procura não se apegar,
Pois ainda sente
Falta de Negão nosso velho cão que teve que ser sacrificado pelo mal do calazar.
Dayane trouxe uma foto de negão,
Outro dia papai chorou olhando para a foto de Negão.
É...
Aqui estou,
Após conhecer tantos lugares,
Tantas pessoas,
Tantas histórias,
Aqui estou
No mesmo lugar de sempre,
Com quase quarenta,
Aqui estou pensando na vida,
Como sempre fiz,
Porém na meia idade,
Onde as lembranças já são maiores que os sonhos...
Refletindo sobre tudo isso.

Onda

A manhã que desperta silenciosa e calma sem novidades
Só com apenas uma frouxa brisa soprando sob um céu cinzento nevoado.
Os pássaros cantando numa doce sinfonia,
Então, ouço pelos singelos sons o cuidado de papai ao regar as plantas
Afogando da lata na água de uma caixa de água,
Depois o borbulhar da latinha feita de garrafa pet para generosamente distribuir água nas vincas de flores alvas.
As formigas preto e vermelho cuidando das ervas por um pouco de néctar.
Tudo isso acontece num estado de indiferença.
Enquanto em mim toda a subjetividade é tudo consciência e poem-se em ação,
Sensação e percepção.
Levanto,
E penso no pensar...
No substrato e fundamento da existência,
E os dias, os meses e os anos passam tão rapidamente.
Só aparentemente,
Algumas coisas perdem o sentido, enquanto outras dão um novo sentido.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Um Que

Acontece tantas coisas na vida.
Numa vida que é tão curta
Que às vezes, pensamos porque o tempo não pára!
Ou porque o tempo não voa!
E tudo por conta das emoções.
Tudo por conta das emoções.
Emoções que nos faz agir sem pensar.
Emoções que nos faz se jogar.
Porém, temos que encontrar um meio termo.
A pitada certa de sal,
O nota certo para a melodia,
O tom perfeito!
E o que nos torna possível acertar?
O erro!
O erro nos permite reavaliar
E a experiência nos faz acertar.
Nem todo mundo tem a mesma habilidade de acertar,
Mas nessa vida por mim vivida,
Percebi que só os persistentes aprendem a acertar.
É preciso uma nova chance...
Quantas chances são toleráveis?
Como saberemos se tivermos medo de errar...
Então o que fazer?
Se enclausurar na própria concha?
Se fechar em sua carapaça?
Se defender?
Ou partir para atacar?
Cada um opta por uma maneira que acha mais pertinente.
E quem sabe se está certo ou errado?
Quem pode afirmar?
Isso, só o tempo irá revelar.
Talvez a experiência que é a vida refletida possa nos ajudar,
Todavia cada um tem que descobrir, pois é muito subjetivo.
Desde Platão, rios de tinta foram derramados nesta discussão
E a dúvida continua.
Há horas que queremos desistir
E horas que queremos resistir,
Mas nunca nos esqueçamos que a morte equaliza tudo.
A consciência nos faz a maior justiça.
Possamos então pensar, refletir e maturar,
Se estamos certos ou errados,
Talvez nossa soberba não nos permita perceber,
Mas a consciência chega.
A morte enfim tudo equalizará.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Sei lá

Árvores de Natal,
Final de ano...
O verde mais verde,
O seco mais seco,
Luzes coloridas.
A inocência e a esperança,
Para onde vão com o tempo?

sábado, 8 de dezembro de 2018

Gravitação

Memórias!
Que coisa mais bizarra é a vida.
Memórias, memórias, memórias...
A caixa de onde se guardam tais coisas sem substâncias.
Momentos vividos,
Por que não devem ser esquecido?
Para que rememorar?
É já ouvi autores falando do maior medo das pessoas.
Me refiro a autores ou talvez o que mais me atraiu a atenção no caso Borges.
Ele, certa vez, falou que nós morremos de medo de cair no esquecimento.
Deveras tememos o esquecimento, mas o que poderemos fazer contra este acontecimento certo?
Certamente nada.
A melhor palavra deste texto certamente é "BIZARRA".
Por me fazer lembrar de João Aranha meu grande amigo da Unicamp.
O João usava sempre palavras "bizarras" que certamente nunca havia escutado ninguém falar.

Que me agrada

Nesta vida efêmera ainda temos tempo para nostalgia!
Um pequeno texto, uma fotografia!
Tudo mudou e parece que foi tão repentinamente.
Os anos se passaram e até parece que foi ontem...
Ontem feliz com os piscas-piscas em Serrinha do Canto,
Ontem com as confraternizações de natal no Restaurante Universitário,
Ontem com as ruas vazias de São Paulo,
Ontem com as conversas no laboratório de taxonomia na Unicamp,
Ontem as tardes mais lindas em Brasília,
Ontem nas tardes escaldantes de fim de ano em João Pessoa.
Durante este tempo fiz amizades outras pessoas não consegui cativar.
E assim me fiz quem sou...
Alguém a quem desconheço,
Mas que me agrada.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Enquanto as coisas são.

Enquanto as coisas são.
Quanto tempo dura a existência de uma flor?
Quanto tempo dura o encontro de um olhar?
Quanto tempo dura uma relação?
Quanto tempo dura uma vida?
Algumas coisas e ou relações simplesmente são efêmeras.
Algumas coisas são intensas enquanto outras simplesmente acontecem.
Qual é o vetor de tudo isso?
O acaso?
Então, tudo que ocorre na nossa vida é vetorizado pelo nosso querer?
Por que alguns tem mais forças que outros e nunca desistem.
Qual é o sentido de tudo na vida?
Somos responsáveis por encontrar um sentido?
É acho que não somos bons uns para os outros... E nem suspeitamos disso.
Desrespeitamos o outro em função de nossa razão.
Negamos o outro!
Ou somos negados.
Onde começa o ser humano
E onde termina sua fé, esperança.
Quem poderá nos orientar nesta jornada chamada vida?
Erros e acertos...
Experiências.
Fomos preparados para isto,
Estamos preparando os outros?
Enquanto as coisas são.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Questões místicas

Às vezes da um oco na nossa mente. A gente se sente estático, surdo, mudo e parece que tudo parou.
Não é sempre que acontece, ainda bem.
Às vezes somos tomado por uma profunda alegria inconsciente! Todavia são muito raras!
Esta sensação é muito rara, pois na maior parte das vezes ocorre de maneira consciente e associamos a momentos de êxito. Por isso buscamos os êxitos?
É difícil saber.
Tentamos encontrar um meio termo para nos sentirmos bem, porém há momentos que não conseguimos de maneira nenhuma?
São reflexos das frustrações?
É uma sensação peculiar exclusiva minha?
Já tentei sistematizar minha vida incontáveis vezes e até mesmo mapear, mas nunca obtive o êxito.
Incrível mistério!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Experiências infantis

A infância no sítio é cheia de atividades, porque menino serve para ajudar ou fazer tudo que adulto não quer ou tem vergonha. A minha infância, por exemplo, tinha atividades até demais, dentre estas a que mais detestava era quando acabava algo lá em casa como café, açúcar, sal... lá me mandavam tomar emprestado. Naquela época, tínhamos muitos vizinhos, mas nem todos eram bons servidores ou tínhamos grandes afinidades. Cada casa se distanciava umas das outras por mais de 200 metros,  o que era bom porque pelo tempo que se gastava na caminhada, se elaborava como ia falar para amenizar a vergonha. 
A casa com pessoas que  tínhamos mais afinidade pertencia a Elita de João de Licor. Acho que era porque era mútuo tudo que eles precisavam buscavam em nossa casa, então não havia resistência ou vergonha. Lembro que certa vez fui lá, dona Palmira mãe de Elita ainda era viva e era época de inverno, não me lembro o que fui fazer, mas o que me surpreendeu foi o fato de ter provado de pamonha doce pela primeira vez e foi tão marcante que nunca me esqueci. Não sei se foi o fato da pamonha ser doce ou ser enorme. De maneira que como toda criança que tem olho grande, comi a pamonha inteira e fiquei tão feliz. Lá em casa a gente só comia pamonha salgada. Acho que minha felicidade foi pelo fato da bondade dela, do fato de ter ido sozinho e ela ter me oferecido algo. Nunca saberei por que fiquei tão feliz.
E assim fui a outros lugares comprar e não tomar emprestado, fui comprar pão na budega de Lindalva e Bonina ou bolacha lá em Iula de Dequim. Até ai tudo bem, mas me sentia desconfortado quando ia comprar fiado. 
Então: Lindalva... Lindalva... ou Iula... ou Iula... as coitadas acordavam só para despachar pão ou bolacha... 
Não quero nem pensar o que elas imaginavam. Acho que é dai que comecei a imaginar o que o outro imaginava. Hummm... Então vem de longe meus incômodos.
Bom quando comecei a ir sozinho para a Serrinha grande que correspondeu ao período que comecei a estudar lá, mamãe me incumbiu de vender leite.
Eu morria de vergonha de gritar: -Olha o leite. Vergonha de acordar as mulheres ou de me encontrar com as meninas em tal atividade. Acho que nunca fui um bom vendedor. Só vendia três litros e demorava a vender.
Fui vendedor de dindin lá no Sítio Porção onde andava uns quatro quilômetros para vender. E odiava quando diziam: Quero não se fosse doce de Caju eu queria. Então, mais uma vez não fui um bom vendedor.
A vergonha era meu maior inimigo. 
Bom, pelo menos ajudava em casa a gente tinha uns trocados para comprar um pacote de bolacha ou pães.
E foi assim que minha minha falta de consciência me fez triste em atividades que hoje acho bobas, mas eram massantes.
Tudo a seu tempo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Talvez

É dezembro. - Já!?
Sim.
- Nossa! Este ano, o tempo voou.
- Verdade.
Tantas coisas aconteceram e agora preguiçosamente o tempo se arrasta.
Confraternizações,
Fechamento de trabalhos...
Coisas do tipo.
Para mim, o que mais me encanta são as luzes de Natal, não, não me refiro a capital e sim ao período natalino.
Que antecede o conhecer a cidade de Natal.
Era, no escuro do sítio os piscas-piscas caiam muito bem.
Dava um ar de animado a calmaria de Serrinha do canto.
Lugar de crentes e tudo gente boa.
Os vinte anos que vivi lá passou tão rápido.
E todos da minha infância partiram dali e só sobrou eu de longe para contar a história.
Trago as marcas de como aprendi a construir minhas representações até hoje.
Talvez fora um engano sair de lá.
Quem sabe!
De qualquer modo tudo passou tão de pressa... na minha mente.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Sonho

Ontem, tive um sonho muito impressionante!
Sonhei que estava na casa de meu avó José e encontrava no jardim uma Lauraceae herbácea em fruto, não parecia cassita, não era fruto de Ocotea... Que coisa linda e impressionante.
Vi aquela espécie com tanta nitidez que parecia real.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Reflexão


Hoje, sexta-feia, 30 de novembro de 2018, acordei cedo, ainda era madrugada e sai para caminhar.

No início do trajeto me veio uma doce memória da infância. Lembrei que mamãe sempre me levava com ela para a rua que era como chamávamos a cidade de Martins. Não sei se mamãe me achava danado demais para ficar em casa com minhas irmãs ou se eu gostava ou ela gostava de minha companhia. Só sei que a gente tomava um banho frio, vestia uma roupinha e então mamãe enchia um cadeirão de ovos e a gente seguia rumo a Martins. Ainda era criança e não havia estrada asfaltada ainda, então íamos caminhando ou as vezes pegávamos carona. Na rua passávamos na casa de Zalmir de tio Epídio onde tomávamos café e mamãe conversava e as vezes fumava um cigarro, depois a gente vendia os ovos e ia no centro resolver as coisas, indo no centro de saúde, as vezes entrávamos na igreja. Lembro que no pátio da igreja havia um jardim com rosas, aquele jardim me assustava não sei por que. Depois, íamos ao mercado central na feira, na budega de Chico de Possídio.

Então, voltávamos e assim se passavam as manhãs diferentes.

Naquela época Martins me impressionava pelos prédios da Escopadora de Café na entrada, pelas casas de fachadas neoclássicas como Prédio da Prefeitura, Casa de doutor Lacier, o Edifício Paz, a igreja, a praça com piso em formato de bandeira de São João...

Já achava a elite comerciante de Martins arrogante, aqueles pequenos empresários enfezados e pouco simpáticos.

Como as impressões infantis podem moldar nossa personalidade?
Sei que a pergunta é Barroca, mas hoje vejo que cada sensação, cada percepção ser para nos moldarmos como quem somos.

As primeiras verdades contadas por Dona, Lenita tiveram profundo impacto na minha percepção sobre o saber...
Lembro do dia que vi no colégio Almínio Afonço uma versão original de os Luziadas de Camões, e nem dei atenção a uma obra Master que também estava alí, me refiro ao Fausto de Goethe...
Aqueles livros fabulosos, intocáveis ao nosso saber... só sendo peça de museu. Escritos em Latim...
Quem sabe latim?
Nem imaginava eu que português é um latim vulgar...
Eu não sabia sobre tanta coisa.
O que sabia era sobre cajueiros e cajus, cirigueleiras e ciriguelas, pinheiras e pinhas...
Sabia arriar o jumento, colocar as ancoretas e ir buscar água,
Apanhar cajus e...
Ouvir conversas... Adorava as visitas de pessoas conversadeiras de conversa bonita como era com tio Aldo.
De lá pra cá aprendi tanta coisa.
Apesar das dificuldades, sinto saudades de está perto de mamãe e da família.
Porque tudo mudou, porque sempre muda e não tem como mudar...
São as leis da natureza... 
Parmênides antes de cristo, muito antes já professava.
As coisas estão em constante transformação ou seja em processo de mudança.
Ah. Mesmo adquirindo um exemplar em português dos lusiadas nunca li.
As coisas complicadas são para pessoas pacientes.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Consciência

Esses momentos,
Efêmeros momentos,
Fugazes momentos,
Nada permanece para sempre,
Tudo muda,
É uma pena que muitas pessoas não tomem consciência disto.

Momentos

A paz está em nosso coração.
Poder olhar para o mundo com liberdade e com amor.
Poder contemplar os momentos,
Perceber as sutilezas da vida.
Tudo é passageiro,
Tudo é passagem,
Momentos,
Momentos.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Metamorfose

O movimento como podemos captá-lo?
Alguns movimentos são muito lentos como o crescimento de uma planta, enquanto outros são rápidos como o vôo do beija-flor. Assim, fica claro que os extremos são imperceptíveis aos nossos sentidos.
Agora como captar o movimento do tempo que assim como o crescimento de uma planta se dar de maneira extremamente lenta e por isso mesmo não chega a ser percebida.
Hoje, ao acordar tive uma lembrança ou foi uma ideia ou foi um estímulo, não sei como categorizar o que senti, mas veio-me a mente a importância da água no movimento de mudança ou de ação  para a natureza ser alterada.
Nos vinte anos que vivi no sítio, percebi o que acontecia na natureza dali. Havia e há nitidamente duas estações do ano que denominamos de inverno e verão, sendo a primeira curta e renovadora e a segunda longa e modificadora. Percebi que a água trazida pela chuva  o fator limitante é enquanto a luz do sol é o fator abundante que faz a água evaporar. Bom este ciclo de inverno e verão promove a modificação da natureza e essa natureza certamente foi por mim subjetivada. Parece que na minha mente existe apenas algo dicotômico renovador e destrutor, parece que não consegui entender o meio termo, como na natureza com duas estações aprendi a olhar sempre para os extremos que vai do ápice da insolação ao ápice da intensidade de pluvial, sem meio termo.
Parece loucura e não descarto a possibilidade de ser, porém em solo úmido a semente germina sem intuição se será verão ou um inverno. Há que germinar, há que germinar, há que brotar das gemas flores e frutos.
Mas quando acordei, na verdade lembrei que os extremos do verão do seu ápice surgia o inverno e daquilo que era seco com a chuva, tornava-se úmido, e do silêncio se fazia o canto das aves, o zunzun das asas dos insetos, o coachar dos sapos, a força da vida renovava tudo até nossa cansada esperança.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Metafísica

O que nos encanta e o que nos amedronta?
A existência, o ser quem somos!
Algo nos espanta quando percebemos!
Percebemos que algo existe além de nós.
Percebermos que tudo é efêmero...
Tudo tem um curso que parte do início
E escorre para um fim com uma única parada.
E quando se está próximo do fim...
Quando temos mais passado que presente que futuro.
Isso nos amedronta.

Tudo

De repente um espanto!
Como a vida é bela!
Como a vida é bela!
O amanhecer,
O anoitecer,
O canto dos pássaros,
A simetria, o perfume e a cor das flores...
O vôo das aves,
A paciência das galinhas...
Tudo!

domingo, 25 de novembro de 2018

Domingo

A tarde que caiu,
A noite que chegou,
O agora que acontece
E o tempo que passa.
Então decido algo
E realizo esse algo
E nada acontece além de mim
Nessa calma dominical
Mais um dia se passa,
Uma semana se inicia e
Um mês se vai indo.
...

Ser e tempo

Tudo que é deixa de ser.
Tenho doces memórias e são tão poucas de minha infância que parecem fazer parte de um sonho.
O lugar onde vô Sinhá morava com vó José morou por tanto tempo, as Vertentes.
Os vizinhos, as cercas e os bichos todos desapareceram.
Tudo deixou de existir porque eram aquelas pessoas que eram o espírito do lugar.
Hoje nada é e o que resta são apenas memórias.
As vacas, as galinhas, as secas, o ir e vir, as conversas,
As gaitadas, o fumo, o almoço, o café,
O rádio, as notícias, a alegria, a fé...
A seca, o inverno, o sol, a chuva...
Elementos essenciais a existência.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Representações

Como percedemos o mundo de formas distintas.
As mesmas paisagens,  ruas, praças e ambientes.
O que e como vemos hoje
E como veremos amanhã...
O que nos encanta?
E o que nos marcam?
Representações. 

terça-feira, 20 de novembro de 2018

O silêncio

Amanheceu,
O silêncio foi rompido
Com o canto dos pássaros,
O sopro da brisa.
Ontem é passado,
O hoje é incerto.
Que imposta e quem se importa?
O agora é o que interessa,
Esse devir!
Essa cortina que se abre e se fecha.
As oscilações das ideias...
Será a força do desejo?
Quando penso em registrar a ideia
Ela já desapareceu!
É como um vulto ou uma sombra.
Sabe-se lá o que pensa o inconsciente.
Todos os dias penso tantas coisas
E nada vinga...
É como a luz de fogos de artifício
belo, mas breves.
E se misturo tudo isso.
São assim minhas ideias
caóticas...
É assim nossa natureza.
O silêncio só de faz no fim da noite.

domingo, 18 de novembro de 2018

Absoluto

Algumas pessoas sentem necessidade de se expressar seja pela palavra, pela escrita, pela produção de objetos.
Outras pessoas são indiferentes.
Que isso importa?
Em nada, porém a heterogeneidade é importante para o absoluto.

Afecções

Que impressões me afetam mais intensamente neste mundo?
O primeiro e o segundo crepúsculo,
A chuva chovendo,
A Ave Maria,
Pessoa,
Borges,
Gogh,
Mozart,
Platão,
Hegel...
Quem se importa.

sábado, 17 de novembro de 2018

Avulsos

Impressões imprecisas,
Perfeições?
Um sentido lógico no existir.

Variantes

Ultimamente, tenho pensado tanto na vida como sempre fiz,
Talvez esteja acontecendo com mais nitidez ou com mais medo ou um misto de ambos.
Seres queridos deixaram de existir, deixando a saudade.
Algumas coisas se realizaram como queria ou melhor,
Outras não aconteceram e perderam o sentido.
O sentido de tudo está dentro de mim.
Então como lidar com essas sensações?
Esse medo, essa incerteza?
Está no verão! 
Geralmente tenho essas sensações no inverno quando chove.
Por que olho para o passado?
São questões irresolutas.
Coisas da vida de um homem de meia idade.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Efêmero

É triste saber que morreremos,
É triste saber que um dia não poderemos mais contemplar a aurora ou o crepúsculo,
Que não sentiremos frio ou calor,
Que não distinguiremos os sabores,
Que os prazeres exauriram...
É triste saber que um dia tudo se acaba...
Seremos apenas matéria inerte que se transformará em um átimo de tempo.
Quando percebemos que a noite se aproxima... que aflição.
O que pode nos acalmar a alma?
E perceber que o que foi virou pó.
E o que foi, foi!!!

João Semir

Em 2008, fui morar em Campinas.
Acho que nunca me senti tão feliz.
Foi um dos maiores sonhos realizados!
Passei no doutorado da Unicamp que até então só representava um dos melhores Centros de Botânica do Brasil.
Nem imaginava que na verdade, estes seriam os quatro anos de maior plenitude em minha vida.
Aquele lugar, aquelas pessoas, aquele tempo,  e tudo que ali existia e se relacionavam, promoviam uma atmosfera magistral.
Naquela manhã que cheguei no laboratório de taxonomia, depois de ter pegado dois ônibus vindo de Hortolândia.
Quando cheguei, identifiquei-me e entrei a procura de minha futura orientadora Ana Tozzi.
Eis que, a primeira pessoa com  quem  encontrei foi João Semir de quem agora, gostaria de falar um pouco.
Com aquela voz grossa me perguntou de onde vinha e quem seria minha orientadora e prontamente respondi do Rio Grande do Norte e que seria Ana Tozzi.
Poxa, estava falando com João Semir que para mim era uma lenda, uma figura um dos maiores botânicos do Brasil, senão o maior.
E a pessoa de João se revelou superior em sabedoria e conhecimento botânico.
Então, alí em pouco tempo estabeleci moradia, comecei os estudos mais aprofundados em Taxonomia vegetal.
E todas as manhãs, no mesmo horário o João chegava para fazer seu breve expediente.
Chegava como sempre muito elegante...
Costumava falar: -"que elegante heim João".
E respondia: -"Como sempre".
Riamos muito das tiradas.
Gostava quando ele falava... Meybe ou seja TALVEZ.
Então sentava na bancada e conversava, e identificava planta, e gerenciava aquele ambiente a sua maneira.
Eu estava sempre atento a suas falas! Suas tiradas e seu conhecimento de Botânica como um todo.
Cada vez mais crescia minha admiração.
Aprendi realmente muito com ele.
Tive o prazer de tê-lo como membro de minha banca de defesa de tese.
Então fui embora, primeiro para Brasilia e depois vim para cá.
E nunca mais o vi,  senão através das lentes de Shimizo.
Descanse em paz.

Movimento

A substância que nos constitui
Em constante transformação,
O tempo que somos,
Essa existência,
Que seriam estes conceitos senão o movimento.
Este movimento em constante evolução...
A matéria se expandindo e se contraindo,
Permitindo que a energia siga um curso, um vetor...
Diante destes universais seremos singulares?
Questões metafísicas nos assolam...
O além da vida.



quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Felicidade

A felicidade está em entender ou achar que esta entendendo o nosso entorno.

Esperança

Mesmo com medo, precisamos encarar a realidade.
Medo de errar, medo de perder... medo do que virá.
Nem tudo que aprendemos é real,
Nem tudo que vivemos nos ensina...
Ah, amanhã tudo será diferente...
Seu houver esperança.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Incerteza

Incertezas,
Eis o que contemplamos enquanto vivos.
Estamos num caminho e este caminho é a vida.
Eis que partimos do início quando nascemos
E vamos nos afastando dele dia-a-dia,
E vamos nos aproximando do fim da jornada.
Nesta viagem, pessoas cruzam nossos caminhos,
Umas são passageiras,
Outras demoram um pouco mais,
Outras ficam muito tempo com a gente...
E pode ser bom,
E pode ser ruim.
O bom de tudo é que talvez
Seja a incerteza...
A incerteza.
O consolo que nos acalma.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Metafísica

Como compreender a natureza?
Quanta energia na forma de luz e calor.
O canto dos pássaros,
O verde oliva das folhas,
O perfume das flores pequenas.
Os sistemas que tateiam em sua classificação.
Nosso breve entendimento.
Nossa consciência.
Todos os fundamentos.
Mais nada.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Aprender

Por caminhos, vamos seguindo e vivendo cada dia.
Vamos fazendo um pouquinho sempre que possível, ora aqui, ora ali.
Temos que seguir sem parar como faz o tempo.
Nosso tempo é incerto, uma saborosa incógnita.
Aprendi que aprender é bom.
Aprendi que aprender é conhecer e que conhecer é ter conhecimento e que o conhecimento é a organização de informação.
A gente sempre sente um gostinho bom quando aprende algo e é ainda melhor  quando ensinamos.
Não se passa por essa vida em vão.
Acho que a gente sempre deixa algo, disso tenho certeza.
O tempo pode até apagar.
Que importa!
O bom é se sentir bem, importante para alguém.
Enfim... viva a vida.

domingo, 4 de novembro de 2018

Dissolução

Existência que me preenche agora.
Amanhã, quem sabe se serei.
Tarda, mas um dia me abandonará.
Então o que sou?
Matéria, energia, ação, sensação e consciência.
Ser e nada!
Estas letras que significam e se harmonizam em frases...
Que são?
Expressão de uma metafísica louca.
Medo de desaparecer...
Insegurança!!!
Tudo se dissolverá no tempo como já profetizava Pessoa.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Complenhanos

Os anos que se passam me espantam no meu aniversário.
Já são tantos. - Minha nossa! 39 anos.
Quase quarenta!
Parece muito por tudo que vivi e poucos para o que ainda quero viver.
Acordar sem medo do que virá é a única vantagem, mas o corpo como dói.
Os amigos são cada vez mais raros e distantes.
As alegrias menos intensas.
O prazer! se reduz a comida. rsrs.
Enfim, é a vida.
Que a cada mais um ano, mas maravilhosa se demonstra.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Menos certezas

Hoje, após a eleição.
Assim como eu, têm muita gente desapontada, mas a maioria está confiante e feliz!
Isso é o que importa!
Realmente, torço que essa maioria esteja correta e que esteja errado.
Espero que as coisas realmente melhorem.
Que haja segurança, educação, saúde e ausência total de corrupção.
Mas não acredito em metamorfoses, não acredito que algo aconteça sem uma ideia sem propósito.
Não acredito que o poder pelo poder transforme.
Agora!
Não podemos esperar demais de um presidente despreparado e muito menos de seus eleitores descrentes.
Hoje é um novo dia.
Teremos mais quatro anos pela frente e que haja mudança que esta supere a esperança e que haja menos certezas.
Todavia, essa tristeza vai passar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Reminiscência escolar

Lembranças são tudo que tenho.
Lembro como uma imagem fotográfica o primeiro senão um dos primeiros dias que fui a escola.
Com certeza o horário era o da tarde, pois era o período de tempo que professora Livani ensinava na escola isolada já que pela manhã lecionava a querida professora Lenita Dias. O ano era 1987, mas não me lembro o mês, mas sei que era no inverno.
Fomos Meire e eu.
Nós esperamos no alto de Bonina por Paisinha de Ducarmo.
Lembro que esperamos perto de um pé vigoroso de calumbí.
Talvez tinham uns cipós floridos com flores perfumadas.
Na mão, um caderninho dentro de um saquinho de macarrão com uma borracha e um lápis.
Ali, no mais simples dos lugares, na mais simples das vidas mergulhei no conhecimento formal.
Ali tudo se iniciou.
É incrível como do aprender as primeiras vogais, o alfabeto, os números...
E continuar aprendendo pode mudar a gente como ser humano.
Quantos inícios não foram abreviados.
Quantas pessoas iniciadas não se perderam.
É triste a nossa realidade onde para se conseguir algo, tanto sacrifício não seja despendido.
Vivi épocas de dificuldades que não chegam aos pés do que passaram meus pais e avós.
Resisti e me tornei um resistente.
Fui me adaptando, aceitando a realidade e buscando transformá-la.
Sei que tenho muito a aprender e a evoluir e estou disposto a aprender cada dia como se fosse o primeiro dia que fui a escola.
Que medo que tive no primeiro dia de aula ao ver que uma coleguinha já sabia das vogais e do alfabeto.
Que medo que tive ao ver um colega já sabia ler e eu não.
Todavia sempre resolvi ir em frente.
Sempre me senti responsável por mim, por ser quem sou e por sempre respeitar o que meus pais pensam de mim.
Procurei não erar, embora tenha errado tanto.
Tantas vezes.
E então continuar, tantando, seguindo em frente.
Talvez, agora essa imagem faça sentido.
Não posso mudar o mundo e o que penso e acredito é subjetivo demais para isto.
Toda minha experiência só conta para mim.
Porém, talvez tenham tidos mais acertos que erros ou não.
Só sei que é bom viver essa doce memória da infância.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Questões

Hoje, posso descrever e assim conhecer muito mais do que conhecia quando morava em Serrinha.
Lá, um dos lugares místicos para mim era o Parieiro. Seu misticismo estava na na ureza do lugar.
Ali, as rochas são arredondadas e ferrugíneas e quando lascadas tinha uma coloração atropurpúrea e o solo é argiloso, ferrugíneo a escuro. Quanto a vegetação é composto por uma mata densamente fechada com ramos intrincados e armados composta principalmente de anjicos, senas, unhas de gato, espinheiro da família Fabaceae, espinho de judeu Xylosma uma Salicaceae, Turnera cearensis uma Turneraceae e Croton da família Euphorbiaceae, aroeira da família Anacardiaceae.
Porém, mudamos completamente a paisagem ao plantarmos cajueiros as Anacardiaceae. Então o subosque passou a ser povoado por Ruellia gemniflora uma Acanthaceae. 
Nos primeiros anos de colheita, tivemos safras excelentes, porém com secas dos anos seguintes tornou a agricultura impossível, reduzidas a nada. 
Com o tempo,  mudamos a atividade econômica. Primeiro meu irmão mais velho foi embora, anos mais tarde minhas irmãs e por fim, parti para estudar fora. E desde então nosso sítio místico desapareceu e voltou ao seu estado natural.
Quando conhecemos algo é sinal que subjetivamos esse algo em suas propriedades e formas. Então esse algo passa a nos constituir.
O fato é que aquele sítio era desafiador, pois para colher os cajus era necessário muito cuidado. A inclinação do terreno, as rochas soltas e os tocos a coleta de caju exaustiva e só mesmo papai fazia isso com energia. Talvez fosse a necessidade que o estimulara. 
Olhando assim, seria eu capaz de tamanha coragem de cuidar de um sítio?
Questões que ainda hoje continuam irresolutas.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Cálidas memórias

Na infância, nós tínhamos um sítio no Parieiro que usávamos bastante.
Embora, tenhamos hoje já não usamos mais e está abandonado.
Papai era quem zelava. Fazia as roças anuais para apanharmos os cajus e cuidava das cercas.
No verão, costumávamos colocar nossas rezes para pastar lá pela manhã.
E quando dava meio dia, lá ia eu buscar as vacas de volta para casa. Ia a pé ou à cavalo num burro.
Na volta, passava no açude do Alive para as vacas beberem água. Era a única vez que bebia no dia.
O ir e o vir era árduo pelo calor do verão.
Nunca ia sozinho, Dogue nosso cachorro,  me acompanhava e amenizava meu medo do silêncio ou a preguiça ou sei lá o que era. Talvez medo de Zé Dendê.
Ia pela estrada de barro pensando na vida sempre subindo até o parieiro.
Passava primeiro na frente da casa de Tica, Lindalva, Dudé, Hélio, Chico Franco, Dezu, Mundinho, Iola, Zuleide, Loló, Airton, Ci, Juvenal, Adeson, Nelope, a escola, Casa de Livani, Antonio de Chiquinho, Zé de Júlio e entrava na terra de vovô, na porteira de tio Jussieu e ia subindo vareda a dentro pisando nas rochas ferrugíneas.
Às vezes, ia no nosso burro que era o melhor animal do mundo. Fiquei triste quando ele morreu, assim como quando Dogue se foi.
Quando ia à cavalo, sentia o sol assando a pele, o pelo quente do animal e dos bichos que nunca matavam a fome.
As vacas sobreviviam e nos davam um pouco de leite.
E a gente vivia pobre e sobreviva com dignidade.
Não tínhamos nada além do essencial que era a saúde, juventude e os vizinhos.
A vida fazia tanto sentido...
Esse calor me trouxe essas memórias....

Um fim

A velha curva da estrada que vai para qualquer lugar.
A barreira desgastada que já teve tantas formas.
A mesma vegetação que sempre conheci.
As fruteiras doces que sobraram das secas.
Meu corpo que envelhece.
As memórias de todos os dias
Com risos e lágrimas e contentamento e descontentamento...
Essa trajetória finita que é minha vida
Ou nossa vida...
Tem um fim.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Passarinho

Passarinho que canta e que  voa
Às vezes tão perto e às vezes distante,
Como é bom ouvir teu canto e que encanto.
Tu que cantas nas matas e praças.
Que anima a madrugada.
Quem sois vós?
Que lindo corpinho emplumado,
As vezes colorido,
Mas sempre bem vestido.
Passarinho!
Passarinho!
Tu que cuidas do ninho,
Que canta no verão e no inverno...
Que potência de vida.
Passarinho.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Ave Maria

Certa vez, numa de minhas leituras de Borges uma frase dele me chamou a atenção. Nesta frase, o mesmo autor afirmava que os desprovidos de bens materiais, herdam dos antepassados a apenas oração.

Achei extremamente profundo, tanto que me fez pensar e concordar.

Então, hoje dia de Nossa senhora da Aparecida, ao acordar não tinha pensado ainda nesta frase. Lembro que senti uma intensa vontade de ouvir música "Ave Maria" de Schubert e ao ouvir me dei conta que sem dúvidas uma das mais belas que conheço, percebi que me emociono sempre a ouço.

Sempre que ouço, sinto meu coração confortado.

A música "Ave Maria" sempre esteve tão presente em minha vida desde a infância, passando pela adolescência e culminando na idade adulta e pelo visto se chegar a terceira idade também.

Em Serrinha e depois por onde passei, sinto-me bem ao ouvir no rádio às 18 horas a voz do anjo tocando a Ave Maria... Acho um momento tão simbólico quando o dia se entrega a noite e se dissolve por completo.

Que beleza plena.

Quão subjetivos são  nossos elos entre o presente e o passado. Agradeço agradeço pela não refutação desta fé, e sim pela refutação da razão.

Certamente, essa música e essa oração tem o poder de humanizar as pessoas.

Adormecida, pode está ficando, mas um dia acordará para todos os corações.

Deveras, Borges estava correto ao afirmar que a oração é a nossa única herança.


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Inestimável

Ao tempo que passa, esperança.
Esperança no momento que chega
E na experiência que fica do momento que passa.
Esse nascer que renova,
Esse existir que é efêmero,
Esse ser que não é,
Essa existência que é uma substância em movimento.
O Ser e o nada e o devir.
O tempo esse espelho da eternidade
Que conta nossos dias
E nos ensina que tudo passa
E por ser rara é valiosa a vida.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Seu Leopoldo

Quantas memórias temos imbricadas em nossos lobos cerebrais?
Estas memórias afloram e se desvelam conforme hajam estímulos.
Nesta primeira semana de setembro de 2018, recebi várias notícias e todas tristes, mas uma delas que foi o falecimento de seu Leopoldo me fez recordar a infância pré-adolescente.
Leopoldo era um homem magro, alto e com voz alta. Ele foi casado com Tomásia uma tia de papai, depois de viúvo se casou com Natinha. Para mim, a maior referência dele era ser pai Tica de Zezinho a nossa vizinha.
Naquela época, não havia asfalte e nem carros que transportavam os alunos dos sítios para a Ruinha onde estavam os colégios. Então, cotidianamente, tínhamos que ir a pé, caminhando ou de bicicleta para a escola. Lá em casa tinha uma monareta que era uma bicicleta para criança e ao mudar de escola passei a ir para a escola na Serrinha Grande. Assim, como na escola não havia bicicletário, era necessário um lugar para guardar a bicicleta, de maneira que a casa de seu Leopoldo sempre foi nosso estacionamento. Quase sempre, quando chegava, ele ainda estava em casa. Como de costume, quando ele me via sempre dizia algo que adorava ouvir: - "O rapaz de Chico Raimundo".
Assim a gente deixava a bicicleta lá e ninguém mexia. E essa foi sempre a relação que tive com ele, porém sempre fui atento ao jeito das pessoas e algo que sempre me chamou a atenção em seu Leopoldo energia e alegria que conduzia sua vida simples. Embora tivesse a mesma rotina corriqueiramente que era cuidar dos bichos, arriar o boi na carroça ou colocar a cangalha no burro e partir para o Ribeiro e trabalhar até a tarde. Então desde o momento que saia na rua, brincava com todo mundo. Era muito fácil perceber quando vinha ou ia passando na rua, pois de longe se ouvia seus gritos tangendo a burra ou o boi ou brincando com as pessoas, numa alegria só. Quem já andava na Ruinha nas décadas de 80 e 90 sabe disso, tenho nítidas as lembranças.
Que bom e importante é rememorar, refletir e tentar digerir essas lembranças.
Seu Leopoldo foi um exemplo de um homem, pois  viver 99 anos nos dias de hoje só graça divina. Gosto de imaginar, por exemplo quantas gerações ele conheceu desde a infância até seus últimos dias. Desde 1919 esse homem respirou, viveu e presenciou situações naturais e humanas como grande secas e invernadas, a partida da geração seus pais, irmãos e filhos. Neste ano último, talvez as coisas não tivessem muito sentido.
Deveras um bom homem para viver tantos anos e ainda partir com a graça da velhice.
Essa reflexão, até entristece quando penso que poucas pessoas terão essa graça, pois nos dias atuais a violência tem se tornado aguda e tem ceifado muitas pessoas jovens em Serrinha e não atingirão a jamais essa velhice plena.
Mas como podemos ouvir em Chico Buarque que amanhã será um novo dia.
Descanse em PAZ seu Leopoldo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Fugaz

A manhã,
A tarde,
A noite,
Os dias,
As semanas,
Os meses,
E os anos
São todos tão fugaz
Que esperamos um próximo momento da
manhã, da tarde, da noite, do dia, da semana, do mês ou do ano
Para realizarmos algo.
E acabamos caindo na profundidade da eternidade sem fazer as coisas mais simples
Como respirar, amar, ser.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Boa vida

O verão com seus longos e quentes dias,
O canto das cigarras,
A aridez,
As plantas secas,
O cuidado com os bichos,
Com as plantas...
A descoberta da beleza da vida,
Nos fazem refletir sobre a existência.
E tudo se torna tão simples e gostoso.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Serrinha do Canto anos 1980-2000

Ontem, à noite, me veio à memória a época da infância, onde os sonhos eram apenas sonhos e a realidade era coisa de adulto, vivia de imaginação.
A imagem que vi não tinha rostos, eram apenas formas e luz do meu lugar.
Poucas memórias da infância se cristalizam na memória.
Fiquei saudoso.
Aquele cenário ainda existe, todavia os personagens que o compunham ou se mudaram ou já partiram da realidade.
Na nossa única avenida ou rua era tão cheia de vida, a pesar das dificuldades.
As famílias deste cenário são Pedro Baliza, Benício e filhos, Maria do Carmo, Artur Barreto, João de Licor, Chico Neco, Chico Raimundo, Airton Morais, Zezin de Luiz, Bonina de Lindalva, Amaro Lopes, Dudé Baliza,  Chico Franco, Mundinho de Dona Francisca, Dequin de Iula, Toto de Zuleide, Munda, Josimar de Lenita, dona Mariana, Diniz, Menino de Vicente Joana, Chico de Vicente Joana, Loló, Cacau Morais, Nelson Vieira, Antonio Doquinha, Leoni, Doninha, Juvenal de Mariana, Neo Lopes, Evandro de Livani, Bonifácio, Levi de Laurita, Antônio de Chiquim, José de Júlio, Tio Jussié, Rita das Urupembas, Zé Paulo, Dinarte, Mané de Branca, Dadá, Chico de Vicentin, Maria de Maroca.
Todas as minhas memórias da infância estão imbricadas neste espaço e tempo.
É preciso rememorar para entender quem sou.
Às vezes, como ontem, vendo com olhos generosos fico feliz em rememorar.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Novamente

Acordar disposto é bom, mas melhor é despertar ao som de pássaros.
Ainda está escuro e ainda assim os pássaros já cantam.
Tangara cayana, Tangara palmarum, Coereba flaveola e Pintangus sulphuratus...
As árvores já estão com uma nova folhagem e florescendo em toda plenitude.
Cajueiros, castanheiras, gameleiras e pau d'arco...
Acordar bem e de bem.
E ver o sol nascer e crescer no céu até o pino e até se pôr.
E ver o dia passar e assim como a semana e assim como o mês e assim como o ano.
E ver os anos passarem,
E perceber a história da vida.
E acordar bem de novo e de novo e novamente.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Saudades

E esse tempo que passa.
Ontem mesmo estava na luta para passar no vestibular. risos...
Tenho saudades desta época.
Quando tinha amigos ao meu lado cotidianamente.
Padrinho Julimar, Franklin, Lívia, Lúcia, Regina, Rosivaldo, Rui, Sônia,  Socorro, Bibi, Lilinha...
Faziam parte do meu cotidiano.
Eramos uma família.
O ano era 1999 quando, momento que me encontrado concursado na prefeitura de Serrinha dos Pintos.
Sob as ordens de minha chefe Socorro desenvolvia minhas agradáveis poliatividades.
Depois que aprendi a dinâmica, passei a adorar meu trabalho.
Reuniões com os agentes de saúdes... as estatísticas.
As campanhas de vacinação, visita as casas com pessoas enfermas.
A parte isso, havia a pressão para passar no vestibular.
E como sempre fui muito disperso, embora me esforçasse muito, o rendimento era baixíssimo.
Mamãe, pobre mamãe! Achava que iria enlouquecer!
Coitadinha! Quando dava 21 horas, já ficava começava a surgir a frase do vá dormir.
Realmente, se preocupava com minha sanidade mental.
Aos domingos, me proibia de pegar nos livros. Então eu  dizia que ia passear na casa de padrinho Julimar, mas na verdade, estava indo estudar na secretaria. Obrigado Bibi pelos almoços que me dava.
Depois realmente, ia para a casa de Padrinho, mas lá não ficava. Na verdade ia mesmo era para a casa da mãe dele dona Nenem. Que saudades de dona Nenem, que pessoa mais querida, silenciosa, pensativa, fiel... amante da limpeza e das samambaias. Lica!!! a filha de dona Nenem outro amor de pessoa.
Bom, nesse tempo ganhei um lugar cativo, um quarto da casa de dona Nenem onde podia estudar sossegadamente.
Com direito a lanches, um delicioso copo de leite.
Estudava, almoçava e quando caia a tarde, sentávamos na área da frente e contemplávamos o silêncio, a calma, a profundidade do entardecer.
As vezes tinha a sorte de ter o grande poeta Padeiro a prosear.
E a noite caia...
Tudo mudou quando passei no vestibular.
Porque a vida está em constante movimento e tudo muda.
Sinto saudades e amor, pelos momentos e pelas pessoas.
Meu tempo é curto quando vou a Serrinha... Hoje lá em casa, todo tempo é dedicado a meus pais.
Hoje... muitos deles dormem na eternidade. Dona Nenem, Lúcia e Padeiro.
Saudades...

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Altruísmo

Algumas pessoas conseguem ver além do presente. Será que são geniais ou são excessivamente dedicadas ao que fazem ou simplesmente, pensam sempre em fazer o bem? Não tenho uma resposta, mas posso falar sobre alguém com algumas qualidades. Uma das pessoas mais dedicadas que conheço, deveras, não é o centro das atenções. Fisicamente, não tem 1,70 m de altura, não apresenta completa simetria corporal e é de origem muito humilde, mas não conheço melhor pessoa no mundo. Está sempre disposto a ajudar, não tem desculpas ou faz ou tenta resolver e trabalho no que for preciso independente do dia da semana. Às vezes acho que tem músculos e nervos de aço. Está sempre feliz ou sempre ver o lado bom das coisas. Trabalha de segunda a domingo e fica triste quando não tem o que fazer. A necessidade o obriga a trabalhar e o ensinou a não reclamar. Encara a vida com coragem e não volta atrás porque tem que seguir sempre em frente.
Seu nome é Francinildo, conhecido e querido como Nildo. Este homem é deveras com suas qualidades e falhas uma pessoa que consegue ver além do presente, dedicado em aprender e fazer melhor e a meu ver sempre busca fazer o bem.

sábado, 15 de setembro de 2018

Fotografia

Talvez, jamais encontraria a beleza do mundo se não fosse pela fotografia.
As formas, as cores e texturas de uma composição;
O tênue e o escabro;
As cenas estáticas ou dinâmicas;
Os melhores e piores momentos;
Os risos e a lágrimas;
As partidas e chegadas;
Os nascimentos e as mortes;
O eterno e o fugaz;
O nascer e o por do sol;
A pluraridade e a singularidade;
O privado e o público;
O encanto e o desencanto;
O velho e o novo;
O feliz e o triste;
O inverno e o verão;
A gema, o botão, a flor, o fruto e a semente;
O passado e o presente no futuro
Tudo isso em recorte num quadro revelado, emoldurado e eternizado.
Isso tudo captado pelo olhar num atino de momento através de uma lente, num só click
E está feita a fotografia que será
Uma notícia,
Uma obra de arte,
Uma representação,
Uma inspiração,
Uma expressão,
Uma informação,
Um registro e certamente
Uma memória
Um espelho com Memória.
Talvez tenha agora não um conceito de fotografia, mas certamente uma definição de como posso ver a vida através do álbum de fotografia que quero ter no final  de minha vida.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Devir

Sexta-feira,
A manhã está nublada.
Faz um agradável silêncio.
Pode-se ouvir os sinais sonoros das aves, sabiás!
E do silencioso som das hélices do ventilador a girar.
Vez por outra, chama o bem-ti-vi.
O verde oliva da mata,
O cinza do solo seco,
São meio desoladores.
Os segundos e minutos passam.
Esse devir que preenche a manhã.
A incerteza dos próximos instantes.
A incerteza da vida
E a certeza da morte.
Algo que nos incomoda.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Luxo e lixo

É verão e esta estação em João Pessoa é repleta de luz, calor e ausência chuva.
Podemos observar a perda das folhas e a ausência de herbáceas na vegetação deixando a amostra resíduos sólidos, ou seja, o lixo.
Os remanescentes de vegetação da cidade bem maior da população é marginalizado, desprezado, escanteado e para alguns ignorantes serve de depósito de lixo. Nestes ambientes descartam objetos velhos, materiais de construção e até mesmo corpos ou melhor cadáveres de animais.
Sem, nenhuma punição, sem a menor falta de pudor, praticam estes atos cotidianamente.
Um dos piores ou mais evidentes exemplos vem ocorrendo, corriqueiramente, no início das Três Ruas onde há um lindo remanescente. O lixo é colocado uma área que praticamente se tornou depósito temporário destes rejeitos, lixos, corpos em putrefação.
A prefeitura já colocou uma placa alertando que é proibido colocar lixo e mesmo assim os atos continuam.
Agora, o que acham os moradores que cotidianamente usam o espaço para se deslocar e também para caminhadas matinais?
Nenhuma pesquisa foi realizada, porém como residente deste bairro me sinto muito incomodado e creio que esta opinião é compartilhada por muitos dos demais.
De que adianta ter tanta luz, ser calorosa e  excelente para curtir a praia e o mar... Cidade maravilhosa de João Pessoa... Se não cuida do que mais te embeleza!

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Sucupira

O Campus I da UFPB foi construído numa área de mata. Este é constituído de 50 hectares e nem todas as áreas foram construídas, existem ainda nove remanescentes de mata.  Desta forma todos os centros estão ligados a uma área remanescente. Apesar da influência antrópica nestas áreas, existem espécies muito importantes para a conservação da mesma. Seriam espécies chaves como sucupira, pau-sangue, sapucaia, pau-pombo, pau-de-gaiola, munguba, murici, barbatimão, ameixa dentre muitos outros. Praticamente durante o ano inteiro existe sempre alguma espécie florida.
Na semana da pátria e ainda nesta, encontra-se florida a espécie popularmente conhecida como sucupira, as pessoas aqui costumam chamar de ipê-roxo. Esta espécie tem como nome científico Bowdichia virgilioides Kunth e pertence a família Leguminosae que é a mesma do feijão. Embora tenha um potencial paisagístico fantástico, e seja resistente a diversos tipos de praga, e tenha um potencial medicinal incrível, de forma alguma foi usada na urbanização da cidade.
Temos o privilégio de podermos contemplá-la florida em nosso agradável Campus.
Os remanescentes são portanto importantíssimos para o bem está da cidade, da comunidade, são verdadeiros registros, conservado de como foi a cidade de João Pessoa no passado.
Oremos para que estes não sejam estrangulados pelos grandes edifícios que já começa a crescer no nosso entorno.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Consciência ecológica

Após um maravilhoso inverno chegou o verão, mesmo sendo setembro a vegetação na serra do Martins ainda tem suas folhas. São as árvores de catingueira, aroeira, cajueiro, pau-d'óleo, juremeira, juazeiro, cipaúba que estão cobertas de folhas verde petróleo. Fiquei deveras surpreso, pois fazia muito tempo que não via estas paisagens. Há cinco anos vou a serrinha e o cenário era apenas de secura. Açudes cheios, fartura de recurso hídrico até já se está pescando peixes mesmo que pequenos. A pergunta que me vem a mente é: - Será que aprendemos com as secas seguidas a poupar a água?
Ao visitar os lugares que costumo ir com frequência, facilmente percebo que não evoluímos nada em consciência. O desrespeito com o ambiente é nítido. Podemos ver na maneira como são solucionados os problemas de maneira paliativa.
Lixo!
O lixo produzido pelas pequenas cidades são encontrados nas margens das estradas, em áreas de nascentes, nas axilas das serras, onde se iniciam os primeiros cursos de água que desaguam nos açudes. É preocupante ver tantas garrafas pets, sacolas plásticas, latas, entulhos e animais mortos. Falta a dignidade de destinar a essa matéria sem serventia o devido lugar. Que custa cavar um buraco e enterrar o animal?
Pelas estradas, podemos ver as marcas de lâminas de tratores fazendo o trabalho que deveria ser realizado por homens. Essas lâminas além de retirar o solo, ainda deixa a superfície expostas para quando chegar a chuva o processo erosivo ser mais intenso.
E como se não bastasse podemos observar desmatamento em áreas de encostas, construção de obras em lugares indevido. Deveras sem propósito lógico.
Ficou banal fazer o que se quer com o que é de propriedade privada.
Mas gostaria de chamar a atenção para o fato de que o patrimônio natural é o bem comum de um povo.
Apesar de viver pouco com relação a idade do município já sei que as terras, os patrimônios mudam de donos e a maneira de se explorar a natureza precisa ser alterada.
A cultura de caju que já foi a principal fonte de renda destes municípios, atualmente é irrisória; temos ainda culturas de seriguela, pinha e algodão perderam o valor.
O que aconteceu? falta de chuva? Não nus culpamos por isso. São as secas... E quanto aos solos? O que restam dos solos?
É fácil de entender porque a água acaba rápido, pois a população aumentou, uso cada vez mais acessível com a água na torneira, os motores e carros pipas suprindo essa necessidade, mas a custos cada vez mais altos.
Estamos acostumados a consumir e sem responsabilidades. Nesse intenso processo de consumo não aprendemos a lidar com o lixo que produzimos.
Não chegamos a aprender como lidar com os problemas humanos.
A qualidade de vida das pessoas está cada vez maior, no entanto a da natureza está cada vez pior.
Se não fosse o aporte de recursos externos, estes municípios estariam na miséria.
Sei que não é possível um natural intocável, no entanto o consumo consciente pode estender a vida do nosso ambiente natural para que nossos filhos e netos tenham um espaço para viver.
Olho para o verde das matas, olho para o lixo nas estradas, olho para as terras com seus solos exauridos, retalhados, loteados e vejo o passado apagado.
Tudo está em constante transformação, mudou, muda e mudará, mas são pequenas atitudes que podem conservar ou alongar o que ainda resta de bom.
Resta apenas refletir e se conscientizar. 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Pátria

Amanhã será sete de setembro. Hoje esta data perdeu o significado para mim, mas nas três primeiras séries escolares, - "nossa", era incrível. Uma semana antes havia toda uma enunciação. A professora explicava todo o sentido e importância da independência do Brasil. Ela usava o livro de estudos sociais para contar a história, mostrava as fotos das cenas e externava na fala tanto respeito e amor, além disso comentava patriotismo dos adultos. Nós podíamos ver os adultos tirarem os chapéus em respeito o estandarte hasteado. Durante a semana da pátria como era chamada a primeira semana de setembro havia uma cerimônia importante que era o hasteamento da bandeira e em seguida o canto dos hinos da bandeira e  do Brasil. A semana da pátria se encerrava no sete de setembro. Neste dia, pela manhã, íamos para a escola Isolada Serrinha do Canto, hasteávamos a bandeira, cantávamos o hino e íamos todos juntos à ruinha assistir ao desfile.
Que momento grande! Poder ir a Serrinha grande sem papai e mamãe!
O desfile era sempre lindo!
Eram tantos os pelotões eram tantas as fantasias e como mexia com minha imaginação.
Ao final da manhã, após os pelotões circularem pelas ruas apertadas e pequenas de Serrinha, Chiquinho de Raimundo Moura coordenava a cerimônia de hasteamento da bandeira e canto do hino da Bandeira e do Brasil e por fim declarava encerrada a cerimônia. Então voltávamos para casa tão felizes.
Para onde foi a alegria, o patriotismo e o significado de tudo isso?

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Internet

A internet mudou o cosmos humano.
Nossa maneira de ver e pensar já não é mesma.
Através da internet, podemos acessar qualquer informação em tempo real.
Essa conquista só foi possível por meio da popularização de aparelhos celulares.
O baixo custo permitiu que o máximo de pessoas consumissem esse produto.
Já não há barreiras físicas entre as pessoas e até mesmo os mais resistentes a tecnologia aderiram a internet através de alguma rede social.
São diversos os pontos positivos e negativos e assim devemos apelar para o bom senso das pessoas.
A 20 anos atrás jamais imaginei escrever um texto como este, porém no presente essa realidade se tornou possível e tenho o meu próprio canal. Que revolução!
O que acha disto?

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O valor

Os dias que passaram não nos têm mais serventia.
Dias alegres, tristes, felizes, infelizes, ensolarados ou nublados.
Um certo compasso dia a dia vai compondo nossa vida.
Ontem lembrança, hoje realidade e amanhã esperança.
E assim a vida passou, passa e passará.
O que temos, além dos dias vividos,
Memórias, marcas, bens acumulados, direitos.
Caso algo tenha ou não tenha valor.
O que é mais importante?
Poucas coisas valem a pena na vida já ouvi de vários anciões.
Este vetor que tem direção certa, a velhice, costuma acertar.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Metafísica para que?

Pensar o ontem, agora.
O amanhã é incerto.
O ontem é a substância do nosso tempo
Que por vezes se oculta e imbrica-se na pressa do agora.
Caso não coloquemos pontos de partida e não definamos os vetores, não encontraremos a trajetória da vida.
Talvez, não tenhamos certeza se queremos ou não saber a trajetória dos fatos.
Temos a livre decisão, uma oportunidade de escolha.
A decisão sempre gera dúvidas e levam a angústia.
Assim, continuamos metafisicamente perdidos.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Ordem

Ordem
Sentar, pensar e ordenar
Os pensamentos,
As ideias,
As metas,
Traçar os vetores de execução,
Planejar e executar.
Agendar e realizar.
Um passo de cada vez,
E por fim colher os frutos.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Entendimento

Entender
Entender o mundo, as coisas, os fenômenos, os processos, os sistemas e talvez a metafísica.
 Entender o mundo é tudo que buscamos.
Seja em nível de macro ou microcosmos.
Cada um tem o seu cosmo que poderíamos chamar de subjetividade.
Em qual do cosmos estamos posicionados?
Com qual dos cosmos nos relacionamos mais? Existe um porquê?
Essas interações são absurdamente complexas e tentar entender é deixar-se levar pelo infinito.
Encontra seu ótimo, busca compreender o mundo na certeza da impossibilidade, porém ao tentar mais compreendemos mais, prevemos mais e porque não compreendemos mais...

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Frutos da idade

Este novo mundo que conheci a quase cinco anos ainda me impressiona.
Serão as estações do ano, os dias ensolarados ou chuvosos, as noites estreladas ou enluaradas?
Percepções... frutos do amadurecimento?
Creio ser a soma de tudo.
Coisas que para alguns são imperceptíveis me encantam.
Entram neste rol o jambo crescendo,
As castanholas trocando as folhas, com seu processo de senescência, mudança da cor do verde para o vinho das flores, depois caem e cobrem as ruas.
O canto da patativa e roxinó na madrugada.
A brisa fresca da madrugada,
O calor intenso do meio dia,
A indisposição eventual.
A substância do pensar se efetivando na velhice.
Se tornando um ser mais paciente,
Quem sabe não será a sabedoria?
Algo me impressiona muito ultimamente.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Ação

O tempo,
O espaço de tempo,
Curto ou longo espaço de tempo,
As coisas,
As coisas a serem feitas no prazo e a tempo.
Tudo é tempo e espaço.
Espaço, início, meio e fim,
Tempo breve ou longo,
Repetição
A conclusão...
Como encontrar a perfeição?
Só o tempo ensina,
Só a ação determina,
Só o trabalho dará uma definição.
O resto é retórica.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Verão

O verão chegou e trouxe consigo durante o dia céu azul  e noites estreladas.
Com a falta de chuva murcham as ervas,
As árvores perdem as folhas que preenchem as ruas,
Depois florescem pomposamente.
As aves ficam frenéticas e não param de cantar,
Nesta sinfonia até os saguís acompanham sob a regência do verão.
Que encantador que é o fim e o início das estações,
O inverno que partiu deixou a marca das chuvas nas paredes infiltradas e o subsolo cheio de água.
E o verão chega com ar de inovação e ficará até a próxima estação.
Com suas peculiaridades agradáveis e desagradáveis.
Como o canto das aves e o calor respectivamente.

sábado, 11 de agosto de 2018

Imbricar

Pensar as fases vida é um exercício vigoroso para estimular a consciência.
E quando se aborda consciência praticamente não existe limites para tal ação.
Todavia gostaria delinear esta ideia  através da relação familiar.
Em linhagem genética numa família o máximo que chegamos a conhecer são os avós, digo com relação cognoscente.
E o que conseguimos abstrair desta relação é algo ínfimo.
Poucas são as relações duradouras entre avós e netos.
Essas relações tem um período que são como o anverso da moeda, enquanto um está na infância o outro na velhice. Em ambos os casos há um descolamento da realidade que é ou deve ser equilibrado pela fase intermediária, a idade adulta, no caso a dos pais.
Através deste vértice, podemos perceber que a vida pode ser vista e vivida em todas suas fazes.
A grande questão é como vemos e vivemos as fases da vida?
Algumas pessoas nunca conseguem ver e viver as fases da vida e ter um entendimento desta.
Talvez abortados pela morte ou envolvidos em suas paixões.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Dúvidas

Há cosmos no mundo?
O que informam nossas impressões?
Atino apenas que cada dia é peculiar, impar, único e pleno de realidade.
A maneira a qual nos comportamos, julgamos ou optamos por um caminho, uma verdade é decisão meramente subjetiva.
As causas são imprevisíveis ou improváveis.
Ah. Como nos nortearmos na vida?
Como encontrarmos o cosmo presente no mundo?
Como gerenciarmos essas impressões que nos preenchem?
Como podemos perceber existem mais dúvidas que certezas.
O resultados de nossas decisões só poderão serem conhecidos diante do vivido.
Parece que o que importa é encarar a realidade...

Uma data

Sair de casa,
Ir embora,
Deixar o conforto e a proteção paterna,
Partir para longe,
Sem saber o que se pode encontrar,
Se aventurar,
Expandir as fronteiras e tornar sua casa uma outra fronteira.
Um novo nascer do sol e um novo entardecer...
Foram tantos até hoje que atinjo a maior idade.
Faz 18 anos que sai de casa
E deixei olhos afogados de lágrimas.
Que vontade de voltar,
Mas já não mais essa essência,
O tempo passou e me aprovou...
Saudades eternas,
Sem expressão...
Quando parti deixei pra trás infância e adolescência,
Quando parti a solidão me abraçou,
E a responsabilidade se tornou necessidade,
Forjou ser quem eu sou ou tento ser cada dia.
Maior idade,
Melhor idade,
São 18 anos
desde o dia 08 de agosto de 2000.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Notícia

    O grupo de watssap da família Queiroz anunciou mais um assassinato em Serrinha.
    Como se tornou comum seria apenas mais um se não conhecesse a vítima. 
   Minha atenção foi tomada, pois se tratava de uma pessoa de meu convívio. Embora nunca tenha trocado uma palavra, o conhecia de vista assim como sua família dele, ou seja, faz parte de minha história e isso é importante.
   Na época que o conheci por circunstâncias de proximidade de espaço, pois morava na rua da Câmara municipal que ainda era de barro, por se tratar de uma rua nova feita pelo seu Elaide.
    Naquele tempo, estudava a sétima série numa sala da escola José Francisco da Silva que até mudou de nome. Lembro de ficar observando pela janela, pois achava as aulas muito monótonas, apesar de todo o esforço. A única distração que restava era olhar pela janela os movimentos da casa.
    Sei que era natural das Lages, seu filho nasceu após a copa de 1994 por isso se chamou de Romário. Era uma pessoa alta, magra, galego e só andava a mais de 80 km.
Deve fazer mais de 15 anos que não tinha notícias. Infelizmente, receber essa notícia é triste.
      As memórias continuam adormecidas, este fato mostra que só precisamos de mecanismo de resgate da memória. 
    Como complemento, a perca por meio de um assassinato, nos amedronta, seja lá quem o matou tem motivos que nunca serão revelados. Na maior parte das vezes, são motivos irracionais, dívidas? acerto de contas? Sabe lá.
A vida perdeu muito o valor ultimamente.





segunda-feira, 23 de julho de 2018

Acorda

O tempo tudo consome!
Matéria, memórias e vida.
A manhã, a tarde e a noite se passam com o dia.
O inverno e a seca se passam com o ano.
A infância, a adolescência, a idade madura e a velhice se passam com a vida.
Não somos ignorantes, pois os espelhos, os filhos crescidos, os amados morridos nos revelam que a vida é passageira.
Nunca é tarde para despertar e entender que poucas coisas na vida valem a pena.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Reminiscência da infância

Saudades!
As memórias que temos da vida são incalculáveis, tanto as boas quanto as ruins. O acesso as memórias são desencadeados pelos encontros com as coisas, situações, palavras, odores, imagens e etc. Certos encontros nos fazem acessar as boas memórias que nos tornam saudosos, já outros encontros ativam memórias ruins que nos entristece.
Todavia, fui tomado por um bom encontro que não sei como aconteceu. Estava deitado, lendo e num atino como uma epifania, lembrei-me de duas pessoas amigas que conviveram comigo durante a infância.
Tratam-se de João de Licó e Elita Palmira. Pessoas simples, com rotinas normais sem nada de brilhante ou espetacular.
Não tiveram filhos e viveram até a velhice.
Não eram solitários, pois adotaram Elvinho sobrinho de Elita.
Ainda recordo seus hábitos.
Amavam a limpeza, por isso consumiam tanta água.
Adoravam criar animais, tinham sempre muitas galinhas e muitos patos, poucas vacas dois jumentos para o serviço de abastecimento da casa.
Tinham no pomar uma laranjeira, erva cidreira e uma horta de coentro e alface.
O sítio era pequeno com coqueiros, umbuzeiros, mangueiras, goiabeiras, araçazeiros, pinheiras, serigueleiras e cajueiros. Plantavam sazonalmente, milho, fava e macaxeira.
Elita gostava de fazer doces e foi lá que pela primeira vez comi pamonha doce. Gostava de servir doces de mamão às visitas.
Ela sempre fora de Serrinha do Canto
Para mim, o que tem de mais interessante neles é mantiveram sempre uma relação de extrema cordialidade entre nós, eu e minha família.
Eram excelentes vizinhos.
Nas nossas relações envolviam sempre muitas conversas. Eu era um mero coadjuvante, um ouvinte, um bom ouvinte. As conversas se davam entre papai e Joãozinho como era conhecido.
Eles conversavam sobre tudo, trivialidades principalmente. Haviam aquelas histórias mais interessantes que com o tempo e a repetição perderam o encanto. Dentre as histórias por exemplo se conversava sobre superação contando os grandes anos de seca ou de grande inverno, falava-se ainda sobre anos de fartura. Tinham as histórias de coragem e braveza. As histórias cômicas, embora as favoritas de meu pai não se contava muito, talvez em respeita aos cabelos branco de Joãozinho.
Depois que fui embora não tive mais estes momentos maior frequência, foram reduzidos às vezes que ia visitar meus pais. Durante a faculdade, costumava ir em casa todo mês e sempre recebíamos a visita de João e Elita, quando não íamos papai e eu a casa deles.
Ele me via como um lutador, me admirava pelo meu esforço e dedicação.
Antes da faculdade, sempre podiam me encontrar num corredor lendo e quando Joãozinho chagava lá em casa e que estava lendo, parava para ouvir ele conversar com papai. Nunca me cansou suas histórias.
Talvez, inconscientemente já soubesse que aqueles momentos eram ímpares.
Na verdade eles me conheciam desde menino, lembrar deles é lembrar muito de quem sou e qual é a minha origem.
Muitos dos valores que levo, aprendi enquanto convivia com eles.
Foram testemunhos de minha luta e recordar isso me faz bem.
Então fui dormir feliz depois desta memória.


quarta-feira, 18 de julho de 2018

Movimento matinal

Manhã de chuva fresca,
A luz pouco difusa,
Som dos pingos pingando nas folhas,
O solo encharcado,
A luz do poste acesa,
O escuro da sala,
Percepção, percepções,
Frouxas reflexões,
Em sua totalidade tudo é paz,
Tudo é calma nesta hora que passa mansa e devagar,
Numa manhã de quarta.

domingo, 15 de julho de 2018

A Pioneira

No conto o Zahir  Borges escreve o apotegma "tempo atenua a memória".
Deveras intenso, interessante e real.
Então, memória e tempo constituem uma relação breve caso não haja pontes.
Desde 2013, faço parte do corpo docente do DSE da UFPB onde se localizava a lanchonete Pioneira que servia a estudantes, professores e transeuntes. Este estabelecimento que a mais de 30 anos fora administrado pelo mesmo dono Seu Antônio e sua Esposa Dulce está cerrando as portas. Cotidianamente, antes das sete horas já estava aberto, fizesse chuva ou sol, ao entrar no corredor já podia ouvir a tv ligada anunciando as notícias do Brasil. Com alegria se ouvia um "Bom dia".
Todavia, esta segunda semana de julho, ao passar só pude ver meia porta aberta, sem Dulce e sem mercadoria, a tv estava ligada, mas atrás do balcão estava seu Antônio em silêncio. Não ouvi um bom dia, só vi um senhor de idade, triste que dedicou metade da sua vida, sem saber o que será de sua vida de agora em diante.
Então, nostalgicamente penso que assim como eu, vários calouros e professores novos foram recebidos com tanto carinho, bem atendidos, transeuntes foram informados de seus itinerários. Tanto serviço prestado.
E agora, está sendo descartado por não se adequar as novas condições do sistema.
Aposto que cada dos inúmeros biólogos formados pela UFPB até então tem uma história da Pioneira.
A mim só resta gratidão e carinho.
Sei que o tempo atenuará a memória como dizia Borges, mas sempre lembrarei da Pioneira, nas pessoas de Seu Antônio, Dulce e Vaninha.

sábado, 14 de julho de 2018

Plenos

Quantos dias mais viveremos?
Num determinado momento algo nos faz pensar sobre quanto tempo de vida teremos?
Esta pergunta nos é passível a alguns mais a outros menos, mas se trata de mera intensidade ou satisfação.
Agora, nesta tarde fresca de luz frouxa de sábado fui abordado por tal questão.
Por intensidade metafísica ou por fraqueza psicológica.
Na verdade o que me fez pensar foi ouvir um adágio de Bach dotado de intensa beleza.
As coisas belas tem a capacidade de nos apaixonar e tomados de tal sentimento, nos preocupamos com a finitude.
Possou ouvir várias vezes, mas cada vez será única e de novo ad infinito.
No meu caso não sei quanto mais viverei e não me interessa.
O que importa é a intensidade em que estou vivendo no momento.
Poucas coisas, muito poucas mesmo valem a pena.
Então, que aprendamos a reconhecer essas coisas e seremos, senão felizes, plenos.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Incógnita contemporânea

Como é maravilhoso este mundo.
Mundo este que denominamos nosso, embora desconheçamos sua totalidade e talvez este seja um dos motivos pelo qual o desprezamos ou seja por pura ignorância.
Caso paremos ou desaceremos só para contemplá-lo, certamente, descobriremos o quanto é belo e maravilhoso. Exatamente se pararmos para observar as cores e as formas, ouvirmos os sons, sentirmos os aromas, a temperatura e porque não respirar fundo e tentar sentir o ar enchendo nossos pulmões.
O fato é que somos escravo do nosso tempo, pois precisamos dele para produzir, não falei consumir e sim exatamente produzir.   
Nos tornamos tantos e em tão curto espaço de tempo que precisamos ser os melhores produtores se não seremos engolidos pelo triturador chamado espaço profissional.
A produção em sua totalidade acelerou vertiginosamente e deveras não consumimos consumi-la.
Cada dia novos produtos inovadores, revolucionários, eluditatórios nos são apresentados gerando em nós um desejo intenso de consumi-los nos alienando. A nossa realidade é responsável por isso ou essa realidade virtual? Eis uma questão que não atrevo a responder.
Só percebo que há uma ansiedade muito intensa entre nos por consumir e produzir que foge ao nosso controle e que não sabemos como controlar.
Até quando se sustentará?
Eis uma incógnita.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Circunstâncias

Uma palavra,
Definição?
Um fulcro,
Uma referência,
Uma ordem,
Algo a ser encontrado
ou ser perdido,
Circunstâncias...

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Refúgio

O silêncio,
O pomar,
As galinhas,
Os pássaros,
Os grilos,
Os sanhaçus,
Os cães dormindo,
Galinhas cacarejando,
O vento soprando,
As folhas das plantas  chiando,
As flores brancas, amarelas e verdes abertas,
O cheiro das coisas do protetor solar,
Do tempo,
O barulho da voz grave de mamãe
E as respostas de papai.
Eu monologando.
A alegria da vida.
Cada segundo essencial à minha essência.
Plenitude seria uma definição do momento presente. 

domingo, 1 de julho de 2018

Sucessivamente

Em algum lugar de Martins em 1980 meus avós e tios que já partiram se encontravam muito vivos. O que possivelmente estariam fazendo é uma incógnita, pois nada foi registrado e se perderam as referências, todavia alguns deles, com certeza meus avós Chico e Chica; Sinhá e José estavam celebrando o domingo. Incertos de suas sinas.
Esperavam o almoço enquanto conversavam ou matutavam na vida ou nos problemas. Talvez ouviam um rádio e comentavam as notícias, porém tudo foi perdido e assim está e continuará.
Suas histórias desgastadas de repetição, seus conceitos infantis consolidados, seus corpos cansados e suas ambições e impressões do mundo e aquilo que foi possível de compreender.
Hoje, agora, penso sobre tudo isso. E vem uma reflexão se e quanto evoluí?
Aqui estou esperando o almoço e matutando sobre a vida.
Não há maneira de viver diferente ou há? Será tudo uma ilusão?

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Resposta


Como é lindo o apotegma de Diógenes ou de Platão "O tempo é um espelho da eternidade".

O tempo deveras me intriga e me assusta ou talvez apenas duas de suas consequências: envelhecer fisicamente e morrer.
Nossa vida tem o tempo por perímetro e viver implica em consumi-lo constantemente ou talvez estejamos consumindo nossos corpo e diante deste processo envelhecemos perdendo assim as habilidades motoras e nos tornamos prisioneiros de nós mesmos e o fim é a morte.
A vida é o intervalo entre nascimento e a morte e esse intervalo é mensurado em tempo. Este tempo de vida é uma incógnita para nós, podendo ser breve ou longo a depender da graça divina.
Embora viver nos aproxime sempre de nosso fim nos proporciona algo extremamente delicioso como a experiência e como consequência o conhecimento e a sabedoria.
Realmente se o tempo é o espelho da eternidade nossos reflexões são nossas gerações e o que transmitimos para estas. É muito bom refletir sobre o que podemos apreender das gerações passadas e o que pretendemos deixar para as futuras gerações.
Uma incógnita se forma aqui, como sempre a resposta não foi concluída, mas já ganha alguma definição.
De sorte que no fim talvez tenhamos um conceito do que seja o tempo e a vida.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Refúgio

No alto de uma montanha,
Na beira da praia,
No meio de uma floresta,
No meio de um campo
E em qualquer lugar
Nosso refúgio é o nosso ser.

sábado, 16 de junho de 2018

Solidão ignorante

O silêncio,
O ranger do abrir da porta,
O silêncio,
Um gato sem nome desperta e mia.
O cão sacoleja a orelha e se chega para a cozinha de chão batido.
Os átrios da casa escuros impregnado de cheiro de solidão,
A lenha sendo acesa no fogão de lenha exala o cheiro da madeira.
A panela a cozer uma comida sem gosto.
A solidão,
Qual foi o sonho sonhado,
Qual foi o sentido da vida vivida na solidão?
Alguma ideia?
Alguma paixão?
Ou apenas solidão.
Por ignorância ou por ambição,
A solidão gerou a diabetes,
E esta consumiu meu tio até o fim de seus dias.
De lembranças só resta a solidão.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Memórias sobre rodas

    Uma lembrança me recorreu quando fui pegar a bicicleta em casa para vir trabalhar. Lembrei  num atino através de um odor que não soube distinguir e que talvez foi indiferente. Enfim, por volta dos anos 90 nutri o desejo de ter uma bicicleta e como ajudava em casa na lida. Então lembro que papai comprou uma barra circular da monark. Que especial, linda, vermelha, se não me engano modelo 1992 e tinha até limpadores de raios. Estava na sexta série ginasial. Naquela tarde que cheguei em casa e a encontrei fiquei muito feliz. A bicicleta tinha luvas com cheiro doce e ficou na minha memória.
    Como me fez feliz aquele momento. As vezes as pessoas entendem que nos podem proporcionar uma felicidade intensa num instante. Os pais sabem disso e papai soube muito bem. O fato é que não foi bem um presente, mas fruto de um esforço. Tive que trabalhar para conseguir aquela bicicleta.
É muito bom, antes de tê-la já imaginava como seria ter uma bicicleta e foi muito melhor porque passei a ir para a escola pedalando.
     Engraçado que ainda hoje continuo pedalando para ir fazer minhas obrigações.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Curiosidades ornitofílicas

O que se sabe sobre os pássaros além de sua beleza morfológica e vocal?
Quantas e quais são suas espécies?
Quais os hábitos alimentares?
Quais os habitats favoritos? 
Bem, para nós tudo parte do interesse e este pode ser desperto. Como foi afirmado acima a morfologia e o canto podem ser o gatilho. Quanto a morfologia a maioria dos pássaros se camuflam na maior parte do tempo está oculto entre os ramos, conseguindo passar despercebidos. Com relação ao canto pode-se atrair maior atenção e permitir que se reconheça e os identifique entre os demais grupos.
Cada pássaro parece ter seu próprio canto ou sua vocalização. 
Os loucos reconhecem através dos sons os tipos ou as espécies de pássaros.
Não faz muito tempo havia um hábito comum de criar pássaros em gaiolas. Este hábito ainda existe, mas não com tanta frequência.
Era triste vê-los engaiolados, mas a elegância de seu canto e sua beleza pareciam compensar e legitimar a perda de liberdade.
Não se contentava em ouvir uma vez, mas inúmeras repetidas vezes.
Será uma essência humana? 

terça-feira, 12 de junho de 2018

Bem estar

Hoje, nesta manhã brumada tudo é calmaria.
Não tem brisa, não tem brilho, não tem movimento.
Só se ouve o canto das aves ocultas entre os ramos das árvores.
Sabiá, patativa, bem-ti-vi, sanhaçu e só.
As janelas ainda refletem através do escuro de seus átrios.
É tarde para tudo isso.
Tudo isso me faz sentir bem.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Acontecimentos

Uma manhã chuvosa,
O pio silencioso dos pássaros,
O som de pingos de água que escorre das folhas,
Lembranças!
Imaginação do que foi,
Perspectivas,
Um conto lido.
Pensamentos não escritos.
Tudo isso faz parte de um universo que pode ter acontecido
Ou poderá vir a acontecer.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Momento

Concomitantemente a chuva chove tenuemente enquanto o sol brilha uma luz suavemente dourada.
Neste momento, a natureza é toda reflexão e até os pássaros estão matutando em silêncio.
Enquanto não sou tomado pelos problemas que requerem solução imediata permaneço imóvel contemplando o que penso e o que observo. Talvez não pense em nada nem observe tão pouco algo, mas este momento é todo meu.
Enquanto isso a chuva deixou de chover, mas o sol continuou brilhando e sua luz me permite ver com nitidez a beleza que há na natureza.
E o momento se foi.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Despertar

Despertar e perceber as coisas que nos envolvem e nos suportam e que dão significado a nossa existência é uma dádiva.
Ouvir os pássaros cantando e o ronco do motor da geladeira.
Sentir o lençol nos envolvendo.
Ver a luz frouxa atravessar as frestas pela janela.
Pensar na existência.
Ter consciência da realidade e perceber como já foram e como é hoje.
E perceber que a vida é passageira.
Perceber nas memórias imbricadas pelo tempo o quanto já viveu e o quanto se tem para viver.
Esse exercício é um despertar da consciência existencial.
Quantas vezes não ouvi o estalo dos gravetos sendo quebrados ao som de rádios AM e em pouco
após o fogo aceso se ouviu a água fervendo e se emudecendo a mistura do pó de café e então o aroma se espalhando pela cozinha, sala e quartos.
Quantas vezes mal, desperto, não tive que sair para pegar água no córrego ou nos açudes enfrentado a preguiça e o vento frio.
Por vezes, mal desperto sair para correr ou cuidar do corpo de maneira torpe porque não.
Talvez por não ver outra maneira de ser, nunca me despertei para isso. Despierta!
Hoje para me despertar penso no antes, no agora e na possibilidade de um amanhã.
Talvez assim saberei despertar para a vida.


terça-feira, 29 de maio de 2018

Passagem

Cai a tarde crepuscular,
Em pouco nascerá a lua,
A noite fresca chega.
E mais um dia se vai.
Amém.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Hélio

Ontem, 27 de maio de 2018, Hélio de Paulinha, nosso vizinho de infância, dormiu na eternidade.
Um infarto o ceifou.
Desde que tenho lembrança o conhecia e tínhamos como amigo da nossa família.
Era uma pessoa simples, muito sagaz e bem humorado.
Tinha estatura baixa não tinha 1,70, mas passava dos 1,50 m. Tinha olhos claros e uma barba fechada.
Hélio, desde cedo, aprendeu a arte do comércio.
Vendia e comprava coisas, galinhas, bodes, cabras, ovelhas, porcos, garrotes dentre tantas coisas.
Sabia sempre fazer uma transação comercial de maneira a ganhar sempre algum trocado.
Assim, desde cedo foi se construindo como uma pessoa honesta.
Lembro que quando casou já morava na casa de Crejo seu irmão, mas depois construiu sua própria casa onde viveu até os últimos dias.
No início de sua jornada para se deslocar tinha uma burra baixeira e só com muito tempo comprou uma moto.
Lembro quando nasceram seus filhos. O primeiro foi Hugo e depois veio Tiago. Naquele tempo a gente ia muito fazer boca de noite lá.
Papai adorava ri dos casos que ele inventava e contava.
Lembro na época que a gente precisava colocar água em casa no jegue a destreza como ele enchia as ancoretas.
As vezes que saia em busca de comida para as criações.
É! Hélio enchia aquela baixa de Serrinha do Canto de vida.
Foi um personagem muito importante.
Hoje, ele deve ter se encontrado com o povo que o esperava.
Seus pais Chico Franco e Maria, suas irmãs Nida e Dezu; os vizinhos Joãozinho e Elita de Licor; Artur Barreto, Seu Amaro e Ciça; Bunina, Josimá e Lenita, Diniz que chegou faz pouco tempo; Odaleia, Munda e Sua irmã; Iracema, Lúcia, Zé de Júlio, Nelope e Luiza, Luiz, Açuero; Luiz de Mundin, Dona Francisca, Rita das Arupembas e Zé, Sivirino.
Todos em festa.

Agora só renta de sua lembrança seu aniversário e a gaifa que fazia.

Ocaso

O ocaso está aí.
O dia se divide em noite.
Aos poucos o breu ocultará todas as formas e cores.
Em instantes os rádios tocarão a Ave Maria.
A lua de certo aparecerá.
Esta hora tão saudosa e reflexiva;
A pouca luz e a ave maria e a fé que une gerações.
Tudo isso, pode ter significado apenas para mim
E um par de pessoas,
Mas me emociona,
E me enche de lembranças.
A vida se revela solitária ai.

É isso o tempo

 O sofrimento dilata o tempo! O tempo não existe! O tempo é um conceito. Eternidade é a ausência de tempo. Vinícius de Morais cunhou a frase...

Gogh

Gogh