Eu sempre amei frutas.
Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé.
Essas tínhamos em casa.
Agora a jaca.
Jaca não dava, a nossa terra era seca demais.
Na nossa comunidade tinha e ainda tem o pé de jaca de Loló de Rejane de Dezu.
Jaca era objeto dos meus desejos.
Papai, tinha um tio que morava num sítio enorme de jaqueiras em Martins.
Às vezes, ele conseguia uma jaca.
Aquela coisa cheirosa, amarelinha e docinha.
Não sobrava dinheiro para comprar.
Bem no sítio de minha avó tinha, mas era tantos filhos e netos que ela tinha que não sobrava.
Isso gerou um guloso. Eu.
Que tinha como fruta favorita a jaca.
Para comer jaca tinha um ritual.
Geralmente se comia de manhã.
Era papai quem abria, usar os garfos nem pensar para não encher de visgo.
A gente quebrava uns pauzinhos e íamos comendo os bagos que eram contados.
Uma época papai pediu os bagaços de jaca para a vaca comer
E ele sempre trazia uma ou duas jacas nos caçoas velho.
Sim jaca boa só se fosse de cima da Serra de Martins.
Ele saia montado num burro e as vezes eu ia com ele na garupa do bicho.
Quanta coisa se passa na minha mente da infância.
Numa jaca.
Só afirma o maravilhoso pai que foi o meu
E a maravilhosa família que foi a minha.
Hoje, tenho as jacas que eu quiser,
Mas não tenho com quem comer,
Com quem repartir...
Abrir uma jaca... por mais que eu coma,
Sempre metade é perdida.
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