segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mês das mães

 Maio mês das mães.

Em maio, ocorriam novenas na capela de nossa cidade "nossa senhora da Salete" em Serrinha dos Pintos.

A mamãe e o papai nos levava para assistir as novenas.

Confesso que não gostava das novenas em si.

Gostava de ir e voltar, apesar do escuro.

Gostava de está com meus pais e meus irmãos.

Sempre saia umas balinhas.

A gente via o povo, papai e mamãe via os conhecidos.

Quem coordenava as novenas eram o Chiquinho de Raimundo Moura.

Tinham as cantoras...

Eu olhava para o altar, para os santos, para a figura de cristo e nada entendia.

Eu olhava para o piso.

Gostava de observar o piso.

Tinha uma textura de formas geométricas, eu via formas, profundidade e cores.

Mamãe mandava eu sentar lá perto do altar, mas nunca ia, tinha medo de me perder deles.

Ficava ali no colo ou do lado.

Eu não entendia o sermão.

Eu não entendia tanta coisa.

Gostava das ladainhas, talvez pela repetição.

Gostava quando estava chegando no final.

A gente vai aprendendo a lógica das coisas.

Gostava quando terminava.

Odiava ficar parado, preso.

Mas era obrigado, porque a mamãe fazia questão que ficasse calado e prestasse atenção.

As palavras não faziam muito sentido.

No meu mundo o que me fazia feliz era coisa simples: bala, doce, brinquedo e diversão.

Adorava doces, nisso mamãe e papai sempre nos agradava.

Brinquedo até tínhamos, mas preferia usar a imaginação...

Até que em fim a novena acabava.

As vezes, Chiquinho perdia a paciência e tome carão no povo.

Eram outros tempos.

Sem televisão, a igreja pipocava de tanta gente.

Quando acabava a gente ia para a frente da igreja que era de barro.

Só tinha a cigarreira de Neto de Zezeu...

Que vendia confeitos e cigarros.

Ficava feliz em deliciar de uns confeitos.

Voltava para casa feliz.

Papai e mamãe faziam a sua parte.

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