Abro a janela sem pressa de
sair. Abro para contemplar o mundo. E o que vejo são antigas castanholas, casas,
prédios e o céu. Acho que aprendi a capacidade de contemplação ou talvez
nunca tenha tido. Cada vez o tempo que me sobra para contemplar é ínfimo.
Eu perdi o tempo, não sei o que fazer, se contemplo, se assisto um filme, se
falo ao celular, se converso no face ou watzap... São tantas as possibilidades
que me angustia. Antes eu me angustiava por não ter livros para ler, hoje não
tenho tempo embora tenha os melhores livros.
O que contemplar?
Sou o senhor do
meu destino. Risos!
Uma oração?
Uma imagem?
Uma paisagem?
Eu perdi a
concentração, não sei mais o que é contemplação com essa vida dinâmica em que
corro de cá para lá querendo aprender tudo e ser tudo... O que eu sou e em que
estou me tornando? Em que estamos nos tornando?
Volto a janela
olho o vazio da rua, sinto desespero... Rua vazia, casa vazia, mente vazia...
Acreditava que
no futuro as coisas seriam melhores, mas o futuro chegou e tudo continua a
mesma coisa, mesma dimensão, ânsias... Acho que estou mais sereno, finalmente o
tempo me explicou que nesta vida não é possível tudo, tenho que me contentar
com o que ou quem eu sou... Mas quem ou o que sou?
Não responderia,
porque sou movimento, sou viver, sou o que penso, que reflito e nada do que
tenho é meu... Tudo é emprestado, inclusive o corpo que habito.
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