Uma manhã ensolarada de verão,
A poeira, folhas secas e a brisa.
O céu azul o mar com vasto horizonte,
Os coqueiros, o calor, a brisa e a água de coco.
Crianças, cães, adultos e idosos.
Ruas vazias,
Algo acontece pacientemente em todo lugar,
Cigarras a cantar.
O que é a existência?
Neste, cenário cravada em minha mente está absurda questão.
Não encontro uma resposta.
Que metafísica a me alucinar.
O que é a felicidade?
O que é responsabilidade?
Uma avalanche de perguntas me afoga a alma.
Vou até a janela olho as ruas, as árvores, os telhados
E nada, absolutamente nada faz sentido
Além da ordem física da matéria
Com sua substância e sua forma muitas vezes amorfa
Sem identidade.
Encerrado em meu apartamento,
Encerrado em minhas obrigações,
Encerrado em minha moral,
Encarcerado na vida que escolhi.
Acendo um incenso,
Sindo o aroma doce se difundir pelos átrios do apartamento,
Solvo a fumaça branca que dança no ar,
Vejo a matérias mudar de estado frente a frente,
Como uma ampulheta a contar o tempo.
Escolho uma música e ouço
Quão doce melodia compôs Bach.
De repente uma tosse, um escarro,
E me desloco até o banheiro para escarrar,
Essa minha natureza humana.
Esta ordem desordenada do ser.
O que é consciência?
Confesso que não entendi nada do que falou Sartre sobre consciência no seu Ser e o Nada.
Às vezes minhas pretensões filosóficas são tão medíocres.
Fico sem entender nada do nada.
Paixão e desejo e beleza e medo nos fazem escravos do mal viver.
Tento encontrar algo que me tire da ociosidade e sinto que todas as vezes que assim o faço
A sensação de ociosidade me sufoca ainda mais.
Eita ser complexo, nessas horas nem Borges me acalma.
Lembro de Pessoa e só assim acordo de meu sonho metafísico,
Paulatinamente volto ao estado normal...
A vida trata-se de uma grande ilusão,
Quem sabe Platão não teria razão,
Somos seres loucos para voltar o mundo ideal, mundo da perfeição,
Angustiados por nossa existência...
Sabe-se lá.
A felicidade habita apenas a infância,
Depois... doce ilusão.
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