Sempre que acordo costumo olhar através da janela.
Olho para o mundo e contemplo.
Contemplo o céu, o verde das árvores,
O colorido das casas o movimento da gente que passa.
Quando abra a janela ouço o som do mundo, do vento e do belo canto das aves.
Há tanta coisa por ser descoberta,
Quanto tempo tenho para fazer isso?
Explorar este mundo?
Não podemos adivinhar.
Muitas coisas não são previsíveis.
Como o amanhã por exemplo.
O amanhã que é eterno e não saberemos quantos amanhãs mais seremos.
As coisas e o mundo continuarão,
Flores a florir,
Aves a cantar,
E nós nos encantaremos.
Nós voltaremos a eternidade de onde viemos.
Tenho, hoje, a certeza que um dia desaparecerei,
E serei esquecido,
Como desapareci de Serrinha, de Natal, de São Paulo, de Campinas e de Brasília...
Eu sou o meu tempo presente, meu lugar presente e minha vida presente,
O mais são memórias, são histórias e o que materializei e que construí de bom.
Amanhã serei uma história, depois de amanhã memória e depois uma lápide.
Vão-se as memórias, as histórias e tudo some.
Quando acordo lembro que tudo é passageiro, omnia vanitas...
Lembro da vida de Borges, uma vida inteira vivida e contada.
Eu lembro dos que me divertiram e partiram,
Lembro dos que amaram os que me amam e me amaram.
Quando amanheço tento me humanizar.
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