O tempo nos ensina que a vida é orgânica.
Ainda ontem brincava de faz de conta.
Nem sabia ler, nem sabia que era viver. Vivia.
Ainda ontem brincava de faz de conta.
Nem sabia ler, nem sabia que era viver. Vivia.
Ainda ontem meu pai era forte e novo.
Ainda ontem estive em casa e vi que o tempo deixa marcas
mais fortes em meu pai que em mim.
O andar curto já arrasta o chinelo.
Mas quando volto a casa, parece que nunca sai dela.
Olhava a lua especular, eterna,
Enquanto o cachorro cochilava na estrada
e papai como sempre preocupado que um carro desgovernado acabasse,
com aquela pobre vida sai para espantar aquele cachorro.
Ergueu da cadeira e saiu bem devagar
Sem gritar, parecia que ia encontrar a lua.
E foi lá e o espantou,
Tomei a foto sem que percebesse.
Que grande é o coração de meu pai
que impiedoso é o tempo.
A foto, imagem com memória, revela
que o tempo passa para todos nós.
Algumas coisas continuam...
Algumas coisas simplesmente perpetua.
Coisas que gênios como Mozart, Beethoven,
Gogh, Nietzsche, Borges...
O tempo não consegue apagar...
E o tempo apaga tudo,
Corpo, memórias e alma.
O tempo parece ser um sopro a nos levar a eternidade.
Encantada
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