Uma cruz no meio do caminho.
O que significava aqui?
Pensava quando criança.
Que coisa mais mística.
Abalava minha alma inteira.
Perguntei para papai o que era aquilo.
Ele me respondeu uma cruz.
Mas para que serve?
Para marcar que ali morreu uma pessoa.
Morreu?
O que é morrer?
Por muito tempo desconheci a morte.
Quando descobri o que era morte.
Fiquei com medo.
Perdi minha inocência.
Chorei desesperado.
Já que a morte diziam era uma coisa para todos.
Chorei porque pensei em perder os meus pais para a morte.
A morte se revelou... acho que aos nove anos.
Perdi meu primeiro avó.
A luz de lamparina e velas
Era alumiado aquele corpo idoso.
Um caixão simples de pano azul celeste.
Mamãe e papai choraram.
Doeu meu coração.
Nada fazia muito sentido.
Outro dia sai correndo para trás da casa velha que era germinada a nossa.
Sob o cajueiro, olhando o poleiro das galinhas que ali se faziam.
Chorei... chorei que só.
Era a consciência se estabelecendo em mim.
Era ela expulsando a minha inocência.
Quantas coisas não aconteceram depois ali em nossa casa.
O mundo se desvelou.
Conheci um poema profundamente de Bandeira.
Quando o li, me entristeci.
Hoje papai e mamãe são quem dormem.
Como dói.
Dói no fundo da alma.
A cruz... a morte... o ser.
Nada fica.
Nada é em si.
O tempo tudo dissolve.
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