quinta-feira, 19 de maio de 2022

Tempo amável.

 O tempo passa,

De forma harmoniosa e simples,

Segundos, minutos, horas, dias, meses e anos.

Faz um ano e cinco meses que papai partiu.

Sinto muita saudade de sua presença física,

De nossas interações.

Amo e o sinto sempre comigo.

Seu ser está comigo.

Carrego-o no meu coração.

Tudo que ele passou felicidade, alegria, sofrimento e dor.

Agora se foram.

Sou profundamente grato pela vida que ele me deu,

A vida em si, os ensinamentos, o pão de cada dia, o carinho e o amor.

Não me esqueço de sua fé.

Tão bonita sua fé. 

Uma herança de nossa família.

Todas as noites, antes de dormir, rezava o "Pai Nosso e a Ave Maria".

Acordava cedo, era o primeiro a acordar.

Fazia o café, acariciava nossos animais. 

Papai herdou de são Francisco o nome e o amor pelos animais.

Papai nunca desejou mal a ninguém.

Era calado e por vezes quando se soltava divertido.

Lembro muito dele, embora as memórias com o tempo vão decaindo.

Mas tem os irmãos para lembrar.

Tem as fotografias.

Tem a minha existência.

Hoje como pai, tenho profundo amor por papai.

Mais ainda porque sei quanto fui importante para ele,

Como sou para o meu filho.

As vezes me pego pensando...

Como é bom ser pai e sinto que meu filho ama tudo isso.

Papai sempre me foi tão presente.

Em muitas horas ele se chegava.

Se adoecia, mamãe e ele combinava e ele ia saber como estava.

Não tenho palavras para expressar o meu sentimento.

Sei o quanto eram bons os seus abraços,

Naquele abraço desajeitado,

Havia toda humanidade que há no mundo.

Tenha o aperto físico, abraço amarrotado,

Tinha o aperto afetivo que entalava a garganta,

Aperto do coração...

A gente sorria se chegava,

A gente chorava se partia,

Sentia a barba por fazer ou feita,

O cheiro que a gente reconhece e gosta.

O tempo é vento que sopra sem direção.

É passado e é futuro...

Só aqui nos encontramos fisicamente.

O presente... esse deve continuar por mais alguns dias.

Sem cessar.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Sinfonia ornitológica

 Nesta manhã de maio,

O sol brilha intenso.

Dourado se faz o mundo.

As aves fazem a festa na mata,

Se alimentando numa fartura,

Os frutos de copiuba na árvore estão repletos,

Escuros e tão docinhos.

Canta para lá a patativa,

Canta a patativa.

Mas as nuvens já fecharam as cortinas,

Assim parecendo um teatro.

As aves continuam cantando.

Uma corroía,

Um relojoeiro.

Os sanhaçus piam com o papo cheio.

As rolinhas cantam.

E essa sinfonia enche minha alma de alegria.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mês das mães

 Maio mês das mães.

Em maio, ocorriam novenas na capela de nossa cidade "nossa senhora da Salete" em Serrinha dos Pintos.

A mamãe e o papai nos levava para assistir as novenas.

Confesso que não gostava das novenas em si.

Gostava de ir e voltar, apesar do escuro.

Gostava de está com meus pais e meus irmãos.

Sempre saia umas balinhas.

A gente via o povo, papai e mamãe via os conhecidos.

Quem coordenava as novenas eram o Chiquinho de Raimundo Moura.

Tinham as cantoras...

Eu olhava para o altar, para os santos, para a figura de cristo e nada entendia.

Eu olhava para o piso.

Gostava de observar o piso.

Tinha uma textura de formas geométricas, eu via formas, profundidade e cores.

Mamãe mandava eu sentar lá perto do altar, mas nunca ia, tinha medo de me perder deles.

Ficava ali no colo ou do lado.

Eu não entendia o sermão.

Eu não entendia tanta coisa.

Gostava das ladainhas, talvez pela repetição.

Gostava quando estava chegando no final.

A gente vai aprendendo a lógica das coisas.

Gostava quando terminava.

Odiava ficar parado, preso.

Mas era obrigado, porque a mamãe fazia questão que ficasse calado e prestasse atenção.

As palavras não faziam muito sentido.

No meu mundo o que me fazia feliz era coisa simples: bala, doce, brinquedo e diversão.

Adorava doces, nisso mamãe e papai sempre nos agradava.

Brinquedo até tínhamos, mas preferia usar a imaginação...

Até que em fim a novena acabava.

As vezes, Chiquinho perdia a paciência e tome carão no povo.

Eram outros tempos.

Sem televisão, a igreja pipocava de tanta gente.

Quando acabava a gente ia para a frente da igreja que era de barro.

Só tinha a cigarreira de Neto de Zezeu...

Que vendia confeitos e cigarros.

Ficava feliz em deliciar de uns confeitos.

Voltava para casa feliz.

Papai e mamãe faziam a sua parte.

domingo, 15 de maio de 2022

Tarde dominical

 A tarde que cai,

É uma tarde dominical.

No mês das mães, maio de 2022.

Alguns anos passaram em minha vida.

De certo tantas experiências vividas.

Sou capaz de me lembrar de tantas coisas,

Da infância para cá.

Quer dizer, são coisas de nossa mente.

Nossa mente que é capaz de tudo criar e sentir.

Se muita coisa fazia sentido.

Agora faz mais.

As experiências revelam a realidade ou um acidente desta.

Posso sentir, rever em minha mente as tardes dominicais que já vivi.

Não me surpreende que rever no francês quer dizer sonhar.

Posso sentir o calor da estrada de barro, do terreiro de terra solta, poeira,

O agudo espinho da jurema e da algaroba.

O calor do amor de meus pais.

Posso rever os nossos vizinhos evangélicos voltando da escolinha dominical

Com suas bíblias sob o braço.

Mais um ensinamento, 

Mais um dia.

Tudo passou.

Tudo se dissolveu.

Inclusive minhas concepções.

Vivemos o que tínhamos de viver.

Chegar aqui é uma fortuna.

Meu filho, sem dúvida é uma dádiva divina.

Faz sentido e me faz ir passear agora.

Nesta tarde dominical.

sábado, 14 de maio de 2022

O voo de uma ave.

 Tanta coisa maravilhosa para pensar.

Esses dias tenho me encantado com uma coisa fantástica.

O voo das aves.

Aves simples como pombos e rolinhas.

Elas voam com destreza.

Penso: - que maravilha.

Voar.

As vezes, fico encantado com os urubus em seus voos magistrais.

Planando.

Que arte!

Que arte?

O urubu vive quanto tempo?

Sei lá, mas muito jovem aprende a voar.

Através de minha janela que tem uma tela para barrar Vinícius.

Procuro algo para lhes mostrar.

Com Vinicius, meu filho.

A vida se tornou mais interessante.

Por dois motivos principais.

Um é o amor inexplicável que sinto por ele.

O outro é que com ele as coisas precisam serem simples.

Preciso parar.

Preciso entender que muita coisa é sua primeira vez na vida.

Então sei uma pausa na minha vida para olhar para o mundo.

Dessa forma parei para perceber o mundo.

Tenho percebido coisas que ignorava.

Tenho percebido um discurso que não compreendia quando Ruben Alves falava.

Encantava-me, mas não entendia.

A experiência é magistral para o entendimento.

Voltando ao início.

Pensar é uma coisa maravilhosa, mas é preciso aprender a pensar.

Pensamentos constituem matéria para a vida.

A gente precisa comer bem para não ter indigestão.

Se si come bem, cuidado para não exagerar.

Se si come mal, não tem como exagerar.

É preciso saber a medida certa.

Como é encantador o voo de uma ave. 

O jardim

 No nosso terreiro nasceram vincas.

Suas flores eram brancas e simétricas.

Perfeitas.

Nasceram também vincas rosas.

Ali estão as vincas.

Ornando nosso jardim.

Ano após ano.

Produzindo sementes,

Germinando, crescendo e morrendo.

Mamãe plantou uma amarilis.

Ela continua lá após quarenta anos.

A mesma planta.

Quando chove ela floresce,

Mas não produz fruto.

Suas flores são alvas com vinho.

São tão perfumadas.

Passageiras ou não assim é a nossa vida.

Assim como o nosso jardim.

Há de continuar a cultivar até o fim.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Onde está?

 A lua quando desperta é enorme.

Depois no meio do céu fica pequena.

Que interessante!

Como são importantes as referências.

Quando podemos comparar a lua com objetos no horizonte 

Ela é enorme.

No meio do céu quando não temos referência para comparar ela se torna pequena.

Então onde está grandeza das coisas?

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Memória noturna

 Ontem a noite estava muito escura.

Apesar da lua crescente,

Nuvens pesadas de chuva o céu cobria.

Nenhuma estrela sequer aparecia.

Pensei.

Já vi essa noite outras vezes.

Minha memória não falha.

Lembrei de papai e de mamãe

Que descansam na eternidade.

Lembrei que me sentia só em noites assim.

Aqui na cidade de João Pessoa.

O escuro da noite chuvosa.

Parece sempre estranho a mente.

Até me deu vontade de registrar essa sensação.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Vida

 O que é a vida?

Como sujeito não sei responder.

Só sei viver.

Pergunte o que é o ar para um pássaro.

Pergunte o que é a água para um peixe.

Enquanto vivo, sou sujeito.

Tire-me a vida e a ordem se esvai.

Esse cosmo que é gerada por dois corpos,

Corpos opostos, entenda-se.

Pulsa.

Faz-se sujeito.

E um dia se esvai.

Os sentimentos, as percepções e tudo que nos rodeia,

Tudo que nos faz ser.

Neste universo chamado

Vida.

O que é a vida?

Não sei

Quando dei por mim.

Estava vivo,

Tudo foi ganhando sentido.

Posso viver a vida

Sem pensar na vida,

Apenas sendo vida...

terça-feira, 10 de maio de 2022

Busca

 Tantas coisas ativam minha mente.

Impressões, palavras, emoções.

Sou caos,

Todo caos.

Tudo me atinge.

Estou fraco.

Mas a essa hora.

Respiro fundo.

Concentração...

Concentração.

Na contramão do tempo.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh