sábado, 20 de fevereiro de 2021

34. Isso tudo é ilusão

 Para além da necessidade

O que sobra é tudo vaidade

Imagine você na vida pretender

Escrever poesia,

Poesia metrificada,

Que ilusão...

Patativa teve sua catarse nos versos de um cordel,

Borges na madeira de imburana,

Eliseu nas cordas de uma viola,

Padin Cícero no sermão,

Lampião na coronha do fuzil,

Isso tudo é ilusão,

Tentar se eternizar em qualquer forma de expressão,

O destino é um só,

Carne dura, crânio rocha e caixão,

A terra frouxa quem come,

Essa carne que agora pulsa,

Isso tudo é ilusão,

Lutar em excesso por algo,

Ser o melhor,

Melhor fazer,

Feito os faraós egípticios,

Feito a filosofia socrática,

Feito o império de Alexandre,

A matemática de Euclides,

A genialidade de Eistein

Isso tudo é ilusão,

O joão-de-barro constrói sua casa sem pretensão,

Sabiá canta seu canto sem a mínima ilusão,

Um jumento quando rincha embeleza uma noite,

E o vento de açoite é sinal de bem está,

Quem não se refresca na água do açude na caatinga,

Bobagem e vaidade,

Isso tudo é ilusão,

Tem gente que se dana a poupar,

Comprar propriedade, casa, carro  e até avião,

Gente que fala em riqueza

Gente que se aliena falando no que não sabe

Isso tudo é vaidade,

Não merece atenção,

Quem se importa com Mozart, Gogh ou Pessoa,

Tem algo para gostar,

Mas tem gente que gosta mesmo é de coisa simples

Feito caldo de cana,

Uma res gorda,

O apurado da safra...

Porque tudo é ilusão,

Já cantou o sábio Salomão,

Na vida tudo é ilusão,

Alguma coisa ameniza,

No final nada muda a equação,

Isso tudo é ilusão,

Nem mesmo vemos cerrar o caixão,

A melhor coisa é achar o meio termo,

E viver da melhor forma,

Acumular qualquer maneira,

Porra merda,

É tudo ilusão,

Deixe de procrastinação...

Viva a realidade,

Viva sua intuição,

Porque a perfeição é ilusão.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

33. Marmeleiro

Marmeleiro que mato ligeiro,

Nasce e cresce em qualquer lugar,

De beira de estrada a tabuleiro,

Não precisa nem plantar.


Essa planta é pioneira,

A caatinga é seu lar,

Na seca se encontra nua cor de poeira,

No inverno fica verde ao se enramar,


A rama é boa de cheirar,

também flores e madeira,

A madeira é boa de usar,

Por ser fina e lenheira,


Com esta se pode cozinhar,

Se faz faxina e chiqueiro,

Ao jegue faz andar,

Serve de pau de galinheiro,


Com suas folhas macias

Muita gente se asseia,

Folhas veludas, discolores,

São simples laminada,


Com poucas folhas na ramada,

Tem início sua florada,

Com inflorescência pendulada,

De flores bissexuadas,


As Flores primeiras são pistiladas,

As segundas flores estaminadas,

Se quiser simplificar 

Primeiro as flores femininas,

Segundo as flores masculinas,


Em diacronia estas são apresentadas,

Evitando de serem autofecundadas,

E assim nessa jornada por insetos são visitadas,

Besouros, moscas e abelhas voam alimentadas,


Garantindo que as flores sejam fecundadas,

Ah! pequenas flores pequenas e perfumadas,

Flores efêmeras logo em fruto transformadas,

Essas pequenas tricocas formadas


Explodem ao serem desidratadas,

Sendo a semente dispersada,

No chão fica desaparecida,

Fechando um ciclo de vida,


O marmeleiro é um nome popular,

Para a ciência é Croton blanchetianus

Croton palavra grega quer dizer carrapato,

Blanchetianus nome do suiço que coletou tipo,


Lá pras bandas do velho chico,

Nas caatingas da Bahia.


Na categoria familiar se trata de uma euforbiácea,

A mesma da mandioca, do velame, da maniçoba...

Mas ai é outra vertente,

Agora só quero acabar esse poema.








32. Euforbiaceas de caatinga

O marmeleiro,

O velame,

O pinhão brabo,

A maniçoba,

A urtiga,

A favela,

A burra leiteira,

São todas euforbiáceas

Seus nomes esquisitos

São todos muito bonitos,

Croton blanchetianus,

Croton heliotropifolius,

Jatropha molissima,

Manihot cartaginensis,

Cnidosculos urens,

Cnidoscolus quercifolius,

Sapium glandulosum,

Palavra de origem grega ou latinizada,

Para quem se importa na ciência,

Para quem quer conhecer,

Sabedoria de academia,

Sabedoria da vida,

Só com sua morfologia,

Se constrói uma poesia,

Arbustivas ou arbóreas,

Estípulas se fazem presente,

Seus ramos são perfumados,

Com tricomas dourados,

Ou glabros com glândulas presente,

Folhas simples, inteira ou lobada,

Concolores ou discolores, 

Finas e peludas,

Tem filotaxia alterna,

Com folhas arranjadas em espiral,

Tem forte odor,

Tem leite com e sem cor,

As inflorescências cimosas ou racemosas

Com flores são unissexuais,

Seu fruto é tricoca,

Para a rima tome taboca,

Tem semente dura

De testa marmorada,

Tem carúncula para ser por formiga levada.

Nesse poema tudo se inclui,

Conhecimento é a base de tudo,

Marmeleiro de madeira mole e perfumada,

Quanto queima tem fogo vivo e aromatizado,

Velame de corpo velado,

Que odor mais perfumado,

O pinhão point do sertão,

Não tem verruga que não caia,

Tejo usa seu veneno pra vencer a cascavel,

A maniçoba prima da macaxeira,

Cede sua madeira para fazer colher de pau,

Mas cuidado mata gado se comer as folhas quentes,

Cianetos estão presentes.

Tem a peste da cansanção,

Que queima e arde como o cão,

Tem a faveleira, na bahia chamam de cocão.

Tem a burra leiteira,

Planta arbórea das serras,

De madeira alvinha,

Não sei pra que serve não.

Chega de alucinação,

Botânica não é brincadeira,

É cultura de academia e saber popular,

Respeite os mateiros, poetas e artesões,

E construa um maior conhecimento,

As euforbiáceas de caatinga aqui te apresento.







31. Palmatória

Palmatórea é como chamamos as cactáceas
Que usamos para alimentar o gado.
É um recurso fantástico para nutrição animal. 
A palma fornece água, minerais e ferro.
Nunca exploramos completamente a palma,
Pois só se usa a raquete e se despreza o fruto.
A palma tem vida muito longa, na nossa casa tem uns pés que viraram tronco e cada indivíduo tem mais de 40 anos.
A palma tem espinhos inconspícuos conhecido como gloquídios.
Essa espécie é introduzida acho que do Peru.
As flores são amarelas chamativas. Serve de recursos para pássaro, besouros e insetos. Ofertam pólen e néctar. Os frutos são dulcíssimos e servem para alimentar os pássaros.
As raízes são muito superficiais para aproveitar ao máximo a água da chuva.
O caule é chamado de filocladio e popularmente de raquete.
Se desenvolve bem em todo tipo de solo.


31. Velhos tempos pescador

 O peixe no sertão é uma fonte de proteína,

Aos pequenos pescadores uma fonte econômica.

Com sua vida simples de diaplanta batata na vazante.

A noite sai cedo para pescar.

Sua pescaria usa rede de linha ou uma varinha de anzol.

Sua alma se satisfaz com um boro de tabaco 

E uma xícara lavrada de café.

Passa segunda-feira... Sexta-feira

E no sábado feira lava a cara e as alpercatas,

Então sai para a cidade de bicicleta barra circular ou num jegue ocre-cinzento ou preto.

Vai só matutando como venderá suas patinhas com peixe tratado, seco e salgado.

Sua mente dialoga com a freguesa.

Caro!? Tá nada. A pesca tá difícil.

É muita gente no ramo minha dona.

Então perto do terreiro dá um grito envergonhado.

Oi o peixe!

E a resposta que recebe é tá de quanto.

Cada um querendo barganhar.

Então sai uma palha, duas e todas as palhas.

Aí como o vício sustenta alguns homens.

Fuma um boró e toma uma cana.

Cana boa que queima na entrada

Depois fica adocicada.

Com o dinheiro curto compra o que precisa para alimentar a alma.

Café, tabaco, sal, querosene, torcinho, arroz açúcar, rapadura e farinha.

Pega de volta o sol a pino.

E a semana começa outra vez.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

29. Palavra

 Gostar das palavras é uma benção.

As vezes numa conversa falta a palavra certa. 

Então se usa a expressão "como é que se diz".

Esse lapso momentâneo, quase um branco.

Como é que se diz?

Mulher aquilo!

Pensando nas palavras me veio a mente 

O poeta da roça Patativa do Assaré

Que enquanto puxava a enxada,

Sua mente contava e aprumava os versos

E logo após uma carreira de lavoura

Os versos estavam metrificados 

Alinhados como uma bom aluno da escola

Com sua lição lida.

Patativa imperava na carreira e nos versos,

Nos versos não tinha para ninguém.

Agora como é que se diz.

Cadê a palavra,

Entretanto a fala tudo comunica.

 





Embriagado

 Quando chove em minha casa,

Vai pra longe o cancão,

A corroira logo chega vestida de franciscana

E passa a fazer parte das madrugadas,

Chega também o mosqueiro.

Quando chove em minha casa canta muito o saci.

Quando chove em minha casa

A primeira água é derramada,

As telhas precisam serem lavadas.

A água parada no lajeado é usada na lavagem da roupa.

Chove, chove, chove.

Porque a chuva, a chuva.

Cheeeeeeereerr. Broooooooooo


29. Lar

 Na algaroba do terreiro de casa sempre havia um ninho de tirite.

O vento soprava e a copa dançava enquanto os galhos iam e vinham.

Não era apenas uma eram quatro que a mamãe plantou certa manhã de um dia qualquer.

Elas cresceram dando boa sombra.

Eram sempre podadas, mas incomodava seus foliololos que enchiam as telhas de matéria orgânica.

Essa foi a justificativa para cortá-las.

Cortam as árvores por sua sombra.

Por mim tudo viraria mata cheia de aves e folhas e frutos e flores...

Mas esse sou eu sem autoridade.

Os tirites perderam sua morada,

O terreiro ficou mais quente,

E a paisagem ganhou uma nova forma.

29. Gosto

 A gente quando se interessa por plantas faz um jeito de cultivar.

No meu caso gosto de colecionar as formas, as cores através da fotografia.


28. Buscar mangas

 Mamãe mandou que fosse buscar mangas.

Mangas que forram o chão do sítio de vó Sinhá.

Bora lá Mera...

A cangalha já foi botada e os caixões também.

O jegue preguiçoso vai andando devagar.

Vai andando com suas quatro patas.

Vamos seguindo pela beira da estrada.

Já estamos em Zé de Júlio.

E avistamos as barreiras da terra de vovó.

O jegue marrento carrega o menino e a menina.

Vai andando sob a tutela dum cipó.

Para não dar bandeira vamos por tio Jessie.

Os caminhos de seixo rolado, o perfume das unhas de gatos e cipó preto encantam a caminhada.

Logo se ouve o som das águas do riacho do porção.

Logo se sente o aroma acridoce das cajaraneiras de tio Aldo.

A sobra de sua copa a terra fica coberta de esperas doces e amarelas.

Então já no porção passamos em frente a casa de Pedro Lião onde se ouve os gritos de tia Biluca.

Na casa de neta uma penca de meninos parecendo índio passam o tempo no terreiro da cozinha.

Passamos a escola e já perto de Zequinha de ver na entrada a casa de Paté.

Então chegamos a casa de vovó que não tem nenhum agrado para criança.

Vamos para o sítio da cacimba de Joel pegar as mangas.

Chegando lá até o jegue se delicia com uma delas doce e amarela.

Enchemos os caixões de mangas espadas e mangas buchas...

E voltamos pra casa em paz.

É de longe o gosto de mamãe por mangas.

A manhã se passa só nessa atividade.

A gente era rico e não sabia.

Com uma vó com um sítio de mangas.


Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh