segunda-feira, 1 de julho de 2019

Meio termo

No jardim natural, aprendi que há muita beleza,
Com as flores silvestres percebi a posso compreender a razão, o conjunto
E a existência de uma relação mútua com as abelhas.
Aprendi que muitas flores não são perfumadas,
Que muitas aves não tem cantos belos,
Aprendi que tudo na verdade se complementa.
Desde muito tempo Buda falava do meio termo.
Ando pensado se existe um meio termo para a vida.
Menos açúcar, menos gordura, menos carne e menos tudo.
Mas substância abstrata como o amor e a ação.
Viver assim é aprender.
As vezes não vivemos plenamente por moderação.
Será a consciência buscando o meio termo da vida?
Quem sabe!

domingo, 30 de junho de 2019

Perturbador

Memórias é tudo que tenho de minha infância, assim como meu modo de ser e existir. As dificuldades e alegrias e lutas. Entender que a morte existe e que leva aqueles que amam quem amamos. Tomar a consciência da morte e da perda a partir da morte e da perda. Nossas impressões do nosso aprender a ser, sendo.
As pessoas, os fatos, os lugares, as ocasiões e a consciência tardia.
Numa tarde, acho que tinha sete anos foi quando descobri que a morte existia. Então corri para o oitão onde havia um cajueiro de boas castanhas onde as galinhas dormiam e lá chorei. Chorei ao saber de minha finitude de de todos aqueles que amo. Tive agonia naquele momento, perturbação e muito medo. Os adultos não me entenderam e também não expliquei para eles. Só chorei. Desde aquele momento, quando tive consciência a felicidade passou a ser momentânea. E a vida me machuca desde então. A descoberta do prazer e da dor. O desejo. 
Elementos que se fixaram em mim.
Retratos em minha memória daqueles que viveram e partiram.
Vi minha vida passar até agora e assim as coisas foram acontecendo.
Desde a pura juventude até a realização da vontade.
Muitas coisas não fazem sentido como seixos sobre solos,
Como rochas sobre rochas,
Como a chuva e os invernos.
Perturbador não.

sábado, 29 de junho de 2019

Substância em movimento

O inverno parte e leva consigo as chuvas.
Ficam apenas as paisagens com as ervas, os arbustos, as lianas e as árvores.
Estas por sua vez logo ou morrerão ou ficarão nuas.
Suas folhas já amarelam e caem.
O vento frio já sopra do nascente para o poente.
As jitiranas, cabeças brancas, bamburral, muçambé estão tão floridas.
O milho já secou e foi dobrado e o feijão já foi desbulhado e guardado e a fava cresce e logo estará seca.
Não, não temos mais gado no curral e o sítio e a roça estão repletas de pasto.
Se fosse na época de Zé Neve, mas vô José já virou vento.
Assim como seus pais e avós...
Papai cansou e não mexe mais com gado.
A vegetação pode descansar.
Eu só gosto de contemplar,
Vi tudo acontecer e agora vendo desacontecer.
Essa tecitura que é a vida.
Essa espiral temporal.
Esse eixo existencial que é a vida.
A gente substância em movimento.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Entender

Espiral do tempo,
Camadas e camadas imbricadas pelo tempo,
Existentes como memórias,
E a consciência nos atormentando e nos humanizando.
Agora olhando para o mundo, para as coisas agradáveis e desagradáveis
O mundo me brinca com as memórias,
Com os anos, com os males e as coisas boas.
Experiência!
Sei quem exatamente sou, pois conheço minhas limitações
E o tempo nos ensina a aceitar a vida com coragem
Ou se curvando aos tarja pretas.
Agora sei que o corpo é tudo que tempos
E uma boa mente pode nos ajudar a viver bem.
Não temos como fugir da realidade.
Tome um gole de Pessoa ou Borges
Respire e siga vivendo.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Medo em espiral

Um segredo,
O medo pega no pé,
Não é pé de planta,
É pé de gente,
Medo de nada só tem quem tem saúde.
Medo de tudo tem quem está no escuro,
Numa encruzilhada...
As encruzilhadas botam medo em qualquer coisa.
Ainda mais se tiver uma cruz,
Um símbolo,
Qualquer símbolo
Ou uma memória.
As memórias oras são boas, oras são ruins.
A gente sempre compara.
Ai se encontra o medo,
Medo da dor,
Medo do inesperado,
É angustiante viver agoniado com a angústia
que é o princípio de todo medo.

sábado, 15 de junho de 2019

Paganini

E o dia nasceu ensolarado,
Mas a tarde o sol desapareceu,
A chuva ora caia, ora desaparecia,
Mas as nuvens de chuva permaneciam ali,
Escurecendo a tarde de sábado.
Quis ouvi nocturne, mas depois percebi que guitar era melhor.
E nesta tarde de sábado de junho que se passa,
A noite uma linda lua cheia no céu estará.
Não agora, não importa taxonomia vegetal ou filosofia,
Só quero ouvir Paganini.
Nada mais.

Todo teu

A essência de um momento,
Uma ação,
Razão...
Música harmonizada num piano,
Um café,
Uma bebida,
Um chá,
O prazer de ser dono do momento
Por mais efêmero que seja,
Mas que seja seu.
Todo teu.

Palavras

A chuva chovendo numa tarde de sábado.
O que poderia ser mais agradável?
A cama, som de Chopin ou Schumann ao piano.
O sol oculto nas nuvens,
Um sorvete de café.
Existe um ápice de satisfação?
Talvez!
Mas só é possível em vida.
Talvez, seja agora que as palavras devem ser ditas ou escritas.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Desilusão

Quais os caminhos que segue uma alma.
Certamente, buscará seguir a beleza, a pureza, a verdade e o amor.
Mas ai! A prisão no corpo!
A paixão, o medo, a dúvida e a morte.
Nossas limitações.
Emoção versus razão.
Queremos tudo e não lutamos por nada,
Servimos aos desejos,
Enquanto não experimentamos de tudo.
Uma espiral que desvela os mistérios da vida.
Talvez uma desilusão.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Araripe

Enquanto o sol nasce, seguimos cortando estrada e voltando para casa. Após uma longa e cansativa  viagem nada é melhor que voltar para casa.
Na estrada, as paisagem que se apresentam e os lugares onde chegamos são as melhores recompensas que podemos ganhar. Admiramos a diversidade de formas, as composições e formações naturais que nos fazem esquecer a correria cotidiana.
Na paisagem vasta e profunda da caatinga, vemos os serrotes com grandes rochas graníticas, os riachos e vales cobertos de vegetação de ramos intricados que já dá sinal da secura na terra por apresentar suas folhas amarelas. Logo a vegetação estará nua, sem uma folha só com ramos e troncos.
No Cariri paraibano já voam os avoetes que apontam o fim da estação chuvosa. As ervas amarelam seus corpos frágeis e aos poucos uma nova paisagem ressurge no sertão.
Cortamos a Paraíba do litoral ao Cariri e de lá seguimos pelo sertão do Pernambuco até a Chapada do Araripe.
No Sertão do Pernambuco que termina no pé da chapa o sol brilhou como nunca e o calor só passou quando subimos a sotavento a mais de 1000 m de altitude até pareceu que havia um grande ar.
Uma tarde de muita identificação e uma noite de profundo descanso para na manhã seguinte está pronto para conhecer as veredas cearensis.
Ah, que maravilha de lugar repleto de grandes palmeiras de macaúba, babaçu e Buriti. Palmeiras de folhas pinadas e folhas flabeliformes com epiderme cerosa nítida.
Ver a água escorrendo com algas alaranjadas e uma capa-rosa espetacular.
Espécies inúmeras.
Anotado, fotografado, refletido e absorvido.
Assim que foi e tinha que ser.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh