sábado, 15 de junho de 2019

Todo teu

A essência de um momento,
Uma ação,
Razão...
Música harmonizada num piano,
Um café,
Uma bebida,
Um chá,
O prazer de ser dono do momento
Por mais efêmero que seja,
Mas que seja seu.
Todo teu.

Palavras

A chuva chovendo numa tarde de sábado.
O que poderia ser mais agradável?
A cama, som de Chopin ou Schumann ao piano.
O sol oculto nas nuvens,
Um sorvete de café.
Existe um ápice de satisfação?
Talvez!
Mas só é possível em vida.
Talvez, seja agora que as palavras devem ser ditas ou escritas.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Desilusão

Quais os caminhos que segue uma alma.
Certamente, buscará seguir a beleza, a pureza, a verdade e o amor.
Mas ai! A prisão no corpo!
A paixão, o medo, a dúvida e a morte.
Nossas limitações.
Emoção versus razão.
Queremos tudo e não lutamos por nada,
Servimos aos desejos,
Enquanto não experimentamos de tudo.
Uma espiral que desvela os mistérios da vida.
Talvez uma desilusão.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Araripe

Enquanto o sol nasce, seguimos cortando estrada e voltando para casa. Após uma longa e cansativa  viagem nada é melhor que voltar para casa.
Na estrada, as paisagem que se apresentam e os lugares onde chegamos são as melhores recompensas que podemos ganhar. Admiramos a diversidade de formas, as composições e formações naturais que nos fazem esquecer a correria cotidiana.
Na paisagem vasta e profunda da caatinga, vemos os serrotes com grandes rochas graníticas, os riachos e vales cobertos de vegetação de ramos intricados que já dá sinal da secura na terra por apresentar suas folhas amarelas. Logo a vegetação estará nua, sem uma folha só com ramos e troncos.
No Cariri paraibano já voam os avoetes que apontam o fim da estação chuvosa. As ervas amarelam seus corpos frágeis e aos poucos uma nova paisagem ressurge no sertão.
Cortamos a Paraíba do litoral ao Cariri e de lá seguimos pelo sertão do Pernambuco até a Chapada do Araripe.
No Sertão do Pernambuco que termina no pé da chapa o sol brilhou como nunca e o calor só passou quando subimos a sotavento a mais de 1000 m de altitude até pareceu que havia um grande ar.
Uma tarde de muita identificação e uma noite de profundo descanso para na manhã seguinte está pronto para conhecer as veredas cearensis.
Ah, que maravilha de lugar repleto de grandes palmeiras de macaúba, babaçu e Buriti. Palmeiras de folhas pinadas e folhas flabeliformes com epiderme cerosa nítida.
Ver a água escorrendo com algas alaranjadas e uma capa-rosa espetacular.
Espécies inúmeras.
Anotado, fotografado, refletido e absorvido.
Assim que foi e tinha que ser.

terça-feira, 4 de junho de 2019

Por que biologia?

Somos saudosos por natureza uns são mais e outros menos. Às vezes, nos remetemos à infância, talvez para nos sentirmos bem. Naquela fase da vida em que nada importava mais que as brincadeiras. Além disso, tínhamos a melhor coisa do mundo que era a proteção e o amor dos nossos pais. É triste saber que algumas crianças não tiveram seus pais na infância, mas aqueles que tiveram hão de concordar comigo.
No sítio, onde morei, as coisas que mais me divertiam, eram brincadeiras de imitar os adultos. Acho que é porque era a única referência de realidade que tinha. Naquela época, entre os anos 80 e 90, a nossa comunidade era muito mais habitada e tínhamos muitas outras crianças com quem tinha amizade. Nossas amizades eram criadas com base na proximidade entre nossas vizinhanças. Geralmente, a melhor época para brincar era o inverno que é o período de chuva, pois tinha muita água, solo úmido, barro, córregos, plantas com flores e frutos.
Então, quando os invernos eram forte e as solos ficavam abrejados, aproveitava para construir açudes e currais. Sentia prazer em ver a água azulada se acumulando no prato de meu açudezinho que ia enchendo até sangrar, assim como fazer um curral e enchê-lo de frutos de bucha simulando ser o gado. No mato, adorava sentir o cheiro das flores cor de rosa dos serradores, cor amarela de mufumbos e marmeleiros. Ainda podia ouvir o som das grandes abelhas mamagavas, visitando as flores amarelas das catingueiras e flores violetas das mucunãs. Prestava atenção no canto das que ali cantavam como fura-barreira, anuns, anuns brancos, nambus e abre-fecha.  No mato, sempre havia o risco de se encontrar com cobras venenosas como as jararaca e corais; cobras não venenosas como as cobra-verdes e cobras de duas cabeças que se matasse pelo veneno, matava de medo. Sem contar que haviam as vespas maribondos do tipo boca-torta, enxu, maribondo de chapéu e cafifi e abelhas italianas ou africanas. Graças a Deus, nunca fui mordido por cobra, mas com as abelhas nunca tive a mesma sorte, vivia sendo ferroado.
No sítio de papai, podia ir nos afloramentos que chamamos de lajedos onde tem cactáceas e imburana só para ver se via algum bicho como um preá ou um teiú. Às vezes, papai me dava uma baladeira para caçar ou para fazer o mau aos passarinhos ainda bem que era ruim mira e não acertava nem em fura-barreira. 
A vida era boa! Tinha muita liberdade de descobrir o mundo e as minhas curiosidades eram ínfimas.
Mas tudo muda com o tempo, porém a natureza cresceu dentro de mim e me tornei um biólogo.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Planeta na madrugada

Neste  maio de 2019, às madrugadas foram mais belas,
Entre o silêncio e o escuro quando o céu estava limpo
Se podia ver dois belos planetas,
Estando um no nascente e o outro no poente.
Sendo o primeiro Vênus e o segundo não consegui descobrir.
Que pena, até pesquisei, mas estavam tão complicados e longos os textos que desconsiderei.
Enfim, foi muito bom ver um outro astro na madrugada.
Desta parva percepção que tenho do céu.
Só posso contemplar.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Chuva na segunda

Manhã de segunda-feira
a chuva chovendo suave e
O céu coberto de nuvens.
Pensamos!
Refletimos!
Por desaceleramos.
Tempo assim merece Chopin.
Tempo assim ativa a memória.
A natureza se revelando
A natureza sendo o que é
Existência, beleza e plenitude.
Enquanto aqui chove lá em Serrinha faz sol.
Ou sei lá onde tá tudo seco.
Assim é.

sábado, 25 de maio de 2019

O sentido das coisas

Em muitos momentos da minha vida na infância e na adolescência sentia um vazio.
O que era esse vazio?
Lembro de lugares e dos caminhos para estes lugares o que me fazia ir a esses lugares.
Saia sempre em busca de algo uma fruteira, um gancho de baladeira, ver um pássaro ou algum animal como preá ou tejo.
Às vezes, perdia-me em minha desatenção pelo mundo.
Poucas coisas tinham valor além de doces, comida e pássaros.
Era interessante nessa desatenção como me perdia e havia lapsos. Vazios existências.
Seria por causa do sol excessivo? O brilho revelhas as coisas, mas em excesso perturba a visão.
Não sei. Nesses momentos havia uma conexão com o mundo que me cercava e podia ser com as plantas, com os animais ou com o meio.
Na maior parte das vezes eu via as coisas, mas estas não faziam sentido.
Coisas sem definição não fazem muito sentido. Via e sentia as coisas, porém não percebia embora tudo estivesse ali.
Então, não sabia porque, mas as vezes voltava ao mesmo lugar mais de uma vez e as situações se repetiam.
Se repetiam fosse no inverno ou no verão.
O universo das palavras eram ainda embrionárias e o mundo já era muito interessante, porém desconhecido e indefinido.
As coisas ganham sentido a proporção que damos sentido as mesmas.
É realmente um processo intenso de subjetivação e objetivação que nos humaniza.
Bem, nessas pequenas expedições sempre ocorriam nos vizinhos mais próximos.
Explorava o umbuzeiro de Joãozinho de Elita e a mangueira o coqueiro catolé e manga espada de Bonina de Lindalva.
Dos elementos físicos que me lembro do lugar era que no umbuzeiro o solo era argiloso e vermelho.
Já na mangueira o solo era arenoso e tinha uma cacimba.
As memórias sabe!
Estão no formato de fotografia.
Naquele tempo não tinha televisão, livro, telefone... A única fonte de informação era o rádio e a conversa.
O meu mundo era um grande vazio de sentido.
Facilmente me identificava com Manuel de Barros.
Ah! que delícia o chão cheio de umbu ou de manga ou de caju.
À tarde mamãe me banhava e a gente comia nosso xérem com leite.
Antes de dormir mamãe me ensinou a rezar, mas não fazia muito sentido.
A aprendizagem mecânica senão divertida é muito massante.
Tão massante quanto aprender o A, E, I, O e U.
As coisas na aula não faziam muito sentido.
Só quando, dona Paulinha leu uma história no livro que ficou interessante.
Mas, as palavras e os textos...
Ainda bem que sou cabeça dura... porque senão as coisas continuariam sem sentido até hoje.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Androceu e gineceu.

Entre as flores tantas cores.
As cores das brácteas e das pétalas e dos estames...
Que nomes!
Nem falei em androceu e gineceu.
Ah!
As flores tem a parte "masculina" que é o androceu.
Espere ai masculina! Ou melhor a estrutura produtora de micrósporos?
Micrósporos? É o polém danado! Ahhhh.
E o gineceu é a parte feminina?
Exatamente! Para não irritar os botânicos diga que é o estrutura que contém os megásporos.
Megásporos? Sim danada. São os óvulos que originam as sementes se fecundado.
Nossa quantas palavras distintas.
Pois é são de origem grega sabia?
Andrus=homem e Gynu=mulher.
Que complicação professor!
As flores além de cores tem essas coisas ai.
Coisas!!!
Não são estruturas.
O gineceu e o androceu.
Microsporofilos e megasporófilos.
Lá vem você de novo. kkkkkkk.
O androceu é o conjunto de estames e o gineceu é o conjunto de pistilo.
O androceu pode ser composto por um único estame como ocorre nas Vochysiaceae ou ter dezenas de estames como ocorrem nas Myrtaceae.
Ah!
Myrtaceae da família da goiaba.
E Vochysiaceae é da família de quem?
Da família da voquisia.

E o gineceu é o que?
É o conjunto de pistilos.
Em algumas flores o gineceu apresenta mais de um pistilo como por exemplo a flor de graviola.
Ai a gente diz que o gineceu é apocárpico, pois os pistilos são livres entre si.
Já na goiabeira o gineceu é sincárpico com apenas um pistilo.

Que lindo professor.
Seria ótimo se entendesse.
Sim, vamos viajar pela morfologia.

As flores são muito mais que cores e odores.
As flores são ramos modificados.
O que!
Meu Deus.

domingo, 19 de maio de 2019

Fenômeno consciente

Este meu mundo, hoje é largo, mas já foi estreito.
Nos domingos, quando visitávamos vô Sinhá e vó José no Sítio de Dentro,
Só voltávamos à tardinha
Quando mais da metade do dia se passara,
E as flores já estavam murchas.
E as águas da chuva da noite anterior não escorriam mais.
Ou quando no verão a poeira estava solta.
O tempo estava sempre quente e a natureza já tratava de se recolher.
Só nós dois, mamãe e eu a caminhar.
Mamãe era minha consciência.
Não sei se conversávamos, mas com certeza caminhávamos bastante pelos caminhos estreitos e poeirentos.
Às vezes, passávamos na casa de Neta de Chico Leão ou de tia Nevinha.
Dai seguíamos em direção ao poente.
Quando a luz dourava a paisagem no segundo crepúsculo,
Então, já em serrinha do Canto, chegava o momento de passar na parede do açude do Alívio.
Naquele momento, aproveitava para atirar pedras no açude.
Não sei o porquê, mas adorava ver esse fenômeno de produzir ondas.
Achava prazeroso ouvir o som que fazia o espelho da água ao engolir a rocha que atirava.
Tchluppp! ou Tchlappp!
O timbre produzido dependia do tipo da rocha escolhida e a posição que atirava.
Quanto mais chata a rocha mais alto e forte e mais bonito era o som. Tchuluppp.
Quanto menos plana, mais fraco era o som. Tchalapp.
Porém quanto mais bonito o som menores eram as ondas produzidas, pois menor era a superfície atingida. A tensão superficial da água era facilmente quebrada.
Quanto quanto menor era o som, mais belas e fortes eram as ondas.

Seria maravilhoso ver as ondas nascerem e crescerem concentricamente ou ouví-las?

Ah. A natureza "fisis" se materializando por meio das ondas sonoras e mecânica.

Enquanto o espelho da água era perturbado...
Uma, duas, três, quatro ou cinco vezes, até mamãe dizer para parar.
Não mais que isso.
Meu desejo era controlado pela minha consciência extracorpórea, mamãe.
Enquanto a rocha se acomodava no fundo da água as ondas desapareciam
Com a tarde que partia.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh