sexta-feira, 29 de julho de 2022

Rápida memória

 Patativa

Uma patativa cantando aqui fora, na borda da mata.

Singela ave, pequeno pássaro de papo amarelo,

Dorso cinzento e sobrancelhas alvas.

Pequenina, se bico agudo arqueado,

Que canta como nenhum outro pássaro.

Adora o doce das frutas no pé.

Seu canto animado, anima a cidade de João Pessoa,

Onde tenha um jardim com uma fruteira,

Pode esperar que ela um dia aparece para cantar e comer.

Tão contente.

Como dizia, lembrei da minha infância regada a frutas e fruteiras,

Das doces pinhas nas pinheiras ficava esperto quando ouvia

A patativa a cantar,

Ali naquela pinheira,

Pinha madura sempre havia.

O branco doce das pinhas,

O canto doce da patativa,

A emoção desta doce memória,

A memória de infância,

Vem sempre acompanhada de mamãe,

De papai, dos irmãos,

Do sítio...

Ah!

Patativa o teu canto,

Despertou uma memória...

Que quero apreciá-la até que se vá,

Como você se foi.

Rápido...

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Goiaba com gosto de amor

 Comer goiaba é muito bom.

Melhor ainda quando a gente come no pé.

Na infância, fui criado num sítio.

No nosso sítio tinha pés de goiaba que  nasciam aleatoriamente.

A gente comia aqui e dispersava ali.

Uma das maravilhosas lembranças é justamente de bem depois do café,

Perto das 10h, a mamãe saia com a gente para comer goiaba.

A gente era criança...

E ficou na minha mente,

O gosto amarelo-rosado da goiaba,

A posição geográfica das goiabeiras no sítio.

O conforto de encher o bucho.

A nossa presença compartilhada.

Que delícia o gosto da goiaba,

Que delícia o gosto do amor.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Mais um dia

 O dia nasceu,

O sol apareceu,

Depois veio a névoa,

Depois nublou.

A mata silenciosa,

Aguarda a chuva.

Um sabiá piou na borda da mata,

Minha mente expandiu e contraiu,

Lembrei de Campinas,

Lembrei de mamãe,

Ai cantou uma cambacica,

Ai cantou o ferreiro-relógio.

Silêncio.

A mata aguarda a chuva.

A fumaça do chá de cravo

Incensa minha sala.

Volto a mim.

Dissolvo todos os meus pensamentos.

Rezo um pai nosso.

E me preparo para mais um dia.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Mais um dia

 Mais um dia de sol!

Sensacional.

Após uma semana de chuva e umidade alta o sol é bem vindo.

A casa até fica cheia de vida.

A luz atravessa a janela alumiando tudo.

Quem não gosta muito são os fungos.

O mais tudo vai bem.

Logo mais chegará o verão.

Serão meses de muita luz e energia.

Agora podemos curtir a alta umidade,

Os ventos intensos.

Esse texto só faz sentido nos meses de chuva é claro.

Enfim.

Mais um dia.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Erro da meteo

 O sol contrariou a meteorologia,

Vi que choveria o fim de semana e essa semana, entretanto sábado, domingo e hoje está sol.

O dia apesar de claro, frio.

Muito vento soprando.

Ontem, à tarde, fomos a praia.

O céu azul entregou a tarde a noite.

Eu, meu filho e minha esposa sentamos na areia da praia e contemplamos o horizonte.

Expliquei para meu filho que aquela linha que separava o oceano do céu era a linha do horizonte.

Ele, apesar da idade, 1,6 anos, atenciosamente se envolvia com as palavras e a cena e repetia.

Depois descontraiu e foi andar na areia descalço.

Enquanto isso, minha mente se perdia em tantos pensamentos...

As ondas se quebrando na praia,

A espuma se desfazendo ao vento.

E meu filho sorrindo ia e vinha.

Minha esposa conversava e cuidava do menino...

Coisa boa o erro da meteorologia.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Vamos seguindo

 Os dias se sucedem,

Ontem a chuva chovia suave.

O chiado da chuva e do vento animavam minha alma.

Hoje é silêncio.

A chuva não choveu.

Estava silêncio até um bem-ti-vi quebrar o silêncio,

Depois vieram as siriris,

Depois um sanhaçu piou...

Tomei atenção nos sons...

De repente muitos sons apareceram...

Bem-ti-vis, uma corroíra.

E o silêncio ouvido por minha mente,

Já nem liga para o chiado do computador,

Do ar condicionado,

Quem chia é a minha mente,

Processando, memorizando a vida.

Algumas coisas merecem ser guardadas enquanto outras deletadas.

Bom as vezes tem um arquivo muito grande que não sabemos se deletamos ou guardamos,

Ai vamos procrastinando...

Depois de muito pensar,

Resolvi deletar.

Da memória e da lixeira.

Bem agora é preciso um novo em si,

Vamos começar tudo de novo.

Ontem chovia,

Hoje não chove,

Ontem fazia som,

Hoje é silêncio.

E assim vamos seguindo.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Chuva convectiva

 Chove,

Cessa a chuva,

Chove,

Cessa a chuva...

Assim é o clima tropical.

Muita chuva, 

Chuvas convectivas.

Não tem hora para chover.

Chove... chove e chove.

A mata fica animada,

A cidade fica alagada.

Na mata cantam a passarada.

É patativa, é rixinó...

Na cidade tudo fica melado,

A gente reclama...

Não aprendeu a viver em harmonia,

Não respeitou a lei da natureza,

Não respeitou o curso dos rios...

Assim...

Chove, chove e chove...

A patativa está muito animada.

Com esse céu encharcado,

Canta porque sabe que é coisa da natureza.

Porque entende a beleza,

Porque sabe que a natureza é a mãe.

Quem sabe até quando ai estará?

Quem sabe um empreendimento não a destruirá.

É o progresso desorganizado.

Quem importa...

Canta patativa.

Chove sem parar.

Chuva convectiva.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

O ser

 Vi a madrugada chegar.

Vi o dia amanhecer.

Na madrugada cantou o rixinó e o siriri.

Pensei no som das aves como conforto.

Pensei na harmonia.

Num continuo amanheceu.

E estava desperto atento as atividades

A serem feita...

Café, organizar as coisas da cozinha,

Cozer o chá e os ovos,

Comer, tomar banho.

Coisas habituais.

E o que fica de tudo isso.

O ser.


terça-feira, 19 de julho de 2022

Partida em resumo.

 Parece que foi ontem que sai de casa.

Morando no interior e desconhecendo o mundo.

Cada vez que saia de casa o mundo se revelava.

O mundo era tão grande, tão vasto.

O mundo é grande e vasto, mas quando a gente se aventura nele.

Percebe o quanto é grande e vasto.

Fui embora como uma semente alada.

Por conta de Deus.

Papai e mamãe ficaram tão tristes.

Mas sabiam que era preciso que seu filho fosse além.

Papai tinha ido além.

Papai foi no escuro, aventurar um trabalho.

Eu estava indo para a faculdade.

Foi duro sair de casa.

Foi dura minha partida.

As partidas tem essa áurea.

Um misto de saudade com um misto de curiosidade.

Será que a morte é assim.

A gente deixa um universo conhecido e vai para um universo desconhecido.

A gente é nesse momento como o tempo e espaço.

A gente é como conhecido e desconhecido.

O tempo vai revelando.

O espaço vai revelando.

A gente experimentando.

A quem fica existe o vazio.

A quem vai existe o novo o curioso.

O desenrolar.

Foi em agosto que fui para longe de casa.

Hoje, faz um ano e sete meses que papai foi embora de casa.

Foi embora da terra.

Papai encontrou a eternidade, o descanso eterno.

Fica a memória dos momentos compartilhados.

De tudo fica uma aprendizagem.

A partida dói muito, mas é inevitável.

Cada um tem que partir.

Cada um tem que viver a experiência.

É o resumo da vida.

Algo grande acontece com a partida.

A evolução.

Eu evolui... tantas coisas se revelaram.

Papai certamente bom que era está num plano maravilhoso.

Papai... te amo.

Esse é meu resumo.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Sapiência borgiana

 Sabe a inteligência nos encanta.

Inteligência bem usada.

Há aqueles que sabem usar a inteligência elegantemente outros são espertos.

Borges é um exemplo lapidar de quem soube utilizar a inteligência.

Usou sua sabedoria como chave para decifrar as belezas presentes nos livros.

Sua paciência, suas meditações e reflexões desencadearam numa percepção fabulosa de extrair dos textos beleza.

O fato de ver o que ninguém viu.

Perceber o que não foi percebido...

Estando tudo ai.

É de notar grandeza de entendimento.

Foi assim.

Uma amiga me apresentou certa vez.

Estava no mestrado.

O livro era em espanhol...

Não lembro qual era...

Li por influência, mas por causa de fluência na língua e em filosofia.

Bem aquilo foi apenas um autor, argentino por cima.

Todavia, ficou guardado.

Anos depois na livraria leitura no Shoping Don Pedro em Campinas vi um livro.

Uma espécie de autobiografia.

Realmente, em português e com mais leituras de filosofia.

Fui arrebatado...

Li como um diabético que come um pudim...

Nunca tive tanto prazer.

Depois vieram outras buscas por conhecer este divino autor.

Ainda mais por ser autor de contos...

Sabe a nossa amizade continua até hoje...

Ouço palestras, li vários livros.

É assim para não esgotar minha paixão...

Vou degustando aos poucos.

A inteligência sagas e paciente nos arrebata amigo.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Zigue-zague

 Sinto tanta saudade!

De abraçar e beijar 

Papai e mamãe.

Que chega a doer forte o coração.

A vida essa ilusão.

Agraciado é quem vive com amor,

Quem vive com paixão.

A saudade arrocha quando vou no baú da memória.

Tudo vai ficar bem.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

E assim se foi

 Papai seguiu o curso da natureza onde ele morava.

Como as ervas morrem em agosto.

Em agosto adoeceu,

Como as ervas desaparecem em dezembro.

Em dezembro ele desapareceu.

Mamãe!

Ah.

Mamãe

Como a natureza se foi muito cedo.

Nem esperou o inverno chegar.

Se foi em janeiro...

Foi muito cedo.

Saudades de meus genitores,

Saudades de meus amados amores.

Amanhecer

A manhã nasceu clara.
Ouvi o rouxinol cantou na madrugada,
Vinícius bolou suado.
Assim amanheceu 
O dia entre tantos dias.
Dia novo como Vinícius.
Percepções antigas.

terça-feira, 12 de julho de 2022

Memória da rede

 Certo domingo,

Fomos para a casa de vovó,

E lá, fomos na casa de tia Teinda.

Mamãe foi ver a última filha que acabara de nascer.

A gente entrou pela cozinha.

Naquela casa sempre se entrava pela cozinha.

O sistema lá era diferente.

Embora fossemos todos pobres.

Nós fomos morar em outro lugar.

A gente aprendeu muito com o sistema do lugar.

Mamãe era mais ligada nessa coisa de cuidado.

A gente sempre ia lá em tia Teinda.

Memorável memória.

Apesar de lembrar apenas da meia luz,

Da rede...

Nada mais.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

A substância da realidade

 Essa realidade que me espanta.

Que se faz,

Que é,

Que se desfaz.

No tempo e no espaço.

Vejo o passado tão recente

Através de uma fotografia.

Essa realidade que existia,

Essa realidade que se desfez.

O que é a realidade a propósito?

Um movimento no espaço e no tempo?

Movimento de matéria e energia.

Não sei...

Um rouxinol cantou lá fora.

Cantou algumas vezes

E sumiu para mim.

Não o vi,

Apenas o ouvi.

O que é a realidade?

A realidade era o rouxinol?

A realidade era seu canto?

A realidade é um carácter?

Não sei.


Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh