quinta-feira, 16 de março de 2023

Chuva

 Agora,

A chuva chove.

Agora sou chuva,

Agora a chuva canta,

É tão gostoso o canto da chuva,

Agora o céu é abraçado pela terra,

Agora, pingos se radicam no solo,

Solo que os abraça,

Solo que os absorve,

Agora o acalenta,

Até que a chuva o lave,

Até que a chuva o sirva,

Agora chove,

Mas não é qualquer chuva,

É uma chuva impar,

Como cada um de nós,

É uma chuva com tudo de chuva,

Mas com uma individualidade do aqui e agora.

Até que venha a surgir,

Até que venha surgir,

Já não é.

Porque a chuva é efêmera,

A chuva é movimento,

A chuva é natureza,

A chuva é gás,

A chuva é líquida,

A chuva é ar,

A chuva é água,

A chuva é esperança,

A chuva é desespero,

A chuva é sentimento,

A chuva é Chopin,

A chuva é Cervantes,

A chuva é Picasso,

A chuva é fertilidade,

A chuva é bondade,

A chuva é amor,

A chuva é divina,

Aqui e agora,

Espaço e tempo,

Ying e Yang,

A chuva.

Que contemplo,

Reflete o meu estado de ser.



quinta-feira, 2 de março de 2023

Manhã

 Graças dou a Deus soberano,

Que tudo criou,

Que tudo me deu,

Uma família,

Um lar,

Um nome,

Uma esposa,

Um filho,

Irmãos e sobrinhos,

Me deu uma mente para filtrar 

Tudo que no mundo há,

A luz para tudo desvendar,

Som para apreciar o canto das aves,

Quando muito para ser feliz 

Ao ouvir músicos tocar,

Paciência para aceitar

As coisas que me acontece,

Todos os dias.

Deus Grandioso,

Muito obrigado,

Por tudo,

Aqui fora,

Na aroeira, Canta doce o sabiá, a rixinó e o sanhaçu.

Ouço alegremente Mozart,

O sol nem apareceu,

Só nuvens aqui agora há,

A chuva ora vem, ora vai,

Que milagre é tudo isso,

A vida,

A consciência,

O ser

E tudo que me deste,

Como nem tudo é eterno,

Algumas coisas se vão,

Deixando profunda saudade,

Mamãe, Papai, meus avós e tios...

Continuo aqui para dar continuidade,

Me proteja neste dia,

Me dê paz e alegria,

Me dê força para lutar,

Esperança para seguir,

E vitalidade para ser.

Só mais este dia.

Tarde caida

 A tarde caiu de novo.

Diferente de ontem,

Efêmera como agora.

Lembro do que senti de madrugada,

Porque acho que senti e não pensei.

A ideia de que tudo que enche minha mente

É um fenômeno

Que sou eu que escolhe o que vou usar ou descartar

Fim de tarde

 Despeço-me desta tarde,

Desta linda tarde

Que nasceu, se fez 

E agora se desfaz.

A luz que foi clara e intensa,

Dourada se dissolve

E esfria.

Lembro de papai e de mamãe.

Morro de saudades,

Que vontade de estar com eles.

Mas partiram numa tarde.

O dia se dissolve,

A flor murcha e perde seu vigor, dela um fruto se desenvolverá, e sementes amadurecerão.

Ouço o som amorfo dos carros na rua,

Sinto o frescor do vento.

Estou escrevendo isto

Pra provar que estou vivo.

Escrevo pois algo em mim se sente bem.

É segunda feira de carnaval.

E agora acabou.


JP. 20 de fevereiro de 2023

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Sonho maternal

 Após 1,1 ano de ausência de mamãe,

A saudade é imensa.

Saudade de ouvir sua voz,

Ver suas alegrias,

Lutar junto com ela sua luta.

Saudade de seu cheiro,

Seu abraço,

Sua vitalidade.

A propósito,

Ela veio me visitar de madrugada em sonho.

No sonho estava no sítio de vovó Sinhá.

Estava tudo verde.

Um milho enorme, seco.

Quando saia do roçado,

Ela estava dentro do meu carro,

No banco da frente.

Ela me viu,

Olhou bem para mim

E sorriu.

Então acordei.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Seguir

 Enquanto me concentro,

Minha mente foge do meu ser.

Ouço aves e cigarras entoarem seus sons.

Percebo as folhas caindo,

E me perco na leitura.

E me perco no momento.

Porque estou vivo.

Pulsa em mim vontade...

E algumas vezes sou feliz,

E outras vezes por desalinhamento,

Fico perturbado,

Mas é algo passageiro.

A mente é como o sol

Solta raios para todo o lado,

E como fotografia,

Algumas vezes esses raios voltam,

Fenômenos que nos fazem dispersar,

Ao invés de concentrar.

Vivemos muito no transcendente.

É preciso se atentar aos sentidos,

Aqui e agora.

Espaço e tempo.

E assim cumprir o que nos propomos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Transcender

 Estava lá na casa de mamãe,

Certo momento

Quando a manhã se vira tarde.

Ouvi cantar um bando de anum.

Sair correndo para ver.

Eram eles... 

A.

Tinham mesmo ali...

Sim!

Lindos.

Enormes

Com seu canto agudo

E olhos amarelos.

Com Vinícius nos braços

Lhes mostrava apontando.

Feliz sim.

As primeiras vezes as vezes nos emocionam.

Eles Cratophagas major,

Ali no meu quintal.

E era um grande bando.

A tarde caiu mais lindo.


B.

A chuva cai fininha,

Cai se derramando na terra seca.

Enquanto cai canta,

Parece rir.

A chuva cai fininha,

As folhas das árvores

Se refrescam,

Os troncos das árvores

Se refrescam,

Vai chovendo.

Chove chuva matinal,

Até a passarada silencia,

Para ouvir a chuva chovendo,

A chuva cantando.

As ervas agradecem

Seu frescor,

Seu conteúdo,

A chuva é água no chão,

É água do mar,

É água do céu

Que se derrama para

A vida continuar.

A tarde caiu mais lindo.

Viajar

 Entro no dia,

Desperto.

Uma oração faz bem,

Agradeço pela noite de sono,

Pelos sentidos,

Pela vida.

A luz que me desperta

É a luz que me alimenta,

O solo que piso 

É minha fonte de alimento.

Transcender ao que vejo 

E ao que desejo.

Agradeço por ouvir as aves cantarem.

Pelos dias vividos com

Meus amados,

E pelos dias com os meus vigiladores,

Sou o que sou

Porque fui amado e odiado.

Peço perdão aos que machuquei,

Mas assim se fez a minha realidade

E assim esta se desfez.

O ser aí 

Dasain.

Agora ouço o mundo.

Contemplo essa existência.

04.02.23 JP.

Sou.

Existir

 A tarde caiu,

A luz inclinada,

doura as formas,

O silêncio da tarde

Se plasma em meu ser.

Memórias afluem.

Penso que sou.

Sou o que penso.

Tudo vai passando.

J.P.  3-2-23

Antologia poética das férias

Serrinha dos Pintos - RN, 30/01/2023

Vai, vai a tarde se vi,

A lua nua no céu a se amostrar,

A noite já se aproxima,

Quente sensação,

Uma brisa faz refrescar,

O silêncio mudo da tarde

Que queda e morre,

A noite que cuida de logo enterrar

E dissipar o dia 

A gente perdida em nossas mentes,

Nossas paixões, 

Nossos medos 

Buscando um sentido

Desta pobre vida

Num celular.

Já não se contempla a natureza.

Dito isto vou ao Jardim

Regar minhas vincas.

Até que o desejo

Me puxe para a Net.

Que entorpecente este não.

Muito mais potente que qualquer químico ou fármaco.

Estamos doentes.

E mais um dia se passa 

Enquanto nós alienamos em nossos egos,

Nossos perfis,

Em nós mesmos...

Serrinha dos Pintos - RN, 26/01/2023

O canto das aves já calou.

Cantou o cabeça vermelho no cajueiro,

O rixinó a saltitar

O vem-vem e o sanhaçu na pinheira de doce alvo.


Cantou também os grilos as escondidas,


O dia despertou cedo.

O sol não para de pulsar.


Voou aqui o pacun,

Que não para de gasnar.


O friozinho silencioso 

Nos faz bem.


A gente acorda animado.


Vai mudar o lorinho de lugar.


Os gatos alimentar.


E scherloque o cãozinho acariciar.


Bom dia seu sabiá.

Serrinha dos Pintos - RN, 25/01/2023

Amanheceu chovendo,

Vinícius acordou e me fez levantar e ver a chuva chovendo.

Foi lindo, foi gostoso,

A chuva chovendo,

A luz aparecendo,

Os cachorros encolhidos

Encaracolados sobre si

Aquecendo-se,

As galinhas molhadas caçavam insetos e comida.

A calha derramava a água junta no telhado,

Vinícius fez cocô,

Limpei e ele foi mamar,

Adormeceu.

Fiz um leite quente

Para me aquecer,

Fiz chá.

Ouvi o salmo 119.

Agora a chuva parou.

Ali canta um sabiá

Que me faz viver a presença de mamãe.

Nas pinheiras cantando estão os sanhaçus.

Li poema 25 de tao te Ching em três traduções,

Acha que entendi?

Mas é como contemplar

A realidade,

Na maior parte das vezes

Percebemos o que conhecemos.

Agora vou continuar a escutar esse lugar,

Até parece ouvir uma sinfonia,

Não entendo nada,

Mas me faz um bem.

Serrinha dos Pintos - RN, 21/01/2023

Esse silêncio inquebrável,

Amanheceu e quem vai acordar?

Já canta o sabiá,

Já canta o vem-vem,

Já canta o fura barreira,

Já canta a rixinó,

Já canta o piriquito,

Já canta o sanhaçu...


Canta o grilo no capim.


Sopra um vento frio.


Brilha um sol dourado.


Mas o silêncio é eterno.


Papai não levantou,


Mamãe não levantou,


A terra está fresca.


Hoje é um novo dia.

Serrinha dos Pintos - RN, 19/01/2023

A tarde cai agradável,

Depois de uma manhã nublada onde ficamos a toa, Vinícius e eu.

Aguamos as vincas, catamos umas castanhas,

Fomos caminhar no mato, onde fizemos umas fotos de plantas,

Contemplamos os catolés.

Observamos o gado pastar.

Tomamos um banho na melhor ducha do mundo.

Após o almoço Vinícius dormiu.

Aqui estar esta tarde.

A quarto anos atrás

Mamãe e Papai estariam aqui comigo sentados

Olhando essa paisagem

Que sempre muda.

Nas palmas um par de coqueiro florescem.

Papai e eu que plantamos.

Tanta coisa aqui.

Tão vazio e tão cheio.

A tarde cai.

As vincas recebem as borboletas.

Eu só contemplo.

Serrinha dos Pintos - RN, 15/01/2023

Amanheceu

Mas o sol não apareceu,

O chão molhado,

O céu nublado, 

O vendo frio,

O cheiro de umidade,

O canto da passarada,

O sabiá na aroeira,

Casaca de couro na carnaubeira,

Pitiguari no angico,

Olhando no quintal

Os olhos se enchem de verde

Der árvores e arbustos esverdeados.

Mamãe e Papai no coração e na alma.

Serrinha dos Pintos - RN, 14/01/2023

"Dois é uma mera coincidência, porém três é uma configuração" Borges.

As borboletas visitam as vincas,

Os beija-flores o maracujás,

A tarde cai fresca,

Um cheiro doce incensa

A área.

O céu azul.

Memórias, memórias.



B.


Aqui e agora,

Tempo depois,

Sábado a tarde,

As coisas mudaram,

Vinícius chegou e mudou tudo.

Mamãe se foi.

Ela que ocupava a passarela a tarde,

Tarde sábado era uma 

Surpresa chegava bem ou mau.

Era a vida que vivia.

As vezes ia com ela e

Entendia a dinâmica da diálise.

A dinâmica da continuidade.

Tanto que a gente passa despercebido da vida.

A forma dos objetos,

Matéria das ideias,

Meu corpo,

Meu ser,

Até parece isolado.

Papai, mamãe, tio Dedé, Raimundo de Lulu, eu...

Crejo que passava com o cachorro rajado.

Aqui, algum dia no passado,

Esses momentos

Estão todos dissolvidos no tempo.


Serrinha dos Pintos - RN, 12/01/2023

Está escuro,

A noite quase caiu,

O silêncio preenche

A estrada, os sítios, 

O céu e tudo que se ouve,

No nascente o azul atropurpureo

Desaparece,

Um Nimbus vai crescendo,

Irritado de flashes,

A nambu canta longe,

Grilhos cantam no sítios,

Estrelas se acendem no céu.

Não se move uma palha,

O vento só chega às oito,

Papai não gostava desse frio logo chamava para entrar em casa.

Gosto de ficar aqui sentindo o mundo,

Pensando, pensando.

Bom está aqui.

Vinícius adora Sherlock.

Papai ia rir muito.

É noite.

Tchau.

Serrinha dos Pintos - RN, 11/01/2023

Canta o pitiguari,

Canta ativo a caçar,

Pula aqui,

Pula ali,

Pula acolá,

O sol das dez horas

Anuncia o fim das atividades,

Quente,

O dia está indo,

A manhã partindo.

As plantas murcharam,

A falta de chuva,

Mas o tempo está bom,

A sombra do cajueiro,

Que gostoso que o mundo está.

Serrinha dos Pintos - RN, 09/01/2023


O terreiro está cheio de mato,

Parece abandonado com capim ceda,

Por isso resolvi capina-lo.

Agora o sol arde queimando o capim limpo.

As vincas estão muito contentes crescendo na margem da calçada,

Flores rosas e alvas.

Espalhados os arbustos crescem assimtricamente,

Tão belo e vivo.

As borboletas vem visitar

As flores.

Sucessivamente vem e vão.

Suaves, leves de vôo irregular,

As vincas exalam um cheiro peculiar

Tão agradável, 

A alma de papai paira sobre as flores,

Nessa calçada que se revela todos os dias,

Ora fria, ora quente,

Ora manhã, hora tarde,

Ora noite.

Essa calçada confidente,

Que nós viu chegar,

Que nós viu partir,

No nos deu abrigo em comemoração,

Em dias de tristezas.

Aqui estou escrevendo,

Registrando.

Para não se perder no tempo.

Transformando em memória coletiva.

A parte subjeiva


Serrinha dos Pintos - RN, 08/01/2023

Tarde grise que passa,

O vento frouxo e suave,

Céu nublado,

O estalido dos beija-flores,

Besourinhos e tesourinhas 

Visitando o velho feijão-bravo.

O saci, o voo da mamangava,

O piado do pinto criado,

O chiado das folhas de catolé,

O voo rápido dos potinhos,

O verde das plantas,

As palmas grossas.

Que belo mundo 

Vazio.

Cheia está minha alma

De pensamentos desnecessários.

Tudo se resume no agora

Serrinha dos Pintos RN,  07/01/2023


Hoje acordei com o canto  dos pássaros.

Estava fresquinho.

Senti um vazio oco.

Então levantei e fui tomar um copo de água.

Tudo mudou.

Tudo eternamente muda.

O presente nega o passado.

O passado é memória.

Nossa mente nós seda.

Subjetivamos essa realidade que acreditamos.

A gente é o que a gente acredita e deseja.

Fui brincar com Vinícius.

E os dias vão passando.


Petrolina, 02-01-2023


A dias não escrevo, pois fui absorvido polo cotidiano.

Agora a tarde de paz.

Ouvi a patativa cantando.

Pardais vocalizando.

O céu nublado e o cheiro da sopa.

Despertei que é 2023.

Vinícius corre pelado, gritando feliz.

Tanta coisa mudou em minha vida. É como se tivesse passado por uma tempestade.

Algumas coisas fazem sentido outras nem tanto.

Lula presidente.

Tarde que parte.

Assim é.

Petrolina, 21-12-2022 

Ele partiu desse mundo. Vivemos tanto tempo juntos que pareceu mentira. Estavamos juntos a qualquer hora do dia ou da noite. Concordávamos com tudo. Eu era cópia dele e ele minha forma. Aprendi muito com ele e o mesmo sempre foi paciente comigo. Um dia algo foi diferente e a realidade foi cruel. Mas iria acontecer algum dia. Ele se foi. Fiquei com a dor de quem fica. Um ano  se fez. Um ano de saudades 😢. Hoje dois anos se fizeram. Esquecer! Sofrer menos. Não sei. Sei que um vazio se fez.

 A vida está cheia de vazios... Parece que quando buscamos um sentido, perdemos o sentido da vida. Meu burrinho, meu sítio... Mamãe... Deus meu Deus.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh