quarta-feira, 2 de março de 2022

Dissolução do tempo

 Uma cruz no meio do caminho.

O que significava aqui?

Pensava quando criança.

Que coisa mais mística. 

Abalava minha alma inteira.

Perguntei para  papai o que era aquilo.

Ele me respondeu uma cruz.

Mas para que serve?

Para marcar que ali morreu uma pessoa.

Morreu?

O que é morrer?

Por muito tempo desconheci a morte.

Quando descobri o que era morte.

Fiquei com medo.

Perdi minha inocência.

Chorei desesperado.

Já que a morte diziam era uma coisa para todos.

Chorei porque pensei em perder os meus pais para a morte.

A morte se revelou... acho que aos nove anos.

Perdi meu primeiro avó.

A luz de lamparina e velas

Era alumiado aquele corpo idoso.

Um caixão simples de pano azul celeste.

Mamãe e papai choraram.

Doeu meu coração.

Nada fazia muito sentido.

Outro dia sai correndo para trás da casa velha que era germinada a nossa.

Sob o cajueiro, olhando o poleiro das galinhas que ali se faziam.

Chorei... chorei que só.

Era a consciência se estabelecendo em mim.

Era ela expulsando a minha inocência.

Quantas coisas não aconteceram depois ali em nossa casa.

O mundo se desvelou.

Conheci um poema profundamente de Bandeira.

Quando o li, me entristeci.

Hoje papai e mamãe são quem dormem.

Como dói.

Dói no fundo da alma.

A cruz... a morte... o ser.

Nada fica.

Nada é em si.

O tempo tudo dissolve.

terça-feira, 1 de março de 2022

O jasmim

 Aquela planta ali, é um jasmim-manga.

Veja suas folhas são semelhantes as de manga.

Veja quão alvas são suas flores e amarela sua fauce.

Tem também flores rosas.

Suas flores são tão perfumadas.

Meu primeiro contato com esta planta foi traumático.

A primeira vez que vi.

Vi flores que enfeitavam e perfumavam um corpo frio.

Um corpo numa urna de pano, um caixão.

Um defunto, do latim defunctus aquele que deixou de existir.

Um cadáver, do latim  "carne data vermem", carne dada aos vermes.

De qualquer forma tudo associado a morte me parece estranha.

Enfim, aquele odor, e aquela forma pentâmera cravou em minha mente a associação com a morte.

Criou em mim uma marca profunda que só a botânica conseguiu extrair.

Enfim,

Aquela planta que conheci na infância como jasmim.

Continua a ser jasmim.

Porém agora sei que pertencia a família das apocináceas,

Ao gênero Plumeria.

Espécie Plumeria rubra.

E o que muda? Sua forma de conhecê-la.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A alegria dos "Us"

Na serra de jucurutu
Tem um pé de mulungu,
Tem um pé de cumaru,
Tem um pé de caju.

Sob o mulungu 
Nasceu uma umburana,
E também uma jitirana.

De tarde o mulungu,
Fica cheio de urubu,
Às vezes, tem juru
Às vezes, tem  jacu...


Parte de nós

 Nossas orações,

Nossos santos,

Nossos terços,

Nossos oratórios.

Uma vela acesa,

Luz a vibrar,

Fogo é matéria sendo consumida,

Vida é como fogo,

Mente como tempestade.

Nossas crenças,

Nossa fé.

Constitui uma parte de quem somos.

Ou de quem nos ensinaram

E que assumimos ser.

Mar de saudade

 Há dois anos meu carnaval foi completo.

Papai e mamãe estavam comigo.

Ano atrasado papai se foi,

Este ano foi mamãe.

São tantas as saudades.

São tantas as memórias.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Silêncio

 O silêncio nos faz pensar.

O silêncio é a ausência de ruído. 

Se há silêncio, as vezes há uma reflexão.

Falamos conosco tentando entender o que acontece e nos incomoda.

No geral o que nos incomoda nos faz pensar,

Nos faz agir, nos faz errar.

Então o silêncio é algo sábio e necessário.

Quem domina a língua se domina.

Já que ela quebra o silêncio.

Silencioso o vento passa e não deixa rastro.



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Sobrevivente

 Tem dias que a saudade é maior.

É quando a gente lembra

E descobre que a felicidade mora bem nos pequenos momentos.

É quando a gente se ver sem aquele que nos amava.

Fica um vazio...

Da palavra, do carinho só o que sobrevive é o amor.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Doce memória

 A gente às vezes tem memórias doces.

Como agora mesmo tive.

Lembrei que em casa tinha uns livros de inglês.

Eram livros de quinta ou sexta séries.

Lembro que sentava no corredor

E ficava estudando.

E me sentia muito feliz por está aprendendo

E achando fácil.

Como aprender me fazia bem.

Assim como as cadeiras de balanço,

O corredor de nossa casa.

Parece que foi a tanto tempo.

Às vezes, parece que foi um sonho.

A realidade se confundindo.

Agora fazendo uma lição de francês

Me veio a memória.

Então resolvi cultivar e colher essa memória doce.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Como nossos pais.

 A terra que tudo fecunda e alimenta.

Do seio da terra tiramos tudo que nos alimentamos direta ou indiretamente.

A terra essa grande mãe.

Mamãe amava a terra, adorava plantar e cuidar.

Gostava de ver as coisas em ordens,

Gostava de ver as plantas regadas,

Adorava os animais que agradassem,

Galinhas, porcos e o louro,

Cachorros e gatos era na bengala.

Tinha lá seus momentos de carinho, mas não gostava de demonstrar

Para não mudar a pose.

Mamãe gostava da vida simples, sem dor.

Adorava varrer os terreiros,

Passear.

Engraçado como a gente ver sinais de nossos pais nos nossos filhos.

Vinícius mostra muita coisa de mamãe.

Adora passear e fica irritado quando cruza a rampa.

Tanta coisa de mamãe disseminada entre os netos

E os filhos.

Só com o tempo entendi que somos terra.

Tudo que comemos de saldável vem da terra,

De mamãe herdo muita coisa,

De papai a pena de matar galinhas e tantas outras coisas.

Ave Maria como somos como nossos pais.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Eternidade

 Tento matar o tempo

Enquanto o tempo me mata.

Tento esquecer por um momento,

A grande a grande saudades que me deixou.

Esse vazio é tão frio.

Com hálito de eternidade.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh