A noite desperta,
Aurora anuncia
A chegada do dia
Ave pia esperta
Voa no espaço,
Com alegria
Grande é a folia
Lindo sanhaçu
Bem-te-vi,
Corroira,
Sabiá
Desperta
Alerta,
Já é dia
Finda a poesia
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
A noite desperta,
Aurora anuncia
A chegada do dia
Ave pia esperta
Voa no espaço,
Com alegria
Grande é a folia
Lindo sanhaçu
Bem-te-vi,
Corroira,
Sabiá
Desperta
Alerta,
Já é dia
Finda a poesia
A tarde partindo,
Luz se diluindo,
Corpos quentes,
Emitindo calor,
Sombra fresca,
Enfadado corpo,
E as memórias,
Lugares conhecidos,
Diferentes estações,
Paisagens,
Por fim
O melhor lugar,
Numa cadeira
De balanço,
Na calçada,
Até o final,
A última tarde,
Desta não se pode passar.
Caatingueira,
Caatingueira,
Do sertão,
No carrasco,
Sobre o seixo,
Sobre a areia,
Sobre o barro,
Limite do campo,
Inicio da mata
Na seca perde folha
No inverno se enrama.
Caatingueira
Caatingueira
Casca cinza,
Torta e dura madeira,
Ramos jovem glutinoso,
de forte odor exalado,
Desarmada, a ramada,
Folhas grandes fracionadas,
chamadas de bipinadas.
Caatingueira
Caatingueira
Suas flores amarelas
São singelas e belas,
Se percebe a florada,
O odor no mundo se espalha,
O zumbido de motor,
É zumbido de mamangava,
Zuuuzzzzzzzzzzzzzuuzzzzzzzzzzzz
Zuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
Zuzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Uma flor,
Outra flor,
Uma inflorescência,
Outra inflorescência,
Uma árvore outra árvore,
A grande abelha pesada,
Amando a delicada flor,
Tomando doce néctar,
A manhã inteira...
Caatingueira
Caatingueira,
Após tantas visitas,
Ocorre a polinização,
Suas vagens vão crescer,
Pequenas bainhas,
A copa vão enfeitar,
Então no final da estação,
Seca vagem espoca,
Explode expulsando
Plana semente,
Que em solo fértil vai cair,
E logo que chove germina,
E a vida continua,
Caatingueira
Caatingueira
esse nome popular
Cenostigma pyramidalis na Bahia,
Cenostigma nordestinum na Paraiba,
Cenostigma bracteosum no Rio Grande do Norte,
Coisa de botânico estudado,
Sua família é Fabácea...
Chega de versos e estrofe,
Que o poeta é limitado.
Saudades de ti,
Saudades de nós,
Ficou o vazio,
E as memórias,
Doces estórias,
Tudo abstrato,
Continua a fé,
A esperança,
Aprendida
A vida é ser.
É preciso paciência na vida.
Saber onde está e aonde ir.
Sentimentos sem juízo,
Razão.
Esse momento agora
Que se faz um vácuo.
Quando as palavras se desnorteiam,
Pondo fora o texto inteiro
Particularidade de uma totalidade...
Fração de uma tarde,
Parte de um dia,
Momento que as palavras não conversam.
Uma ideia que não se faz,
Não segue um curso.
Um quadro desfocado.
Deixa acontecer.
Como o dia que se vai,
E o que sobra é anoitecer.
Em matéria de grafia,
Vamos fazer uma poesia,
Usando tupi,
Usando botânica,
Usando três palavras
Imburana,
Cajarana,
Jitirana,
O matuto entenderá,
E também aprenderá,
Essas três plantas
Têm origem caatinguícola,
De importância cultural
E alimentar,
Duas são arbóreas e uma trepadeira,
A primeira tem caule esfoleante
E madeira quebradiça,
Pode ser vista nas portas de pobres casas,
Em papeiros como colheres de papa,
Ou ornamentando casas.
A segunda quando madura tem grande altura,
Tem madeira vidrenta,
Muito fácil de quebrar,
Nela não vá se pendurar,
Sua fruta é saborosa,
De amarela doçura,
E suas flores inconspícuas,
São alvinhas estrelinhas,
Seus cachinhos bonitinhos
Por abelhas visitados.
E a terceira cresce como cordão,
Se enrolando na madeira das maiores copadas árvores,
formando latada,
Tem quando floresce é bela florada,
Não é planta perfumada,
Mas bela descomunal,
Alimenta a abelhada,
Com muitos tipos e diferentes cores suas flores,
De diferentes nomes... tipos de jititanas...
Deixando de lado a as particularidades,
Que compreende suas propriedades,
Vamos nos aprofundar,
Vamos a ortografia,
São palavras tupi,
Que termina com as sílabas rana,
Como a gramática diz o sufixo rana,
Imbu-rana é um falso umbu,
Caja-rana é um falso cajá,
Jiti-rana é um falso batata-doce,
Que gostosinha essa lição,
Obrigado pelo poemarana.
No alto da cumieira,
Dorme a linha de aroeira,
Dorme e sonha no passado,
Num longo tempo já ido,
Quando na mata crescia,
Mundo acima até o céu,
Da fartura de inverno,
Da agonia do verão,
Da sede que quase mata,
Da folha imparipinada,
Folha de odor apimentado,
De casca encarnada perfumada
Sua existência imponente,
E extremamente importante,
Para as aves se alimentar,
De sua flor come néctar a abelha,
Dos frutos come o louro são José,
Em sua copa ave que modifica
Bem-te-vi, nei-nei e pirrite,
Em sua sombra fresca corria frouxa a brisa,
Na base havia uma loje
Onde vivia sempre preá
Sonhou vendo seus frutos girando
Pelo mundo dispersando,
E a terra povoando de tudo que é aroeira,
Então a luz se acende
Acorda linha de aroeira
E acabei a brincadeira
Não importa o que aconteça,
No ano temos seca e inverno,
Uma estação sucedendo a outra,
Feito cobra querendo engolir o rabo,
Nunca muda a cada ano,
Apenas uma é maior que a outra,
E assim a natureza se encanta,
Cada ano uma paisagem,
A semente germinando,
A planta florindo,
A planta morrendo,
Tudo coocorrendo,
Numa só totalidade,
Brava e a natureza da vida
Que a tudo resiste,
E a gente humildemente só aprende.
Uma boa pergunta pode ser matéria para pensar a vida inteira.
E a gente vive tentando encontrar essa pergunta, esse motivo para viver.
Por não saber onde encontrar andamos perdidos anos a finco e as vezes passamos a vida inteira.
Se encontrei minha matéria para pensar.
Confesso que ando cansado de buscar.
Os anos tem me ensinado a ver a totalidade.
Acho que não encontrarei esse pensar na particularidade.
Não tenho a ilusão de que irei encontrar.
Aprendi um punhado de coisas,
Sistemas de classificações,
Entendimentos racionais,
Uma certa lógica do pensar.
De maneira que quando acho que cheguei a algum lugar,
Se olho a totalidade percebo que cheguei apenas a mais uma célula da existência.
Foi só uma mudança de esfera.
A dor nos ensina da pior forma,
Sabe quando percebemos que algo passou e ficamos atordoados sem perceber qual foi o lado.
Ainda alimento certas ilusões...
Não sou intenso como foi Cristo, Mozart, Gogh, Nietzsche ou Borges.
Se comparado sou um pequeno caramujo diante de mangas largas de corrida.
Não encontrei a pergunta,
Mas as reflexões se fazem mais rasas.
Se me perco nelas, talvez porque me deem prazer na vida.
Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...