Quando nasce o dia,
Após a noite chovida,
Como canta a passarada,
Canta o fura-barreira,
O cabeça-vermelho,
O sanhaçu,
Longe canta a sapaiada,
Em casa o cheiro da terra molhada,
Se mistura com o cheiro de café com cuzcuz,
Enquanto badala na estrada o chocalho das vacas,
Eh! boi, aboia Loló de João Corme,
Vavá grita Diniz,
E só se ouve o chiado da vaçoura de Diassis...
Passa Josimar,
Passa Bunina,
E depois Teta com o leite tirado dos Joanas,
Então Papai, Chico Raimundo, bate o enxadeco,
Deixa a bacia cheia de milho e outra de feijão e o outra de fava,
A terra molhada,
A tanajurada voando para o céu perdidas,
E os pássaros enchendo o papo,
Então segue para o roçado,
Na frente vai o pouco gado,
Papai, Rosângela, Meire e eu, Rubens...
Papai cava as carreiras tortas na terra escura do ano passado queimada,
Se mistura o cheiro do verão e da chuva do inverno,
Que doce aroma,
Dog longe late,
Se vê Zé de Geremias trabalhar nas terras de Dudé,
E as carreiras tortas papai vai abrindo,
Se ouve o pic-pic do enxadeco na pedra da terra,
E eu vou ensamiado fava, Rosangela plantando milho,
Se ouve o ronco da sapaiada,
E no céu canta o gavião,
O sol aparece entre a chuva,
Casamento de viúva dizia vô José...
O tanque encheu de água,
Plantamos mais que legumes,
Plantamos esperança,
Esperamos por bonança,
Desta terra tanto arada...
E no fim da manhã a terra plantada,
A gente volta pra casa de pés enlameados,
Felizes por terminar mais uma planta.
Agora é com a natureza.