segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

12. Matéria para os pensamentos

 O tempo,

Essa linha que tudo marca,

Marca nossos dias,

Nossas experiências,

O tempo existe?

Sabe lá...

As memórias viscosas, fluidas,

Que são memórias...

Ser...

Não ser...

Quanta matéria para pensar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

11. Desígnios

 Ontem,

Agora... hoje,

Passado e presente.

Ser.

Que pode mudar?

Que pode mudar?

Desconhecer,

Conhecer...

A indiferença.

Tudo é tão rápido,

Mistérios,

Desígnios divinos.

domingo, 10 de janeiro de 2021

10. Tudo e nada

Pego a câmera,
Abro a porta ali está,
Negão e Sherlock,
Saio do quarto e caminho para dentro da mata,
Vou olhando cada detalhe na paisagem,
Ervas, arbusto, trepadeiras e árvores,
Ramos, folhas e flores,
Frutos e sementes,
Lá vai Negão,
Lá vai Sherlock,
Para onde vai Romeu?
Miau...
As flores da catingueira,
O verde das ervas,
Chego ao orozinho,
E a matinha,
Lá sinto paz,
Conexão comigo mesmo,
Com papai...
A brisa fria,
O céu nublado,
Solo molhado,
Cupins de chão,
Voo da mamangava,
O odor das flores de catingueira,
Penso perdido em tudo e em nada.

9. Paisagem do Sertão

 Domingo,

A casa com paredes de taipa,

Só a sala com tijolo adobe,

E telhado com telhas velhas irregulares,

Abrigava a família de José Neves,

Ali habitava Sinhá, José e Lera,

O terreiro de solo alvo, 

Estava todo varrido,

Arrastando as asas, com crista dilatada cantava o peru glugluglu.

Do lado de fora da porteira badalava o chocalho das vacas,

O cheiro de estrume aromatizava a paisagem sertaneja,

A janela da cozinha aberta,

A porta da cozinha aberta,

No fogão cozia o feijão,

O fogo laranja dançava,

Na panela o feijão com carne de boi borbulhava e soltava um gostoso aroma,

Que despertava fome na gente,

Uma melancia aberta,

Coalhada no alguidar da forquilha...

A luz iluminava o serrote,

As algarobas e pinheiras faziam sombra,

Na fachina as galinhas cocoricavam,

Vovó Zé, Mamãe, Migué e Vovô Sinhá a conversar,

Uma conversa que não entendia,

Preferia só olhar no oitão a escora da parede,

As paisagens plantas,

A serra,

Enquanto isso cantava no campo o tico-tico do campo,

Na pinheira cantava um golinha 

E na gaiola o sabiá de vovô...

Que anos maravilhosos os anos 80,

Da minha infância, da velhice de meus avós,

Do eterno encontro da vida,

Das gerações se enlaçando e desenlaçando,

Feito a dança de Shiva,

Na destruição e construção...

E a consciência que tudo isso não passa de ilusão



8. Plantas

 Quando nasce o dia,

Após a noite chovida,

Como canta a passarada,

Canta o fura-barreira,

O cabeça-vermelho,

O sanhaçu,

Longe canta a sapaiada,

Em casa o cheiro da terra molhada,

Se mistura com o cheiro de café com cuzcuz,

Enquanto badala na estrada o chocalho das vacas,

Eh! boi, aboia Loló de João Corme,

Vavá grita Diniz,

E só se ouve o chiado da vaçoura de Diassis...

Passa Josimar, 

Passa Bunina,

E depois Teta com o leite tirado dos Joanas,

Então Papai, Chico Raimundo, bate o enxadeco,

Deixa a bacia cheia de milho e outra de feijão e o outra de fava,

A terra molhada,

A tanajurada voando para o céu perdidas,

E os pássaros enchendo o papo,

Então segue para o roçado,

Na frente vai o pouco gado,

Papai, Rosângela, Meire e eu, Rubens...

Papai cava as carreiras tortas na terra escura do ano passado queimada,

Se mistura o cheiro do verão e da chuva do inverno,

Que doce aroma,

Dog longe late,

Se vê Zé de Geremias trabalhar nas terras de Dudé,

E as carreiras tortas papai vai abrindo,

Se ouve o pic-pic do enxadeco na pedra da terra,

E eu vou ensamiado fava, Rosangela plantando milho,

Se ouve o ronco da sapaiada,

E no céu canta o gavião,

O sol aparece entre a chuva,

Casamento de viúva dizia vô José...

O tanque encheu de água,

Plantamos mais que legumes,

Plantamos esperança,

Esperamos por bonança,

Desta terra tanto arada...

E no fim da manhã a terra plantada,

A gente volta pra casa de pés enlameados,

Felizes por terminar mais uma planta.

Agora é com a natureza.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

7. Fui

 Sou filho da terra,

Plantei e colhi milho e feijão,

Na minha roça,

Cansei de admirar a lavoura crescer,

Vi as estações secas ou invernos,

Me acostumei com a lida da vida,

Me acostumei a trabalhar,

Sou filho da terra,

Sou dono da casa,

Sou dono do nada,

Agora fui...

Mas amei tudo...

O que entendi e ignorei.

6. Saudades

 As coisas se sucederam tão rápido,

Entre a descoberta e sua partida.

Às vezes, pego-me sem acreditar,

Mas Deus nos deu sinais,

Ele pode visitar os filhos,

Viu os campos floridos de um grande inverno...

Comeu, sorriu e amou tudo isso,

Me apavorei só de pensar em tua partida,

E agora que partiu

Meu peito se enche de saudades...

Saudades de seus abraços,

Saudades de seu cheiro,

Saudades de sua voz...

5. Passarada

 O papa-cebo anuncia o verão,

O galo-de-campina canta na madrugada,

Os sanhaçus azuis cantam durante o dia,

O cantar da passarada é poesia 

É alegria,

O vem-vem de peito dourado,

O saci de cucuruto invocado,

Cantam a vida,

Cantam a chuva,

Cantam o tempo...

De quem foi,

De quem é

E de quem será.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

4. Sabores da vida

 Quando a saudade aperta o peito.

Choro,

Sinto forte a saudade de ti.

Faz pouco que tu partiu,

Deixou um vazio,

Uma relação que nunca mais irá voltar,

Temos medo do infinito,

Só de pensar em tua partida

Meu peito se rasgava,

Mas tinha a ti,

Agora que partiu,

Dói muito mais,

E como dói,

Sempre achei o final de tarde triste, 

Porque a noite tudo apaga...

Este ano papai

Li o primeiro livro de Eduardo Galiano,

Como seria ler para você?

Não sei,

Acho que talvez seria bom...

Sei que o senhor leu o livro da vida,

E aprendeu tudo com destreza,

Não tenho a sua esperteza ou sua coragem

De encarar a vida,

Fui por demais Sousa,

Me envaidecia quando dizia,

Aqui só fico atrás de Rubens...

Mas aprendi tanto contigo.

Galeano vai bem...

Gosto de suas ideias,

Gosto também do castelhano,

Gosto principalmente do de Borges,

Sabe papai,

Borges foi antes que Vovó,

E Galeano Antes de ti,

Galeano era o cara,

Isso te envaideceria.

Imagino se o senhor falasse inglês e espanhol...

Te amo papai.



3. Quer um pão

 Ele caminhava com passos arrastados,

Já tinha o corpo cansado,

E a idade corou sua cabeça com a bela cas e uma linda calvície,

Sua vida era aquele lugar,

E aquele lugar sua vida,

Ir e vir... nos esperar.

Brincar com Negão, Sherlock,

Deixar os gatos sossegarem em seu colo,

Enquanto cochilava ou via televisão.

À tarde costumava sair para comprar pão,

Ia a passos lentos,

Sabe lá o que pensava ou imaginava,

Ele ia e a todos cumprimentava,

Ia lá em Juninho de Viola,

Em pouco tempo chegava,

E amavelmente me perguntava:

- "quer um pão".

E eu comia porque sabia que aquilo

O deixava feliz,

Fazia um café

E a gente esperava o amigo Raimundo de Lulu,

Francisquin,

E a tarde se passava 

E a gente nem via a noite chegar.

Que delícia esta presença maravilhosa...

 

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh