sábado, 4 de maio de 2019

A singularidade das aves na totalidade da vida

Desde sempre, encantam-me as aves pelos mais variados e belos cantos, pela diversidade das formas e  suas combinação de cores. Impressionam-me ainda seus hábitos e habilidades de voar.

Quando criança, tínhamos em casa um terreiro de galinhas, embora nosso sítio fosse cheio pássaros, não tínhamos nenhum pesos em gaiola como era o meu desejo.

Então, para mim, era agradável ir em casas que tivessem passarinhos em gaiolas, pois assim poderíamos vê-los e ouvi-los de perto.

 Assim, gostava de ir à casa de vó Sinhá onde tinha um sabiá e à casa de vó Chiquinha onde havia um golinha.

Nas Vertentes, onde morava vó Sinhá, tinha a casa de Joquinha que era um senhor que adorava criar e lá havia muitas pombos, pombas-burguesas, pato putrião, azulão, galinhas, guinés, peru e golinhas.

Já em Martins, lá em tio Francisco (Michico) tinha graúna, azulão, canários, rolinhas, abre-fechas, tico-tico e corrupio.

Em Serrinha do Canto, onde morávamos, quem criava pássaros era Chico Franco que tinha dois pássaros raros um caboclinho e um pintassilgo, e outro vizinho que gostava de criar passarinho era Hebim de Josimar que tinha golinho, corrupio, cabeça vermelha e abre-fecha e azulão.

Eu não tinha gaiola. Então, um dia, consegui fazer uma gaiola que não era perfeita, mas mesmo assim fiquei feliz, pois fiz sozinho. Então, consegui pegar um azulão que era manso e cantador. E foi no terreiro da cozinha onde tinha uma pinheira antiga que pendurei gancho de arame e lá colocava a minha gaiola com o maravilhoso azulão. Que boa era a sensação da presença e da posse de poder  ver e ouvir cantar aquele pássaro tão maravilhoso.

Bem, já que não tinha gaiola, exceto a que fiz, e nem paciência para fazê-las e nem técnica capturar passarinho não segui em frente nesta arte.

Todavia, continuei a amar e aprendi a reconhecer as aves pelos sons. E ainda hoje me encantam, porém que estejam livres de gaiolas.

Em Serrinha do Canto, onde moram meus pais em nosso sítio, havia muitas fruteiras cajueiros, pinheiras, serigueleiras, goiabeiras, araçazeiros, cajaraneiras, coqueiros, palmatóreas e mamoeiros  que já não são tantas nos dias de hoje, mas as sobraram, servem de abrigo e fonte de alimento para a passarinhada. De forma que não faltam aves o ano inteiro em nossa casa.

Algumas aves ocorrem apenas nas matas durante o no ano inteiro como o cancão, a juriti, a nambu, o joão de barro e a sariema. Enquanto outras já são mais adaptadas aos ambientes mais perturbados como capoeiras e sítios e estas também cantam o durante o ano todo como o sanhaçu e cabeça-vermelho que depois do galo é nosso segundo despertador embelezando  nossa aurora.

Algumas aves migram e só estão presentes em alguns meses do ano como poderemos acompanhar.

Entre janeiro e março, logo nas primeiras chuvas, no início das ramadas, quando a lavoura está nascendo, são abundantes os comedores de insetos (insetívoros), como os papa-lagartas, os bem-ti-vis, as siriris, os fura-barreiras e nas soleiras da casa saltitam os roxinós. E nos fins das tardes chuvosas quando o sol abre, no alto das aroeiras como cantam os sabiás de papo-branco.

Em seguida, entre abril e junho na época das fruteiras como acerola, pimenta, cajarana, goiaba, araçá e pinha voam velozes em busca de brancos bagos os sanhaçus, os lorinhos, as patativas, os vem-vens, os sabiás de papo-branco e sabiás de laranjeira. Ainda nesta época, nas capoeiras cantam os anuns brancos e pretos, os choca-barrada e as nambus. Nas beiras da estradas e nas bordas de roçados quando os capins começam a amadurecer ai cantam as estrelinhas, os papa-capins e os tizius.

Já no final do inverno, entre julho e agosto que é a época de dobrar o milho seco, então no céu voam bandos de arribação, nos anjicos e aroeiras se ouve o grosnar dos pacuns e lorinhos, e nos fios da eletricidade como cantam os papa-cebos anunciando o verão.

Por fim, descamba para o fim do ano, entre setembro e dezembro, na época do caju, surgem os corrupios e cantos de ouro. Na mata, lá longe, cantavam os cancãos e nos açudes e beiras de riachos  cantam as casaca-de-coro-da-lama. Ao andar na mata é possível ouvir o bicar nos troncos dos picapauzinhos se buscando alimento. Em dezembro, após a safra de caju, nos enchercos cantavam os vem-vens. Minha tia dizia que estavam chamando visitas. xooooo!

Em tempos indeterminados,  às vezes, durante à noite, se canta perto de casa uma coruja, papai logo vira a chinela para ela ir embora, acha que o canto é mau auguro. Outras vezes, se no céu canta um gavião, pode ser que chova, mas eles são bem  recebidos se tem galinha de pinto novo no terreiro.

Este ano, após muitos anos desaparecidos, voltou a cantar e fazer ninho as casacas de couro. Papai está muito feliz com a volta delas.

E o quando o ano termina e um novo começa todo se renova e recomeça.

Assim é a vida em sua totalidade com uma de suas mais belas singularidades promovida pela existência das aves.





sexta-feira, 3 de maio de 2019

Trilha do bambu

Ontem, quinta-feira, 02 de maio de 2019, ocorreu a nossa aula de campo de Biologia e Sistemática de Plantas Vasculares no Jardim Botânico Benjamin Maranhão. 
A Turma do terceiro período de Biologia (bacharelado), semestre 2018.2.
O guia foi Erick e a trilha foi a do Bambu. 
Pelo percebi esse nome "Bambu" se dá em decorrência da grande presença de bambus ao longo do percurso.
Antes de inciar a trilha, realizei uma explanação sobre as características do ambiente como tipo de solo, clima, pluviosidade e altitude, vegetação e interações ecológicas. A turma foi dividida em dois grupos, sendo um de quatro e um de cinco alunos. 
A tutora há dois dias anteriores havia sido disponibilizada uma chave dicotômica para os alunos, com a qual deveria ser utilizada para o reconhecimento das famílias. Então, cada grupo ficou responsável pela identificação de 30 plantas.  Estes materiais estavam disponíveis na trilha cabendo ao aluno selecioná-lo e determiná-lo.
A trilha teve início às 9h da manhã e com previsão de uma hora e meia de percurso.
Então de início o desenvolvimento foi lento, pois os alunos tinham que correr chave e fotografar os materiais, mas logo que os alunos delegaram as funções entre si o trabalho fluiu. O mais interessante é que eles se alternaram entre si nas atividades. Então, Riam, brincavam, xingavam, nas harmoniosamente.
O dia estava muito iluminado e quente, porém a sombra das árvores amenizou bastante as a temperatura.
Surgiram algumas discussões sobre determinados características da chave como odor, presença ou ausência de estípula e ainda tipo de venação, mas este último, devido ao fato de não terem visto ainda. Então como estava com uma apostila no celular, mostrei para eles o que ajudou no bastante no reconhecimento deste.
Já era quase 10:30 h e ainda estávamos na árvore do abraço, os alunos dispersaram um pouco, por causa da fome. Então, as meninas tinham levado biscoitos e compartilharam entre si, de maneira a ter mais um pouco de energia.
Após este local, a paisagem é totalmente tomado de plantas de dendê no lado voltado para o riacho onde praticamente não é encontrada espécie nativa de forma que encontramos menos materiais naquele espaço. Ali, um grupo já tinha com 21 materiais determinados enquanto o outro 15. De maneira que caminhamos mais rápido. Logo o grupo concluiu os materiais e vitória! Enquanto isso o outro faltava apenas sete materias. No entanto, eles aceleraram e tiveram ajuda do grupo vencedor. de forma que atingiram a meta rapidamente, enfim antes de encerrar a trilha e assim todo mundo pode relaxar.
De maneira que eles viram 30 materiais, trabalharam com mais de 10 características distintas que lhes permitiram reconhecer as famílias botânicas.
Exaustos, não queriam ouvir falar de plantas. 
Encerrada a trilha tirei uma foto e todos seguiram para a universidade.


Sexta

Amanheceu,
Sexta-feira,
A madrugada estava confortável,
Calma, suave e bonita.
Silenciosa por vez.
O primeiro barulho foi o chamado de um gavião carijó.
Logo, outro não tão distante respondeu.
Parecia que os pássaros dormiam.
Agora a manhã avança,
E a sexta está muito agradável.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Encontros

     Quando fazia graduação no início dos anos 2000, frequentemente visitava a casa paterna. Então, nos sábados pela manha, papai me convidava para ir na rua, como chamávamos martins, para comprar alimentos. Até virou costume e eu adorava. Nós íamos na moto velha moto honda 1997, que papai que tem até hoje. Aquela moto azul, até parecia ter um GPS, pois sempre fazia o mesmo trajeto todos sábados com papai no comando. Então, nós saiamos de casa e só parávamos na sombra das figueiras ao lado da venda de seu Davi e no mesmo sentido do colégio Almínio Afonso. Assim, cruzávamos a rua e entravamos na venda de Antônio do Porção que chamamos de "os Profundos". Devido ao hábito que Antônio tem de dizer que as coisas estão profundas. Bem ali, papai se sentia e se sente em casa. Solta a palavra e rir e brinca com as conversas engraçadas do povo simples, como a gente. Quem sempre encontrávamos lá era Washigton e Aluízio, sendo o primeiro filho e o segundo irmão De Antônio. Aluízio é um cabra nota 10, muito divertido e cheio de pilera para contar. Papai, com a xícara na mão começava a rememorar as histórias sobre os antigos Paté, vô Jusé... Tínhamos um stand up free. Também, encontrávamos lá Hélio de Chico-Franco, Bolinha de tio Aldo, Pedim, Marco, Marlene e Dadá de Vicentim. Era uma fuzaca só.
      Depois, partíamos para o mercado de Eide Godinho onde papai fazia a feira de carne, frutas, e o que estivesse faltando em casa. Ele tinha e tem preferência em comprar lá, pois conhece e confiar nas pessoas. Quando chegava lá já perguntava a Soró o entregador se tinha alguma caixa. Ai, para me agradar sempre pergunta se queria isso ou aquilo. Papai é uma pessoa muito generosa conosco. Coisa vinda das raízes. Vô Chiquinha mãe dele era assim e Rosângela filha dele também é uma pessoa generosa, amorosa. Encerrada a compra, partíamos para o último ponto.
      E por fim, cruzávamos a rua e já estávamos em frente mercado público que no passado tinha uma feira enorme, mas agora só encontram poucos vendedores de gêneros como verdura, louça de barro, redes, etc... Bem, um destes vendedores que conhecíamos era Chiquinho de Zé do Alívio. Aqui, coloco em destaque por ser o mais idoso vivo até ali e por isso o mais experiente e por assim dizer respeitado. Fisicamente, era baixo, com cerca de 1,60 metro de altura, sempre de bigode e com voz baixa e meio roca; gostava de usar chapéu de massa e camisa de botão.  Mesmo com mais de 90 anos ainda cultivava hortas e sempre ia vender suas verduras que eram coentro, cebolinha e alface. Creio que esse hábito era mais para passar o tempo. Porém não perdia o olho nas moedas. As vezes papai comprava um feixe de verdura e dava uma moeda de 10 centavos, quando na verdade a mercadoria custava 50 centavos. Era engraçado porque ele sempre conferia o valor e dizia que papai só tinha dado 10 centavos. Papai ria e dava o resto. Fazia só para ri.
        Então, às vezes, naquele pequeno ponto de encontro se reuniam as pessoas mais próximas, gente humilde do Porção, das Casinhas como Zé firmino o dançador ou da Serrinha. Na verdade, quase sempre eram parentes e amigos de parentes.
       Numa dessas vezes, lembro que chegou ao grupo tio Aldo que a primeira vista era muito sério.  Ele era sério, mas entre amigos era uma pessoa extremamente comunicativa. Uma das pessoas que mais conversava que conheci, assim como suas filhas. Será que as filhas aprendem com os pais? Bem, tio Aldo era alto com 1,70 metro de altura e forte com cada marra de braço, e diferente mim e de papai não era calvo, tinha sempre a face barbeada, hábito que creio ter aprendido enquanto serviu ao exército. Sabe, nem imagino sobre o que conversamos. isso faz tanto tempo foi no ano de 2001. Sei que as conversas fluíam e poderiam ser engraçadas ou mais sérias. Era sempre assim. 
       O jeito como as pessoas se portam e a forma como a cidade está organizada até pode  mudar, mas não vejo outra maneira de ser.
       O tempo passou como devia ser. Poucas pessoas daquela época resistiram ao tempo, pois somos pessoas do nosso tempo. Hoje o tempo é dos mais jovens e mudei, apesar da cidade continuar a mesma houve uma evolução das coisas. Muito de tudo foi mudado pela tecnologia e pela maneira distinta de viver das pessoas.
        Os encontros agora, são entre mim e papai em nossa casa. Já não me convida mais para ir a rua. Nos contentamos em nos encontrar em casa ele na área e eu na rede. Poucas palavras. Mas a presença mútua é simplesmente inestimável. 

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Breu

Sob a tarde cinza cai a noite,
Sexta-feira.
O vento assobia pelas frestas da janela.
Que há para além desta tarde?
Que há para além dos pensamentos?
A boa sensação promovida pelo silêncio.
Aqui posso sonhar acordado
Até que seja escuro total,
Um breu.

Eternidade

O sol nascer e se por.
A lua nascer e se por.
Dia e noite,
Noite e dia,
Uma chuva,
Um raio e um trovão,
A água no chão.
O germinar da semente,
O crescimento das plantas,
E toda soma de relações,
Do nascer ao se por da vida.
E dormir na eternidade.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

A natureza

A natureza com sua beleza,
A arquitetura das árvores e os arbustos,
As formas das folhas, flores e frutos,
Os odores das flores, da serrapilheira e da umidade,
Som de mamíferos, aves, insetos e o canto dos pássaros,
O azul do céu ensolarado,
A forma amorfa das rochas,
Os riachos, os tanques e os solos,
Ah, a natureza,
A natureza persistente,
E a gente,
Perdido na busca de entendimento,
Tentando dominar o indominável,
Tateando no existir.
Se há um caminho, este deve ser seguir a natureza.


quarta-feira, 17 de abril de 2019

Despertar

Entre pensamentos fico perdido,
Etimologia, filosofia, ciência,
O que alimenta o saber?
Substantivos, verbos, adjetivos, numerais.
O mundo que me impressiona.
O afeto que me cerca.
A vida passageira é tão curta
E ainda perdemos tempo com pileras.
É bom acordar e começar a viver a vida.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Céu azul

O céu azul ornado de cirro,
Límpida profundidade,
A luz que agora alumia
É energia que faz a erva brotar,
Que faz o pássaro cantar,
Que faz o verde verdejar.
O céu azul e a mente vazia,
Às vezes se perde a pensar,
Às vezes se perde no se preocupar,
Coisas humanas, vagas.
Esse universal que é o céu azul
Me mostra que a vida não tem fronteira.
E sigo assim entre um poema e outro,
E vou trançando minha vida.

sábado, 13 de abril de 2019

Impressões e percepções do entardecer

Sem querer, passamos a perceber e gostar de determinados momentos do dia. Um dos melhores momentos que desfruto é entardecer. Associado ao fim de tarde, temos belezas como a luz dourada, o silêncio da natureza e sons e odores peculiares.
A percepção de que a luz é dourada ao entardecer se deu certa vez, quando viajava pelo Pantanal do Mato Grasso do Sul com o meu supervisor do estágio pós-doutoral, lembro que ouvi Valls dizendo que aquele era o melhor momento para vender uma fazenda de tamanha que era a beleza da paisagem preenchida por luz dourada. Foi muito marcante.
Naquela época por morar em Brasília, tinha nas tardes os horizontes mais profundos e assim a vista se perdia na planura do planalto Central. Às tardes com horizontes profundos nos tornam mais reflexivos porque nos permite perceber quão pequenos somos diante da magnitude do mundo.
Quanto aos sons, bem havia um programa na radio que adorava ouvir que se chamava "um piano ao cair da tarde" que era ao vivo e misturava conversa com musica tocada no piano. As tardes era secas, porém não muito quentes sem odores.
Depois que me mudei para João Pessoa tudo mudou e às tardes e a dinâmica da vida passou a ser totalmente diferentes. Os horizontes profundos foram substituídos por horizontes rasos  compostos por uma mata e ruas com casas e prédios e o som de piano desapareceu. Tive que aguardar e descobrir um novo som. 
Então, o bom e belo da tarde passou a ser momento de retornar para casa. 
Vi naquele momento uma breve sensação de liberdade que se de dava ao cruzar o portão da UFPB e sair pedalando através da avenida do contorno contemplando sempre as árvores, desde as grandes mungubas até os mais tênues dos capins.
Parece que tenho uma fotografia em minha mente. Ao sair pela geografia olhando em frente temos uma grande munguba, depois as Tachigalis com lianas de Lundia, as Luehea, uma sucupira, um Handroanthus roseo-alba, uma Inga thibaurdiana com trepadeiras de Passiflora galbana, depois as Cecropias pachystachyas (embaubas), os Sapiuns glandulosos, um espaço aberto da cajepa com muitas Diocleas virgatas, uma Luehea, um comicha (Allophylus), uma piriquiteira (Trema micrantha), uma cajazeira e na sequencia duas cajazeiras... Isso apenas do lado esquerdo. Enfim, essa percepção se deu através de observações cotidianas, perdidas no meu turbilhão de ideias ou preocupações com a vida de professor. Sinto que sair dali pedalando sozinho e em silêncio, consciente ou inconsciente me relaxa de fato. Então descobri um novo som para ouvir tocado pelos grilos que cantam na serrapilheira da mata. Durante o verão não tem muitos odores, mas na época de inverno quando ocorrem as chuvas matinais, a mata fica muito úmida de forma que à tarde, podemos sentir um aroma maravilhoso que creio ser liberado da serrapilheira e dos fungos.
Aqui, as relações são extremamente complexas e naturais. Um diferente que me agrada muito.
Cada vez mais vou descobrindo faces da vida que desconheço e os aceito e me fazem bem.

     

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh