terça-feira, 5 de março de 2019

obrigado

Faz tempo que não estive aqui num inverno tão maravilhoso.
Que delícia de percepção, revivi minha infância pelas memórias olfativas.
Odores inexplicáveis de flores.
O cheiro do mameleiro, do mufumbo, das juremas, do cajá,
Do aroma da terra... tudo numa explosão de reminiscências.
Minha infância e adolescência.
Muito obrigado meu Deus por tamanha felicidade
E por uma vida tão plena e feliz.

Percepção da madrugada

Acordo. 
É madrugada. 
Levanto, abro a porta e saio para contemplar aurora.
Neste momento o silêncio é ensurdecedor. 
A noite pálida se evanesce,
Olho o céu e sinto nítida uma paz infinita. 
Então, me veem a mente tio Aldo e vó Sinhá que já partiram a anos. 
Sinto-me bem, mas com saudade.
Volto à cama com o corpo aliviado do calor.
Então em instantes começam a cantar os pássaros 
Dos quais identifico galo-de-campina, sabiá, juriti, fura-barreira. 
Que coisa mais fabulosa. 
Longe cantam as nambus e relincha um jumento. 
Na minha infância certamente seriam vários relinchos.
Durante o momento que contempla, penso na  dinâmica atmosférica e no poder da chuva.
Aí se cristaliza meu  pensamento completo. 

sábado, 2 de março de 2019

Mais um pouco

Bom, aqui estou, na busca de escrever algo realmente interessante.
Meu interesse por escrita foi sempre algo egoísta e no sentido de ter algum leitor ou, no caso de ser alguém interessante.
Agora sei que não é possível. Depois de ler Borges, Pessoa e Veríssimo f., achei difícil ou impossível de chegar a tal objetivo.
Os anos se passaram, e então tive a companhia destes autores leituras e mais leituras. Talvez não tenha entendido uma linha de seus livros, mas os cultivei como quem cultiva uma muda doente.
De fato agora sei que nunca tentei escrever para os outros, mas para mim.
É carnaval e aqui estou na casa de meus pais.
Estou no quarto, deitado numa rede olhando para o telhado onde vejo caibros, ripas, linhas e telhas.
De nada há de interessante em ficar àtoa.
Ouvidos atentos, corpo cansado, bucho cheio.
E nada acontece.
Ouço as aves, até o zumbido de abelhas e moscas e do vento.
A internet é um saco com facebook e watzap.
Os livros desinteressantes.
Não o mundo não está chato.
Sou eu.
É minha ansiedade.
Nada parece prazeroso senão comer e fotografar.
As vezes nem comer.
Bom, neste carnaval não faço questão alguma em ver tv, pular ou beber.
Então, abro o  livro e leio mais um pouco até o fim do carnaval.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Passagem

A manhã caiu com esperança,
Depois de momentos ruins,
A esperança é o que nos resta.
O sol nasceu tímido,
As nuvens deram uma atmosfera de segurança,
Então a chuva caiu mansinha,
E o calor se fez presente,
Nada para animar,
Só esperando esse tempo passar.
E vai passar.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Retroagir

Ir e vir,
Caminhar por caminhos suaves
Ou por lugares pedregosos,
Ter sempre cuidado,
Nunca se sabe quando é possível se machucar.
Aprendemos que poucas coisas nos importam,
Mas essas coisas podem nos machucar,
Depois de machucado,
Não existe retorno.
É aguentar a dor.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Nada

O cheiro,
A textura,
A simetria,
O som,
De tudo que percebo,
Consciente ou inconscientemente,
Ajudam-me a entender meu mundo,
E essas combinações...
Ah,
As memórias de que servem?
Melhor seria não pensar em nada.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Sentido oculto

As manhãs de domingo com seus cafés,
As conversas entre adultos,
O céu essa eterna incógnita,
Os cantos e os quintais que não conseguia ocupar estando lá,
Os lugares vistos,
As pessoas que se revelavam e me permitiam conhecer o que queria que fosse conhecido,
As leituras lidas, palavras impalatáveis, frases, parágrafos,
O desejo de tudo saber, feito Fausto!
Esta construção inacabada que é ser,
E se perder sendo muito menos daquilo que se é.
Apelar para as memórias,
Essa vontade de saber,
Essa sinfonia inacabada,
Só sobram imagens desconexas numa memória,
E o eterno medo do fim.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Marcas

E o que levamos da vida?
Nada material,
Carregamos conosco apenas memórias boas ou ruins!
As vezes a vida nos premia com marcas.
As marcas são deveras doloridas,
Essas marcas as vezes podem não fechar
Se não tivermos uma história de superação,
Se desistirmos da vida,
Todavia não podemos e nem devemos.
A vida é maior que tudo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Coisa mais boa

Ah! Que delícia que é ver e ouvir a chuva chovendo.
O som dos pingos pingando e a água escorrendo,
Chega a parecer que a vida é um sonho.
Essa sensação de que as plantas crescerão,
Que não vai faltar fartura, nem produção.
Ver a terra molhada escorrendo de água,
E ficar pensando só em coisas boas
Chega o coração fica grande e quente,
A gente se sente todo aquecido.
A vida até melhora.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Infância

As memórias de infância.
A estrada era de chão que era feito dum barro vermelho-arenoso.
Em frente nossa casa havia um cajueiro de cajus azedos.
O terreiro sempre teve o mesmo tamanho e era separado da estrada por uma valeta que sempre transbordava durante as chuvas.
A calçada era engendrada, áspera e irregular.
A casa tinha duas quedas d'água irregulares.
Que importam as formas.
O que foi! Foi.
Era ali que quando menino corria só de bermuda.
Não havia beleza na minha roupa, mas havia carinho e sempre usava-os limpinhos.
Mamãe se preocupava com minha limpeza e sempre me banhava.
Não havia poesia ou literatura,
Não havia um perfeito português,
Sequer ouvíamos grandes histórias.
As histórias eram contadas pelo rádio na difusora Am de Alexandria
ou na televisão preto e branco.
Confesso que não trocaria minha história por nenhuma história cheia de informações como são as de hoje.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh