No conto o Zahir Borges escreve o apotegma "tempo atenua a memória".
Deveras intenso, interessante e real.
Então, memória e tempo constituem uma relação breve caso não haja pontes.
Desde 2013, faço parte do corpo docente do DSE da UFPB onde se localizava a lanchonete Pioneira que servia a estudantes, professores e transeuntes. Este estabelecimento que a mais de 30 anos fora administrado pelo mesmo dono Seu Antônio e sua Esposa Dulce está cerrando as portas. Cotidianamente, antes das sete horas já estava aberto, fizesse chuva ou sol, ao entrar no corredor já podia ouvir a tv ligada anunciando as notícias do Brasil. Com alegria se ouvia um "Bom dia".
Todavia, esta segunda semana de julho, ao passar só pude ver meia porta aberta, sem Dulce e sem mercadoria, a tv estava ligada, mas atrás do balcão estava seu Antônio em silêncio. Não ouvi um bom dia, só vi um senhor de idade, triste que dedicou metade da sua vida, sem saber o que será de sua vida de agora em diante.
Então, nostalgicamente penso que assim como eu, vários calouros e professores novos foram recebidos com tanto carinho, bem atendidos, transeuntes foram informados de seus itinerários. Tanto serviço prestado.
E agora, está sendo descartado por não se adequar as novas condições do sistema.
Aposto que cada dos inúmeros biólogos formados pela UFPB até então tem uma história da Pioneira.
A mim só resta gratidão e carinho.
Sei que o tempo atenuará a memória como dizia Borges, mas sempre lembrarei da Pioneira, nas pessoas de Seu Antônio, Dulce e Vaninha.