quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Sentir

A manhã vazia de sol oculto pelas nuvens,
Prédios vazios, o silêncio das palavras.
Cantam as aves lá fora,
Aqui dentro, soa Debussy.
E dentro de mim, há um universo,
Oras fluído, oras engessado,
Feito estalactite se desfazendo
E se fazendo...
Algo em mim quer ser expressado,
A palavra? A ação?
Algo indefinido grita...
Será a manhã ou a solidão?
Talvez nada...

A senhora e a menina

Elas moram no mesmo lugar,
Suas casas se encontram uma frente a frente.
A senhora vivida, experiente e já de idade,
Adora brincar com a menina, novinha e inexperiente.
O tempo não importa, pois ambas tem
A mesma idade que se conhecem.
E ambas se abraçam,
E ambas riem
E ambas são felizes
Com as pequenas coisas que vivem,
Com a graça do existir e viver o presente,
Excluindo o passado e o futuro.
Cheiros e afagos amigos,
Um dia ambas seguirão caminhos
Diferentes, mas são feliz neste momento
Em que estão juntas, amigas e felizes.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Manhã cantarolada

Que encantada manhã de janeiro,
O vazio de um enorme espaço
Completamente em silêncio de fala,
Apenas o maravilhoso cantar das aves
E o ronco do ar a refrigerar,
Saudosa manhã de janeiro,
Em janeiro tudo é tão fagueiro,
Será, apenas minha tal impressão?
Esta manhã seguirá até o fim,
Como as coisas seguem para o fim
E o tempo para o infinito,
Mas como é belo o canto do sabiá,
Do roxinó...

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Além

A noite escura,
Estrelas brilham no céu,
Grilos cantam no jardim.
Grilos sempre cantam a noite.
O sol brilha e é dia.
E sinto a água fria refrescar meu corpo,
O doce verde da uva,
O açúcar vinho da uva,
E a noite segue,
E a vida segue,
Sem mim. 

Que resta?

O tempo ecoa,
O vento soa,
Quão profundo é o tempo,
Quão rasa é a memória,
Dura menos que uma geração,
Não vi meus bisavós dormir,
Pouco vi meus avós sorri,
E o tempo passou,
E o tempo lhes calou.
Ecoa o tempo,
E o que me resta são escritos,
Palavras, frases e histórias,
E por momento o tempo,
Habita minha mente,
E o tempo me inquieta,
Porque fora de mim,
O que é o tempo, além do subjetivo?
Agora o tempo me usa para se materializar,
Agora uso o tempo para cristalizar
Este momento.
Amanhã, quiçá desfaz a minha matéria,
mas estes versos, serão eternos
enquanto puderem ser lidos,
No mais, que resta?
Nada.

Tarde de janeiro

O ano passou 
E outro iniciou,
E como todo início
Tudo é tão incerto,
De certeza apenas uma há,
Tudo certamente passará.
E à tarde que cai devagar,
É encantada ao som de sabiás,
Sabiás cantam sem parar,
No interior da mata,
Marteladas na parede dura,
É preciso destruir para reconstruir.
Tudo início é muito incerto,
Há de passar,
Como a tarde que cai
sossegadamente ao canto de sabiás

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Paciência

A noite,
A coceira na traqueia,
O incomodo nas narinas,
A dor de cabeça,
O calor,
Quanto incomodo,
Apego-me a certeza que tudo passa,
Enquanto isso,
Paciência.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Domingo primeiro

Primeira tarde de domingo de 2014,
Parece que o mundo parou,
Ruas vazias, só o vento ocupa o vazio das ruas,
Vento frio.
O céu azul, com tingimentos de vermelho,
Barulho algum ecoa,
Caminho vagando,
Olhando as coisas do mundo,
As pedras do calçamento,
Os muros com plantas floridas,
Olhando para ver se encontrava algo
encantador além da beleza
E a noite chegou,
E a tarde passou...
Nada demais ficou.

A última flor

Na janela descansa um jarro
Que abriga uma rosa do deserto,
Suas folhas verdes viridescentes
E vivas e a última flor desabrochada,
Aquela que fui o último botão,
Que existe e foi a última a existir,
Que não participou do vigor
Do último cacho.
Aquela linda flor,
É mais bela por ser a última,
Assim como foi a primeira.
Está no ramo bela,
Efêmera flor,
E logo se vai,
E logo se foi...
E nada ficou...
Da florzeira,
Que restou?
A força e o vigor,
Ser flor.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tudo e nada

A mata do Campos,
A estrada por terra,
A areia solta coberta de folhas enxombradas,
O aroma dos fungos,
O céu nublado,
As mudas de plantas,
O canto do Sabiá,
Sabe-se lá...
A tarde fagueira,
E o tempo a escorrer
Em direção ao infinito.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh